BEST-SELLER MUNDIAL
Vera Maria Viana Borges
Obra-prima da literatura, inesgotável fonte inspiradora de conhecimento e sabedoria, restauradora das Grandes Verdades, com filosofia viva para o sucesso e para a felicidade; inigualável na conquista da saúde física e mental, da paz de espírito, da maior capacidade de compreensão; lição de fraternidade, mensagem de amor e vida. Vida, dom maravilhoso, tesouro mais precioso que deve ser vivido em plenitude.
Conta a história de um povo que viveu em busca da Salvação, da Paz e da Felicidade. Atualíssimo, apesar de haver sido escrito a partir do ano 1000 antes de Cristo, até o ano 100 depois de Cristo.
O livro precioso, de importância capital, o mais lido e o mais vendido no mundo, é intitulado – Bíblia, um nome grego que significa “coleção de livros ou biblioteca”. Conjunto dos Livros Sagrados do Antigo e do Novo Testamento. Também chamado de “Sagrada Escritura”, “Palavra de Deus”, “Livro de Deus”, “História Sagrada”, “Escrituras”. Composto por 73 livros, alguns não passando de poucas páginas, outros são maiores.
Cada vez mais a Bíblia está nas mãos do povo, iluminando, animando pessoas, grupos e comunidades em sua caminhada. Com a Nova Aliança, firmada na Instituição da Eucaristia, Jesus, o Rei dos Reis, o Filho de Deus entre nós, dá a plenitude da Revelação Divina e Ele que é o Caminho, a Verdade e a Vida, configura o CAMINHO para trilharmos.
Deverá ser lida em clima de oração, pois através dela Deus nos fala, ultrapassando os limites do tempo ensina-nos a fé que dá sentido à vida, o amor que nos faz irmãos, que une a família, faz-nos encontrar a paz que tanto buscamos. “É, como sempre, no Evangelho, que vamos encontrar a solução para nossas perplexidades.”(Alceu Amoroso Lima)
Desde 1971 o mês de setembro é conhecido como o mês da Bíblia, e no último domingo, o mais próximo do dia 30, é celebrado o seu dia.
Possamos trazer em nossos corações as leis de amor contidas neste Livro Sagrado, usufruindo emanações luminosas das belas e esplendorosas poesias que dele provêm.
“Se caminhares até o fim do mundo, encontrarás traços de Deus, se fores ao profundo de ti mesmo, encontrarás o próprio Senhor.” Madeleine Delbrêl.
Nunca estamos desacompanhados, Deus habita em nós, no nosso íntimo, a misericórdia de Nosso Senhor é infinita, somos filhos muito amados e tudo ELE nos proporciona. Tudo o que ELE tem é nosso, a Divina Inteligência por meio de Jesus nos ensinou a pedir ao Pai, com a primeira oração que o próprio Senhor nos ensinou: Venha a nós o Vosso Reino… O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas… Peçamos humildes e confiantes, bem íntimos, pois ELE é nosso amigo, nosso esteio, está sempre conosco, peçamos as bênçãos da saúde, da paz, da riqueza, da prosperidade, da felicidade, e, Tudo isto que nos pertence por Divina Herança virá para nós em abundância, conquanto não guardemos no Sacrário Vivo do nosso peito, onde ELE vive e reina, mágoa, rancor e ressentimento passado; junto a ELE, só o AMOR. Saibamos perdoar como ELE mesmo nos ensinou: …perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido… E, a paz, reinará em nós e seremos felizes, plenos de fé, de amor, de saúde, perfeitos, em harmonia com as LEIS PERFEITAS DE DEUS.
De Pai para filho a semente da BOA NOVA é transmitida. Assim é a PALAVRA DE DEUS. “Fala, SENHOR, que teu servo escuta!”(1Sam 3,10). Nossa atitude diante da Palavra do Senhor é escutá-la. Para que mais ler a Bíblia? Maria, Mãe de Jesus nos dá a resposta: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra.” (Luc 1, 38). A serva, a escrava é a que diante do Senhor não tem voz, ela somente ouve porém põe em prática a ordem que lhe foi dada. O PAI nos deixou um Testamento, uma Carta de Amor, LUZ para a nossa caminhada, não a deixemos como objeto decorativo em nossa casa, comumente aquelas de capa dura, grandes, com gravuras e páginas douradas e nem tampouco na estante coberta de poeira. Tire-a, dê-lhe uma boa espanada e comece a ler, a entender e a viver. Tenho procurado fazer isto. Soltemo-nos, libertemo-nos das amarras que nos prendem escravizados à lama dos vícios, do apego à matéria, dos prazeres mundanos, do egoísmo, do orgulho, da inveja, do convencimento. Elevemo-nos, sublimando nossas almas, transcendendo na mais elevada forma de união com Deus e entreguemo-nos à plenitude do amor. Vivendo n’Ele, Ele viverá em nós. “Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo que quiserdes, e ser-vos-á feito.” João 15, 7. “Vós sois o templo de Deus, o tabernáculo do Espírito Santo.” I Coríntios 3, 16. “Um só é vosso Mestre, o Cristo.” Mateus 23, 8. “…quem se une ao Senhor torna-se com ele um só espírito.” I Coríntios 6, 17. “Aos que amam a Deus tudo lhes coopera para o bem.” Romanos 8, 28.
SENHOR, “Tu me conheces quando estou sentado, Tu me conheces quando estou em pé, Vês claramente quando estou andando, Quando em repouso Tu também me vês.” (Salmo 138). “Afasta de mim a vaidade e as palavras mentirosas; não me dês nem a pobreza, nem as riquezas; dá-me somente o que for necessário para viver; para que não suceda que, estando eu saciado, seja tentado a renunciar-Te, e a dizer (com arrogância): Quem é o Senhor ?…” (Provérbios 30, 8 e 9).
Fiquemos com DEUS!
COLHEITA DE FELICIDADE E PAZ
Vera Maria Viana Borges
Há um bom tempo estamos aguardando o retorno da estabilidade política e econômica no Brasil. Quando tudo parece tomar caminho vem nova tempestade e desestabiliza tudo de novo. Ficamos chocados com um escândalo e logo surge outro ainda mais grave, acontecimento que abala a opinião pública. A cada dia aparecem desdobramentos de casos de corrupção. São momentos duros e difíceis, mas temos esperança e acreditamos que o Brasil que queremos é possível. Não podemos desistir, perder o ânimo, as forças, o entusiasmo e a coragem. Em um texto curto o Poeta Miguel Torga dá-nos um exemplo de dignidade e persistência; assim ele se expressa: “PARÁBOLA// No silêncio do parque abandonado/ O repuxo prossegue a sua luta;/ É um desejar alado/ A sair duma gruta.// Ergue-se a pino ao céu como uma lança;/ Ergue-se a pino, e sobe na ilusão;/ Até que a flor do ímpeto se cansa/ E cai morta no chão.// Mas a raiz do sonho não desiste;/ Subir, subir ao céu, alto e fechado!/ E o repuxo persiste/ Na solidão do parque abandonado.” Com Fé, Coragem e Persistência veremos o nosso país livre das mazelas que nos atormentam e teremos uma sazonada colheita de Felicidade e de Paz.
Ansiamos sempre por Paz e Felicidade. Se obtivermos a primeira a outra virá em consequência. Sonhamos com carros do ano, roupas de grife (do francês griffe), viagens fantásticas que tiram o fôlego, coisas que o dinheiro pode comprar e que nos extasiam por muito pouco tempo, mas elas não nos preenchem e concluímos que não eram tão fundamentais quanto pareciam. Estas coisas não têm a capacidade de nos propiciar a paz sonhada. São prazeres efêmeros. Na maioria das vezes priorizamos o supérfluo e nos esquecemos de tirar proveito das coisas simples como apreciar um belo pôr do sol, uma suave brisa no rosto, o barulho das ondas do mar, o canto dos pássaros, um sorriso , um abraço amigo. Com gratidão e alegria, trabalho, relacionamentos saudáveis, sonhos realizados e coerência poderemos conquistar a almejada paz e assim deitarmos nossas cabeças em travesseiros macios com tranquilidade. A vida é um eco, se não estamos gostando do que ouvimos, precisamos corrigir os sons que estamos produzindo, se queremos colher paz, precisamos semear paz. Vivamos em plenitude, não percamos os bem-sucedidos momentos felizes, enquanto vislumbramos lá no alto e bem distante a perfeita felicidade.
Possamos viver a glória do AMOR, os frutos do nosso TRABALHO e principalmente as bênçãos de DEUS. Tenhamos muita esperança e muitos sonhos. Os meus anseios são muitos e eu os registro em prosa ou verso. Como pequena mostra a seguir, um dos meus Sonetos publicado no meu livro “Deixe Cristo Renascer!”: “SONHO// Sonho com paz, num mundo sem trincheiras,/ Sem miséria, dor, pranto e inconsequentes,/ Salpicado de naves viageiras/ Repletas de emoções: dóceis, virentes…// Onírico desejo! Sem fronteiras,/ Alígera perpasso os continentes…/ Das nuvens, vejo o mar, as cordilheiras,/ Nas serras, ouço os rios nas nascentes.// Na natureza tudo se harmoniza!/ Aos poucos, o homem vil e perdulário/ Destrói, corrói, devasta e se escraviza,// Corrompendo, humilhando o seu irmão./ Preserve essa beleza, esse cenário,/ Com o semelhante viva em comunhão!”
A vida é assim: acreditamos que a felicidade está no futuro e esquecemos de viver o presente. O futuro é incerto e o passado não volta. Valorizamos a família quando já a perdemos, só damos valor ao tempo quando ele já passou. Reclamamos de trabalhar ou que não temos o que fazer, quando muitos não têm trabalho. Infelizmente há muitos desempregados. Não observamos as flores no jardim.
Olhando à volta podemos ver a mãe preparando o alimento enquanto os filhos e netos correm saudáveis e robustos pela casa. A família reunida à mesa saboreando a refeição e após a sobremesa aquele bate-papo despretensioso e animado. Isto é ser feliz, isto é viver em paz. Busquemos nas pequenas coisas a razão maior para a felicidade para que vivamos em harmonia. Bem disse Pearl S. Buck que “muitas pessoas perdem as pequenas alegrias enquanto aguardam a grande felicidade.” Um coração com Deus e a bondade partilhada em todos os momentos é uma semeadura que nos proverá de felicidade, amor e paz. Não desperdicemos o tempo com mágoas e brigas, pois o bem é maior do que o mal. Pensemos grande, esforcemo-nos por um futuro promissor para o bem de todos nós, do nosso amado país e do mundo inteiro.
Sintetizo este entusiástico e intenso desejo, com um dos meus sonetos: “O MILAGRE DA PAZ// Ciladas, injustiças, dor, azares,/ Em nuvem de discórdia que se espalha,/ Guerra, sangue, num mundo de pesares./ Boca faminta que só tem migalha.// Quisera ser a ponte ou ser pilares,/ Promovendo pacífica batalha,/ Sabendo ouvir acordes modelares,/ Transmitindo a “PALAVRA” que agasalha.// Imploramos em prece e em vigília,/ O MILAGRE DA PAZ, que por nós faça,/ Irmanando-nos numa só família.// Renova PAI, constrói tudo de novo!/ Com esperança, com fé e a Tua Graça,/ Do planeta uniremos todo o povo!”
Prossigamos com discernimento e bom senso, respeitando os nossos valores. Vamos em frente, porque temos muito que plantar para que a colheita seja boa!
ANTÔNIO MIGUEL
Vera Maria Viana Borges
Fazendo uma limpeza geral aqui no cantinho onde escrevo e que insisto chamar de escritório, remexendo nos livros, revistas e jornais, fiz um circuito da saudade, uma volta ao passado. Encontrei tantas preciosidades e desandei a pensar em tantos que já se foram para a Casa do Pai. Dentre tantas publicações, que lia e relia, parei em páginas do Antônio Miguel que me encantava com suas crônicas publicadas na primeira página do Jornal O NORTE FLUMINENSE e de seus imarcescíveis sonetos. Para mim um Homem de notável capacidade intelectual, um gigante da literatura.
Gigante sim, este escritor maior, serafim entre os poetas. No nome tem Miguel, nome de anjo, o príncipe das milícias celestes, e nós, no Universo das Letras o podemos aclamar, não por analogia ao nome, mas pela beleza de sua alma retratada em páginas literárias, o grande serafim.
Esgrimista do verso, guardião do Soneto, preserva a forma, exercendo técnica perfeita num conteúdo que o eleva ao alto do Parnaso. Talento inconfundível quer nos versos clássicos ou nas expressivas crônicas, sensíveis, que pelo colorido e pela espontânea inspiração agradam e encantam o leitor, dignificando e enaltecendo as letras deste noroeste fluminense e como não afirmar, de todo este imenso Brasil.
Natural aqui das terras do Senhor Bom Jesus, da nossa adorável Bom Jesus do Itabapoana, descendente de ilustre família libanesa. Dedicou-se ao Comércio em Santa Maria de Campos. Professor de Ensino Fundamental, Jornalista, Cronista e Poeta de fina sensibilidade, pertencendo a inúmeras entidades culturais e inclusive é um dos fundadores da Academia Bonjesuense de Letras. Entre suas obras destacam-se “SOMBRAS e REFLEXOS” (poesias); “A VIDA E EU” (romance); “ELZA” (romance); “RETALHOS” (crônicas), dentre muitas outras.
Saudades! Saudades sim, de abrir nossos jornais e poder ouvir a voz deste digno representante da intelectualidade pátria, de nos embrenharmos em seu mundo de palavras que nos fazem sonhar, ou nos sacodem em safanões, fazendo-nos despertar de alguma inércia ou imperfeição do dia a dia.
Nos temas cotidianos, exalta o desabrochar de uma flor, o nascer de um novo dia, o entardecer, um sorriso descontraído, o amor à musa, sua adorável esposa Letice, mesmo após tantos e tantos anos, como nos arroubos da juventude; o amor aos filhos, e com doces e ternos cantos aos adorados netos, onde está a sua imortalidade, além de ser imortal através da pujante obra literária que permanecerá por todo o sempre, através dos tempos.
Deixou de publicar, ausentou-se de nossas folhas, aquietou-se, deixando a caravana passar e assim foi por longo período. Escrevi-lhe dizendo: Ainda há muito tempo, assim esperamos que o Deus Pai Todo-Poderoso o queira, e ELE há de querer, de ouvirmos à viva-voz sua encantável prosa e também sua poesia, querido Antônio Miguel! Deleite-nos com seus adoráveis textos, com suas encantáveis poesias, estamos saudosos e a sensibilidade que traz na alma, muito poderá contribuir para elevar a nossa cultura e propiciar dias melhores diante de agruras por que atravessa o nosso país, com hiatos deliciosos através da leitura, deste “GIGANTE” que não pode estar adormecido. Ele permaneceu em silêncio. Residia em Campos, mas nos finais de semana que passava em Santa Maria de Campos vinha a Bom Jesus aos domingos pela manhã para comprar Jornais e muitas vezes ele e Letice passaram em minha casa. Gostava que eu arranhasse alguns tangos no acordeão. Nossa prosa era poética, falávamos sobre versos e poesias.
Há alguns anos o Pai do Céu o convocou, mas sua obra continua viva, a encantar-nos. Para matar saudades e para os que não tiveram o prazer de conhecê-lo, registro a seguir dois de seus sempre belíssimos sonetos: “DIVAGANDO// Fui algo no passado. E venho de outras eras./ Cruzados combati; fui cavalheiro errante…/ Estradas percorri montado em Rocinante;/ Fui D. Quixote, sim, o herói de mil quimeras.// Aventureiro infrene eu percorri com Dante/ O Inferno. Exterminei, também, bravias feras;/ E decantei a Vida em muitas primaveras!/ – Fui tudo, enfim: fui poeta, herói, gozei bastante.// Palácios orientais, luxuosos e imponentes,/ Outrora conheci, amei lindas donzelas,/ Filhas de duques e barões tão insolentes.// Nada mais do que fui, nada mais sou agora./ E em mim hoje só resta, após visões tão belas,/ Uma sombra fugaz das ilusões de outrora.” Mais uma pérola do notável sonetista: “ FASCINAÇÃO// Exerces sobre mim uma atração imensa!/ E sinto que te adoro assim perdidamente…/ És a fascinação que envolve a minha crença/ Na trama de um amor febril, forte, eloquente…// Se longe estás, não sei viver; minh’alma sente/ Uma tortura estranha, uma saudade intensa,/ Que me maltrata, enerva e dolorosamente/ Clama sempre por ti, requer tua presença.// Chega, querida: em mim encontrarás um ser/ Que na atração do teu olhar busca, inspirado,/ O frenesi do amor na taça do prazer.// E delirando assim ante a ilusão sentida,/ Iremos caminhando, unidos, lado a lado,/ Glorificando o sonho, eternizando a vida!”
Já estando em contato direto com a literatura maior dos anjos e santos, resta-nos dele apenas uma saudade manhosa. A ele rendemos a nossa homenagem de respeito e amizade.
Descanse em Paz, Antônio Miguel!!!
DEZ ANOS DE MUITAS GRAÇAS
Vera Maria Viana Borges
Há exatamente dez anos estávamos em festa. Comemorando a nossa Padroeira, fomos agraciados com tão linda, majestosa e sublime Capela, generosidade do talentoso RAUL TRAVASSOS, nosso Artista Maior, orgulho de nossa terra. Foram fortes as emoções naquele momento. Tudo demasiadamente belo. O magnânimo gesto só poderia mesmo ter nascido do querido Raul, pessoa tão especial aos nossos olhos, e, tenho certeza, principalmente aos olhos de Deus, este cristão consciente, confiante, unido à sensibilidade do artista do mais alto quilate que evidencia sempre o amor a Deus, à família e a esta tão amada terra. Ganhamos nós, ganhou a nossa adorada Bom Jesus. Momento esplendoroso! 13 de maio de 2009, dia de fatos e lembranças jamais apagáveis das memórias e dos corações.
Nas festividades dos dez anos da Capela de Nossa Senhora de Fátima em Bom Jesus do Itabapoana, do dia 04 a 13 de abril de 2019, estivemos reunidos para a reza do Santo Terço, Ladainha, Novena e Santa Missa, a cada dia celebrada por um sacerdote convidado. Para o encerramento fomos agraciados com a presença do Padre Rogério Cabral Caetano e com uma bela, significativa e emocionante “COROAÇÃO”. Para o encerramento, foi conduzido ao altar um lindo BOLO COMEMORATIVO, quando cantamos os PARABÉNS, pela feliz década, repleta de muitas graças.
Na SAGRAÇÃO do ALTAR da CAPELA em 2009, participaram o então Bispo, Dom Roberto Guimarães, Monsenhor Paulo Pedro Seródio Garcia, Padre Rogério Cabral Caetano, Padre Vicente Osmar Batista Coelho, Padre Fábio de Melo, Padre Leandro Chaves, Religiosas, Raul Travassos e Família, Autoridades, Visitantes e Paroquianos.
Nossa história se iniciou em 1997, quando Padre José Thomaz Vallanattu, sentindo necessidade de uma maior aproximação dos fiéis à Santa Eucaristia e para o crescimento da paróquia nos Trabalhos, na Fé e no Amor ao próximo, decidiu criar três capelas, sendo uma no Bairro Asa Branca, a Capela de Nossa Senhora Aparecida, outra no morro que segue à Rua Ismênia Campos, Capela de Nossa Senhora das Graças e a terceira em nossa Comunidade (Bairro Oscar Campos e Bairro Novo). Logo nas primeiras reuniões o Padre pediu que se escolhesse uma Padroeira e unanimemente se decidiu por NOSSA SENHORA DE FÁTIMA. Ele construiu ao mesmo tempo as Capelas de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora das Graças. Como não tínhamos o terreno para iniciarmos a Nossa Construção, as Coletas e toda a verba gerada com bingos e outros movimentos eram direcionadas para a construção da Capela de Nossa de Senhora das Graças.
A primeira Missa foi celebrada na residência de Maria do Carmo Glória de Almeida Soares e José Soares Calheiro Filho celebrada por Padre José. A cada mês crescia o número de presenças, eram feitas atas com assinatura de todos os presentes, tudo registrado com fotos de altares, coroações e demais eventos. Na 12ª Missa, no dia 21 de maio de 1998 foi realizada uma linda Coroação de Nossa Senhora, ocasião em que foi entregue a Imagem de Nossa Senhora de Fátima, doada pela Senhora Dalva de Sá Viana Glória, mãe da Margarida, Maristela e Ângela. A partir de 10 de junho de 1998, com a mudança da Maria do Carmo (Dudu) e José e o retorno da sua irmã Margarida Maria Almeida Soares Borges, esta abraçou a causa. Formou-se um Coral e em sua residência foram celebradas missas até o dia 20 de dezembro de 2000. De 2001 até o dia 12 de maio de 2009, a Comunidade foi acolhida pelo casal Djalma Mineli de Almeida e Amelina Alves de Almeida na Escola Trenzinho da Alegria. Raul tendo construído a majestosa Capela, o então Pároco, Padre Rogério, sugeriu que ele acolhesse a nossa comunidade. Assim foi feito e ele é alma, coração, pulmão e voz de todos nós. Seu vozeirão ecoa lindamente nos cânticos, na reza do terço, na ladainha e na novena. Seu entusiasmo nos emociona nas Coroações e demais cerimônias.
Durante todos estes anos foram vários os sacerdotes que nos assistiram. E, hoje nos quedamos agradecidos a todos eles, missionários de Cristo, mensageiros da Paz, conselheiros seguros nos pequenos e grandes problemas que a cada passo surgiam em nossa caminhada. Nossos agradecimentos e nossa gratidão a estas generosas famílias e a estes abnegados Sacerdotes que deram incentivo e prosseguimento à árdua missão que lhes foi confiada. Que Deus, Nosso Senhor, possa recompensar a cada um destes beneméritos pelo muito que fizeram.
Tudo é graça! Tudo é motivo de gratidão! Rogamos ao Pai Celeste, a Jesus e sua Santa Mãe para que iluminem sempre o caminho do Raul, cobrindo-o de copiosas bênçãos. Para ele escrevi “CASA DE MARIA” , um modesto Soneto, feito de coração, muito aquém do que ele merece diante da nobreza de suas atitudes.
CASA DE MARIA
Vera Maria Viana Borges
Inspiração Divina, fiel luzeiro
Fulgurando-lhe a alma, ao Céu se apega…
O Bom Deus é o Sublime Timoneiro
Da embarcação que o Bom Raul navega.
À Virgem Mãe, solerte o marinheiro
Destemido e feliz a orar se pega,
Vencendo chuva, sol, vento traiçoeiro,
Somente a Fé e o Amor ele carrega.
A Deus, o pensamento sempre em prece,
Ele edifica a “Casa de Maria”
E a Bom Jesus com um grande Bem premia.
Gesto grandioso que jamais se esquece,
Transbordante de Luz, eis a Vitória
Para sempre gravada em nossa História.
TEMPO DE RENOVAR
Vera Maria Viana Borges
Apesar do calor, estamos em pleno outono, apreciando as luminosas manhãs de abril. Já entrevemos a chegada da Páscoa o que nos faz recordar os tempos antigos quando saboreávamos na Semana Santa o delicioso canjicão e também a paçoca feita por mamãe. Na sexta-feira, o tradicional bacalhau. Mantenho a tradição e ainda preparo com carinho, eu mesma, as iguarias, apenas transferi para o domingo, o bacalhau, os camarões, os chocolates e tudo mais que se tem direito para o Dia da Páscoa quando comemoramos a RESSURREIÇÃO DE JESUS. Não seria justo em plena PAIXÃO do SENHOR, dia de jejum e abstinência nos empanturrarmos com tão sofisticados alimentos, com fortes temperos. Nesta data, não há espaço para festa, fica bem mais acertado o trivial, bem leve e em consequência da façanha chegamos bem mais dispostos para a Celebração das 15 horas em memória à Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Agindo desta forma, conscientemente, aplicamos o modo de entender de São Tomás de Aquino: “Três coisas são necessárias para a salvação do homem: saber o que deve crer, saber o que deve desejar, saber o que deve fazer.”
Quaresma é Tempo de Conversão, quando se busca o revigoramento da fé, vivendo-se atitudes de amor solidário e fraterno. É um período forte para os cristãos que se preparam para a Páscoa através de um sério discernimento da própria vida a partir da Palavra de Deus. Época de vivenciar e reconhecer a presença do MESTRE na caminhada, no trabalho, na faina diária, na alegria, no sofrimento e na dor. Tempo de Oração, Jejum e Fraternidade. É o momento favorável para nos convertermos ao amor para com Deus e para com o próximo. A palavra quaresma refere-se a “quarenta”, os quarenta dias que antecedem o evento Pascal. É comum, nesta quarentena, fazermos penitência deixando de comer doces, tomar refrigerantes, abstendo-nos das coisas mais apreciadas, mais saborosas e que causam maior prazer. Muito bem disse o Papa Francisco que a melhor abstinência para o tempo quaresmal deveria ser o Jejum de palavras negativas que devem ser trocadas por palavras bondosas. O Jejum do descontentamento, em contrapartida devemos nos encher de gratidão. O Jejum da raiva, substituída por mansidão e paciência. O Jejum do pessimismo, quando devemos nos encher de esperança e otimismo. Além disto, eu, particularmente acrescento o PERDÃO. É um ato de humildade, sou consciente que é muito difícil perdoar, mas também sei que este ato de amor foi exercido por Jesus no momento em que mais sofreu em seu corpo e que sua Mãe mais sofreu em sua alma. Do alto da Cruz ELE perdoou. Quando perdoamos, não estamos fazendo algo maravilhoso pelo outro, o perdão é bem mais importante para quem o pratica. Quem perdoa se liberta. Deus não entrará para mudar nossas vidas se não estivermos dispostos a nos levantar e abrir a porta do nosso coração. Deus não arromba a porta e nem entra pela janela, ELE só entrará se for convidado.
Que o exemplo da CRUZ nos indique o Caminho, a Verdade, a Vida e o Amor ao próximo. Nosso Senhor Jesus Cristo morreu por nós, para pagar os nossos pecados, mas a morte não o deteve. Ressuscitou vencedor sobre a injustiça, abrindo o caminho da esperança de vitória para toda a humanidade. ELE RESSUSCITOU verdadeiramente. O sepulcro está vazio. ELE está vivo. ELE está no meio de nós. Exultemos junto com os Anjos, com a Igreja e com todo o mundo, diante do NOSSO REI. Que sua LUZ recaia sobre todos nós e as trevas do pecado sejam dissipadas e sejamos novas criaturas, deixemos para trás o homem velho. Este é um tempo de Renovação, é tempo de Renovar, como ELE mesmo nos disse: “Eis que faço novas todas as coisas…”
Em júbilo entoemos hinos de Glória. O Senhor Ressuscitou. ALELUIA ! ALELUIA!!!
NA CRUZ
Vera Maria Viana Borges
Uma roda de espinhos na cabeça!
Como rubis o sangue era vertido,
Dorso vergado pela cruz espessa
Que lacerava mais o ombro ferido.
Não se impedindo que o martírio cresça,
Sem piedade na cruz ELE é estendido.
Sob aplausos da turba má e travessa,
O martelo nos cravos é batido.
Elevado do solo entre ladrões,
Bebe o cálice amargo, abandonado.
Pelos que O crucificam, orações:
Não sabem o que fazem perdoai!
Ao sentir estar tudo consumado,
O espírito encomenda ao Santo Pai.
A RESSURREIÇÃO
Vera Maria Viana Borges
Do céu descendo um anjo do Senhor,
Com veste branca, belo e luminoso,
Trazendo o anúncio do maior teor:
Ressuscitou JESUS, vitorioso.
Cristo sai do sepulcro no esplendor
Do Seu Divino Corpo glorioso.
É Páscoa! É nova vida, é paz, amor,
É fé que inflama o peito fervoroso.
Aleluia, exultai, regozijai!
Envolto em grande luz resplandecia,
O Cristo vivo que ia para o Pai.
Conosco está JESUS ressuscitado
Autêntico no Pão da Eucaristia,
Triunfador da morte e do pecado.
REMATE MAGISTRAL
Vera Maria Viana Borges
Dizem que a mulher é sexo frágil. Qual nada, elas são fortes e poderosas. Recordemos a exaltação a elas na bela canção de Erasmo Carlos: “Dizem que a mulher é o sexo frágil/ Mas que mentira absurda/ Eu que faço parte da rotina de uma delas/ Sei que a força está com elas// Vejam como é forte a que eu conheço/
Sua sapiência não tem preço/ Satisfaz meu ego se fingindo submissa/ Mas no fundo me enfeitiça// Quando eu chego em casa à noitinha/ Quero uma mulher só minha/ Mas pra quem deu luz não tem mais jeito/ Porque um filho quer seu peito/ O outro já reclama a sua mão/ E o outro quer o amor que ela tiver/
Quatro homens dependentes e carentes/ Da força da mulher// Mulher, mulher/ Do barro de que você foi gerada/ Me veio inspiração/ Pra decantar você nessa canção// Mulher, mulher/ Na escola em que você foi ensinada/ Jamais tirei um dez/ Sou forte mas não chego aos seus pés”.
Deus criou o mundo. O Sol, a Lua e as Estrelas que iluminavam o Universo feito com excelência e perfeição e criaturas grandes e pequenas usufruíam do grandioso ambiente. Eram aguardadas as suas últimas criações e então finalmente Deus apresentou suas obras-primas, primeiro Adão e num remate magistral, a mulher, Eva.
Criou Deus, pois, o homem à sua imagem e semelhança. Se fomos criados à sua imagem somos reflexo de sua Glória. Refletimos a imagem de Deus a outras pessoas quando transmitimos amor, praticamos um ato de bondade, quando somos capazes de perdoar, quando demonstramos paciência e cumprimos fielmente nossos deveres.
Segundo a SAGRADA ESCRITURA, a mulher foi criada a partir de uma costela de Adão, para ser, sua companheira, para que permanecesse ao seu lado, tal qual as suas costelas. Disse o Senhor Deus: “não é bom que o homem esteja só. Farei para ele uma auxiliadora que lhe seja idônea”. O papel atribuído a ela na Bíblia é como portadora, tal como o homem, da marca da divindade. Esposas têm papel sempre importante, seja como amadas parceiras ou como companheiras dos maridos . Do Monte Sinai, Deus ordenou: “Honra teu pai e tua mãe para que teus dias se prolonguem sobre a terra que te dá o Senhor, teu Deus”. Não há qualquer motivo para se considerar Eva marginalizada ou inferior a Adão; muito pelo contrário, recebe honras especiais na Primeira Epístola de Pedro, 3,7 e maridos são orientados a amar suas mulheres na Epístola aos Efésios, 5, 25 a 31; a Bíblia reconhece grandemente o valor de mulheres virtuosas em Provérbios, 31,10:”Uma mulher virtuosa, quem pode encontrá-la? Superior ao das pérolas é o seu valor”. Em Gênesis 3,20, lemos: “Adão pôs à sua mulher o nome de Eva, porque ela era a mãe de todos os viventes”. Sendo a mãe de todos os seres humanos, somos “os degredados filhos de Eva como proclamamos na SALVE-RAINHA”.
Dentre todas as mulheres está MARIA, cheia da graça de Deus. Concebeu JESUS CRISTO, pelo poder do Espírito Santo, foi mulher de fé, humilde e generosa, praticou a caridade, sempre forte na esperança e alegre na dedicação ao projeto do Pai.
MULHERES tecem sonhos com sorrisos ou com fios de lágrimas, tecem vidas em seus ventres, são guerreiras, enfrentam a vida com bravura, não se deixam abater mesmo estando exautas. São feiticeiras, atraem e cativam simplesmente com um olhar, são sonhadoras, têm como verdadeiros os príncipes encantados e os finais felizes. Elas são especiais, são anjos, são mães, são sábias, carregam consigo a imensa sabedoria de dividir com os filhos o pão e todo o seu afeto, dedicando-lhes todo o seu tempo. São seres muito próximos a Deus, refletem a divina perfeição de seu Criador e, como tal, ocupam posição elevada como “a mais bela das criações”.
MULHER
Vera Maria Viana Borges
A MULHER delicada criatura
Que dizem frágil, é uma fortaleza,
Um ser de rutilante formosura
Da qual emana luz e sutileza.
Fulgurante, preciosa, astral doçura,
Sabedoria, amor, paixão, nobreza,
Embaixatriz do zelo e da ternura,
Quinhão que Deus lhe deu por natureza.
Sendo a MULHER perfeita poesia,
Quer seja mãe, esposa, filha, amiga,
Avó, tia, irmã, há sempre harmonia.
Dentre todas, MARIA, suave encanto,
Que a humanidade toda ampara e abriga
Sob o Celeste azul, Divino Manto.
É PRECISO FAZER!
Vera Maria Viana Borges
O não fazer nada nunca me seduziu. Além dos meus afazeres domésticos e familiares sempre me envolvo com crochês, costuras, pinturas, prosa, verso, leitura e outras coisas. Isto me faz muito bem, sendo assim, decidi partilhar com meus amados leitores, excertos do capítulo É PRECISO FAZER do meu livro ENQUANTO HOUVER TEMPO:
O indivíduo desocupado tende a se entregar a pensamentos destrutivos. Isto o leva à ansiedade, fruto da ociosidade. O trabalho nos ocupa e nos revigora. Através dele provamos a nós mesmos que somos úteis, sentimo-nos capazes, recompensados e felizes. Quem trabalha não tem tempo para ansiedade. Precisamos trabalhar! Tomemos como exemplo a SAGRADA FAMÍLIA: Jesus, Maria e José trabalhavam. Não havia melhores carpinteiros na Galiléia, que José e Jesus. Jesus, artesão habilidoso! A madeira maravilhosamente trabalhada, lisa e polida por suas mãos. Ele, o Senhor do Universo, o Rei de todas as galáxias e constelações, o Filho de Deus, Criador de tudo, não se deteve, nem se envergonhou e esmoreceu ante um simples trabalho de carpintaria. Ele se orgulhava de seu trabalho. Arrepio-me, emociono-me só em pensar em tocar nalguma peça de madeira por Ele trabalhada. Imaginem, sentar numa cadeira confeccionada por Jesus, dormir numa cama por Ele serrada, lixada, armada! Ele, Meu Senhor e Meu Deus, se passou por tão humilde.
Quantas e quantas vezes ouvimos: Você, lavando banheiro!? Que Mal há nisto? Temos que louvar o Senhor que nos fez perfeitos, saudáveis, com olhos perfeitos para enxergar o sujo, braços fortes para esfregar a sujeira e ainda graciosamente nos deu água, abundante na natureza para enxaguarmos. Lavemos também nossos corações e almas, enxaguemo-nos do orgulho e da mesquinhez. Façamo-nos grandes mediante estas humildes tarefas, executando-as com altivez e carinho. O trabalho dignifica, nos faz crescer, ocupa nossa mente, não deixando espaço para pensamentos negativos, perniciosos e destruidores da nossa saúde.
“Uma vida ociosa é uma morte antecipada” afirmou Goethe. Grande é o TRABALHO, porque honra, enobrece, nobilita, dignifica quem o pratica. Toda tarefa que formos executar, devemos empreendê-la bem, empregando nela todo o nosso potencial, com entusiasmo, dedicação e amor. Tudo, com uma pitada de amor e otimismo ficará bem feito. Tornar-se-á difícil, uma simples tarefa, se feita de má vontade, com mau humor.
Organize-se! Mantenha arrumada a sua mente, também arrume a sua mesa de trabalho, no meio da confusão não conseguirá bons frutos. Jesus nos ensina a trabalhar, diz Ele – APRENDE COMIGO, trabalha com o meu MÉTODO: “Meu jugo é suave e Meu peso é leve.” A calma e a boa vontade resolvem a questão. Faça um trabalho de cada vez. “Vinde a Mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei.” Mateus.
Procure usar porções de “amor” em tudo o que fizer. Acrescente pensamentos de carinho e amor às suas receitas, ao seu trabalho, em tudo que for realizar no dia a dia. Sua comida ficará mais deliciosa, as roupas ficarão bem tratadas, sua casa, seu escritório e todos os locais em que agir, ficarão mais bonitos e agradáveis. O relacionamento com o público, com as pessoas, de uma maneira geral, será facilitado. A dose de carinho que puser em suas atividades fará tanto sucesso, que você claramente verá o retorno, no bom desempenho do que se propôs, através de agradecimentos e de palavras elogiosas. Podendo esta emoção, ser o termômetro da qualidade de seu trabalho e o trampolim que o lance para a subida a degraus mais elevados, numa ascensão sadia, consequentemente os louros da vitória que o farão seguro e bem sucedido.
Esforce-se para fazer sempre bem e com constância o seu trabalho; batalhe, pois segundo James Allen, os grandes homens chegaram às culminâncias do êxito trabalhando e velando, enquanto os outros dormiam. “Não basta saber, é preciso aplicar, não basta querer, é preciso fazer” Goethe. É preciso fazer! Deve-se persistir no trabalho com continuidade sem lamentos e queixas, resistindo até alcançar êxito, não esmorecendo nos primeiros obstáculos. É preciso ter coragem e ser forte para se obter uma vida digna, vivida por um ser humano que se preza. Coragem! Avante! “Os grandes homens jamais foram vistos embebedados, dizendo-se que estão vivendo a vida. Muito pelo contrário, estão sempre serenos, trabalhando, com pensamentos claros, melhorando e construindo a vida” Stanganelli.
Quantas pessoas gozam de muita saúde e ao se aposentarem começam a se desintegrar e desintegram mesmo. Não esmoreça, produza! Procure atividades, parece ser este um dos grandes passos para a longevidade. Ocupe-se, procure ser útil, conheça e utilize o valor do trabalho. Benjamim Franklin (1706-1790), foi mais útil ao seu país, após os sessenta anos. Estadista, escritor e inventor norte-americano. Descobridor do para-raios. Depois dos oitenta anos, Verdi escreveu óperas. Compositor de ópera, italiano, um dos maiores no gênero (1813-1901). Autor de “A Traviata”, “Rigoletto”, “Aída”, “A Força do Destino”, etc. Ticiano (1488-1576), pintor italiano; nem a fecundidade, nem a capacidade de renovação se atenuaram na velhice do pintor. Michelangelo (1475-1564), escultor, pintor, arquiteto e poeta italiano. Ainda esculpia suas obras-primas aos oitenta e nove anos, em 1564, ano de sua morte. Após os oitenta anos Victor Hugo (1802-1885), ainda produzia seus melhores escritos. Poeta, romancista e dramaturgo francês. Figura exponencial do Romantismo, exerceu imenso fascínio sobre os escritores e o público do século XIX. Goethe (1749-1832), uma das mais completas personalidades de seu tempo, foi poeta, dramaturgo, romancista, crítico, pintor, diretor de teatro, cientista e filósofo. Escreveu a segunda parte de “Fausto”, o drama mais importante de sua obra, depois dos oitenta anos. A primeira parte foi escrita em 1808 e a segunda em 1832, ano da morte do poeta.
Mantenha-se ocupado, não deixe espaço para pensamentos de temor, insegurança e preocupação.
“O trabalho, pois, vos há de bater à porta dia e noite; e nunca vos negueis às suas visitas, se quereis honrar vossa vocação, e estais dispostos a cavar nos veios de vossa natureza, até dardes com os tesouros, que aí vos haja reservado, com ânimo benigno, a dadivosa Providência. Ouvistes o aldrabar da mão oculta, que vos chama ao estudo? Abri, abri, sem detença” Rui Barbosa.
Trabalhe em algo útil, com propósito digno, para o seu próprio bem, para o bem de sua família, para o crescimento de sua comunidade, para o desenvolvimento de seu Estado e de sua PÁTRIA.
ARTE EM CASA
Vera Maria Viana Borges
A arte pode assumir diversas formas, como pintura, escultura, música, dança, teatro, cinema entre outras e eu incluiria a arte de escrever. As Artes Manuais são muito mais que um trabalho. Além de fonte de renda ou ofício que pode ser executado em casa, funciona como terapia. Acalma o temperamento hostil ou agitado, combatendo depressão, solidão e estresse. Proporciona tranquilidade à mente. Reverencio a maestria, o encanto, o requinte das mãos que trabalham e sentem a textura e a qualidade dos tecidos, das contas, dos fios e demais materiais.
Dias atrás visitei uma amiga de longa data, e o que aconteceu segundo ela própria, foi o encontro de duas amigas, cheias de afeto e carinho, em momento explícito de muita emoção. Momento ímpar vivi naquela tarde, bebericando da sabedoria e do carisma de Silvinha Xavier Borges, famosa youtuber, empresária bem sucedida, musicista, artesã que ultrapassou fronteiras, é internacional e orgulho de todos nós bonjesuenses.
A primeira referência que tive da Silvinha foi através de uma pessoa especialíssima, com quem cursei o Ginasial, o Normal e os estudos musicais, Ana Amélia Ferreira Tatagiba que após casar-se com Clenilson, acrescentou Tavares ao seu nome. E Amelinha, como carinhosamente a chamávamos, me dizia: “Quanto talento tem a Silvinha, sobrinha do Clenilson! Pianista e acordeonista de mão-cheia. Fui sua primeira Professora de Piano e ela me surpreendia sempre. Eu ensinava e ela superava os meus ensinamentos e as minhas expectativas, imprimia ali imediatamente a sua marca”. Comecei de longe a admirar a Silvinha. Filha do ilustre casal Luiz dos Santos Xavier e Celise Tavares Xavier, namorou aos quatorze, casou-se nove anos após, indo para São Paulo acompanhando o esposo que é primo do meu marido e por isso ambas assinamos Borges. Mudou-se para Niterói e nesta época fazia bijouterias exuberantes que eu adquiria através de sua irmã Silvana. José Ary, seu dedicado esposo, desejou voltar para Bom Jesus, retornaram e abriram a CAMISARIA GARNIER, confecção da melhor qualidade não devendo nada às grandes marcas. Ao completar dez anos de sucesso, ofereci-lhe o Soneto intitulado CAMISARIA GARNIER: Fluindo como rio caudaloso,/ O dom e a inspiração dão acolhida/ A um ideal fecundo e generoso-/ Uma EMPRESA feliz, cheia de vida!// Feito sublime, vivo, majestoso,/ Extenso de beleza e na medida,/ Contemplado com olhar tão orgulhoso/ Da nossa gente bela e bem vestida.// E Bom Jesus aplaude a trajetória/ Matizada de paz e de esplendor/ Da GARNIER que constrói a sua história.// Tendo alma, voz, pulmão de quem a gera,/ Cada peça é um poema multicor/ Realizando de súbito a quimera.
A fruta não cai longe da árvore. Da família paterna os pendores musicais e da parte materna, a herança da avó, Dona Geninha e da própria mãe Celise (inigualável nos bordados), o gosto pelas prendas manuais. Sempre fazendo coloridas e lindas peças, com que decorava a loja, presenteava e vendia apenas parte da produção. Sendo muito intensa, produzia muito e tinha pouca saída. Viver de artesanato no interior era difícil. Ela se frustava e dizia que não veio ao mundo para não dizer a que veio. Ela queria mais, desejava distribuir os seus dons a muitas pessoas numa corrente do bem e em contrapartida ter lucros. Vivia harmoniosamente, amada por familiares e amigos e tinha o essencial, um maridão, um filho maravilhoso, uma nora adorável e para completar a LINDA FAMÍLIA, o neto LUCAS, o xodó dos avós.
Num jantar na casa de seu filho, Luiz Gustavo, ele mencionou uma moça que tinha um CANAL e que estava se realizando, e em seguida: Mamãe, grava um vídeo e me manda que eu vou abrir um Canal. Foi SUCESSO ABSOLUTO. Estes dias, em conversa com Luiz Gustavo ele me informou que o canal foi criado em 2017 e fará 2 anos no final deste mês. Teve crescimento acima do esperado e do comum em canais do YouTube. O público é de 90% de mulheres com mais de 320 mil seguidores ativos e nos últimos 3 meses foi assistido por mais de um milhão de pessoas. Os mais de 600 vídeos já foram assistidos por pessoas de mais de 150 países diferentes, mais de 25 milhões de vezes, totalizando mais de 130.000.000 de minutos, o que equivale a mais de 1,4 milhão de partidas de futebol. O canal consta de aulas variadas de artesanatos, músicas ao piano, dicas de projetos e melhorias, lives com bate papos e muito mais. Criou-se o slogan “Família Arteira”, que virou moda entre os seguidores. Um dado importante é que mais de 50 aulas já ultrapassaram a marca de 100 mil visualizações, sendo a mais vista com 1,5 milhão de views. Do canal, outras mídias digitais foram criadas, como as redes sociais (Facebook, Instagram e Pinterest, que já contam com mais de 50 mil seguidores) e o Blog do Arte em Casa, onde os moldes podem ser baixados gratuitamente, conta com acesso médio de mais de 40.000 pessoas por mês. Para 2019 está previsto o lançamento do Clube Arte, para resolver problemas observados pelos mais de 120 mil comentários, visando o aumento de vendas, aquisição de insumos com melhores condições e acesso a muita informação para melhoria dos negócios. O pré lançamento foi realizado e mais de 4000 já se cadastraram em menos de 15 dias (www.clubearte.com.br). O Arte em Casa foi criado para ajudar as pessoas, e continuará com este propósito. A equipe já conta com 5 integrantes para fazer tudo crescer ainda mais.
Compareceu uma vez a convite, ao programa da REDEVIDA de Televisão em São Paulo e na TV APARECIDA/SP já esteve por três vezes. A cada apresentação e a cada vídeo orna com leveza e graça cada peça que finaliza. Com serenidade e elegância se expressa de maneira própria, conjugando palavras na expressão da realidade guarnecida pela visão irreverente do dia a dia. Os sentimentos e lembranças são relatados com lucidez. Lançou três revistas “SILVINHA BORGES – ARTE EM CASA”, tem uma Loja Virtual para aquisição de moldes, tecidos, e outros vários produtos apresentados no CANAL. A cada ano tem participado da FEIRA MEGA ARTESANAL em São Paulo onde se reúnem artesãos e empresários de todo o mundo. São muitas as artesãs que comparecem especialmente para conhecê-la e num encontro repleto de emoções ela com seu acordeão anima o evento e todos dançam e se divertem transformando a FEIRA numa linda e grande festa.
Ela me confidenciou que o Canal foi muito importante por aos sessenta anos ver o seu sonho realizado, por poder contribuir para a alegria, e distração de muitos, por atingir pessoas que se libertaram de depressão, aumentaram seus ganhos, por sentir a alegria do filho que projetou isso para a mãe dele e do marido que não mediu esforços carregando o carro cheio de panos, de feltro, de flores, fazendo gravações e outras coisas mais. Concluiu com o seguinte pensamento: Alguém que faz um bem a alguém, faz um bem muito maior a si mesmo.
Avante, Silvinha, com suas palavras, mas muito mais com o seu exemplo de vida, com seus conhecimentos, com sua bondade, caminhe com a FAMÍLIA ARTEIRA com respeito e amor, em perfeita sintonia !
A ALEGRIA DO NATAL
Vera Maria Viana Borges
No casto seio de MARIA encarnou-se o Verbo Divino. “E ela deu à luz seu filho primogênito e o envolveu em panos e o deitou numa manjedoura” (Lucas 2,7). Quanta alegria MARIA deve ter sentido ao contemplar o rostinho de seu filho JESUS! Nós, que somos mães podemos avaliar seus sentimentos e suas emoções. Ela que O trazia em seu virginal ventre e já O amava intensamente, agora O tinha em seus braços. Naquela estrebaria, sem o mínimo conforto, o MENINO DEUS, foi colocado num tabuleiro, onde se punha comida para os animais, apenas coberto com palhas. Isto foi o que Lhe serviu de berço. Quanto aprendizado extraído deste cenário do Natal! Jesus, Maria e José, a SAGRADA FAMÍLIA, na simplicidade e humildade, aceitando a Vontade e os Planos de Deus.
Já pelo segundo ano consecutivo, sigo com devoção a “Novena da Anunciação ao Nascimento de Jesus” do Padre Luís Erlin, CMF, da Editora AVE-MARIA . São nove meses acompanhando a gravidez da Mãe de Jesus, nove meses de espera e de profunda oração que divido com os meus amigos do Facebook. E são inúmeros seguidores, que unidos em coração e espírito vivem com ELA suas alegrias e angústias, medos e ansiedade pela chegada do FILHO que está por nascer. Iniciamos no dia 25 de março e a cada dia vamos gestando JESUS nos nossos âmagos, no mais íntimo de nossas almas exercitando a capacidade da espera, na esperança, na caridade e na fé. O grande exemplo desta caminhada é o do justo José, presença essencial que sobressai na vida de Maria e de seu Filho ainda no ventre.
Revela-nos o autor que a inspiração do livro veio de sua progenitora que lhe ensinou esta devoção. Todos os anos por ocasião do Natal ela dizia: “Hoje eu termino os nove meses de caminhada com Maria”. O livro apesar de ser a proposta para uma novena, também poderá ser lido como narrativa, sem a necessidade de ater-se ao devocional novenário. Em cada dia, nos apresenta um versículo, um pensamento bíblico para que se encha de LUZ a reflexão. Segue-se uma espécie de “diário de Nossa Senhora grávida”, como se ela própria relatasse diariamente a sua experiência nos 276 dias de sua gestação, terminando sempre com uma frase que encerra um conceito moral, ou tema que dá matéria para refletir, com indicação de bem viver.
As narrativas são muito emocionantes, Ele se fez carne e habitou entre nós, sentia as dores que sentíamos e sua Mãe teve como nós, tudo o que sofremos na gravidez, mesmo estando ela gerando o REI dos REIS, o SENHOR dos SENHORES, foram os mesmos padecimentos, tristezas e alegrias. Um tempo de preparação e de espera.
Aleatoriamente escolhi alguns trechos da saga de Maria, José e Humilde, nome dado ao burrinho que lhes fora presenteado no decorrer da História: Aos dezoito de dezembro ela nos narra: “Enquanto seguimos pelo deserto, senti fortes contrações, cheguei a pensar que eu tinha entrado em trabalho de parto. Mas foi só um susto, depois de um tempo, parada e respirando fundo, as dores passaram. Fiquei bastante apreensiva de Jesus nascer no meio dessa região tão sem vida. Preocupado, porém, ficou José, ele não sabia o que fazer. Depois que os ânimos se acalmaram, seguimos nosso caminho. No final da tarde encontramos uma gruta não muito profunda, que nos garantiu proteção contra o forte vento que fez esta noite. Quem determina é Deus, nossa função é cumprir”. O dia dezenove foi iniciado com a seguinte reflexão: Levanta-te e come porque tens um longo caminho a percorrer (1Reis 19,7b). E Maria nos revela: “Hoje conseguimos adiantar bastante nossa trajetória, tive ainda algumas contrações, mas resisti com força, pois sabia que não podíamos perder tempo. Pobre José, ele deve estar exausto. Eu bem sei que, quando caminhamos em nosso ritmo normal, não nos cansamos tanto; porém, quando temos que andar contando os passos, o esgotamento físico é maior. Ele está com o rosto todo queimado, seus pés também estão cheios de bolhas. Apesar de todo esse sofrimento, ele só pensa em meu bem-estar. Esteja do lado de quem precisa de você. O esgotamento pelo serviço prestado se transforma em alegria de ter sido útil”. No dia 24: Estava grávida e gritava de dores, sentindo as angústias de dar à luz (Apocalipse 12,2). “Não tive forças para buscar um lugar digno para Jesus nascer. José, com medo de me deixar sozinha, ficou comigo todo tempo. Na tarde deste dia começaram as fortes contrações, a bolsa estourou e eu sabia que a hora de Jesus nascer havia chegado. Senti uma mistura de sentimentos, algo que não consigo explicar, porém o que eu sentia mais forte era uma grande força, uma coragem. Eu havia esquecido a dificuldade da viagem, a precariedade do lugar em que estávamos, todos os sofrimentos. A única coisa naquele momento que importava era a alegria de saber que em poucas horas a promessa de Deus estaria em meus braços. José esteve todo o tempo comigo segurando a minha mão. Deixe nascer em você hoje o desejo de perdoar, faça deste Natal algo que mude sua vida” . Eis que se completa o tempo no dia 25: E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade (João 1, 14). “Nas primeiras horas desta madrugada, Jesus veio ao mundo. Não tenho palavras para expressar o que eu senti. Assim que ele nasceu olhei para o seu rostinho e uma grande emoção tomou conta de mim: chorei e agradeci a bondade do Senhor. Jesus é uma criança linda. Em seguida, José, todo emocionado, enrolou no menino o manto que eu havia feito e deitou-o em meu colo. Eu tinha vontade de gritar ao mundo a alegria que me envolvia. Depois de um tempo, José transformou a manjedoura em um tipo de bercinho e ali reclinamos o menino, que dormia enquanto o vigiávamos. Humilde e os outros animais se aproximaram e pareciam festejar conosco. Noite santa, noite bela. A palavra de Deus se fez carne. O Emanuel habita em nós. Para finalizar, a dica para se bem viver um SANTO NATAL: Hoje somos convidados a ser José e Maria e a afagarmos o Menino que chega para alegrar nossas vidas.
Como remate, deixo-lhes o meu soneto DEIXE CRISTO RENASCER!//Estando para dar à luz, Maria,/ Com José em viagem tão penosa,/ Sem hospedagem, numa noite fria,/ Reclina em gruta, a Virgem piedosa.// O SALVADOR nasceu na estrebaria,/ Belém foi a cidade venturosa./ Animais bafejando com alegria,/ Aquecem a criança tão formosa.// Quiçá quisesse assim nascer tão pobre,/ Para ensinar lição imorredoura/ De que o humilde talvez seja o mais nobre.// Acolha o DEUS MENINO no teu ser,/ Seja o teu coração, a manjedoura,/Deixe em teu peito CRISTO renascer!
Na singeleza do presépio em Belém nasceu JESUS, o Menino Deus, trazendo a LUZ, o AMOR, a COMPAIXÃO, a PAZ e a ESPERANÇA da SALVAÇÃO. Que Ele transforme nossos corações plenificando-os de FÉ e CARIDADE e nos dê a graça de estarmos sempre unidos a ELE. Que haja menos “papai noel” e mais “Papai do Céu”. Seja JESUS o centro, a razão do nosso Natal. BOAS FESTAS! FELIZ NATAL e que o NOVO ANO seja repleto de saúde, paz, alegrias e muitas realizações!
AÇÃO DE GRAÇAS
Vera Maria Viana Borges
O Tempo não para (não é fake, é fato) e ele está indo rápido demais, célere ele corre. E, sabe quando ele vai parar? No dia de São Nunca! São Nunca é aquele santo fictício, utilizado na expressão que é uma locução adverbial de tempo, muito usada quando alguém quer se referir a um acontecimento que é impossível acontecer, assim como “quando os porcos voarem”, “quando as galinhas tiverem dentes” ou “nem que a vaca tussa”. Poderíamos atribuir o “seu dia” ao PRIMEIRO DE NOVEMBRO quando se celebra o Dia de Todos os Santos. Ágil, desenvolto ele segue como nos revelam os belos versos da linda canção “Trem-bala”, da cantora e compositora brasileira Ana Vilela. A música é considerada um verdadeiro fenômeno da internet e foi regravada por várias personalidades de grande visibilidade, como Luan Santana, Padre Fábio de Melo e outros. Ana Vilela assim finaliza a sua esplêndida poesia: “Segura teu filho no colo/ Sorria e abrace teus pais/ Enquanto estão aqui/ Que a vida é trem-bala, parceiro/ E a gente é só passageiro prestes a partir.” Não sabemos a hora e é por isso que a Bíblia nos instrui: “Vigiai e permanecei firmes na fé! (1 Coríntios 16,13)
Ninguém fica para semente. Triste realidade! Novembro inicia com TODOS OS SANTOS e no segundo dia lembramos os nossos falecidos. O fato é que nascemos e temos tempo de validade. Com o nascimento começa a viagem com destino ao fim. E ainda há os apressados que ficam ansiosos para que cheguem os Feriados, o Natal e as Férias. O melhor é saborear cada dia, sem pressa, curtir o grande presente de Deus que é a VIDA, porque cada minuto vivido é menos um na contabilidade de Deus, pois se morre a cada segundo que passa. A comemoração de Finados leva milhares de pessoas aos Cemitérios que vão chorar a saudade de familiares e amigos que partiram há muito ou recentemente e outros vão recordar e prestar homenagem aos mortos e rezar por eles. A oração estimula nossa união àqueles que já estão na eternidade e a fé na RESSUREIÇÃO é fortalecida. A vida, a morte e a ressurreição de Jesus são as provas mais expressivas desse episódio. A meta principal de nossa vida não é simplesmente caminhar para a morte, pois a maior certeza é que do pó viemos e ao pó voltaremos, mas buscamos o Caminho, a Verdade e a Vida, caminhamos rumo à plenitude. O mais sensato é viver na fé e no amor pois nossa meta de vida é a Ressurreição com Cristo. Falando de novo em “TEMPO” vejo que nele há um tanto de ETERNIDADE e no que se finda, no FINITO, há outro tanto de INFINITO. Mesmo após compreendermos todo este processo, sabendo que isto aqui é apenas uma passagem, perdemos tanto tempo com picuinhas, com bobagens e com coisas insignificantes. No futuro quando olharmos para trás, lá terá ido a vida inteira, queiramos ou não. Sejamos mais moderados porque as atitudes são mais importante que os fatos. Há um pensamento do qual desconheço o autor que diz: “Qualquer fato que enfrentamos, por mais penoso que seja, mesmo que pareça irremediável, não será importante como nossas atitudes para com ele. Por outro lado a oração e a fé podem modificar ou dominar inteiramente um fato”.
Maravilhoso mesmo é curtir os melhores momentos e ser feliz. Vivamos cercados apenas de pessoas positivas, fazendo tudo aquilo que nos faz sorrir, buscando a felicidade que vem do Altíssimo. E nossa palavra de ordem seja: GRATIDÃO! O sentimento de gratidão é muito belo. É felicíssimo quem consegue dizer de coração aberto “obrigado, muito obrigado”. Agradecer pelo que somos, filhos de Deus tão amados, amados também por nossos familiares e amigos. Agradecer até mesmo as mais simples coisas. Quem é capaz de distribuir sorrisos, estender a mão, demostrar afeto, proferir palavras amáveis é feliz, receberá o sentimento de gratidão de muitas pessoas formando uma corrente do bem que produzirá felicidade, fazendo com que o meio em que vivemos seja esplendoroso e deslumbrante.
Façamos o bem, enquanto há tempo. Rendamos louvores e graças por tudo que TEMOS e principalmente pelo que SOMOS.
AÇÃO DE GRAÇAS
Vera Maria Viana Borges
Pela vida, saúde, inteligência,
Pelo corpo saudável, por falar,
Por enxergar, andar, pela ciência,
Por aborrecimentos, por amar.
Pela fraqueza e angústia, por prudência,
Por planos arrojados, por pensar.
Pelo Teu Reino e Tua Complacência
E possibilidade de sonhar.
Pela água, pelo pão, pelo agasalho,
Pela casa, pais, filhos, pelo irmão,
Por tudo que nos dás, pelo trabalho.
Pelas mãos que semeiam com ardor!
Postas, rendem-Te graças, oração
Agradecendo a Ti, ternura e amor.
MÉDICOS DE HOMENS E DE ALMAS
Vera Maria Viana Borges
Dezoito de outubro, Dia de São Lucas e Dia do Médico.
Os médicos que cuidam de nós fazem parte de nossa vida como se fossem de nossa família. Aos sacerdotes apenas confidenciamos as questões de nossas almas mas a eles revelamos os problemas do corpo e da alma. Abrimos para eles as portas de nossos lares, entregamos as nossas queixas e os nossos padecimentos, assim como os dos que nos são caros, e eles com a Ciência, com discrição plena, com dedicação ímpar, proficiência, finura de trato, mitigam as nossas dores. Amigo das horas difíceis que com carinho e desvelo assiste na hora angustiosa da enfermidade.
Lucas nasceu em Antioquia da Síria e era médico de profissão. Estava muito bem preparado na ciência do seu tempo e conhecia bem a língua e literatura gregas. São Lucas, Lucas ou simplesmente Lucano autor de um dos quatro Evangelhos da Bíblia e também dos Atos dos Apóstolos foi o único apóstolo que não era judeu, nunca viu Cristo e tudo o que está escrito em seu Evangelho foi adquirido por meio de pesquisas e do testemunho da mãe de Cristo, dos discípulos e dos apóstolos. Ele nos fala através de seus escritos da “Mansidão de Cristo”.
“Médicos de Homens e de Almas” conta a história de São Lucas, é um livro cativante e emocionante, é uma leitura fantástica! A célebre autora Taylor Caldwell revela que o escreveu durante quarenta e seis anos e afirma “este livro trata de Nosso Senhor apenas indiretamente. Não há romance nem livro histórico que possa transmitir a história de Sua Vida tão bem quanto a Santa Bíblia”. A vida do apóstolo São Lucas é muito interessante, é um verdadeiro exemplo de fé, força e coragem. Vale a pena viajar na narrativa bem elaborada, rica em detalhes. Sou apaixonada por esta obra, recomendo a leitura; eu particularmente, já fiz várias releituras.
Momento de muita emoção que merece ser lembrado é o encontro de Lucano com o seu irmão Prisco, o soldado romano que recebeu a incumbência da crucificação de Jesus. Os oficiais de Prisco viram-no desconcertado perante tamanha corvadia. Viam o seu desespero, os seus olhos apavorados, a sua expressão tensa e sua ansiedade, enquanto aguardavam a sua decisão. Olhando para o prisioneiro, vendo o seu absoluto sofrimento, exclamou: Vamos acabar com isto em nome dos deuses! Pediu que lhe trouxessem o vinho, a taça e também ópio, desejando suavizar a dor do condenado. Gaguejando pediu-lhe que bebesse. Jesus sacudiu a cabeça em negativa, mas olhou-o com gratidão, com olhar suave da mais incrível delicadeza e bondade, assim, Prisco sentiu-se ainda mais aterrorizado. Lançou seu olhar para a cruz do meio com olhos desolados e viu uma única luz na escuridão, enquanto ouvia um jovem oficial dizer com voz trêmula: “Na verdade este homem era um justo!” Prostraram-se de joelhos implorando aos seus deuses auxílio e salvação. Uma enorme náusea tomou conta de Prisco e ele se entregou ao remorso, ficou gravemente enfermo e em fase terminal, relata toda a sua história para o seu irmão Lucano, o magnânimo médico de homens e de almas. Aflito ele repetia que ficou muito doente e estonteado, que a dor começou no estômago e que ELE o condenou à morte pela parte que tomou em Sua execução. Não, exclamou Lucano, como poderia Deus condenar-te? Ele te amou! Falaste do Seu olhar compassivo, Ele deseja que te aproximes mais, que repouses em Seu coração, e que sejas um com Ele. Ouve, eu te digo que Ele te ama, e que está sempre contigo!”. Ao narrar, Prisco sentia-se muito cansado. Sua alma sentiu-se aliviada após a narrativa e ele adormeceu enquanto seu irmão juntou as mãos e proferiu longa, sentida e bela oração, que terminou assim: “ …Tem piedade de meu pobre irmão a quem foi outorgado o mérito de ver-te em nossa carne. Ele Te ama e Te conhece. Dá-lhe paz, dá-lhe alívio para suas dores. Se ele tem de morrer, concede-lhe, então, morte tranquila, sem mais angústia. Não és Tu compassível para com seus filhos? Chamam eles por Ti em vão? Não, jamais eles chamam por Ti sem Teu auxílio e Teu consolo! Aqui está meu irmão, que Te ama. Sê misericordioso para com ele, e conduze-o para Ti”. Ao sair do quarto os que o aguardavam na sala de jantar espantaram-se e fixaram os olhos nele que brilhava como a lua e exclamou: “Meu irmão conheceu Deus e O viu crucificado e é abençoado por isso!”. Dois médicos que o assistiam ficaram perplexos com sua cura. Muito depois de todos dormirem, Lucano escrevia o seu Evangelho da Crucifixão.
Seu encontro com Maria Santíssima é o ápice dos acontecimentos, acontece nas últimas páginas e é o momento mais comovente. Ela fala detalhes desde a Anunciação do Anjo, da visita à sua prima Isabel, da origem do canto Magnificat, de fatos da infância de Jesus, do amor de seu esposo José pelo Menino, dos brinquedos que ele lhe fazia, e do encontro de Jesus com o anjo do mal, presenciado por Ela. Uma particularidade do Evangelho de São Lucas é o seu amor pela Virgem Maria, nele sobressai o tema mariano. Por isso foi chamado de “Pintor de Maria”, não apenas porque A pintou em tela, mas porque a pintou maravilhosamente no seu Evangelho.
Ó São Lucas, glorioso Apóstolo e Evangelista, alcançai-nos a graça de seguir com fidelidade a JESUS que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Ó bom e santo médico, que com santas mãos invocando o nome do Senhor, curastes tantos enfermos de tão graves enfermidades, do corpo e da alma, segundo a vontade de Deus, intercedei por nós, por todos os MÉDICOS, para a maior glória, por toda a eternidade. Amém.
DIAS MELHORES HÃO DE VIR
Vera Maria Viana Borges
É outra vez PRIMAVERA! Tudo passa muito rápido, o tempo é implacável. Dias, noites, anos, horas, minutos e segundos se sucedem. Os pássaros se animam. Ocorre o florescimento de várias plantas. A temperatura vai aumentando e fica mais amena. A natureza se enfeita tornando-se ainda mais bela com coloridas e perfumadas flores. Rosas, girassóis, margaridas, orquídeas, jasmins, hortênsias, helicônias, alamandas, gérberas, hibiscos, lágrimas-de-cristo, bocas-de-leão, crisântemos, violetas, damas-da-noite e outras, prosperam abundantemente. O cenário é tão belo que nos extasia, nos enleva e nos coloca em sintonia com o Universo. Nasci em meio a encantáveis flores, na terra das mais belas rosas.
Na sucessão dos dias e das noites, quatro anos se foram e vemo-nos em plena campanha eleitoral. Fecho os olhos e me sinto criança. Mergulho-me na política rosalense. Em 1950 Getúlio Vargas se apresenta como candidato à Presidência pelo PTB, juntamente com Eduardo Gomes (UDN), Cristiano Machado (PSD) e João Mangabeira (PSB). Apoiado também pelo Partido Social Progressista chefiado pelo paulista Ademar de Barros é eleito para o mandato que deveria se estender até 31 de janeiro de 1956, mas foi violentamente interrompido no fatídico 24 de agosto de 1954, com o suicídio do presidente. O rádio mais uma vez nos trazia as notícias. Ficara impressionada com o episódio! No meio da cozinha, atônita, aos seis anos, perplexa, prestava atenção à notícia…
A política falava “alto” no coração de nossa gente. Tínhamos representantes no legislativo: Abílio de Sá Viana, Carlos Brambila e um outro filho, Gauthier Pontes Figueiredo, rosalense de garra, vereador de 1947 a 1950, com tão vibrante atuação que em 1950 em pleito renhido se elegera prefeito passando a conduzir os destinos do município, tendo sido o segundo prefeito eleito, sucessor do Coronel Alfredo Ribeiro Portugal.
Como vibrava o povo rosalense mediante todos estes fatos. “Cabos eleitorais” arregimentavam eleitores, os chamados eleitores de cabresto, para quem executavam permanentes tarefas como registro de filhos, ou outros favores quaisquer. (Capitão Anselmo Nunes) X (Gauthier) X (Abílio Sá Viana). (PSD) X (PTB). Eram acirradas lutas, com discussões, discórdias, disse-me-disse, escutas telefônicas (havia em três fazendas e em dois pontos comerciais na Vila, aqueles telefones antigos de parede), discursos inflamados, boca-de-urna e foguetes. Muito comum após os resultados, ao término das apurações, os mais exaltados soltarem fogos nos telhados, defronte às residências ou até mesmo embaixo dos bancos da praça, ou onde se encontrassem adversários. Depois de tudo passado, tudo voltava naturalmente ao normal e o povo simpático, amigo, hospitaleiro e acolhedor se irmanava unindo forças para a conquista de melhores dias para a amada terra. Anos dourados aqueles! Uma saudade imensa dói, corrói o peito e em remígeo, num suave devaneio, das doces lembranças que me invadem a alma, surgem-me estas reminiscências.
Hoje estupefata, quase sem ação, vejo o Brasil mergulhado no caos, em momento delicado, doloroso e difícil. Atravessamos tempestuosos momentos em que somos arrastados por uma política repugnante, repleta de atropelos, num país cheio de incertezas, onde vigora miséria, mentira, roubo, licenciosidade, crime, corrupção e violência. A este tipo de política, eu chamo de politicagem, mesquinha,
estreita, de interesses pessoais formada por um conjunto de políticos inescrupulosos e desonestos, salvo poucas exceções. Já foi dito por Rui Barbosa: “Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se repulsam mutuamente. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.”
Tempo de desentedimentos por divergências que acabam se sobrepondo a relações de amizades, profissionais e familiares. As posições divergentes tornam-se embaraço ao convívio harmonioso entre as pessoas. Afinal, valerá a pena se colocar em defesa de uma posição política em detrimento de uma amizade? Essas picuinhas valem muito menos do que o respeito e estima de amigos sinceros e leais.
A política sem dúvida é uma arte difícil. Exige qualidades incomuns de coragem, abnegação, descortínio e CARÁTER. É uma necessidade e deveria ser baseada em harmonia, respeito e bem estar social. A politicagem é a pretensão de se levar vantagem, menosprezando o bem-estar comum e os deveres e obrigações para com o próximo. Hoje em dia, com políticos censurados, condenados e desvirtuados fica difícil a escolha. As intenções dos homens são medidas pelos seus atos e não encontramos um nome aureolado de respeito e acatamento para que de olhos fechados possamos dar o nosso voto, sendo assim, precisamos da Luz Divina para decidirmos. Estejamos cientes que a votação não pode ser arbitrária, existem questões erradas e não podemos votar em candidatos que se propõem a promovê-las. Lembremo-nos, é bíblico e está em PROVÉRBIOS 29, 2: Quando dominam os justos, alegra-se o povo; quando governa o ímpio, o povo geme.” (Leia mais em: https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/proverbios/29/). Procuremos escolher o melhor para o BRASIL para que seja sempre honrada a inscrição “ORDEM E PROGRESSO” estampada em nossa BANDEIRA que jamais poderá ser maculada por interesses subalternos. Exerçamos o nosso direito de cidadão com dignidade e firmeza, buscando sempre uma PÁTRIA livre, amada e feliz onde se possa viver o AMOR em sua plenitude. Viva o BRASIL!!!
Alegrem-se nossos corações, sentindo o perfume das flores e ouvindo o canto dos pássaros nesta PRIMAVERA, com a expectativa do melhor resultado nas urnas. Dias melhores hão de vir. Que vença o melhor para o PAÍS!
JULHO EM ROSAL
Vera Maria Viana Borges
Chega julho, viajo no tempo. As recordações de minha infância em Rosal afloram e daquela época distante rememoro os acordes da Lira ensaiando para o dia de seu aniversário e das belas comemorações, com realce especial às encantadoras “Alvoradas”. Neste ano a amada Lira 14 de Julho completou 96 anos. Não me contive e lhe dediquei os versos que seguem: Ao percorrer altiva a sua trilha,/ Com sopro divinal vai radiosa/ E a cada ano mais e mais rebrilha/ Com alegria infinita e esplendorosa.// Vibra em meu peito e na minh’alma brilha/ A quatorze de julho jubilosa,/ Esplêndida, perfeita maravilha/ Que no compasso segue rigorosa.// Marcha a querida LIRA em alvorada/ Esparzindo os acordes maviosos/ Pelas ruas da nossa terra amada.// Na madrugada fria, sob o orvalho/ Atinge os corações mais ardorosos,/ Com majestoso e artístico trabalho. Aproximam-se os CEM ANOS, que eu possa viver para comemorar e que inspiração não me falte para exaltá-la em tão auspicioso acontecimento.
No dia 26 a Festa de Sant’Ana, nossa amada padroeira, nossa defensora e protetora. Ela mereceu a honra de ser mãe da Virgem Imaculada, avó de Jesus e sogra de São José. Bem pequena, eu acompanhava com mamãe as procissões e recordo com saudade os cânticos dando destaque ao refrão do hino de Sant’Ana: Alegre Sant’ Ana/ Num surto de amor/ Entrega-se ufana/ A lei do Senhor”. A ingenuidade era tamanha que eu entendia – “entrega a sanfona pra lei do Senhor” e assim eu cantava. Fui crescendo, aprendi a cantar corretamente e hoje, é motivo de muito riso. Que nossa Padroeira querida interceda por nossas necessidades temporais e espirituais.
No início do mês recebi de amigo muito querido, Dr. Anselmo Júnior Borges Nunes, moço de princípios morais, éticos e cristãos, neto de Sr. Chiquinho Nunes e de Dona Amélia, nossos adoráveis vizinhos lá na santa terrinha, filho do venerando casal Anselmo e Luzia, um amável convite para homenagear o Padre Herbert que presta assistência aos devotos rosalenses, por estar ele completando cinquenta anos de Brasil. Prontamente me pus à disposição. Consultando o travesseiro, imaginei, como escrever algo para quem não conheço? Então pedi ao Anselmo que me falasse algo sobre o homenageado e ele primeiramente me disse sobre Bolton, um lindo cão amigo do sacerdote. Perguntei-lhe se o animal era o seu fiel escudeiro e ele me disse que sim. Bola rolada, saiu logo o soneto “O PADRE E O CÃO: Zeloso, o sacerdote é timoneiro/ E do dever jamais ele declina./ Do EVANGELHO, ele é o mais fiel luzeiro/ Que nos conduz à fonte cristalina.// Da paz, do amor, da fé é mensageiro,/ Solitário porém após rotina,/ Adota então um cão por companheiro/ E em seu carro com ele peregrina.// Cedinho, ao acender a doce aurora/ E ao pôr do sol na tarde que esmaece,/ Bolton e o Padre partem sem demora.// Com chuva ou sol nas ânsias de uma estrada/ Seguem o rito e o afeto os enternece…/ Bem-sucedidos findam a jornada.
Não bastava, precisava algo mais para entrar no clima, no mérito da questão. Anselmo me enviou dados, fatos, fotos e me deparei com uma riquíssima história. Fiquei sensibilizada e encantada com sua trajetória e com sua determinação. Ele tem apenas um irmão gêmeo, ainda residente na Holanda. Herbert De Gier, nasceu aos nove de fevereiro de 1943 em Haia, Holanda, em plena Guerra Mundial. Fez o Ensino Fundamental em Haia e o Ensino Médio em Vught, na Casa de Formação da Congregação dos Irmãos de Nossa Senhora de Lourdes. Consagrou-se à Nossa Senhora em 3 de junho de 1956. Concluiu o Ensino Médio em 14 de julho de 1960. Aos 15 de agosto de 1960, entrou no Noviciado da Congregação e em julho de 1961 começou os estudos para a Formação de Professor. Em 15 de agosto de 1962 fez os votos de pobreza, castidade e obediência. Formou-se Professor em 1965 e trabalhou até 1966 numa Escola de Ensino Fundamental no sul da Holanda. Em janeiro de 1967 chegaram ao Brasil os primeiros Irmãos da Congregação. Em 15 de agosto de 1967 fez a PROFISSÃO PERPÉTUA e em 8 de setembro do mesmo ano recebeu o Diploma do Curso de Professor de Habilitação Completa. Lecionou numa Escola Técnica, em Emmen, no norte da Holanda e ainda no mesmo ano recebeu sua nomeação como missionário no Brasil.
Há exatamente 50 anos , aos 26 de julho de 1968, na Festa da Senhora Sant’Ana, embarcou no avião e chegou na manhã seguinte em nosso país. De agosto a dezembro fez curso de Língua Portuguesa e Enculturação no Instituto CENFI. Em 1969, matriculou-se no Colégio dos Irmãos Maristas, em Uberaba/MG e fez Curso de Aperfeiçoamento da Língua Portuguesa e História do Brasil com a finalidade de prestar Vestibular na PUC/MG, em Belo Horizonte. No mesmo Colégio ainda em 1969 recebeu o Diploma do 2º Ciclo Secundário em Português, Inglês, Francês e Psicologia. Em 1970, passou no Vestibular e iniciou o Curso de Letras (Inglês e Português). Estudava pela manhã e dava Assistência Pastoral à tarde numa Capela da Paróquia Sagrados Corações. Em 1974 recebeu o Diploma de Bacharel Licenciado em Letras PUC/MG. Foi arquivista da Cúria em Juiz de Fora. Com um Irmão da Congregação, no Vale do Jequitinhonha deu início a um projeto social na área de ensino, enfermagem e pastoral em Joaíma, Diocese deAraçuaí/MG. Lecionou Inglês e Ensino Religioso. Fazia batizados, casamentos e exéquias. Em 1983 recebeu o certificado de naturalização e em Belo Horizonte iniciou o Curso de Teologia na PUC, formando-se em 1986. Ordenou-se em 22 de fevereiro de 1986 pela imposição das mãos de Dom José Geraldo Oliveira do Valle, então bispo da Diocese de Almenara/MG. Iniciou seu apostolado, como pároco na cidade de Jordânia, pertencente à Diocese de Almenara. Em 2001, veio para a Paróquia Senhora Sant’Ana em Apiacá/ES onde ficou até novembro de 2009 e a partir de então foi morar em Rosal, 3º Distrito de Bom Jesus do Itabapoana/RJ, atuando na Capela da Senhora Sant’Ana que pertence à Paróquia do Senhor Bom Jesus.
Saiu da Holanda sob a proteção de Sant’Ana, no dia de sua festa e não foi coincidência, foi providencial. Ela o amparou em todo o percurso e lhe proporcionou duas comunidades onde é a PADROEIRA, quis que ele ficasse mais junto a ela. Para as comemorações de tão importante data, escrevi-lhe quatro sonetos. Finalizo com um deles: Cinco décadas há que o missionário/ Desembarcou em terra brasileira,/ Estudou, seguiu seu itinerário/ Tendo a Mãe de Jesus por companheira.// Fez do seu caminhar todo um hinário,/ Na inabalável FÉ, a luz primeira/ E desfiando as contas do Rosário/ Chegou por certo à Fonte Verdadeira.// À Holanda, dedicamos preces mil,/ Desejamos o bem e agradecemos/ Pela grandiosa dádiva ao Brasil.// Gratidão! Nós jamais esqueceremos,/ Deu-nos um Sacerdote tão gentil/ E por isto Louvemos e Exultemos. Não existem palavras que possam agradecer a tudo que tem feito pela comunidade rosalense. Por nós, a recompensa de Deus! Que o Senhor, continue abençoando a sua Vida e o seu Ministério!
PARABÉNS, Padre Herbert, pelos 50 anos de Brasil!!! VIVA SANT’ANA, A NOSSA PADROEIRA!!!
RUMO AO HEXA!
Vera Maria Viana Borges
Após abril com suas esplendorosas manhãs e maio de encantáveis tardes, estamos apreciando as fulgurantes noites juninas, comemorando Santo Antônio, São João, São Pedro e São Paulo. Mês consagrado ao Sagrado Coração de Jesus. Junho chegou sereno e pleno de expectativas trazendo ares do Inverno em clima de Copa.
O dia 14 foi diferente, início da Copa do Mundo na Rússia, com abertura rápida e muito simples. Ao soar o apito do juiz a bola rolou no grandioso Estádio Luzhniki em Moscou e os anfitriões venceram de goleada. Foi dada a largada para a 21ª Copa, continuando a bela história iniciada há 88 anos, com 836 partidas que fizeram pulsar bem mais forte os corações de todos os participantes e de todos os torcedores. Aqui e alhures, em cada peito bate um coração patriota, apaixonado por sua Pátria, pelo futebol e por sua Seleção. Em Portugal todos são Cristiano Ronaldo e no Brasil são todos Neymar. A estreia do Brasil não foi muito próspera, tivemos que nos contentar com o empate. A segunda partida foi angustiante, tediosa, torcemos e aguardamos a bola bater na rede durante todo o tempo regulamentar e nada aconteceu, somente nos “acréscimos” pudemos vibrar com os dois gols [Pl.: gois (p. us.) e golos (lus. e bras., RS.). É incoerente o pl. gols, para uma palavra aportuguesada. Contudo, parece-nos difícil que se venha a fugir desse barbarismo, tão arraigado está.]. O meia Philippe Coutinho foi o protagonista da partida em São Petersburgo e já se comenta que ele tem tudo para ser o “craque” da Copa. A luta continua, vamos torcer e entusiaticamente dizer: Pra frente Brasil! Avante S eleção!
Com vários jogos por dia e mais as resenhas tem-se uma overdose de futebol e o brasileiro se empolga e se envolve tanto que o país fica em “stand-by”, em tempo de espera, como aconteceu também na “greve dos caminhoneiros” quando tivemos uma pequena mostra da importância de uma profissão que muitas vezes é tão desvalorizada pela sociedade e que é de suma importância para o bom andamento, desempenho e funcionamento do país. Dependemos uns dos outros e somos dependentes de profissionais nobres como varredores, lixeiros, professores, outra classe menosprezada, tão desvalorizada apesar de serem os PROFESSORES, os formadores, os pilares da estrutura, da construção de todas as outras profissões. Se temos bons médicos, bons advogados, juízes, desembargadores, promotores, engenheiros, políticos, presidentes, é porque eles tiveram bons professores.
Os menos entusiastas, lançam mão da crise e fazem inúmeras críticas e lançam muitas “pérolas” nas redes sociais. O povo brasileiro é muito criativo e haja criatividade para arquitetar piadas e comentários maldosos e desanimadores. Costumam dizer que o Brasil é o país do futebol e esquecem que mesmo bem treinado o time entra para competir num “jogo” que é uma atividade física ou mental organizada por um sistema de regras que definem a perda ou o ganho. Quem está na chuva é para se molhar. Podemos perder ou ganhar e além da velocidade, capacidade, eficiência, rendimento, agilidade, autonomia de movimentos, precisamos de SORTE.
Afirmar que o Brasil é o país disso ou daquilo é pouco, o brasileiro tem uma alma que se agiganta nos momentos mais difíceis. Temos passado por maus bocados pois o Brasil enfrenta o seu pior momento socioeconômico e principalmente político-social. Neste clima angustiante, não há como fugir e passar despercebida toda esta problemática. Defrontamo-nos com os acontecimentos e seus efeitos são experimentados amargamente. Só se encontra a solução quando se reconhece o “X” da questão. Muitas e muitas vezes ficamos chorando as consequências e não atacamos a origem verdadeira do problema. Só uma cuidadosa reflexão pode apontar o que tem ou não tem importância. Apesar de sofrido, desgastado, de toda a desesperança, de todas as mazelas vividas, de toda a crise, de toda a barbárie e corrupção, da pobreza, da falta de Saúde, Educação, de prioridades básicas, sinto e vejo que nosso povo tem ao mesmo tempo uma força vital, a CONFIANÇA e ESPERANÇA em Deus. Somos alegres e entusiastas, temos um intenso brilho no olhar, temos muitos problemas, sim, mas somos filhos de uma nação cujo “DEUS é o SENHOR”. “O coração alegre é o melhor remédio”, isto é bíblico, todos os momentos duros e difíceis que temos vivido só nos levam ao fundo do poço, só nos derrotam, precisamos de válvulas de escape para nos sublimar e elevar o espírito. Há melhor entretenimento que o futebol? Vamos torcer para o Brasil, sim! Vamos desejar e esperar a VITÓRIA. Não nos culpemos, não precisamos fazer gastos exagerados para tal, só necessitamos de um coração PATRIOTA batendo forte no peito. Estaremos torcendo pelo nosso país e não para os políticos devassos e corruptos. Não deixemos que nos roubem esta alegria. Que venha o tão sonhado HEXA .
“Há que se cuidar do broto para que a vida nos dê flor e fruto”. “A maior das árvores um dia foi semente”. Incentivemos nossos infantes, que eles sejam educados para um futuro promissor, digno, honrado e feliz, para que assim nosso Brasil seja de fato passado a limpo. Inspiremo-nos nos lindos versos do grande poeta Olavo Bilac: “Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! Criança! Não verás nenhum país como este!”.
Aproximam-se as ELEIÇÕES, “torcer” a cada jogo do Brasil nós já sabemos, precisamos aprender a VOTAR, fazer bem o nosso dever de casa. Que nas chapas apareçam nomes de HOMENS de bem, cidadãos dignos e honrados para que possamos exercer com dignidade a nossa cidadania. Considero que podemos conciliar as duas alternativas, basta AMAR a PÁTRIA e ser BRASILEIRO CONSCIENTE.
PARABÉNS, PIRAPETINGA!
Vera Maria Viana Borges
Imensa e justa foi a minha alegria, pelo honroso convite para participar da I Feira Literária de Pirapetinga que foi sem dúvida a primeira de muitas e muitas, que naturalmente serão sempre repletas de intenso fulgor e deverão refletir profundamente na mística da comunhão de ideais, na pujança do extravasar das mentes e almas, o objeto da mais alta inspiração, que reúne toda a perfeição concebível no nosso imaginário.
Ao pisar o solo de PIRAPETINGA, o berço do sonhar da notável poetisa Iracema Seródio Boechat, lindamente descrito por ela na tão bela poesia intitulada “ALBERGUE MATERNAL”, meu coração encheu-se de júbilo. Fui envolvida pela paisagem que eu admirava enquanto rememorava os seus versos: “Berço do meu sonhar! Feliz Pirapetinga!/ Paisagem que desejo, ufana, contemplar: / Montanha verdejante, arroio a murmurar,/ Pássaro saltitante à orla da restinga.// Teu céu todo estrelado em doce paz da noite/ E as flores da pracinha à espera do luar,/ Pirilampo, urutau, soturnos a vagar,/ Apontam ao viandante o albergue onde pernoite.// E eterno será este albergue fraternal:/ Motivo da saudade a oprimir e angustiar,/ O filho que partiu do âmago maternal.// Um dia, ausentar-me-ei, terra querida e boa,/ Mas levarei comigo a glória de ser filho/ De solo idolatrado – mãe que ama e perdoa”. E, ela partiu para a casa do PAI Celestial, de onde hoje certamente intercede, roga pelo seu chão e por sua gente. Apossou-se de mim, o sentimento do mais puro amor a uma terra de passado nobre, de filhos ilustres que a preservaram e engrandeceram sempre, e de um presente altaneiro, promissor, com grandes feitos de gente não menos nobre, que cultiva as letras e as artes. Berço de gente boa, hospitaleira, amiga e altaneira. Cenário de belezas, de encantos naturais, de passado heróico, marcado por filhos ilustres que com galhardia lançaram a semente que caiu em terreno fértil, fato comprovado pela colheita destes frutos, saboreados pelo povo honrado neste presente glorioso onde se valoriza a Cultura. Isto, nos comprova que o povo desta terra não se acomodou em colchões moles e nem se fez admirar apenas pela força bruta, mas que compreendeu que nem só de pão material vive o homem.
Durante dois dias, a vila viveu momentos mágicos, intensos e poéticos. Na Praça, vários Estandes com Exposição de Livros e Discos, momentos de apresentação das obras e autógrafos dos expositores. Na abertura, conduzida pela Professora e Psicóloga Jussara Ofrante, a presença maciça das Escolas Municipais Iracema Seródio Boechat e João Catarina, de escritores, poetas, músicos, autoridades, visitantes e o povo daquela amada localidade e arredores. O Patrono da Feira, médico e escritor filho da terra, Dr. Norberto Seródio Boechat, se emocionou com as homenagens a ele prestadas. Ainda pela manhã aconteceu a Oficina Literária proferida por mim. Ao meio-dia, música com a Banda Black Pepper Acústica. À tarde, a Contação de História contagiou crianças e adultos. As Academias Itaperunense e Calçadense de Letras trouxeram brilho à programação. Compareceram o Dr. Laércio Andrade de Souza, Presidente Emérito da Itaperunense e o Poeta Valtinho e Sr. Aderbal membros da Calçadense. Brilhante foi a participação dos alunos e professores da Escola de Música JEMAJ e para encerrar um Show com Valdeir da Sanfona.
No dia seguinte o AMANHECER COM POESIA no Museu de Imagem de Pirapetinga, mantido pelo Dr. Norberto. Antes do café literário regado a muita poesia, o público ficou fascinado com a visitação ao museu. O debate literário com o escritor e músico Danyel Sueth teve participações especialíssimas de Valber Meirelles, membro da Academia Itaperunense de Letras e da Escritora Elaine Borges. Valber Meirelles além de expositor de seus Discos também brilhou com sua voz e violão, ele tem 8 Discos Gravados dentro de uma linha poética, com repertório de sua autoria. O engenheiro metalúrgico, advogado, músico, compositor, arranjador, instrumentista e escritor Beto Travassos compareceu trazendo o seu livro ALMA & POESIA, suas lindas e espetaculares canções e o magnífico show com sua sanfona. Rita de Cássia Côgo, artesã das mais festejadas, professora e renomada escritora de Guaçuí/ES, autora de vários livros, trouxe “A BONECA SAPEQUINHA”. O INSTITUTO SUPERA promoveu a Palestra – “Benefícios da Leitura na Terceira Idade”. A “Moda de Viola com os Irmãos Oliveira” foi inserida à Programação e agradou em cheio. No encerramento, Show com a Banda Estado de Sítio. O ponto culminante da Feira foi a Palestra do Dr. Norberto Seródio Boechat que narrou com profundidade, minuciosamente a História daquela majestosa terra, encantando a todos. Há de se destacar o “Blog do Frederico TV” do Frederico Sueth Rangel, que com maestria fez a cobertura completa e a divulgação da tão extraordinária festa cultural.
Curvo-me aos promotores do evento, em especial ao Júlio César Barbosa, à Diretora Marilaine Coelho e à Anísia Maria Pimentel, agradecida pela elevada honra a mim concedida, a oportunidade ímpar de participar deste acontecimento que obteve os mais admiráveis resultados, alcançou grande êxito e foi SUCESSO absoluto. Parabéns a todos. O sucesso de grandes empreendimentos deve-se ao trabalho intenso onde a colaboração de muitos é fator primordial para que tudo dê certo.
Acolhida carinhosamente por todos, senti-me em casa. Emocionou-me o abraço especial do grande homenageado da Feira, o anfitrião, Dr. Norberto Seródio Boechat, renomado médico geriatra e escritor, filho do ilustre casal Agostinho Boechat, fazendeiro e líder político da região e da Professora, Poetisa e Escritora Iracema Seródio Boechat. Assim como foi de sua mãe, a graciosa vila é sua inspiração e seu referencial. Autor de várias obras, dentre elas destaco “Me dê a Mão” – contos, “Memórias Natalinas” – contos, “Lembranças de Escritas”, também contos e “Estradas”, romance bem elaborado. Senti-me agradecida e gratificada por poder adentrar no mundo mágico e maravilhoso de suas palavras. Percorri as Estradas com o autor e saí em êxtase. Trata-se de obra valiosa, deveras emocionante, movida pelo amor telúrico, pelo amor ao chão de sua infância. Seus livros são lidos com incomum agrado pelo estilo leve e até coloquial que o fazem um narrador de méritos próprios. Histórias contadas envolvendo pessoas em cenários específicos com o objetivo de reconstruir a realidade. Longa descrição de ações e sentimentos de personagens reais ou fictícias numa transposição da vida para um plano artístico. Texto ornado com leveza e graça num delicioso desenrolar que encanta pela maneira de imprimir serenidade e elegância em cada assunto, característica do culto Mestre que conjuga palavras na expressão da realidade guarnecida pela visão irreverente do dia a dia. Do fiel repositório da memória, os sentimentos e lembranças são aflorados e relatados com lucidez. Eis um escritor vitorioso! Parabéns ao escritor Norberto Boechat e a todos quantos tenham o privilégio de ler e possuir a sua magnífica obra em sua biblioteca.
Parabéns, PIRAPETINGA, pelo valoroso evento Cultural!
BANDA DO INSTITUTO DE MENORES
Vera Maria Viana Borges
“Assim diz o Senhor: Eu não perdi o controle da tua vida, está tudo no meu tempo. Não há nada atrasado.” Nada acontece por acaso e para tudo há o tempo certo. Hoje em dia ouve-se com frequência, “temos que viver o presente, o passado é passado e o futuro a Deus pertence”, mas, não se faz História sem resguardar o passado. E o futuro, como ignorá-lo? Temos que fazer projetos e executá-los para que a oportunidade nos encontre preparados.
Em 1962, aos dezessete anos prestei Concurso para o Magistério e iniciei a minha Carreira Profissional na Escola Maria da Conceição Pereira Pinto, na Usina Santa Maria, em Bom Jesus do Itabapoana/RJ. Em 1964 fui removida para o Instituto de Menores Roberto Silveira na sede do Município, instituição mantida pelo Centro Popular Pró-Melhoramentos de Bom Jesus. A princípio, a professora era paga pelo Centro Popular que conseguiu do então Secretário de Educação a designação de duas professoras contratadas pelo Estado para ter exercício naquele estabelecimento, uma boa economia e também ótimo aproveitamento para os alunos que tinham apenas uma professora. Quando cheguei, concursada, trabalhei com a saudosa Mestra Alcélia Diniz e com Sucena Maria Seródio Amim. Dois anos de muito aprendizado, acho que mais aprendi do que ensinei. Havia muitos garotos levados, mas a maioria com olhos ávidos e ouvidos atentos buscavam através da aprendizagem alcançar um futuro promissor, uma vida melhor e felizmente muitos aproveitaram a oportunidade e são mais que vencedores. Muitas saudades daquele tempo. A ordem era mantida e era muito rígido o sistema. Após as aulas eles se dirigiam ao refeitório onde era servida uma deliciosa refeição feita pelas cozinheiras Zeny e Amélia. À tarde iam para o Ensino Profissionalizante. Havia muitas oficinas em funcionamento e mesmo com embaraços por falta de recursos para a aquisição de matéria prima, estiveram em atividade a aprendizagem de marcenaria, de fabricação de malas, de vassouras, de encadernação, de funilaria e sapataria, com um índice de aproveitamento bastante satisfatório. Atuavam também na Granja, onde recebiam ensinamentos práticos de agricultura. Para o coroamento de todas estas disciplinas, havia aulas de Música ministradas pelo ilustre Maestro Raul Lopes da Costa que ali formou a BANDA DO INSTITUTO DE MENORES que também faz parte da História Musical de Bom Jesus do Itabapoana.
Recebi, dias atrás, uma solicitação de amizade no Facebook. Certifiquei-me e reconheci um querido ex-aluno do Instituto, Domingos José dos Santos. A sua aproximação fez-me reviver aqueles bons tempos do Instituto de Menores. Em nossa primeira conversa ele já se expressou: “Jamais me esquecerei de cada experiência vivida naquela “Instituição Mãe” que me trouxe benefícios imensos durante os dez anos em que lá estive. Para começar, meus parabéns por ser colunista de uma Organização tão expressiva e conceituada, como o nosso “O NORTE FLUMINENSE”, onde tive o meu primeiro emprego quando me desliguei do Instituto de Menores. Ali, eu fui encadernador (profissão que aprendi com o Professor Arnaldo de Jesus) a convite do grande bonjesuense Dr. Luciano Bastos, meu particular amigo”.
Além de aluno da MARCENARIA, Domingos dedicou-se também aos estudos de Música e fez parte, da surpreendentemente bela e encantadora Banda. Enchia de alegria e satisfação a todos que ouviam e viam os meninos, uniformizados, elegantemente perfilados, de peitos estufados executando as mais variadas e maviosas melodias, desfilando pelas ruas de nossa cidade. Faziam parte da Corporação os alunos Francisco Theodoro, José Sezareth, Cipriano Soares, Flávio Panes Barbosa, Humberto Diniz, Eclayton Panes Barbosa, José Teles dos Santos, Sebastião Galdino, Francisco Piolho, João Batista Lauriano, Trilhinho, Joaquim José, William, Antônio de Souza, Luís Carlos Camilo, Raimundo, Domingos, Rolinha, Adalmir, Antônio de Souza, Elias da Conceição e Carlos Alberto Pinto. Muitos deles se sobressaíram: Francisco Theodoro foi para a Banda da Polícia Militar de Minas, William, para a Banda da Polícia do Estado do Espírito Santo e Adalmir foi para a Banda do Exército. Antônio de Souza, Elias da Conceição e Carlos Alberto Pinto foram para o Exército, seguiram carreira, mas, não como músicos.
Domingos foi para o Exército, onde tocou na Banda por 14 meses. Deu baixa no Exército e voltou para o Instituto e ajudou o Maestro Raul, como sub-regente. Nesse período participou das Bandas de Bom Jesus, de Apiacá, São José do Calçado, Natividade e Itaperuna, mas sempre dando prioridade aos trabalhos da nossa inesquecível Banda do Instituto. Conseguiu uma vaga gratuita no Conservatório de Bom Jesus e estudou segundo ele, com o maior músico e maestro que já conheceu, o saudoso Professor José Carlos Ligiero, seu grande inspirador. Contou-me de uma outra grande professora e amiga que passou pelo Instituto, Maria Eliza Borges Figueiredo que lhe deu a maior oportunidade de sua vida, como músico. Seu marido, o saudoso Evandro Figueiredo o levou para fazer uma prova na Banda da Polícia Militar de Niterói. Foi aprovado e aos 21 anos se incorporou àquela banda que na época era regida pelo itaperunense Édimo de Abreu. Resolveu deixar a carreira militar e seguir novos caminhos profissionais, mesmo tendo na música a sua maior forma de expressão. Formou-se em Administração de Empresas, Gestão Imobiliária e trabalhou durante 22 anos no ramo da Hotelaria e Turismo, mas a música nunca saiu de sua alma e nem de seu coração. Voltou a estudar e bacharelou-se em Regência pela Academia de Música Lorenzo Fernandez/RJ. Atualmente exerce a função de Professor de Música na Rede Pública, tanto Municipal quanto Estadual, em Duque de Caxias, preparando Bandas, Fanfarras, Orquestras de Câmara com flautas doce e Canto Coral. Atua também como Coordenador Geral de um grande Colégio particular e como regente e formador de Coro em várias Igrejas daquele Município da Baixada Fluminense.
Carinhosamente ele conclui: “Quanto a minha vida de orfandade, antes da ida para o Instituto de Menores, eu me lembro pouco. Sei que aos dez anos de idade, por ordem do juizado de menores, eu fui para lá. Mas isto não me importa. A verdade é que ali eu pude conviver com grandes educadores que direta ou indiretamente, trouxeram grandes benefícios para a minha formação: Dona Ledyr do Canto Mascarenhas, que foi uma espécie de segunda mãe para todos nós daquela época, Dona Thieria Gomes Faial, Dona Cenira Fontes Feitosa, Salvador de Moraes, Wenceslau Caetano e muitos outros.
Tempos saudosos e extraordinárias recordações… Agradeço sua atenção e carinho, querido Domingos, e ao Deus Pai Todo-Poderoso rendo louvores pelo seu EXEMPLO DE SUPERAÇÃO, pelo seu TALENTO e por não se afastar da MÚSICA, que das ARTES é a que mais sublima a alma.
Parabéns, Maestro Domingos José dos Santos!!!
BANDAS DA NOSSA HISTÓRIA
Vera Maria Viana Borges
“A música é celeste, de natureza divina e de tal beleza que encanta a alma e a eleva acima da sua condição” (Aristóteles). Uma boa música nos transforma, nos eleva, nos acalma, nos toca profundamente e nos leva a um estágio de paz. É arte, sendo a linguagem da alma que se expressa através da voz, de instrumentos musicais e outros artifícios. Aqui no Vale do Itabapoana ela floresceu abundantemente.
Segundo registro garimpado pela historiadora Maria Cristina Borges, no ano de 1900 já existia na Barra do Pirapetinga uma banda musical, fundada e regida pelo Professor Joaquim Teixeira Magalhães (Quinca Magalhães). A Banda era formada por seus filhos Josino Teixeira Magalhães, José Teixeira Magalhães, Sebastião Teixeira Magalhães (Tatão Magalhães, um dos fundadores da Lira 14 de Julho, de Rosal) e outros membros de sua família, somando 14 músicos. A Banda era mantida pelos Teixeira Borges e o principal incentivador foi Antônio José Borges, o Borginho. Por volta de 1926 seus componentes eram: Sebastião Teixeira Magalhães, Joaquim Teixeira Borges, Elias Moraes Borges, Antônio Teixeira Borges (Antoninho), Adolfo Moraes Borges, Rui Borges de Moraes, Leny Xavier Borges, Alcebíades Justino, Alcides Lima, João Justino, Aristides Nobre e Pedro Roza. Em reconhecimento ao trabalho dos Teixeira Borges, Tatão Magalhães compôs o dobrado intitulado “TEIXEIRA BORGES”.
Feliciano de Sá Viana e Ambrosina de Sá Viana, meus bisavós, chegaram à Fazenda da Prata, oriundos das Minas Gerais em 1862. Apaixonados por música, decidiram adquirir um piano, o primeiro do Vale do Itabapoana, a princípio tocado por um escravo vindo de Diamantina, pianista dos bons. Forte foi a emoção aos primeiros acordes que quebraram o silêncio daquelas matas e daqueles cafezais. Passaram os Sá Viana a organizar saraus, atraindo pessoas da vizinhança e alegrando sobremaneira a todos os que vinham dançar e apreciar as bem executadas valsas da época. Contratou-se a seguir o Professor “João Lino”, iniciou-se assim a realização do sonho do fazendeiro. Os filhos, Romualdo, Eulália, Aureliano, Adélia (Sinhazinha), Elpídio, Henrique, Malvina, Adolfina (minha avó), Mulata, Adelaide, Diana, Abílio e Julinho se entusiasmaram e logo formaram conjunto com clarinetas, trombones, contrabaixos, Sax Horn, requinta e piano.
Mudando-se para a Fazenda União, mais próxima de Rosal, ficou mais próximo de seu amigo e compadre Luís Tito de Almeida (Lulu), sogro de seu filho Elpídio que desposara Elzira. Lulu já se contagiara com a música e se tornara músico ardoroso, o que transmitiu também à sua descendência. Era presença constante em suas festas. Tocavam em ladainhas, casamentos e festas em geral, até que um dia reuniram-se Lulu (Luís Tito de Almeida), Elpídio de Sá Viana, Durval Tito de Almeida, Custódio Soares de Oliveira, Sebastião Magalhães e Elias Borges, iniciando o trabalho de formação da Corporação Musical 14 de Julho, que tem como data oficial de sua fundação, 14 de julho de 1922. Continua firme e vibrante com retretas nas praças, espalhando vida e alegria por onde passa, com suas marchas, dobrados e peças do cancioneiro popular.
Chico Gomes também veio de Minas, casou-se com Ana Alves Pimentel, oriunda do “SACRAMENTO” e do matrimônio advieram dez filhos, Júlio, José, Sebastião, Francisco (Quiquito), Amélia, Itelvina, Mário (pai do Dr. Antônio Bendia), Cecílio, Honorelino e Álvaro, criados na Fazenda Barra Funda no distrito de Rosal. Já trouxe de sua terra a paixão pela música e em especial pelo bombardino que executava com maestria. Convivendo com os Sá Viana que já haviam feito repercutir o gosto musical naquela região, os filhos cresceram com a hereditariedade dos dons musicais e com a influência do meio. Então pai, filhos, sobrinhos, afilhados e vizinhos mais um compadre de Varre-Sai que além de tocar clarineta era maestro (Maestro Ernestino), formaram para os festejos de SANTANA em sua Fazenda, no ano de 1911, a Banda que marcou época, a Banda do Chico Gomes: Mário e Honorelino tocavam sax, Júlio batia o bumbo, José Gomes e José Pimenta tocavam contrabaixo, Sebastião tocava trombone, Quiquito e o maestro tocavam clarineta, Álvaro e seu pai que era o próprio Chico, o dono da Banda tocavam bombardino, João Laurindo tocava barítono, enquanto seu sobrinho Dionísio e Antônio Laurindo tocavam piston. Constantemente havia encontro das Bandas. Chico Gomes era avô do Dr. Antônio Bendia de Oliveira, nosso confrade da Academia Bonjesuense de Letras, tio-avô do emérito Professor Héliton Dias Pimentel, avô do Ilustre Professor Anízio Gomes Pimentel e bisavô da ANÍZIA MARIA AGUIAR PIMENTEL, da Escola de Música JEMAJ MUSICAL. Elemento de uma Banda tocava também na outra; foram se casando e misturando as famílias e finalmente todos se tornaram parentes, acabando praticamente numa só família.
Reinava paz e muita harmonia entre os laboriosos incentivadores da música de nossa amada terra, as famílias se entralaçaram com os casamentos dos filhos e as almas se uniram na fraternidade, no amor e no idealismo. Tudo era motivo para festejar. Não tocavam somente em festas, tocavam também apenas para eles próprios, para o enlevo da alma, cultivando das artes, a mais bela e nobre, e enchendo de alegria aquele sertão.
Elpídio de Sá Viana (meu tio-avô) organizou na década de 40 uma filarmônica em São José do Calçado. Inicialmente contou com cinco de seus filhos: Luís, Antônio, Feliciano (Nenem), Hélio e Geraldo, todos excelentes músicos e procurou completar o grupo com elementos da localidade a quem ministrava aulas. A filarmônica recebeu o nome de “Euterpe São José”, mais tarde passou a “Lira 19 de Março”, apresentando-se impecavelmente uniformizada e executando sempre com perfeição o vasto e riquíssimo repertório.
A Lira Operária Bonjesuense nossa amada, aplaudida e admirada “Furiosa” foi fundada e registrada no dia 12 de dezembro de 1940.
Música é saúde, música é vida. Quem canta seus males espanta. Já dizia William James: “O pássaro não canta porque está feliz, mas sim está feliz porque canta”. Vamos à VIDA!
UMA NOITE FELIZ
Vera Maria Viana Borges
Nos derradeiros dias deste ano de 2017, sou grata a todos aqueles que nos foram solidários e nos incentivaram e ao DEUS, PAI TODO-PODEROSO, louvo e bendigo, agradecida pela SUA presença constante em nossas vidas, pelo vigor, pela força e energia, pela saúde, pelo amparo no sofrimento e nas tristezas, pelas lágrimas enxugadas, pelas alegrias, pelo trabalho, pelo ócio, pelo lazer, pelo lar, pela família, pelos amigos e por tantas bênçãos que nos foram concedidas.
Foi um ano difícil. O caos se instalou no Estado do Rio de Janeiro, com desmandos, corrupção ativa e passiva, roubos e fraudes. O sistema de SAÚDE, muito doente, está agonizando e as Escolas estão em estado precário. Servidores Estaduais, diga-se de passagem, CONCURSADOS, humilhados e desesperados amargam sem salários, e à míngua, clamam por dias melhores, por uma vida digna e pelo resgate de sua cidadania. Multiplicam-se a cada dia as histórias das dificuldades enfrentadas por eles que estão à deriva sem saber quando vão receber os vencimentos. Não podemos perder a esperança e precisamos ter muita FÉ. Dias melhores hão de vir.
Aproxima-se o NATAL de JESUS, uma Noite Feliz. “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; a sabedoria repousa sobre seus ombros, e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da Paz”. (Isaías 9,5)
” Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo.” É o próprio Cristo suplicando que abramos o coração para que ELE renasça em nós. Atendamos ao seu apelo!
Será que nosso dever tem sido bem cumprido? Tivemos progresso na vida espiritual? Fomos úteis aos nossos semelhantes? Buscamos a Paz? Já se passaram mais de dois mil anos, e, ainda somos tão infantis em nossas atitudes. Já não faz diferença se o que passou foi bom ou ruim. Não vamos remoer erros , vamos encará-los bem de frente. Se perdemos ou ganhamos, já não importa, o importante agora é tirarmos proveito dos fracassos pois na vida só ganha quem sabe perder. Construamos um futuro positivo e promissor, cheio de expectativas e oportunidades, repleto de esperança, de sonhos e de infinitas realizações, lembrando que quando se busca o cume da montanha, não se deve dar importância às pedras do caminho. Ultrapassemos com dignidade todos os obstáculos. Anos e anos se passaram e a cada Natal reverenciamos diante da humilde manjedoura, o REI dos Reis, mas ainda não alcançamos a grandeza de sua mensagem e não seguimos corretamente os seus passos, falamos da Estrela Guia, ornamentamos nossos lares com a Estrela de Natal, com quatro pontas e uma cauda luminosa, orientadora dos Magos até Belém, e nem assim nos damos conta que ela orientou os magos e continua nos convidando a adorar a grande LUZ, que é o Filho de Deus, Jesus a estrela radiosa que ilumina o caminho de nossa vida. Quanto mais nos aproximarmos de Cristo, mais e mais seremos luzes e estrelas e assim poderemos atrair mais e mais irmãos para Deus. A garantia de um futuro feliz é realizarmos o que Jesus nos ensinou. ELE é a plenitude do Universo e, somente na plenitude d’ELE, encontraremos a nossa plenitude. Maria Santíssima, a Mãe do Verbo Encarnado nos ensina a lição: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. (Jo 2,5). “Haverá um dia em que o mundo descobrirá o verdadeiro significado do NATAL e então cônscios da autêntica plenitude da vida, o Natal da humanidade será o Natal de JESUS”.
“Hoje Deus deu à Virgem o sorriso, porque dela nasceu o nosso sorriso”. “Eu vos anuncio uma grande alegria”. Isto ouvimos hoje do anjo, porque nasceu Cristo. Alegremo-nos, portanto, e exultemos juntos com a bem-aventurada Virgem, porque Deus nos deu o sorriso, o motivo de sorrir e de ser feliz com ela e nela: “Hoje nasceu-vos o SALVADOR”. “Oh, pobreza! Oh, humildade! O Dono de tudo está envolto em pobres panos, o Rei dos anjos é ajeitado numa manjedoura. Envergonha-te, insaciável avareza! Consome-te, soberba do homem! A sabedoria é balbuciante, a majestade inclinada, a imensidão diminuta, pobrezinho o rico”. (Dos SERMÕES DE SANTO ANTÔNIO). Santo Antônio é muito festejado e venerado pelo povo. O Santo é menos conhecido como homem de incomum Cultura e como autêntico intelectual da Idade Média, o que se comprova por sua obra escrita, repleta de beleza e profundidade de pensamento, tesouro da Literatura e da História.
Não nos preocupemos com as coisas materiais, o Filho de Deus adormeceu tranquilo em uma manjedoura, prova maior de que a verdadeira Luz descansa na simplicidade e na pureza de coração e de espírito. Que o Menino-Deus seja o presente mais precioso e a mais duradoura alegria que seu coração possa receber neste NATAL! Que os ensinamentos deixados pelo Filho de Deus sejam nossa lição de vida neste Natal e no Ano Novo.
Aos meus diletos leitores deixo através destas minhas singelas trovinhas os meus mais expressivos votos de Boas Festas: Natal festa esfuziante/ De sentidos desviados,/ Que ao aniversariante/ Os olhos sejam voltados.// Que reine paz no Natal/ E no Ano Novo também,/ Sejam de luz, afinal,/ Os dias do ano que vem.// Deus nos dê grande Natal/ Pleno de PAZ e de LUZ,/ Seja de AMOR, sem igual,/ Como a VIDA de JESUS.
“Derramai, ó céus, lá dessas alturas o vosso orvalho, e as nuvens chovam ao JUSTO. Abra-se a terra e brote o SALVADOR: e ao mesmo tempo nasça a JUSTIÇA.” (Isaías 45,8).
Que o Papai Noel possa nos trazer o que pedimos e mais o que esquecemos de pedir. Unidos em preces a JESUS, principal personagem desta festa, peçamos SAÚDE, LUZ, AMOR e PAZ para toda a humanidade. Que no Brasil e em nosso Estado a VIDA possa ser mais respeitada e CRISTO possa renascer no coração de todos.
MESTRES
Vera Maria Viana Borges
“Não é só de pão que vive o homem, vive também dos sonhos e dos pensamentos puros que trazem alento e alegria ao coração…” (Gibran Khalil Gibran)
Dias atrás, quando se comemorava o Dia do Mestre, lembrei-me do nobre gesto do ilustre escritor miracemense, Maurício Monteiro, que desde a sua juventude desejava editar um livro do Dr. Hermes Simões Ferreira, seu amado Professor. E ele conseguiu realizar o seu sonho. Decidi então publicar novamente aqui, o artigo que escrevi e publiquei em outubro de 1996 no Boletim ASTROS & ESTROS, ao receber suas importantes obras :
O jornalismo e a literatura transpõem barreiras insondáveis e aproximam-nos através de uma corrente cujos elos são intelectuais de nomeada que deixam exalar de suas sensíveis almas a essência mágica do acendrado amor às letras, à história de sua terra, de sua gente, deixando vivo, imortalizado seu passado político-sócio-cultural, retratando com fidelidade a sociedade através dos tempos.
Ao ocupar a cadeira patroneada pelo Capitão Altivo Linhares, da Academia Itaocarense de Letras, no ano de 1992, recebi de Miracema, da parte do ilustre Escritor Maurício Monteiro, advogado, amante de bons livros, possuidor de enorme e organizada Biblioteca, a sua célebre obra “MEMÓRIAS DE UM LÍDER DA VELHA PROVÍNCIA”, trabalho devido exclusivamente à tenacidade, obstinação do Velho Capitão, Mestre em Política, que já doente, no ocaso da vida, convoca o escritor para ouvir suas memórias e transformá-las em livro.
Com nobreza e altivez numa linguagem fluente e clara o historiador Maurício Monteiro relata episódios notáveis da vida do homem valente e forte, de coragem férrea, conservando vivas e palpitantes as ânsias e conquistas do líder altruísta, que com precários estudos, mas com determinação, coragem, fé, carisma, com desejo de ver progredir sua terra, luta pelos interesses de seu povo, pelo bem-estar de sua gente, alcançando a Prefeitura de Santo Antônio de Pádua, sendo também Prefeito de Miracema, de Niterói, Deputado Estadual, chegando inclusive ao Senado da República.
Temos absoluta certeza de que o conteúdo não seria apenas recordação de uma época, ou da vida de um simples mortal, mas a reconstituição de fatos ocorridos na Velha Província, vividos e narrados pelo líder imortalizado por suas obras e realizações, pelos seus feitos, e pelas páginas douradas do eminente Maurício Monteiro que tão bem soube registrar a história, repositório fiel da memória de nossa amada terra.
A alma obstinada do escritor fê-lo autor destas memórias, mas o alto descortino daquele HOMEM de coração generoso, de alma simples, cidadão popular, respeitoso, humilde, porém franco, incisivo, corajoso, que jamais se acomodou como aqueles que se entregam a comodismos no meio do caminho, sempre disposto a lutar, grande idealista, que com firmeza apontou os rumos a serem seguidos para uma nova dimensão de vida, forjando a ferro e fogo a História da Velha Província.
Sua terra natal jamais sonharia que aquele seu filho fosse se projetar brilhantemente no Cenário Nacional, extrapolando as fronteiras de seu Município.
Altivo capitaneava em uma época de crise que cidadãos comuns não conseguiam equacionar, trazia nas veias o espírito crítico do verdadeiro político. Com retidão de caráter, o homem público dos mais brilhantes, expoente do nosso Estado, prestou grande contribuição à história fluminense.
Maurício Monteiro doou-se por inteiro nestas narrativas e fez palpitar nossos corações, fazendo-nos mergulhar nos vórtices do tempo com o minudente relato, trabalho de valor inconteste, resgatando a memória de uma época, divulgando a profícua vida do destemido, valoroso Político e Mestre, hábil na maneira de agir.
Maurício não para por aí. Acalentava desde a juventude o sonho de editar um livro com os versos do Dr. Hermes Simões Ferreira, mineiro de São Geraldo, que tendo sido bancário, formou-se em Direito, para agradar aos pais, chegou a Promotor de Justiça, abandonando a carreira para se tornar Professor do Colégio Miracemense, onde lecionou várias matérias, na fase áurea do educandário dirigido por Alberto Lontra.
Através dos olhos da memória, o ex-aluno se vê uniformizado de cáqui, de dólmã, com gravata preta de laço enjambrado, caminhando pelas ruas, em manhãs frias. Raro era o dia em que não encontrava o Professor, vestindo um jaquetão, óculos escuros, segurando na mão direita várias listas de chamada. Sua rotina era, de casa para o Colégio e do Colégio para casa. Casado com Almerita, a namorada de infância. Tiveram duas filhas: Maria das Graças e Maria da Salete. Com o falecimento da esposa, dedicou-se inteiramente às filhas e ao Magistério, fundando o Colégio N.S. das Graças em 1952, possibilitando a quem trabalhava , frequentar aulas noturnas.
Lembra com ternura o antigo mestre absorvido no final de cada ano, pela redação dos discursos para os paraninfos de turmas. Também os discursos das autoridades locais eram redigidos por ele. Altivo Linhares era o Prefeito e mandava um portador com as instruções necessárias e logo o mensageiro retornava com a peça oratória pronta.
Ao contrário de Maurício, possuidor de vasta Biblioteca, abrigava alguns livros, gramáticas e dicionário em surrada escrivaninha. A Biblioteca era mínima, mas jamais deixou de responder a qualquer indagação que lhe fora feita. Nos pequenos jornais que se editavam na cidade, estavam sempre os seus bem elaborados sonetos.
Um pouco antes de seu falecimento em 1989, aos 83 anos, a última visita e um pedido, os seus versos preferidos. Dias depois vai buscá-los em folhas soltas e com a letra inconfundível.
A gratidão e a generosidade moveram-no à magnitude de trazer a lume os imarcescíveis sonetos do Velho Mestre, artífice do verso, do ritmo, da cadência, das ricas rimas, em decassílabos e alexandrinos capazes de abrir-lhe de par em par as portas da morada consagrada a Apolo e às Musas, em obra intitulada “PASSAREI”, com posfácio do nada mais, nada menos, consagrado escritor JOSUÉ MONTELLO, da Academia Brasileira de Letras.
De parabéns a simpática e ALTIVA “Miracema”, pelos Grandes Mestres exaltados pelo preclaro, ilustre e notável, jornalista, historiador e escritor Maurício Duarte Monteiro; de parabéns o próprio Maurício, também Mestre, pela capacidade, generosidade, pelas mãos dadivosas, pelo ato de amor à terra, à sua gente, sua história e pelo grandioso ideal que o anima.
Deixo o meu forte, fraterno e carinhoso abraço a todos os PROFESSORES!!!
TREZENTOS ANOS DE BÊNÇÃOS
Vera Maria Viana Borges
“Ó, virgem santa,/ Rogai por nós, pecadores/ Junto a Deus Pai/ E livrai-nos do mal e das dores// Que todo homem caminhe/ Tocado pela fé/ Crendo na graça divina/ Esteja como estiver.// Abençoai/ Nossas casas, as águas,/ As matas e o pão nosso/ A luz de toda manhã,/ O amor sobre o ódio// Iluminai/ A cabeça dos homens,/ Te pedimos agora/ E que o bem aconteça/ Nossa Senhora.” A PADROEIRA, uma composição belíssima de autoria de Sérgio Saraceni e Ronaldo Monteiro de Souza, interpretada pela cantora Joanna, consiste na mais perfeita oração. Com ela rendemos graças e louvores àquela que é considerada a rainha e mãe celestial neste Ano Mariano em que se celebra o tricentenário da aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida. São trezentos anos de Bênçãos e de Graças. O acontecimento do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida nas águas do Rio Paraíba do Sul completa 300 anos em 2017 e para esse ano jubilar foi lançado um Hino Oficial. A composição é do Padre Zezinho, CSJ: “300 ANOS DE APARECIDA// 300 anos de devoção a Maria/ 300 anos de oração com Maria/ 300 anos de adoração a Jesus/ Nestas colinas de Aparecida// Solidários no Sacrário/ Missionários queremos ser/ Pequenina, restaurada/A sua Imagem nos ensinou/ A ser um povo que não sabe esmorecer/ E se acaso for ferido, oprimido e esmagado/ Esquecido e machucado/ Outra vez reencontrado/ Nosso povo saberá renascer.” O Santuário Nacional produziu também o CD intitulado ‘Canções de Amor e Fé’, uma homenagem à Nossa Senhora Aparecida em comemoração ao jubileu de 300 anos. As 15 músicas são interpretadas por cantores católicos consagrados. Muito se comemorou, merecidamente.
Fui algumas vezes ao Abrigo dos Idosos José Lima tocar acordeão para os internos. O saudoso Monsenhor José Paulo Vieira não vinha onde estávamos mas ouvia e pediu que me entregassem uma gravação de uma linda música para Nossa Senhora (Senhora da Pele Morena) e que gostaria que eu a tocasse em seu aniversário. Encantei-me com a letra, com a melodia, enfim, com tudo e, tive o privilégio de atender aquele pedido, pouco tempo antes de seu falecimento. Este tricentenário ele comemorou aos pés da Virgem Maria no Céu e nestes dias de Festa eu me lembrei muito dele. No Show Sertanejo da TV APARECIDA no dia 12 de outubro a cantora Beth Guzzo cantou a linda “SENHORA DA PELE MORENA” o que muito me emocionou: “Senhora da pele morena/ Mãe do carpinteiro/ mãe do lavrador/ Mãe das mães que tem na vida/ O sabor do fruto do divino amor/ Mãe de altos funcionários/ de presidiários/ Mãe de coração/ Mãe que atende aos pedidos/ Quando vêm seguidos/ de uma oração// Senhora da pele morena / Virgem tão pequena/ grande de fervor/ Teus milagres são contados/ Pelos quatro cantos/ seja onde for/ Foram vários pescadores,/ também pecadores/ Que te resgataram/ Hoje vivem tua força/ Não tem quem não ouça/ Tudo que contaram// Oh! Minha mãe/ Teu manto azul que nos ampara/ Força divina que não para/ De proteger os filhos teus/ Oh! Minha mãe/ Quisera eu ter tua luz/ Poder tirar daquela cruz/ Os braços do filho de Deus.”
A Virgem Santíssima, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, apareceu em vários lugares do mundo em importantes momentos da História. A cada lugar ela recebia um título, sempre ligado aos Mistérios da vida da Mãe de Jesus, à cultura do povo e, muitos deles, como resposta de Deus, através dela, às necessidades de seus filhos. Apesar de tantos títulos, Nossa Senhora é única: a Virgem de Nazaré. No Brasil ela veio em forma de uma imagem negra, época em que se vigorava a Escravidão. Nossa Senhora Aparecida surgiu das águas do Rio Paraíba do Sul em 1717, época das Capitanias Hereditárias. Os governantes das Capitanias de São Paulo e de Minas Gerais estavam de passagem pelo Vale do Paraíba, em Guaratinguetá. O povo resolveu dar-lhes uma festa de boas-vindas e para isso chamaram três pescadores, Domingos Garcia, João Alves e Felipe Pedroso para uma boa pescaria. A ocasião não era propícia, pois em outubro não era tempo de peixes. Pediram a proteção da Virgem Maria e de Deus para que voltassem à terra trazendo fartura. Após inúmeras tentativas sem sucesso, pescaram o corpo de uma imagem. Tentaram novamente e veio uma cabeça que se encaixou perfeitamente ao corpo. Após este encontro o barco foi se enchendo de tantos peixes que ele quase virou. E eles sentiram a presença forte do Divino naquele acontecimento. A partir de então a devoção da Santa foi se espalhando, primeiramente reuniam-se nas CASAS, em seguida construíram uma CAPELA, depois uma BASÍLICA, até chegar ao quarto Santuário do Mundo, o Santuário Nacional de Aparecida localizado na cidade de Aparecida, no interior do Estado de São Paulo.
Muitos e muitos milagres são proclamados, destaco um que muito me tocou: “Por serem muito devotos de Nossa Senhora Aparecida, os membros da família Vaz de Jaboticabal – SP rezavam e falavam muito sobre os acontecimentos referentes a Nossa Senhora Aparecida. Um casal desta família tinha uma menina que era cega de nascença e que sempre ouvia atentamente o que falavam. A menina tinha uma vontade muito grande de ir até a Igreja. Naqueles tempos, onde tudo ainda era sertão, ficava muito difícil de se chegar até lá. Mas com muita dificuldade, fé e perseverança, mãe e filha chegaram às escadarias da Igreja, quando, surpreendentemente, a menina cega de nascença exclamou: “Mãe, como é linda esta Igreja!”. Daquele momento em diante a menina que era cega de nascença passou a enxergar normalmente.”
Maria foi proclamada Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha do Brasil, em 16 de julho de 1930 pelo Papa Pio XI. Os brasileiros, genuflexos, demonstram o seu amor incondicional à “Mãe Negra” no dia 12 de outubro, data da Consagração do Santuário Nacional de Aparecida pelo Papa João Paulo II em 1980.
Ninguém permanece igual após um encontro verdadeiro com o Senhor do Céu e da terra e com sua e nossa Santa Mãe. Não há como ficar indiferente à sua presença Materna em nossas vidas, e confiamos na sua intercessão junto ao seu Amado Filho. A Fortaleza Espiritual dela sustenta e fortalece a Igreja nas suas dificuldades e nas suas cruzes. Ela consola e conforta os doentes, os pobres, os aflitos e as pessoas sofridas que nela confiam. Que a Mãe das Dores, que esteve em pé aos pé da Cruz, nos ajude a “ficar de pé” em nossas aflições, na cruz das nossas provações do cotidiano.
Em sua honra compus o Soneto que segue em forma de oração: SENHORA APARECIDA// Maria, Imaculada, Aparecida,/ Do Brasil padroeira e confiança,/ Solidária na cor, no amor, na lida,/ Mãe de todas as dores, terna e mansa.// De Deus e Nossa, Mãe compadecida,/ Como olhaste Jesus, tua CRIANÇA,/ Olha os velhos, a infância desvalida,/ A família e a Pátria, sem tardança.// Roga a Deus Mãe, por este povo aflito,/ Que te olhando, te louva bendizendo,/ E a teus pés a rezar está contrito.// Por nossas faltas, dá-nos Teu Perdão!/ Com as Sacrossantas Mãos nos estendendo,/ Dá-nos Tua Bênção, Tua Proteção.”
SALVE NOSSA SENHORA APARECIDA!!!
IX NOITE DE CULTURA E ARTE
Vera Maria Viana Borges
Aconteceu em maio de 1998. As luzes, cores, perfumes daquela encantadora noite acompanhar-me-ão com certeza, para todo o sempre. Chego a duvidar haver merecido tal honraria. Honra demasiada para uma pessoa tão modesta e tão simples. Diante de tantos e tão grandiosos artistas, não poderia jamais imaginar fosse eu a homenageada de tão importante evento. Só posso atribuir tal merecimento a Deus, porque creio todas as minhas ações são movidas pelo SEU SANTO ESPÍRITO. E, também creio, Ele estava abençoando a talentosa Maria José Martins, Diretora do Departamento de Cultura.
Maria José Martins iniciou a apresentação dizendo: “As emoções começam a aflorar. Os artistas numa doação sublime trarão aos presentes suas artes, através dos dons que lhes foram outorgados por Deus. E, a exemplo dos anos anteriores, esta IX NOITE DE CULTURA E ARTE também terá o seu Patrono. Já homenageamos grandes talentos da nossa querida Bom Jesus, dedicando inteiramente as NOITES DE CULTURA E ARTE àqueles que se desdobram em favor das artes e da cultura. E para patronear esta IX NOITE DE CULTURA E ARTE não foi difícil encontrar a pessoa indicada, mesmo porque esta terra é um autêntico celeiro de valores.
Seus feitos, sua vida, suas obras apontam para que esta fosse a indicada. Nossa homenageada é uma apaixonada pelas artes. Literatura, música e pintura não lhe saem da mente e nem do coração. Desde a infância se envolve literalmente com as artes. Continuou discorrendo sobre toda a minha biografia e concluiu: “A Música para ela é mais que algo de intenso valor; compositora das mais apuradas e como prova podemos citar o Hino do Instituto de Educação Éber Teixeira de Figueiredo, Rosas de Rosal e muitas outras composições. A nossa homenageada, pertence a várias entidades culturais brasileiras e internacionais. É participante de várias Antologias. É autora de – Malu, Circunstâncias, Trilhas Poéticas, De-Veras… Di-Versos…, Trajetórias, Enquanto Houver Tempo, Deixe Cristo Renascer! e outras obras. Fundadora, editora e redatora de ASTROS & ESTROS – Boletim que muito me honra receber. Qualidades por certo não lhe faltarão para hoje subir neste palco. Em simples palavras sintetizamos a vida de um Patrimônio Cultural das Terras do Senhor Bom Jesus.
Para o aplauso de todos, patroneia esta IX NOITE DE CULTURA E ARTE a querida VERA MARIA VIANA BORGES. Vera, esteja certa, esta IX NOITE DE CULTURA E ARTE é inteiramente dedicada a VOCÊ.”
Transcrita a seguir, matéria do Jornal- A VOZ DO VALE – Direção Geral de Tarciso Marques de Souza, nascido em Fortaleza, vindo para o Rio de Janeiro, onde por quarenta anos dirigiu o “SEMANÁRIO DE COPACABANA”; residiu em Bom Jesus por alguns anos, período em que registrava todos os acontecimentos de nossa cidade através da imprensa, sua paixão maior: “Feliz a cidade que faz da cultura o seu instrumento de integração. Mais uma Noite de encantamento, de entretenimento e de emoção, certamente uma noite memorável. Com estas palavras extremamente objetivas e pertinentes, a Prof.ª Maria José Martins, abriu a IX Noite de Cultura e Arte, de Bom Jesus do Itabapoana. O amplo salão do Aero Clube de Bom Jesus, já estava completamente lotado. Superlotado seria mais próprio, já que o grande número de cadeiras sequer atendeu a metade dos presentes. Impossível nomear as personalidades de destaque da cultura de Bom Jesus e municípios cincunvizinhos. O que se constata é que a cada ano, maior é a freqüência dos fiéis cultores da cultura a atestar o nível que cresce a cada realização deste que é, sem sombra de dúvida o maior evento artístico e cultural de todo o Vale do Itabapoana. Prova evidente de que cultura é um dom inerente à condição do homem, independente de nível social ou econômico.
A IX Noite de Cultura e Arte teve início com bela apresentação do Coral “Amantes da Arte” que interpretou com maestria diversos números de música popular. Em seguida, a Prof.ª Maria José Martins apresentou o perfil biográfico da grande homenageada da Noite, a poetisa, literata, compositora, artista plástica e excepcional figura humana: Vera Maria Viana Borges, que foi conduzida ao palco pelo Prefeito Carlos Garcia e Primeira Dama Maria José Garcia. Bonjesuense, nascida em Rosal, Vera Viana é um patrimônio cultural e motivo de orgulho para Bom Jesus. Sensível, como o são os verdadeiros artistas, Vera Viana não conseguiu conter a emoção ao agradecer sua escolha para patronear a IX Noite de Cultura e Arte. Já estava às lágrimas quando o Prefeito lhe fez a entrega da Placa de Prata alusiva. Várias outras homenagens foram prestadas a Vera Viana por entidades culturais e de ensino.
A programação da festa teve sequência com a apresentação de grupos diversos. Alunas da Escola Municipal Ottilia Vieira Campos, magistralmente dirigidas pela Prof.ª Maria Bernadeth Vicente, apresentaram um número de Dança Clássica. Depois da apresentação da Escola Municipal Anacleto José Borges, foi a vez do CIEP “Dona Carmita” que apresentou um sensacional número que teve como tema: “Brasil: 500 Anos”, produzido pelo Prof. Pedro Salim Júnior, que foi muito aplaudido pelo público. O Colégio Benedita Bulhões apresentou o seu número de arte com CBB Dance. A música tema do Titanic foi apresentada pelo grupo de alunos do Colégio Estadual Gov. Roberto Silveira.
Fazendo uma pequena pausa nas apresentações, a Prof.ª Maria José Martins chamou ao palco, para os aplausos merecidos, os artistas que embelezaram a Noite de Cultura e Arte com a exposição de seus trabalhos no saguão do Aero Clube: artistas plásticos Marly Gomes Borges, Sônia Mazzini Arruda e Telma Oliveira Freire; o casal de artesãos Dr. José Alfredo Borges do Carmo e Dr.ª Cláudia Bastos do Carmo e o decorador de todo o ambiente da festa, Miguel Angelo Neves.
Fechou a noite a apresentação do jovem cantor sertanejo Lúcio Ramirez.”
Tudo demasiadamente belo. PARABÉNS a todos que se empenharam e emprestaram brilho e fulgor para a realização desta noite de SONHOS. Obrigada, Maria José Martins! Deus ilumine sempre o seu caminho, cobrindo-o de copiosas bênçãos.
NOITES DE CULTURA E ARTE
Vera Maria Viana Borges
Bom Jesus do Itabapoana/RJ foi palco de históricas, memoráveis e fulgurantes noites culturais na década de 90. A primeira, a segunda e a terceira noites aconteceram no governo do saudoso Prefeito Carlos Borges Garcia, a quarta, a quinta, a sexta e a sétima no governo do Prefeito Álvaro Moreira, a oitava e as subsequentes no terceiro mandato de Carlos Borges Garcia. Ambos prestaram relevante apoio à CULTURA bonjesuense. Tudo aconteceu sob a coordenação da Professora Maria José Martins, a CRIADORA DAS NOITES DE CULTURA E ARTE, acontecidas ao longo de dez anos em encantáveis edições.
Coração afeito às amizades, energias canalizadas integralmente para as responsabilidades do lar e do trabalho, valente e corajosa, mulher com nobreza de sentimentos, firmes atitudes, cantora por excelência, dona de belíssima, maviosa e afinada voz, presença constante e marcante nos eventos sociais e culturais do Vale do Itabapoana, a professora e promotora cultural Maria José Martins, Diretora do Departamento de Cultura de Bom Jesus, criou as Noites de Cultura e Arte, em 1990, com a finalidade de mostrar e valorizar o talento do artista da terra nos campos da poesia, da música, artes plásticas, danças e outros, concedendo o Prêmio Cultura às personalidades que se destacavam na esfera das Artes e da Cultura.
Desenvolveu com determinação, garra e arte, “Encontros de Coros e Corais”, objetivando a valorização de instrumentistas, intérpretes e Escolas de Música; “Encontros Regionais de Bandas de Música (Civis)”; “Oficina de Teatro” envolvendo as redes de Ensino Municipal, Particular e Estadual; “Festival Estudantil de Teatro”; ” Festivais de Canção”; “Encontros de Folias de Reis” visando resgatar o mais antigo e tradicional folclore da região, valorizando a cultura popular e no Dia Nacional de Ação de Graças, a cada ano, promovia um grande evento reunindo o Comércio, Instituições, Escolas, Igreja e Comunidade, num momento de GRATIDÃO apresentado com louvor e arte, além de se colocar à inteira disposição da Comunidade para trabalhos em parceria, com a condição de que não houvesse atropelos em seu Calendário, contando sempre com o apoio irrestrito dos nossos estimados e dignos Prefeitos e da Secretária de Educação. Nascida em Italva-RJ, Maria José é italvense de nascimento e bonjesuense de coração e por título conferido pela Câmara Municipal tornou-se bonjesuense por direito e conquista. Esta mulher autêntica e sensível merece nossos aplausos e nosso comovido abraço de agradecimento por tudo o que fez pelo nosso Município.
Eram refulgentes noites, fartas de encantamento e de emoções, iniciadas com o slogan:”Feliz a cidade que faz da cultura o seu instrumento de integração.” O imponente espetáculo destacava intelectuais e artistas da terra do Senhor Bom Jesus e do Vale do Itabapoana e ainda homenageava como PATRONO a cada ano, uma personalidade de reconhecida influência nos campos da Cultura e da Arte. O nome do Patrono só era revelado durante a solenidade. Patroneou a primeira noite o Dr. Salim Daruich Tannus e seguiram-se o Dr. Ayrthon Seródio, Ana Maria Teixeira Baptista, Euzechias Tito de Almeida, Georgina Mello Teixeira (Dona Nina), André Megre Carvalho, Amílcar Abreu Gonçalves, Marisa Teixeira Valinho, Vera Maria Viana Borges e Héliton Pimentel Dias.
O recinto superlotado era preparado com pompa e circunstância. A cada ano era maior a frequência dos fiéis cultores do Belo o que comprovava o nível crescente, a cada realização, daquele que foi o maior evento artístico- cultural de todo o Vale do Itabapoana.
A abertura sempre esteve a cargo do “Grupo Musical Amantes da Arte”, com a Marcha “BOM JESUS” de autoria do saudoso poeta e jornalista Salim Tannus. Deve-se ressaltar que este Grupo Musical continua cantando e encantando em suas primorosas apresentações, nos mais diversos eventos do Vale do Itabapoana. A líder do Conjunto, Ana Maria Teixeira Baptista, no início de 1990, reuniu e formou o Coral que se apresentou pela primeira vez na I Noite de Cultura e Arte com pequeno número de participantes. Atualmente o grupo cresceu e se faz presente em todas as festividades apresentando belos números do vasto repertório a uma, duas, três ou mais vozes, aplaudido sempre entusiasticamente.
A diversidade das apresentações nos encantavam. Vale lembrar Os Colibris, Coral regido por Maria Bernadete Teixeira, Corais de Escolas e de Igrejas, Apresentações das Escolas de Música, CRISTO REI sob a direção de Marise Xaxier, LEVY de AQUINO XAVIER dirigido por Dona Nina e JEMAJ MUSICAL da Professora Anísia Pimentel, Grupos de Dança das Escolas Estaduais e Municipais, Ballet Moderno da Professora Ana Amélia Vieira Nazareth, Grupo Teatral de São José do Calçado “DE PÉ NO CHÃO”, Coral Acalanto, o grande violonista Amílcar Abreu Gonçalves, Geraldo Almeida Vianna, Neumar Monteiro, Sandra Rosa Tardin, Vilmeia Godoy Pimentel, Oziel Pessanha, Renato Pessanha e Olívia da Banda Imagem e Som, Maria Lúcia Borges, Vera Maria Viana Borges, Paulinho Natividade, Sebastião Purificati, Sandra Nunes, Walzenir Fiori, Maestro José Carlos Ligiero, Lira 14 de Julho, Cantor JR, Jaime Figueiral, Sebastião Rocha, Paulo Moraes, Argeu Vieira, André Megre, Mônica Fernandes, Gut Mello, Maria José Martins, Marisa Teixeira Valinho, Ana Maria Teixeira Baptista, Nina Mello Teixeira, Maria da Conceição Fragoso de Oliveira, Academia Ruy Castro, Cantor Sertanejo Lúcio Ramirez, Banda Fá Maior, Lília Manfrinato (Pianista Clássica) e a Cantora Lírica Maria do Carmo Lima Alvarenga, dentre muitos outros.
Para finalizar a Prof.ª Maria José Martins chamava ao palco, para os devidos aplausos, os artistas que tornaram ainda mais belas as Noites de Cultura e Arte com a exposição de seus trabalhos, os artistas plásticos, artistas fotográficos, artesãos e decoradores. Podemos citar alguns, aleatoriamente, distribuídos pelas dez gloriosas noites: Margarida Maria Almeida Soares Borges, Lourdes Gomes de Moraes, Ed Estevão, Fernanda Moraes de Almeida, Maria Amélia Pimentel, Sílvia Márcia Santos Nery, Humberto Boniolo, Rosa Maria Carrereth Alves da Silva, Maria Clara Xavier de Lima, Maria Iza Freire, Vera Areas, Faustino Ruiz Fernandes, Maria José de Lima Lengruber, Glicélia de Fátima Andolfi, Maria Aída Garcia Fiori Couto, Alcemilson Pessanha Gomes, Leopoldo Guilherme Mathias, Léa Sthefen, Edson Vicente (Edinho), Marly Gomes Borges, Sônia Mazzini Arruda, Telma Oliveira Freire, o casal de artesãos Dr. José Alfredo Borges do Carmo e Dr.ª Cláudia Bastos do Carmo, o decorador Miguel Angelo Neves e outros.
As magnificentes, inolvidáveis e apoteóticas noites que nos seduziram e encantaram os espectadores estarão para sempre no mais profundo de nossas memórias e sempre vivas em nossas almas e corações.
LIRA 14 de JULHO
Vera Maria Viana Borges
Desde a antiguidade o homem se encantou e se deixou arrebatar pelos sons e pelas melodias. Até mesmo os próprios animais mostram-se sensíveis aos seus encantos. Os povos de civilização mais rudimentar a cultivavam quer para o recreio espiritual ou para o incentivo na luta. Fez sempre parte dos cerimoniais sacros e diz-nos a “Bíblia” que o Rei Davi dançava nas procissões religiosas, à frente da ARCA, desferindo as cordas da harpa. Entre os gregos e romanos ocupou lugar predominante na educação do povo.
A música coloriu a minha vida com vibrante força. Foi bálsamo para minha alma e alimento para o meu amor. Cultivá-la, é cultivar o que há de mais belo e nobre. Como afirmou o Escritor Espanhol Miguel de Unamuno (1864 – 1936) “Não sei como pode viver quem não leve à flor da alma as lembranças da infância.” Há momentos revestidos de tal transcendentalismo que levando-nos aos páramos da alma nos remetem a um remoto tempo em que vejo minha amada e doce vila onde a música se veste nas roupagens dos dobrados e das protofonias, inebriando o ar com o som dos metais e das palhetas misturado com os vibrantes instrumentos de percussão. Pelas ruas, nas praças e coretos a Lira 14 de Julho, altiva, aprumada, exuberante e mágica há noventa e cinco anos causando prazer, supremo deleite, seduzindo, cativando e envolvendo a todos num turbilhão de emoções. Foi neste ambiente que vivi até os meus dez anos. A 14 de julho é a fonte da qual sorvi todo o gosto musical que me acompanha.
Há alguns anos, em bate-papo com Geraldo Roseira Soares, obtive informações, examinando documentos que apontam para a fase em que Luís Tito de Almeida (Lulu Almeida), Custódio Soares de Oliveira, Elpídio Sá Viana, Durval Tito de Almeida, Sebastião Magalhães e Elias Borges iniciaram um trabalho de formação da Corporação Musical Lira 14 de Julho, que tem como data oficial de sua fundação, 14 de julho de 1922.
Sem nenhum apoio oficial, os músicos citados, com instrumentos adquiridos pelos mesmos iniciaram a formação de uma banda rosalense que ensaiava nas casas dos próprios músicos. O empenho dos músicos e as possibilidades de se apresentarem, fizeram com que as festas populares de Rosal e adjacências tivessem uma nova atração; uma banda de música, para alegrar os saraus, leilões e ladainhas. Na década de 40, estabeleceu-se em sede própria, à Praça Alzemiro Teixeira e integrou-se à comunidade por meio da participação de tantos quanto revelassem talento e desejassem participar das aulas e apresentações. Importantes cidadãos e músicos fizeram parte da Corporação, dentre eles Feliciano de Sá Viana o introdutor da Música na região, Tatão Magalhães, Aristides Nobre, Romualdo Sá Viana, Elpídio Sá Viana, Apolinário André dos Santos, Antônio Almeida, Sebastião Gomes Filho (Fio Bernardo), Vergílio Soares de Oliveira, Manoel Rosa (Carapina), Luiz Sá Viana, Antônio Almeida Viana, Professor Sebastião, Dionísio Pimentel, José Alonso Filho, Durval Almeida, Euzechias Tito de Almeida (Tuca, maestro por muitos anos), Dirceu Xavier de Almeida, Dário Xavier de Almeida, Nael, Elias Borges (Liá), Nelsino Gonçalves, Alvim Paulo de Aguiar, Álvaro Gomes de Oliveira, Chipinho, Bem Figueiredo, Tiãozinho, Toinzinho e muitos e muitos outros.
No decorrer de toda a sua existência manteve o respeito impresso pela tradição musical que a faz respeitada não só pelo povo da terra mas também por todos que apreciam o gênero e reconhecem a importância da música na formação da cidadania. Sua sede recém-ampliada com o apoio da municipalidade, sobrevive graças ao incentivo dos rosalenses e admiradores de outras plagas. As aulas de música proporcionam sadia convivência entre professores e alunos. Creio que Euterpe o deus da música, esteve sempre atento a esta corporação e o Pai Eterno esteve sempre abençoando este punhado de abnegados, que roubando horas de seus afazeres ou a seus ócios, contribuíram grandemente não só para o recreio espiritual e aprimoramento estético, cultivando o que há de mais nobre e salutar em nosso espírito, o gosto do belo.
Em 1997 houve em Rosal, magnífica e esplendorosa festa, com extenso e bem elaborado programa para comemorar os 75 anos da sua tão importante Corporação Musical. De parabéns todos aqueles que se empenharam para a concretização do notável evento: o então Presidente Petrônio Gonçalves Figueiredo, o Tesoureiro Geraldo Roseira Soares, demais membros da Diretoria, o competente Regente, Maestro José Luiz Vargas, os componentes da Lira e toda a comunidade rosalense. Foi apoteótica a execução do dobrado “Capitão Caçula” (um dos meus preferidos, quando pego o acordeão é com ele que faço o aquecimento) e do Hino Nacional por todas as bandas; protofonia que encheu de vibração o ar com o som de palhetas, metais e percussão elevando-nos aos distantes páramos dos sonhos da nossa infância, e do magistral sonho de Luís Tito de Almeida (fundador), belamente realizado.
Fabiana Morais, Anselmo Júnior Borges Nunes, o Maestro Cely Tinoco, Regente da Banda e Professor de Música na sede da Entidade, o Presidente Ailton Alves e demais componentes da Diretoria, Luiz Tito Nunes de Almeida e demais músicos e muitos outros apoiadores e incentivadores da emérita Entidade são dignos das mais significativas homenagens e de efusivos aplausos pois estão dando seguimento àquela linda História iniciada em 1922. Dentre os músicos da nova geração destaca-se Davi, filho de Fabiana, com apenas dez anos.
Nas comemorações dos noventa e cinco anos o Reconhecimento merecido e justo da Câmara Municipal de Bom Jesus do Itabapoana, por iniciativa do Vereador Paulinho do Adílio conforme ele mesmo declara: “É com imensa alegria e muito prazer que às vésperas da Lira 14 de Julho completar 95 anos de existência, venho informar que através de uma lei de minha autoria a nossa querida Lira 14 de Julho, que é orgulho dos rosalenses e de todos os que conhecem Rosal, tornou-se um PATRIMÔNIO CULTURAL, IMATERIAL, SOCIAL E TURÍSTICO do nosso Município. Bem mais que ser homenageada é merecidamente ser reconhecida, agora, através desta lei, já sancionada pelo Prefeito Roberto Tatu, a Lira está apta a receber recursos através de convênios nos âmbitos Municipal, Estadual e/ou Federal.”
Parabéns, Vereador Paulinho, pela feliz iniciativa, nossos agradecimentos pelo relevante feito. Deus, Nosso Senhor, o abençoe juntamente com sua linda família.
.AVANTE, LIRA AMADA! Aguardamos ansiosos pelas comemorações do CENTENÁRIO!!!
O APÓSTOLO DO BRASIL
Vera Maria Viana Borges
Os dias avançam e praticamente meio ano já se foi. Chegou junho, mês consagrado ao SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS. Mês de tantos santos e de tantas festas, Santo Antônio, São João, São Pedro, São Paulo e dentre outros São José de Anchieta, comemorado no dia nove, um padre jesuíta espanhol, santo da Igreja Católica e um dos fundadores da cidade brasileira de São Paulo. Beatificado em 1980 pelo Papa João Paulo II e canonizado em 2014 pelo Papa Francisco, é conhecido como o Apóstolo do Brasil, por ter sido um dos pioneiros na introdução do cristianismo no país. Em abril de 2015 foi declarado copadroeiro do Brasil na 53ª Assembleia Geral da CNBB. Foi o primeiro dramaturgo, o primeiro gramático e o primeiro poeta nascido nas Ilhas Canárias. Foi o autor da primeira gramática da língua tupi, e um dos primeiros autores da literatura brasileira, para a qual compôs inúmeras peças teatrais e poemas de teor religioso e uma epopeia. É o patrono da cadeira de número um da Academia Brasileira de Música e Patrono da Academia Marial de Aparecida/SP, instituição idealizada e estruturada pelo Cônego João Correia Machado. Foi criada por Decreto do então Arcebispo de Aparecida, Dom Geraldo Maria de Moraes Penido, em 16 de julho de 1985, por ocasião do XI Congresso Eucarístico Nacional. Foi instalada no dia 21 de dezembro do mesmo ano. Em 6 de maio de 1985, o Bem-aventurado Padre José de Anchieta, primeiro escritor de Nossa Senhora no Brasil, foi declarado, por Decreto Pontifício, Patrono da Academia Marial. Em 1997 foi comemorado o IV Centenário de sua morte e mais vinte anos já se passaram.
O Padre José de Anchieta nasceu a 19 de março de 1534 em La Laguna de Tenerife, Ilhas Canárias. Aos 17 anos ingressou na Companhia de Jesus, recém-fundada por Santo Inácio de Loyola. Chegou ao Brasil em 1553, na comitiva do segundo Governador-Geral, D. Duarte da Costa. Em janeiro de 1554, foi a Piratininga (berço da futura cidade de São Paulo), para ser o primeiro mestre do Colégio São Paulo. Aos 25 anos tornou-se Reitor do Colégio de São Vicente e aos 43, Provincial da Ordem. Onze anos mais tarde transferiu-se para o Espírito Santo.
Apreciando a figura de Anchieta, deve-se considerar dois aspectos: a obra social de longa existência benemérita e a literária, não só de poeta, mas também de dramaturgo.
.Falava e entendia o “tupi”, chegando a escrever a “Arte de Gramática da Língua Mais falada na Costa do Brasil” (1595). Acompanhou o Padre Manuel da Nóbrega na missão pacificadora à Praia de Iperoig, hoje Ubatuba-São Paulo. A paz foi firmada; a essa época compôs o seu Poema à Virgem Maria, escrito pelo Padre nas areias da Praia de Iperoig, guardando-o de memória para passá-lo para o papel em São Vicente.
Para a tarefa missionária valia-se da Poesia e do Teatro, em vez da teoria preferia a prática, encenada em palco, difundida através da Poesia. O poeta e dramaturgo é tido como o iniciador, o fundador da literatura brasileira.
Seus autos visavam despertar e conquistar o índio pelos sentidos, usando espetáculos cênicos, a música e o canto, nos adros das igrejas, nas aldeias, nas cidades, nos colégios, em palcos armados com estrados, onde contrastavam-se o Bem e o Mal, Deus e o Diabo, O Céu e a Terra, a Vida e a Morte, o Prêmio e o Castigo, o Pecado e a Santidade, a Salvação e a Condenação. Iniciou também a poesia lírica brasileira. Suas principais obras são: Ao Santíssimo Sacramento, A Santa Inês e o longo Poema, escrito em latim “ Bem-aventurada virgem mãe de Deus-Maria” e “Cartas” (edição Da Academia Brasileira de Letras e comentários de Afrânio Coutinho),com estilo agradável e preciosas informações.
Em janeiro de 1565 desembarcou na Praia Vermelha, junto ao Pão de Açúcar, daí seguiu para Bahia e Pernambuco e depois para o Espírito Santo.
No dia 15 de agosto de 1579 recebeu a imagem de Nossa Senhora da Assunção em Rerigtiba, atual cidade de Anchieta-ES com a apresentação do auto “Dia da Assunção” de sua autoria.
Em 1585 fundou a aldeia de Guaraparim, sob a proteção de Nossa Senhora da Conceição, escrevendo para a inauguração o mais expressivo auto tupi- “A Alma de Pirataraka”.
Muitas foram as comunidades fundadas por ele no Espírito Santo, dentre elas destacam-se- São João de Carapina (1562); Nova Almeida, anteriormente denominada Reis Magos (1569); Rerigtiba, hoje Anchieta (1579) e Nossa Senhora da Conceição de Guaraparim, atualmente Guarapari (1585).
.Aos nove de junho de 1597 faleceu na aldeia de Rerigtiba, aos sessenta e três anos, sendo que quarenta e quatro deles, vividos no Brasil. Seu corpo foi levado em ombros indígenas, por quatorze léguas em três dias de caminhada, e o corpo do Santo Missionário chegou à Vila de Vitória, inalterado e conta-se que ninguém sentiu cansaço.
Foi sepultado na Igreja de São Tiago anexa ao Colégio dos Jesuítas, atual Palácio do Governo. Seus ossos foram trasladados em parte para o Colégio da Bahia e para Roma, no ano de 1611 e em 1617 foram iniciados os processos de Beatificação e Canonização. Em 1736 foi declarado “Venerável” pelas virtudes exercitadas em grau heróico e em 1980 foi Beatificado o defensor dos Índios, o Santo Missionário e Apóstolo do Brasil. Após um processo de canonização de mais de 400 anos, o decreto foi assinado a 3 de abril de 2014. Em 24 de abril realizou-se a cerimônia de Ação de Graças, presidida pelo Papa, realizada na Igreja de Santo Inácio de Loyola de Roma.
No mês de junho uma multidão participa da caminhada festiva promovida pela Associação dos Amigos dos Passos de Anchieta. A sua disposição em caminhar o levava a percorrer, duas vezes por mês, a trilha litorânea entre a então Rerigtiba (atual Anchieta) e a ilha de Vitória, com pequenas paradas para pregação e repouso nas localidades de Guarapari, Setiba, Ponta da Fruta e Barra do Jucu. Modernamente, esse percurso, com cerca de 105 quilômetros, vem sendo percorrido a pé por turistas e peregrinos, à semelhança do Caminho de Santiago, na Espanha.
Vale a pena visitar o Santuário Nacional de São José de Anchieta e o Museu Nacional também em ANCHIETA/ES. Num grande pátio há um busto do Santo sob uma frondosa castanheira. Uma igreja histórica bem conservada, o museu, podendo-se ainda desfrutar de belíssima vista para o mar. Um passeio histórico, cultural e religioso onde podem ser vistos objetos relacionados a ele, suas RELÍQUIAS, um pedaço de sua tíbia e a cela onde faleceu. Um lugar agradável, onde se passa a limpo várias páginas da História do Brasil.
Em visita ao paradisíaco litoral capixaba, atravessando o Rio Benevente, há um lindo MONUMENTO, uma estátua em bronze, de corpo inteiro, na praia do centro de Anchieta onde se pode reverenciar o Santo Missionário e Apóstolo do Brasil.
MÃE POR EXCELÊNCIA
Vera Maria Viana Borges
Lépido e fagueiro chega o mês de maio revestido de tanto encantamento, transbordante de amor maternal. Mês das Mães e da “MÃE das MÃES”, de infinitas bênçãos mariais. Festivo o bimbalhar dos sinos que soam prenunciando a Ave- Maria, para a reza do terço, do novenário e das ladainhas. Época de reflexão e adoção de firmes propósitos futuros, convictos na aceitação da vontade de Deus, com a graça e carinho de Sua Santa Mãe. Este maio é ainda mais festejado. No dia 13, comemora-se o Centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima. A Festa da Virgem de Fátima é uma das celebrações marianas mais conhecidas no mundo inteiro, em memória à primeira aparição de Nossa Senhora em 1917 nas colinas da Cova da Iria (Portugal), a três pastorinhos, Lúcia dos Santos e seus primos Francisco e Jacinta Marto.
“Nossa Senhora é a Virgem de Nazaré, que viveu com seu esposo José, na Palestina, há mais de dois mil anos (Lucas 1, 26-33). Conforme a Bíblia, especialmente os Evangelhos, Maria recebeu de Deus a missão de ser Mãe de seu Filho, Jesus Cristo, que se fez Homem e veio ao mundo para nos salvar (Lucas 1, 30-33; Mateus 1, 2-3; Gálatas 4, 4). Nossa Senhora, durante toda a sua vida, assumiu a missão que lhe fora confiada por Deus, entregando-se, com todo o seu ser, à obra libertadora de seu Filho, Jesus Cristo, conforme lemos no Evangelho de Lucas (1, 38): “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.” Nossa Senhora foi mãe, discípula e associada à obra redentora de Jesus, daquele que foi enviado pelo Pai do Céu para anunciar o reino de Deus e libertar as pessoas do pecado e de suas consequências (Marcos 3, 31-35; Lucas 1, 38).”
“Cheia da graça de Deus, Maria, concebendo Jesus Cristo, pelo poder do Espírito Santo, foi mulher de fé, humilde e generosa, praticou a caridade, sempre forte na esperança e alegre na dedicação ao projeto do Pai (Lucas 1, 45-55; 2, 35)”. E nós, como somos? Temos fé? Somos humildes e praticamos a caridade, somos fortes e alegres, nos submetemos à vontade do PAI? Vivemos a exemplo da Família de Nazaré? Na era dos avanços tecnológicos e da busca desenfreada do prazer e do sucesso pessoal, fala-se muito do “eu” e quase nada ou nunca do “nós”. Quando se afirma que no mundo já não existem fronteiras, a solidão nos ataca de forma inexorável.
A humanidade está vivendo um período de profundas transformações, devido a vários fatores: o progresso, a globalização, a industrialização, a difusão dos meios de comunicação social e outros. Tais transformações afetaram em muito a vivência familiar. O tempo de convivência entre os membros da família tem diminuído assustadoramente. Antigamente, o papel de cada familiar era bem definido. A mãe cuidava da casa e dos filhos enquanto o pai ia trabalhar para o sustento da família. No caso da Família de Nazaré, José era carpinteiro. Hoje é diferente, tudo obedece à lógica da técnica, da produção, da economia e da modernização. O ser humano passou a ter valor para a sociedade, apenas em função da sua produtividade e de sua eficiência. A partir do momento em que não tem mais capacidade produtiva, o ser humano perde o seu valor, tornando-se “descartável”.
O diálogo em família não é valorizado porque não gera dinheiro e os laços afetivos se desfazem. O que se torna mais importante é o “carro do ano”, a “roupa da moda”, os últimos modelos do Computador, do Videogame, Celular, Tablets e as Novelas. O amor é a herança mais preciosa que os pais deixam para os filhos. Pode ser ensinado em cada momento da vida. Sobretudo nos momentos de crise. Maria, exemplo de Mãe! Imaginemos a casa de Nazaré em sua simplicidade, mas impregnada de amor. Amor que é respeito, compreensão e acolhimento. Maria assume com alegria as funções do lar. Cuida da casa, da alimentação e tece túnicas. Faz tudo com suas próprias mãos. Cuida da formação religiosa do Menino Jesus. Quanto poderemos aprender! Infelizmente muitas vezes, nós não conseguimos enxergar a grandeza e a dignidade da família. O trabalho doméstico delegamos a terceiros, a educação e formação dos filhos é delegada às escolas, os problemas de ordem emocional são encaminhados aos psicólogos e pedagogos. É pela falta de Deus no seio das famílias, pela falta de amor, compreensão e diálogo e falta de conhecimento do que verdadeiramente seja uma família, que os problemas surgem nela.
Quando falamos na Virgem Maria, somos incapazes de ver a sua humanidade. Nós a imaginamos fora da realidade do mundo, entretanto ela viveu como qualquer mulher do seu tempo, com seus afazeres e responsabilidades, em sintonia com o Criador, cultivando em seu coração a graça que lhe permitiu conceber e gerar o Filho de Deus. Estava em oração no momento da Anunciação e pode conhecer a Vontade do Pai através do que lhe fora dito. Foi a uma cidade de Judá, distante de Nazaré para servir à prima Isabel. Não esperou ser servida. Foi servir. Sempre solícita e carinhosa. Nas Bodas de Caná faltou o vinho. Os noivos ficariam envergonhados e mesmo sabendo que não era chegada a hora de Jesus, não se conteve e na bondade de seu coração materno dirigiu-se ao Filho: Não há mais vinho! ELA disse então aos serventes: “Fazei tudo o que ELE vos disser” e assim ELE realizou o primeiro milagre. Maria é a AURORA que chega clareando a tudo e a todos e com sua formosura anuncia o SOL , o seu amado Filho JESUS.
Maria de ontem, Maria de hoje. Maria da Paz. Maria do Amor. Maria dos grandes santuários. Maria da singela capelinha do interior, na mais alta serra. Maria dos lares. Maria, nossa força, nossa luz, nosso conforto e guia. Maria de todos os nomes e de todas as raças. ELA É UMA SÓ. A cada lugar onde veio nos visitar ou intercedeu por um milagre, ela recebeu um título, um nome para lembrar o precioso momento. Ela será sempre NOSSA SENHORA, sempre a mesma, Mãe de Jesus e Nossa. Ela abraça as nossas dores e é de fato a nossa Voz no Céu. Faltando em nossas vidas, o vinho do Divino Amor, do abandono, da confiança, da paciência nas tribulações, recorramos à Mãe e não seremos confundidos. Ela pedirá a Jesus que faça o prodígio de CANÁ, e ELE encherá as talhas de pedra dos nossos corações com o vinho generoso e bom do Seu Divino Amor.
Nas Comemorações deste CENTENÁRIO, lancemo-nos nos braços de Maria e deixemo-nos acariciar por Ela. Depositemos nossas cabeças em seu colo. No colo da mamãe, da querida mãezinha, da MÃE POR EXCELÊNCIA.
SALVE MARIA!!!
REENCONTRO
Vera Maria Viana Borges
.Não há como escapar à sistemática ação do tempo, suas sentenças são irrevogáveis. O tempo é deveras irreversível. O que passou, passou. Há tempo de semear e tempo de colher. As belas e claras manhãs de abril, as delicadas tardes de maio e as esplendorosas noites de junho, já transcorridas, passaram e não voltam mais, assim como as águas passadas de um rio que não tocam mais moinhos. As estrelas, o luar, o sol, a chuva, o arco-íris, o canto dos pássaros, o marulhar das ondas o canto das fontes, já vistos e ouvidos, nunca mais serão os mesmos. Haverá outras cintilações que inspirarão outros sentimentos. As palavras de amor, já ditas, jamais serão as mesmas, poderão até serem advindas do mesmo afeto, da mesma ternura, direcionadas à mesma pessoa, mas serão outras, ainda que evocadas das primeiras palavras de amor. As flores que brotaram já murcharam, as plantas que nasceram já morreram, mas outras plantas virão e sempre haverá flores. O tempo gera, cria e nutre. Ele cura, exalta e envelhece. Nada volta, mas tudo recomeça.
A nossa existência, é um caminho só de ida, sem volta. Enquanto caminhantes desta jornada, de cabeça erguida, rodeados de amigos seguimos agradecidos ao POETA MAIOR, o CRIADOR de todas as coisas que colore nossas vidas com as cores do arco-íris, com o suave azul do céu, com o dourado resplendente do Sol, com a luz prateada e doce da lua, e com o cintilar intenso das estrelas. ELE nos permite sonhar. Nem tudo na vida será mar de rosas, muitas vezes travaremos lutas diárias em que se precisa matar um leão a cada dia, mas mesmo assim não podemos deixar que morram os nossos sonhos. A palavra de ordem é não desanimar. Podemos até chegar ao fim da estrada cheios de cicatrizes, mas estas serão luzes e teremos na bagagem um acúmulo de experiência.
Assim caminha a humanidade: somos gerados, nascemos, crescemos, estudamos, trabalhamos, casamos, temos filhos. Em nosso caso, eu Professora e meu marido funcionário do Banco do Brasil fomos morar em Santo Antônio de Pádua/RJ onde nasceu o nosso filho, paduano de nascimento e bonjesuense de coração e por direito outorgado pela Câmara Municipal de Bom Jesus do Itabapoana. Sempre valorizamos o nosso trabalho e nossos empregadores. Dizíamos sempre, o Banco não é apenas um pai, na verdade ele é MÃE para nós. É datado de 12 de outubro de 1808 o Alvará (a Lei) que criou o Banco do Brasil, a primeira Instituição Bancária de nosso país e nestes duzentos e sete anos transcorridos, vem inovando através das experiências colecionadas, participando assim entusiasticamente da História e da Cultura nacionais. Solidez, credibilidade, segurança e modernidade são suas marcas registradas. Uma ESCOLA para a VIDA de cada funcionário, essencial para a consolidação na formação pessoal e profissional, aprimorando-se-lhe o caráter e a personalidade.
Em 1939 aconteceu a Emancipação Política de nosso Município e em 27 de setembro de 1941 foi aberta a Agência do BANCO DO BRASIL, um marco na história bonjesuense. O primeiro Gerente foi Fausto Guerra Rêgo. No final de 1974 meu marido foi transferido para cá. Voltamos à Santa Terrinha e em 1991 participamos com entusiasmo das comemorações de meio século da Agência que tantas benesses trouxe às Terras do Senhor Bom Jesus. São decorridos setenta e seis anos e aquele vilarejo, recém-emancipado, cresceu sem perder as características de cidade do interior. Cidade e Banco caminharam juntos, e que possam ambos continuar trilhando novos caminhos que os leve rumo ao desenvolvimento de um novo tempo.
Aqui de volta, encontramos a FAMÍLIA BB de BOM JESUS. Nossos filhos foram criados juntos, estudando nas mesmas Escolas. O Esporte e Recreação tiveram destaque especial na AABB grande incentivadora de crianças e jovens à prática esportiva. Como esquecer as aulas de natação com Ruyzinho (Ruy Castro)? O Clube muito bem instalado, em local privilegiado de onde se tem uma vista maravilhosa do tranquilo Rio Itabapoana dividindo os Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, com visão panorâmica das duas Bom Jesus. Ali participamos de memoráveis festas. Reencontramos velhos amigos que nem o tempo, nem a distância arrefeceram o sentimento de carinho da verdadeira amizade e fizemos novos amigos que entraram em nossas vidas e se tornaram inesquecíveis. Tudo passa, nada é estático, sendo assim, alguns queridos partiram para a Morada Eterna e outros se foram em busca de novas conquistas. Ao partir buscando novos desafios, descortinavam-se novos horizontes, olhava-se além. Após tantos anos, hoje, nossos olhares se cruzam e detêm tranquilamente aquilo que passou. Revisitamos nossos hábitos cotidianos e recordamos comovidos aqueles tempos áureos, gloriosos, ditosos e saudosos.
Os anos passaram velozes. No recôndito dos corações e no repositório fiel das memórias ficaram gravadas muitas lembranças. Há coisas que ficam e que delas jamais esquecemos. Estas doces reminiscências deixaram a Carminha (Maria do Carmo Figueredo) desejosa de fazer um encontro com todos os colegas. O pontapé inicial demorou a acontecer, mas finalmente foi dada a largada. Com Arlene Saboia, Marilaine Oliveira e outros colegas, foram iniciados os trabalhos. Alba Lívia Travassos chegou do Canadá movimentando. Adney construiu a página “Família BB Bom Jesus do Itabapoana” no Facebook e cada membro desse grupo está se empenhando em divulgar, multiplicando os convites e a GRANDE FAMÍLIA está se reencontrando e se unindo para o I ENCONTRO dos FUNCIONÁRIOS e COLABORADORES do BANCO do BRASIL da AGÊNCIA de BOM JESUS DO ITABAPOANA/RJ que acontecerá na AABB no dia 27 de maio de 2017. A euforia é geral.
É muito bom fazer novos amigos mas é maravilhoso reencontrar as antigas amizades. A conversa se estende relembrando os velhos tempos com centenas de histórias engraçadas. Antes os assuntos eram trabalho, carreira, filhos, agora certamente baseiam-se em filhos, netos, quiçá bisnetos e viagens, podendo ainda girar num jogo de comparações: “…rapaz, você continua bem como antigamente”. “Parece que o tempo não passou para você…” Trocas de amabilidades.
Na ciranda dos dias e das noites esperamos pela festa. Reencontraremos sim, os amigos, os sentimentos, as saudades, mas também encontraremos uma parte de NÓS que estava esquecida no tempo. E será tão bom, tão maravilhoso que certamente diremos: Por que não foi realizado há mais tempo? Claro, haverá promessas e planos para os próximos ENCONTROS.
No vai e vem da vida, o MOMENTO MÁGICO se aproxima e empolgados aguardamos ansiosos. Dizem que o melhor da festa é esperar por ela, mas neste caso o transcendentalismo do momento superará toda e qualquer expectativa. Tenho plena certeza disto. SERÁ ESPLENDOROSA A FESTA!
TALENTOS QUE SE ATRAEM
Vera Maria Viana Borges
Revendo antigas correspondências, emocionei-me ao encontrar duas amabilíssimas cartas de agradecimento de amigos tão queridos que já partiram para junto de Deus. É indeclinável dever honrarmos aos abnegados que por próprios méritos fizeram jus à admiração e à gratidão de seus semelhantes. E estes dois souberam dignificar as Artes e a Literatura em Bom Jesus. Amílcar Abreu Gonçalves, um músico de grande talento, um virtuoso, uma das figuras de maior projeção na música. Edison Chaves, renomado Dentista, laureado Professor e Sonetista de escol, garimpeiro de valores construtores da identidade social e cultural de Bom Jesus a quem retratava e enaltecia com sensíveis e delicados versos. Transcrevo, comovida, ambas as missivas:
AMÍLCAR ABREU GONÇALVES- Bom Jesus do Itabapoana-RJ:
“Os meus melhores agradecimentos pelo envio de seu Boletim Alternativo, número 9. Sinto-me muito feliz e honrado por ter em meu poder todos os “Astros & Estros”, desde a sua fundação, cujos recebimentos sempre foram acusados através de telefonemas. Porém, este o faço por escrito, reconhecendo que todos são de altíssimo nível cultural.
Fiquei muito emocionado ao ler o referido boletim, pois, você publicou a belíssima crônica “TALENTOS QUE SE ATRAEM”, cujo artigo teve sua origem através do soneto intitulado “UM FINO INSTRUMENTISTA” de autoria do talentoso Dr. Edison Chaves, grande orador, poeta, confrade e parceiro de sinuca, esporte este considerado uma arte.
Você Vera, é uma consagrada escritora e artista, ilustre poetisa, brilhante cronista, compositora, excelente na pintura a óleo, com belos quadros expostos em sua aprazível residência, musicista, grande declamadora, dona de reconhecidas virtudes e de uma personalidade iluminada por Deus.
Por seu trabalho e dedicação em “Astros & Estros, como fundadora, editora e redatora desse extraordinário meio de comunicação com tantas conquistas, tudo isto a enobrece, tornando-a uma pessoa realizada e merecedora das maiores homenagens.
Minha admiração pelo seu desempenho literário e artístico, tendo ao seu lado o esposo dedicado e amigo José Roberto e o querido filho Sávio, familiares que sempre me dispensam as melhores atenções.
Vera, obrigado, muito obrigado pela publicação de sua crônica “Talentos que se atraem” enriquecida com palavras tão gentis a meu respeito. Trata-se realmente de uma homenagem das mais expressivas que já recebi ao longo desses meus 72 anos tão bem vividos, graças a Deus.
Finalmente, venho parabenizá-la pelo sucesso do seu jornal “ASTROS & ESTROS”, desejando-lhe juntamente com seus familiares, muita luz, muita saúde e muita paz.”
EDISON CHAVES- Bom Jesus do Norte-ES:
“Eu sei que você é uma excelente poetisa e muito competente redatora, mas não sabia que você é uma pena admirável quando escreve uma crônica que realça o sentimento das pessoas.
Fiquei profundamente sensibilizado com a crônica “Talentos que se atraem” que você escreveu no seu extraordinário Boletim Alternativo “ASTROS & ESTROS”, de número 09, destacando a amizade e a admiração que existe entre mim e o grande musicista Amílcar Abreu Gonçalves.
Além de suas belíssimas palavras, você me concedeu a honra de publicar, nesse mesmo Boletim, o modesto soneto que fiz em homenagem ao bom Amílcar. Peço-lhe que aceite o meu sincero agradecimento, desejando que nunca lhe falte a exuberante inspiração que você possui para compor em prosa ou em verso.
Muito Obrigado!”
A seguir o texto que me proporcionou guardar destes diletos amigos, estas sublimes lembranças.
“TALENTOS QUE SE ATRAEM” ( Publicado em ASTROS & ESTROS em fevereiro de 1997):
“O macio dedilhar nas cordas do violão, o mágico toque dos dedos no teclado, a suavidade dos maviosos acordes, a explosiva inspiração que fervilha no sangue dos poetas, externam sentimentos dos artistas desnudando suas almas, o mais das vezes límpidas, translúcidas, puras, calmas, decorrente da bondade de seus corações.
Os músicos e poetas são talentos que se atraem. No extravasamento de suas emoções, não se calam ao Belo e ao admirá-lo e enaltecê-lo acabam por produzirem belíssimas peças musicais, poéticas, oratórias e num entrelaçamento de ideais, caminheiros da mesma jornada, confraternizam-se através da Arte.
Amílcar Abreu Gonçalves, musicista, compositor, de natureza afável, solícito, acontece em todos os eventos culturais da região com suas magníficas composições, interpretações e auxiliando aos amigos poetas com delicados, artísticos e belos fundos musicais.
Edison Chaves, orador, poeta, cidadão sensível, não se calando diante dos feitos dos ilustres de sua terra, produz sempre admiráveis páginas em apreço aos confrades e amigos e ao extraordinário violonista e tecladista, confrade, amigo e parceiro de Sinuca, Amílcar, homenageia com o bem elaborado decassílabo que segue: “UM FINO INSTRUMENTISTA// Pessoa de alma nobre e educada,/ cujas mãos são de grande habilidade,/ merece ter bastante realçada/ a sua forte dose de humildade.// Na sinuca é brilhante na tacada,/ onde fez nome desde a mocidade,/ mas sua vocação é decantada/ na música que ele ama de verdade.// É o AMÍLCAR, um fino instrumentista/ que veio a se tornar especialista/ no teclado e também no violão.// Eu me orgulho de ser um seu confrade/ e espero conservar sua amizade/ enquanto resistir o coração.”
Músicos e poetas, são tantos por este Brasil e por este mundo. Talentos que se atraem, se afinam e juntos nos proporcionam em parcerias as tantas páginas dos CANCIONEIROS, com encantáveis letras e melodias, sem contar o espetáculo mavioso dos fundos musicais nas declamações das mais ternas poesias.
Amílcar e Edison, talentos que individualmente nos brindam com suas produções, iluminando o Universo das Letras e das Artes com a luz de seus dons, a quem o UNIVERSO se queda agradecido.”
No gozo da Vida Eterna, vinte anos após, ambos estão em direto contato com o coro e a literatura maior dos Anjos e Santos na presença de Deus, Nosso Senhor. O Céu por certo se alegra com suas presenças.
DESCANSEM EM PAZ!!!
VEM AÍ O CARNAVAL!
Vera Maria Viana Borges
Vem aí o Carnaval! A maior festa popular do país tem ritmo para todos os gostos. A bateria é o combustível para todas as pessoas que desfilam e atualmente o TRIO ELÉTRICO arrebata multidões. Chega-se a dizer: “Atrás do Trio Elétrico só não vai quem já morreu”. Os Antigos Carnavais eram de confetes, serpentinas, de ingênuas marchinhas, marchas-ranchos, sambas-canções, frevos e sambinhas animados. Eram carnavais de belas fantasias: odaliscas, colombinas, pierrôs, arlequins e baianas. Como esquecer o frevo EVOCAÇÃO composto por Nelson Ferreira? Tornou-se execução obrigatória em qualquer festa carnavalesca e, mesmo nos dias atuais, é comum encontrar-se grupos de foliões cantando animadamente a uma só voz: Felinto, Pedro Salgado, / Guilherme, Fenelon, / Cadê teus blocos famosos! / Blocos das Flores, Andaluzas, / Pirilampos, Apôis Fum/ dos carnavais saudosos?!
Nestes dias que antecedem o carnaval temos vivido momentos difíceis. Com a popularização das redes sociais e dos aplicativos para dispositivos móveis, a informação nos chega em tempo real, está cada vez mais ágil e as notícias nem sempre são as melhores, são estarrecedoras. Se ligamos o rádio ou a televisão, abrimos jornais ou revistas, só ouvimos falar de crise, de corrupção, de desmandos, de desgovernos. Uma nuvem negra está cobrindo o Brasil. O Estado do Espírito Santo, tão belo e promissor está vivendo horrores. Cidades sem policiamento devido a uma paralisação dos Policiais Militares. Cidades invadidas por bandidos, com arrastões e depredações. Pessoas presas em lojas, shoppings e restaurantes. Ônibus queimados, tiroteios e em cinco dias já há recorde de homicídios. Noites de terror. Moradores assistindo impotentes de suas janelas do alto dos prédios, os saques e os assaltos. Pior ainda para os que moram em casas, para os comerciantes e para os que precisam se locomover para maiores necessidades e têm que atravessar o fogo cruzado. Comércio, Escolas, Bancos, tudo fechado. É uma tremenda desordem. CAOS TOTAL!!! O Governo Federal enviou as FORÇAS ARMADAS para VITÓRIA. E o resto do Espírito Santo, e o resto do Brasil? A população se tornou refém da bandidagem. As pessoas engaioladas em casa e os bandidos soltos. O cidadão decente aprisionado e o bandido livre para o que der e vier. Triste a situação de uma senhora que chorava por não ter o que servir no café da manhã de suas crianças. Quantos necessitando de médicos, hospitais e outros serviços? Por outro lado vemos o sofrido empresário brasileiro, aquele que batalha, comprando e vendendo. Vende fiado, toma prejuízo, luta para sustentar a família. Quem vai arcar com os danos daquele que acorda cedo porque tem que honrar os compromissos e paga IPTU, IPVA, IR, ICMS, PIS, Cofins, INSS, FGTS e mais outras letras combinadas, abastecendo os cofres públicos e talvez sustentando o luxo de alguns políticos corruptos.
Neste clima angustiante, não há como fugir e passar despercebida toda esta problemática. Que o Divino Espírito Santo ilumine nossos governantes para que solucionem em paz e harmonia todos estes embates. Desconheço o autor, mas achei muito interessante para este momento de crise o pequeno texto que encontrei no Facebook: “Um Estado tão lindo chamado ESPÍRITO SANTO se apega com FÉ Naquele que é Santo e torce para que o nome de sua capital seja a resposta de nossas orações: VITÓRIA!” Que tudo se esclareça e seja resolvido com diálogo, sem mortes (mesmo porque isto já houve demais), guerras, tiroteios e invasões. Pedimos a Deus para dar SABEDORIA e discernimento aos representantes do Poder Público, às famílias e Policiais do Estado do Espírito Santo. Haja mais PAZ e mais AMOR.
Que essa onda de violência passe e tudo volte ao normal e a vida possa seguir tranquila. Que o CARNAVAL transcorra na mais perfeita ordem e que seja somente: Alegria! Alegria! Que os foliões brinquem com moderação. Muitos deles passam quatro dias entorpecidos pelo álcool, numa falsa alegria que só termina na quarta-feira de Cinzas e estes nem aproveitam a festa. Outros, graças a Deus a maioria, têm limites e se contagiam com as músicas, com as brincadeiras, com os Blocos e Escolas de Samba.
Carnaval vem do latim “carnelevament” mudado depois em “carnevale”. Diz-se que o carnaval teve origem no Egito, mais de dois mil anos antes de Cristo. Segundo alguns autores ele foi inspirado nos rituais das festas de Ísis e em honra de Dionísios, na Grécia. A primeira música, especialmente composta para o carnaval foi “Ô ABRE ALAS”, de Chiquinha Gonzaga, em 1899: “Ô abre alas/ Que eu quero passar/ Ô abre alas/ Que eu quero passar/ Eu sou da lira/ Não posso negar/ Eu sou da lira/ Não posso negar/ Ô abre alas/ Que eu quero passar/ Ô abre alas/ Que eu quero passar/ Rosa de Ouro/ É que vai ganhar/ Rosa de Ouro/ É que vai ganhar…” Foi composta para o cordão carnavalesco “ROSA de OURO”, assim chamado pelo presente enviado pelo Papa Leão XIII à Princesa Isabel, pela promulgação da Lei Áurea. “Ô Abre Alas é a composição mais conhecida de Chiquinha, e a de maior sucesso. Ela a compôs aos cinquenta e dois anos e já era avó. Entre os anos 1901 e 1910 foi grande sucesso nos carnavais.
Em Bom Jesus temos magníficas lembranças de ditosos e saudosos carnavais. Aguardamos com ansiedade e muita expectativa a edição de 2017. Este reinado momesco promete. O ilustre SECRETÁRIO DE CULTURA, TURISMO E URBANISMO de nosso Município, o nosso Artista Maior, Raul Travassos, nos conclama: “O Carnaval é um sentimento que emana do povo. Não são os governantes que o fazem existir. Nós é que o fazemos!!! E podemos fazê-lo com entusiasmo e bom gosto, sem gastar dinheiro.” E, ele prossegue: “Não temos verbas para fazer um grande Carnaval mas temos espírito saudável de alegria suficiente o bastante para que ele exista! A maior festa cultural, popular do planeta. Vamos todos juntos tentar resgatá-la em Bom Jesus. Vamos fazer um CARNAVAL DA FAMÍLIA BONJESUENSE!!! PARTICIPE!” Ele já nos encantou tantas e tantas vezes, neste eu confio. Nas mãos do RAUL, SUCESSO GARANTIDO!!!
A nuvem negra vai passar. Somos uma nação privilegiada. Temos uma alma fecunda que se agiganta nos momentos mais difíceis. Nossa Terra nasceu sob o signo da CRUZ, nosso primeiro nome foi “Terra de Santa Cruz” e ela se prima pela exuberância da natureza e o encanto do seu povo. Não podemos negar, temos muitos problemas, mas somos fortes, naquela Primeira Missa celebrada em nosso solo muitas bênçãos foram derramadas. Somos uma nação cujo “DEUS É O SENHOR”. “O Senhor é nossa força e nossa proteção.”
BOM CARNAVAL!!!
APOSENTADORIA
Vera Maria Viana Borges
A MATURIDADE é o alvorecer da SABEDORIA e a plenitude do homem. Ela contribui para a beleza e harmonia do lugar e proporciona a distribuição de talentos para todos aqueles que o habitam. Só envelhece quem perde o interesse pela vida, quem deixa de sonhar, de procurar novos caminhos e novos mundos para conquistar. Deixando a mente aberta a novas ideias e a novos interesses, descortinando novos horizontes, permitindo que penetre o brilho do Sol e a inspiração de novas perspectivas de vida, haverá a possibilidade de se estar sempre jovem e com força vital. O elixir da vida está em cultivar o que foi bom e seguir novas direções no trabalho, na alegria de viver e no amor.
O ancião ainda é o mesmo, apenas com uma bagagem invejável. Ele tem um rico dossiê de iniciativas e além disso ele é resiliente. As pessoas mais velhas têm resiliência, são capazes de viver melhor e de acordo com a situação, levantam, sacodem a poeira e dão a volta por cima. Elas são menos impetuosas pois a vida já lhes burilou, acertou arestas e diante das dificuldades elas são capazes de entender melhor certos acontecimentos. Perdoam e desculpam com mais facilidade. Nos arroubos da juventude a reação era diferente, talvez explosiva, mas com o desenrolar do tempo percebe que as atitudes são muitas vezes mais importantes que os fatos e agem com mais paciência. Falo, claro, da maioria, pois há alguns renitentes, estressados, a quem a vida bate, bate, ensina, ensina e eles não aprendem.
Aumentando a expectativa média de vida é como se um número cada vez maior de pessoas tivesse a oportunidade de viver uma “quarta idade” para enriquecer, transmitir e testemunhar com seus conhecimentos os autênticos valores humanos. A velhice não existe, existem pessoas mais experientes que podem transmitir maravilhas a partir do momento em que estarão mais livres dos horários fixos de trabalho, já desfrutando da merecida APOSENTADORIA.
Aposentar não significa tornar-se inútil, a vida continua, talvez menos movimentada, certamente mais intensa e sobretudo mais plena de liberdade: mais livre, com mais tempo disponível para louvar a Deus, para se dedicar à família, para amar aos outros e sobretudo àqueles que não têm uma vida fácil. É possível tornar plena esta “quarta idade” com o que a PROVIDÊNCIA através da Ciência e das melhores condições de vida nos presenteou. E nada foi de mãos beijadas, foi tudo conquistado com trabalho digno, com luta e com contribuições por anos e anos para a Previdência.
“Uma sociedade que, deixando-se guiar unicamente pelos critérios do consumismo e da eficiência divide os homens em ATIVOS e INATIVOS e considera estes últimos como cidadãos de segunda categoria, abandonando-os à sua solidão, não se pode dizer verdadeiramente civil.”
Retraite, em francês. Retirement, em inglês. Pensionamento, em italiano. Jubilación, em espanhol. Aposentadoria, em português. Das cinco palavras, a que vem do espanhol parece ser a única que se refere ao momento de deixar de trabalhar como uma fase de alegria: “jubilación”, termo similar a “júbilo”. Mas a fase da aposentadoria é mesmo alegre? Já ouvimos dizer de alguém que estava com boa saúde até se aposentar e depois foi como se sua saúde começasse a se desintegrar e a morte corresse ao seu encontro. Hoje em dia há muitos órgãos e profissionais que oferecem suporte para os indecisos e orientação para os setentões. A seguir, veja os itens, dicas de Vera Lúcia Valsecchi de Almeida, professora doutora em serviço social da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, e de Maria Cristina Gattai, doutora em psicologia social pela USP (Universidade de São Paulo): planeje, poupe, viaje, exercite-se, desenvolva habilidades, encontre um trabalho mais tranquilo, dê mais atenção à vida social, participe de trabalhos voluntários e divirta-se. O presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil, Alexandre Kalache diz que amor, saúde e felicidade são conquistas possíveis em qualquer idade. Ele, que foi diretor do programa de envelhecimento da Organização Mundial da Saúde diz que vive bem depois dos 60 quem conquista quatro coisas na vida que ele chama de “CAPITAIS”. “Para envelhecer bem você precisa de capital de saúde, indiscutível. Todo mundo concorda que envelhecer sem saúde não é uma boa”, diz Kalache em matéria do Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão. Eis os capitais que ele considera os pilares para um saudável envelhecimento: Saúde, Conhecimento, Dinheiro e Fazer Amigos. Só que com os salários baixos, a maioria dos brasileiros não tem a capacidade de usufruir das três primeiras sugestões. Já quanto a fazer amigos, nosso povo é alegre, solidário e comunicativo.
Lastimosa a atitude dos governantes do Estado do Rio de Janeiro, deixando sem seus proventos centenas de aposentados, trabalhadores que prestaram concurso e por muitos anos labutaram e contribuíram para a previdência para terem um final de vida feliz e com dignidade. Devido às incompetentes e más gestões que corroeram os cofres públicos, desde o final de 2015 o funcionalismo fluminense vem sofrendo com o décimo terceiro salário parcelado em cinco vezes e com o Calendário irregular de Pagamento de 2016 que foi pago apenas até outubro. Parcelaram o salário de novembro em cinco vezes e no dia cinco de janeiro pagaram a primeira parcela, a irrisória quantia de R$ 316,00 reais (trezentos e dezesseis reais). Nem se fala em dezembro e décimo terceiro de 2016. A corda rebenta sempre do lado mais fraco e foram os aposentados e pensionistas os que ficaram sem receber porque eles são INATIVOS e sem atividade não podem fazer “PARALISAÇÃO”. Muitos já abriram mão de seus Planos de Saúde e estão vendendo utensílios de suas casas e tentando vender os imóveis adquiridos com tanto sacrifício. Outros, sem remédios, sem ter o que comer, buscando cestas básicas, pedindo empréstimos, se endividando e sujando os nomes na Praça. Injustiça com os PROFESSORES e em especial com APOSENTADOS E PENSIONISTAS. Por que são eles que têm que pagar esta conta? Há um descaso muito grande com os Professores e com os Idosos. Eles se esquecem que o Professor é a viga mestra, é o sustentáculo da Educação, é o preparador de todas as outras profissões e portanto merece respeito. E quanto aos Idosos? Acham que serão eternamente jovens e estarão sempre no PODER? Hoje é o dia da caça, amanhã será o do caçador. O que se exige não é favor e nem esmola, é direito conquistado e adquirido.
Esperamos por melhores dias e que 2017 seja pleno de LUZ e PAZ!
RENASCIDOS NO NATAL
Vera Maria Viana Borges
No crepúsculo deste ano que finda, o mundo inteiro se sensibilizou com a tragédia ocorrida com o avião em que viajava a equipe brasileira da Chapecoense da cidade de Chapecó/SC que caiu quando estava prestes a chegar ao seu destino, o aeroporto de Medellín, na Colômbia, onde deveria jogar a partida final da Copa Sul-Americana com o Atlético Nacional. No avião viajavam 77 pessoas (atletas, jornalistas, delegação técnica e tripulação), 71 morreram e seis sobreviveram ao acidente: dois membros da tripulação, três jogadores e um jornalista. A equipe que veio de baixo, com quarenta e três anos de história, foi campeã catarinense por cinco vezes e disputaria o seu maior título. Surgidos do anonimato construíram uma carreira de sucesso. Este foi o principal assunto durante vários dias no Brasil e no mundo. Foi um duro golpe para o futebol. Imensa tristeza, inúmeras famílias enlutadas. Comoção nacional! O Brasil parou e todo o povo brasileiro abalado, chorou com todos os atingidos pelo terrível acontecimento.
Num dos dias mais tristes da História do futebol, enquanto o Brasil chorava, parlamentares mais preocupados com seus próprios interesses, na calada da noite, aprovaram medidas para desfigurar o pacote anticorrupção. Uma retaliação à operação Lava Jato. Do lado de fora, vândalos empunhando bandeiras destruíram repartições públicas, atearam fogo em carros, deixando um rastro de destruição na Esplanada dos Ministérios. A Câmara jogando um balde de água fria no combate à corrupção, o Legislativo declarando guerra ao Judiciário, um verdadeiro atentado à democracia. Situação crítica a que vivemos.
É também de se lamentar a forma com que o aborto foi tratado num julgamento de Habeas Corpus, no STF, onde se entendeu que um aborto cometido até o 3º mês de gestação não é crime, inocentando uma clínica clandestina de aborto. Um contrassenso, justo no Tempo do Natal que Celebra a VIDA. “A vida é um dom de Deus e só Ele é quem define sobre o seu fim”, assim se expressou a Santa Madre Teresa de Calcutá e ela ainda afirmou: “Eis porque o aborto é um pecado tão grave. Não somente se mata a vida, mas nos colocamos mais alto do que Deus; os homens decidem quem deve viver e quem deve morrer.” O embrião é VIVO, a vida se inicia no momento da concepção, quando o óvulo da mulher e o espermatozoide do homem que são células vivas se unem dando origem a um ser vivo da mesma espécie humana. “Ponho diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas com a tua posteridade, amando o Senhor, teu Deus, obedecendo à sua voz e permanecendo unido a Ele. Porque é esta a tua vida e a longevidade dos teus dias na terra que o Senhor jurou dar a Abraão, Isaac e Jacó, teus pais” (Deuteronômio, 30, 19 e 20 ). Quando fomos concebidos tivemos no aconchego do útero de nossas mães o primeiro berço. Lá estivemos por um dia, um mês, dois meses, três meses… Tivemos, com a graça de Deus, com a boa vontade, o amor e o carinho de nossos pais, o merecimento de nascer aos nove meses de gestação. Rogamos aos Céus por todos os nascituros e nos colocamos em defesa da VIDA HUMANA desde a sua concepção.
Mediante tantas incoerências, fica difícil, mas fechemos os olhos e pensemos nas alegrias que hão de vir em 2017 com CRISTO renascido em nós. Seremos felizes! Deus conosco sorrirá, certamente! Que o espírito do Natal se espalhe pelo ar, fazendo nascer sementes de esperança.
Época de refletirmos corrigindo falhas e adotando firmes propósitos de acertos futuros, e para isto será indispensável não pensarmos apenas no feriado prolongando, na Ceia, nas compras e presentes; no consumismo que transforma o maior evento da humanidade em festa pagã. Tenhamos um NATAL comprometido com o Evangelho, fazendo JESUS crescer. O advento além de tempo de esperança, é um tempo de compromisso na construção de um mundo melhor, mais fraterno, mais solidário. Vamos celebrar a Paz, a Fraternidade, a Unidade, o Amor, a Festa da Família.
Abramos os corações para que Jesus penetre com a paz anunciada pelos anjos; paz com Deus e com os irmãos. Deus se fez solidário à nossa condição humana, fazendo-se nosso irmão para nos resgatar e salvar. A comemoração cristã não é apenas ideológica, é sim um grandioso acontecimento, com contrastante e dupla dimensão na singeleza do Pequenino e na grandiosidade do Criador, no nascimento do menino humilde e simples envolto em panos e no canto dos anjos traduzindo a grandeza de Deus: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”.
O nosso Natal seja uma Noite de ADORAÇÃO! Uma Noite Feliz! Noite de sonhos, noite sem mentiras! Noite de esperança, de alegria, porque é aniversário de Jesus. Festa de amor, de fraternidade, de unidade, de bondade e de paz. Noite da bondade de Deus, que por nos amar tanto enviou-nos o Filho Jesus, o Príncipe, o Arco-Íris da Paz. Em sua inexcedível bondade preparou tudo. Deus quis se fazer um de nós, para que se dissolvessem as trevas, para que se solucionassem os conflitos. Preparemo-nos para a celebração deste aniversário, desta Festa que nos reúne ao redor do Presépio que nos recorda o nascimento de Jesus e façamos uma revisão em nossa vida, para que possamos viver a exemplo da Família de Nazaré e que esta “Noite Feliz” perdure para todo o sempre e em especial por todos os dias do Novo Ano e possamos como irmãos, vencer tantos egoísmos, competições sem limites, crescentes desigualdades e consumismo exacerbado. Vivamos de uma nova maneira, renascidos no Natal compartilhado com os que sofrem, com os mais pobres e esquecidos, sejamos capazes de compaixão, afeto, com compromisso pela justiça.
Que a Glória do Senhor desça sobre os que conosco caminham de mãos dadas. E possamos entoar juntos: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que Ele ama!” Com os melhores e mais sinceros votos, oriundos do Cristo Glorificado desejamos que as confraternizações deste final de ano se concretizem com muita PAZ e HARMONIA e que o 2017 seja pleno de proveitosas realizações.
SAUDADE E GRATIDÃO
Vera Maria Viana Borges
Um sentimento de irreprimível saudade e cristalina gratidão invade-me a alma quando penso no Dr. Luciano Augusto Bastos. Homem de princípios, de inexcedível bondade, humilde para tratar com os mais simples, afável com os íntimos e leal em todas as circunstâncias, até com os próprios adversários, quer no futebol, na política ou em quaisquer outros segmentos. Um homem de caráter. Inteligência peregrina que caminhava ao lado de natural modéstia. Profícuo, intenso em todas as suas atividades. Recém-formada, com distinção, fui acolhida por ele para integrar o quadro de Professores do Colégio Rio Branco, onde muito aprendi. Patrão sem igual, prudente, sábio, humano, respeitoso e respeitado. Para cada direção que olho vejo traços do exemplar chefe de família, do cidadão incansável, do advogado, magnífico jurista, do jornalista, do historiador, do membro de várias Entidades Culturais, de Clubes de Serviço e do emérito educador. Preservar a memória foi sempre o seu objetivo e sua preocupação. Garimpava as mais rutilantes joias e até mesmo as mais modestas e simples publicações. Para tudo que caia em suas mãos havia uma resposta.
Algumas vezes tivemos, eu e meu marido, o prazer de sua visita. De certa feita trouxe-me a edição de “O Norte Fluminense”, de 19 de maio de 1996 com a seguinte publicação: “VERA VIANA LANÇA BOLETIM DE PROSA E POESIA – Auspicioso acontecimento Literário. A poetisa e declamadora Vera Maria Viana Borges da Academia Bonjesuense de Letras, é sem dúvida, uma figura de maior destaque em nosso meio cultural. Poetisa renomada tem ela uma produção intensa por onde flui toda a beleza de sua sensibilidade. Bonjesuense nascida em Rosal, ela é, também declamadora emérita, festejada em reuniões literárias, pertencendo ainda a diversas entidades culturais. Vera Viana vem de lançar “ASTROS & ESTROS”, um boletim alternativo, com poesias e prosa.” E ele continua, tecendo comentários, fala do nosso editorial e finaliza: “Nossos aplausos à Vera Viana que com o lançamento projeta ainda mais nossa Bom Jesus.”
O Boletim Alternativo de Prosa & Poesia, ASTROS & ESTROS, era apenas sonho, sonho que fora tomando forma, fora se fortalecendo e acabou por se concretizar. E, foi sob o signo e as bênçãos de MARIA, Mulher Forte e Mãe que ele veio a lume. Era mês de maio de 1996, a brisa trescalante do “monsenhor” e das belas e perfumadas rosas dos encantáveis jardins, dos artísticos buquês em homenagem às mães, dos delicados arranjos das noivas e da decoração de lares e altares, impregnava a atmosfera perfumando o nosso primeiro número. Nasceu ASTROS & ESTROS, simbiose de amor e ideal, 8 (oito) pequenas páginas repletas de textos selecionados de escritores consagrados e de autores contemporâneos. O Boletim fundado, editado e redigido por mim, sem fins lucrativos foi feito apenas pelo imenso amor às letras, tudo sob minhas próprias expensas.
Enquanto Oriente e Ocidente conturbam-se de egoísmo, paixões exacerbadas se sobrelevam aos mais elementares princípios, não se respeitando sequer a dignidade humana é deveras salutar que se faça algo para que se dissipe esta nuvem de discórdia. A idéia inicial foi unir ASTROS da literatura. Através das publicações, fomos reunindo “Astros” com seus “Estros”, identificando tendências, ilustrando com fatos, com inspirados versos, textos claros e enxutos, com toques diferenciados. O contato foi muito estimulante. Continuamos nossa missão a serviço da Vida, do Amor e da Esperança, conduzindo-nos através da ARTE, aos páramos dos sonhos, à fraternidade universal, sem preconceitos de raça, cor, língua, religião, desenvolvendo os valores humanos, apreciando o BELO, o BOM e o BEM, sem sombra de dúvidas o melhor investimento para a construção do mundo com o qual sonhamos.
A cada mês uma publicação. Completando um ano expedi convites para missa em trovas e uma apresentação teatral na Igreja de São José, no Bairro Lia Márcia. Neste primeiro ano de circulação fomos conquistando e ganhando credibilidade. Ao ensejo desta data, dirigi minhas preces ao Todo-Poderoso, para que nos cumulasse de suas bênçãos, inspiração e força para que pudéssemos continuar com dignidade, a escrever a história iniciada com tanto gosto.
Recebi mais uma vez a visita do ilustre amigo, trazendo-me a edição de 11 de maio de 1997 de “O Norte Fluminense”, com o artigo que segue: “IMPORTÂNCIA DO FATO (Luciano Bastos) Vou confessar a indecisão de como escrever sobre este fato. Acho-o tão excepcional que receio não expressá-lo como merece. Há um ano uma mulher de talento lançou uma publicação bonjesuense, um boletim alternativo de Prosa e Poesia. Deu o nome de “Astros e Estros” e foi dizendo que os humanos são caminhantes de uma mesma jornada e que devemos nos unir para dizimar a tristeza e dissipar a discórdia. E citou a Via Láctea, a beleza exuberante do conjunto de tantos astros, e afirma: “A maior beleza é a união / pois uma estrela sozinha / não será tão bela não”. Pelo engenho poético, inspiração e rica fantasia fica o significado de estros, sublimando, o título.
Esta mulher de fibra e sensibilidade é Vera Maria Viana Borges. Que sopra a primeira vela de aniversário da publicação, com circulação nacional e internacional, levando enlevo, poesia e amor. Tudo isto às suas expensas. E com aquele seu jeitinho gracioso e especial, no seu registro, vai distribuindo as macias, perfumadas e delicadas pétalas de rosas que ela colheu no enlevo de sua imaginação, a todos os seus amigos, confrades e familiares.
Aqui fica o registro com os aplausos que sei ser de todos. Romain Rolland comentando sobre os chamados heróis da história que triunfaram pelo pensamento ou pela força, disse que heróis são aqueles que foram grandes pelo coração. E conclui: “O “coração” não é apenas a região da sensibilidade, entendo ser ele o vasto reino da vida interior”. Vera Maria alia ao pensamento o seu coração, ao que escreve tenta conseguir, pouco a pouco, o que na estréia preconizou.”
Presenteou-me na mesma data com um exemplar de uma publicação simples, do Grêmio Estudantil Rui Barbosa do Ginásio Nossa Senhora Aparecida, de Santo Eduardo/RJ. Lecionei lá e fui redatora-chefe do Boletim VOZ ESTUDANTIL no ano de 1963. Eu não guardei, mas o Dr. Luciano guardou por trinta e quatro anos. Talvez tenha recebido do Dr. Renato Pereira Pinto que também era professor no referido educandário. Ao ler o Editorial percebi que a maneira de me expressar ainda era a mesma. Agora, decorridos quase cinquenta e quatro anos, naquele texto há a minha marca registrada, não fugi ao estilo. Ele não deixava passar nada em branco, era generoso por excelência. Imenso coração! Grande alma! Grandiosa sensibilidade! Sou-lhe imensamente grata.
Maior prova do quanto ele sempre preservou a Cultura, é o fruto do seu sonho, o ESPAÇO CULTURAL LUCIANO BASTOS, que já alcançou fama e é mantido e dirigido por seus amados filhos, seguidores do seu RASTRO DE LUZ.
ATHOS E SEUS ATOS
Vera Maria Viana Borges
A literatura tem o mágico poder de atingir pessoas e lugares. Para ela não há distância. Ela une e entrelaça sentimentos e produz uma efervescência, uma fantástica troca de saberes e de informações. Amealhei inúmeros amigos mundo afora através dela. Com uma publicação apenas, muitas vezes recebemos respostas várias que vão solidificando as velhas amizades e se espalham ampliando novos horizontes proporcionando novos conhecimentos.
Em dezembro de 1997 publiquei em “ASTROS & ESTROS” um pequeno artigo sobre o Grande Poeta e Jornalista Athos Fernandes, intitulado “ATHOS E SEUS ATOS” que transcrevo na íntegra:
“Athos Fernandes, o vulto que marcou época na nossa adorável Bom Jesus por 58 primaveras, já faz anos, enche de poesia o céu… Seu canto é eterno, a morte não calou a voz do poeta, perpetuada em seus livros “Ofir”e “Shangri-la” e em vários órgãos da imprensa nacional.
Um dos fundadores da Academia Bonjesuense de Letras, artífice grandioso do SONETO, legou-nos um rosário de nacaradas pérolas com suas expressivas e magníficas composições de apurada sensibilidade, beleza, profundidade e técnica. Sem dúvida, sua poesia tem perfeição na forma, originalidade e arte. Verdadeiro esteta! Amante da mitologia fez constar em suas obras, divindades gregas e romanas; lá estão Pégaso, a fonte de Hipocrene e muito mais… Ao longo de sua extensa produção também estiveram presentes locais, fatos e personagens bíblicos.
Aprimorou seu estro na poesia e no jornalismo onde foi fluente e seguro. Esteve por várias décadas à frente do jornal “A VOZ DO POVO” de Bom Jesus do Itabapoana.
Sobrevive completo em seus pensamentos e atos através da literatura, o homem de princípios, digno e bom, prudente e sábio, modesto, que teve o privilégio de ter duas terras. “DUAS TERRAS: Filho de Itaperuna, eu vivo em Bom Jesus,/ minha terra também, pelo muito que a estimo./ Sou pedra que rolou e deu no mesmo limo,/ besouro que voou e deu na mesma luz!// De um povo eu sou irmão, do outro povo sou primo,/ e a amizade dos dois me conforta e seduz./ Das cidades não sei qual delas faz mais jus/ ao sincero louvor destes versos que rimo!// Se uma me deu o berço, a outra me deu o teto./ Lá, o amor juvenil, de sonhos mil repleto,/ cá, o amor outonal, que outros sonhos produz.// Força humana não há que laços tais desuna:/ se estou em Bom Jesus, recordo Itaperuna,/ se vou a Itaperuna, eu penso em Bom Jesus!”
Que Deus Nosso Senhor o tenha em seu Reino de Luz e Glória! Querido poeta, a nossa saudade!…”
Tão logo leu, A. ISAÍAS RAMIRES – Rio de Janeiro/RJ, se manifestou: “Foi grande a emoção que experimentei com a leitura em “Astros & Estros” (nº 13), boletim alternativo dirigido pela poetisa Vera Maria Viana Borges, de Bom Jesus do Itabapoana, neste Estado, da croniqueta “Athos e seus Atos”, homenagem bastante merecida ao poeta ATHOS FERNANDES, amizade com que fui honrado durante vários anos, quando mantivemos assídua troca de correspondência, cartas, artigos e livros que sempre releio com profunda ternura. O soneto citado – “Duas Terras”, é obra de alguém que nasceu poeta, verdadeiramente. Nele, o Autor retrata, com profunda sentimentalidade, o seu grande amor a duas belas cidades fluminenses: Itaperuna, onde nasceu, e Bom Jesus do Itabapoana, onde viveu e repousam seus restos mortais. Seus livros “Ofir” e “Shangri-la”, sempre os releio, pois sendo eu apaixonado pelo soneto, vislumbro, em seu Autor, um verdadeiro mestre nessa modalidade de poesia que, ultimamente, possui tão poucos artífices de qualidade. Por indicação do Athos, fui incluído na Academia Bonjesuense de Letras (sócio correspondente), ocupando a Cadeira nº 1, patroneada pelo insigne poeta OlegárioMariano.”
P. DE PETRUS – Rio de Janeiro/RJ, assim me escreveu: “PAX… Esteja bem de saúde, em companhia de todos os seus… Mais alguns momentos de enlevo e de alegria, hoje ao receber o seu (nosso) “ASTROS & ESTROS nº 13, lindo, lindo!… Agradeço-lhe pela oferta desse exemplar, também pelas publicações de um soneto meu e uma trova, que figuram na página 5, onde, o meu soneto está ao lado do soneto “Sonhos de Primavera”, do saudoso e querido Athos Fernandes que me conduziu à ACADEMIA BONJESUENSE DE LETRAS. Assumi a Cadeira 33, patronímica de OLAVO BILAC. No ano de 1979, a pedido do autor Athos Fernandes, preparei, planejei, coordenei e revisei “SHANGRI-LA”- Poesias. Athos Fernandes estava muito doente e não tinha condições físicas para levar a um bom termo a edição do seu livro. Quando o livro “SHANGRI-LA” saiu do prelo, o seu autor falecera 7 dias antes. Não pôde ver a sua obra… Tristíssimo o seu desenlace, após grave enfermidade que comoveu a todos nós, poetas e acadêmicos da ABDL. Eis uma trova do Athos Fernandes: Meu coração desafia/ vossa perícia, doutor;/ não cura a Cardiologia,/ cardiopatias de amor…”
EUCLIDES DA CUNHA – Inhaúma/MG assim declarou: “Externo-lhe sinceros agradecimentos, pelo envio do excelente alternativo “Astros & Estros”, sob sua brilhante direção. Tenho sobre a mesa, os exemplares 23, 24, 25 e 26. Gostei de seus trabalhos poéticos. Muito bonito o soneto “Enquanto Houver Tempo”… Gostei também dos sonetos: “Felicidade”, “És Sol, Querido!” e “Deixe Cristo Renascer”. Destaco entre todos, o que se intitula: “TRISTEZA”. Lindo, lindo o Editorial do nº 26. Parabéns! Admiro-lhe o fulgor do talento. Você é uma grande expressão cultural de Bom Jesus do Itabapoana. Quando se fala em Bom Jesus do Itabapoana, ocorre-me à memória o nome do saudoso Athos Fernandes, meu grande amigo. Tenho em mãos a edição do Anuário dos Poetas do Brasil, de 1997, com a brilhante participação do ilustre jornalista, poeta e escritor. Releio com lágrimas nos olhos, seu lindo soneto: “Estrela Cadente” que termina com o seguinte terceto: “Quantas noites o vi, no anseio de revê-la!/ Se um poeta é capaz de amar e ouvir estrela,/ só Deus sabe entender o que um poeta sente!”
Reiterando-lhe agradecimentos pela remessa de “Astros & Estros”, aqui fica o meu fraternal abraço.”
Resta-nos a saudade da presença física do ilustre vate Athos Fernandes. Honra ao Mérito ao verdadeiro esteta que buscou a beleza e perfeição ao escrever. Sua Magnífica Obra é um valioso legado e ele vive através dela.
MÉDICO E POETA
Vera Maria Viana Borges
Ayrthon Borges Seródio já está em contato direto com a Literatura Maior dos Anjos e Santos. Encontra-se na presença inefável do Eterno Senhor e Criador, mas nem mesmo a morte poderá calar a voz do poeta pois sua obra não se extinguirá, pelo contrário, germinará em novas gerações e produzirá bons e muitos frutos.
Ainda menina quando iniciava os estudos de música, presenciei ensaios e preparativos da LIRA 14 de JULHO em Rosal, para a recepção do então formado médico Dr. Ayrthon Borges Seródio em sua terra, Barra do Pirapetinga. Estudei, cresci, casei e me mudei para Santo Antônio de Pádua. Quatro anos após ao retornar precisei de cuidados médicos e Dr. Ayrthon foi o anjo que Deus colocou em minha vida. Ele me ajudou a superar repetitivas faringites e outras “ites”que me acarretaram uma febre reumática. Muito inteligente e um ser humano inigualável, cuidou de mim e do meu filho por muitos anos. Em 1977 conheci o seu outro mister através do seu livro “A SEARA DE VENTO” e em 1994 brindou-nos com “O SACRIFÍCIO INÚTIL”. Não sei dizer se ele foi melhor MÉDICO ou POETA porque em ambos os ofícios ele se superou e tornou-se insuperável. Não consigo distinguir em que área atuou melhor.
Em 1997 trouxe a lume “A FIGUEIRA ASSOMBRADA”. Não pude me calar e publiquei em “ASTROS & ESTROS” o que segue na íntegra: “Com versos que encantam, sublimam e emocionam a alma do leitor, pela metrificação perfeita, pela naturalidade das rimas, pelo talento, entusiasmo e a excelência dos temas, o consagrado vate bonjesuense Ayrthon Seródio nos premia com mais uma joia rara, a sua esplêndida obra “A Figueira Assombrada” que se compõe de dez sonetos alexandrinos, escritos recentemente, e de dez depoimentos de intelectuais especializados em poesia sobre o seu penúltimo livro publicado – “O Sacrifício Inútil”.
Ayrthon Borges Seródio, nascido aos 21 de maio de 1929, em Barra do Pirapetinga, no município de Bom Jesus do Itabapoana, do matrimônio do venerando e saudoso casal Oliveiro Vieira Seródio e Maria José Borges Seródio, carinhosamente chamada “Nenzinha”, dotado de brilhante inteligência e privilegiada memória, médico dedicado com inúmeros cursos de especialização nas cidades de Niterói, Rio de Janeiro e São Paulo, exerceu as funções de Professor Assistente de Clínica Pediátrica Médica e Higiene Infantil, de Professor Assistente de Puericultura e Clínica da Primeira Infância, ambas na Faculdade Fluminense de Medicina em Niterói. Exerceu a Medicina em Nova Esperança/PR e de volta à terra natal, o pediatra, cardiologista e notável clínico geral fêz-se médico da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (Posto de Saúde), do Instituto Nacional da Previdência Social além de atender em consultório particular.
Foi proprietário da Clínica de Repouso Itabapoana, fundador da Academia Bonjesuense de Letras, tendo atuado como presidente da mesma por quase vinte anos, presidiu o Conselho Municipal de Cultura e não escondia o fascínio pelo “manga-larga”, raça de cavalos bem selecionada e cuidada em seu belíssimo “Haras”.
De imarcescíveis sonetos publicou “A Seara de Vento”, suave vento que fez o poeta se exprimir desnudando o próprio ser e em diáfana transparência deixou que se visse uma seara de Amor; seara do Belo, do Bem e do Bom. “O Sacrifício Inútil”, sonetos perfeitos repletos de filosofia e lirismo. Em “A Figueira Assombrada o poeta se supera. Sobrepujar-se a cada obra é privilégio de talentosos artistas. Eis o soneto que dá origem ao título:” A FIGUEIRA ASSOMBRADA// Era uma árvore antiga, enorme e bem copada,/ Que ficava no alto, além da ribanceira,/ Que abrigava o viajor no meio da jornada,/ O pássaro no ninho e a coruja agoureira.// Dizia um capiau que a vetusta figueira,/ Após a meia-noite, era mal-assombrada:/ A mula sem cabeça, uma grande caveira/ E gemidos de horror de uma alma penada…// Incrédulo demais e também corajoso,/ Passava no local à noite desejoso/ De alguma coisa achar… Talvez – quem sabe? – a mula…// Uma noite porém, já era madrugada,/ Vi duas bolas de fogo à beirada da estrada:/ Era um burro pedrês saciando a sua gula…”
Em 1998 “À SOMBRA DOS IPÊS”: Em cada verso, a presença do poeta em toda a sua plenitude, revelando-se e superando-se a cada edição o mestre artífice do Soneto, uma forma difícil e nobre popularizada por Petrarca e praticada por Shakespeare e outros célebres . O velho, respeitável e belo soneto continua vivo e AYRTHON o manejou com maestria. O autor dedicou-o a três grandes intelectuais e amigos que com ele fundaram a “Academia Bonjesuense de Letras” em 1976: Athos Fernandes, de saudosa memória, um dos maiores poetas contemporâneos; Antônio Miguel, professor, jornalista, escritor e poeta dos mais festejados e Walter Siqueira, professor, poeta de invejável fertilidade, um plantador de ipês merecedor do primeiro texto do florilégio, o soneto que intitula a magnífica obra.
Até 2005 um ou dois livros por ano. Uma extensa e valiosa obra. Em seu livro “A FOLIA DE REIS” dedicou-me o soneto “Recordando na Escuridão”: “Hoje não houve luz nem força na cidade,/ Que às escuras ficou, na falta de energia;/ E o povo conformado, após a tempestade,/ De casa não saiu, deixando a rua vazia.// Então eu me lembrei da roça, com saudade,/ Da minha jovem mãe que de noite cosia,/ Da luz da lamparina, à tênue claridade,/ Na cena familiar que tanto enternecia.// Menino, ouvindo história à beira do fogão,/ Tomava o meu café, sem medo à escuridão,/ Só vivendo o presente e esquecendo o futuro.// Mas hoje é diferente, e numa luta inglória,/ Não há mais o fogão e ninguém conta história,/ Só resta a frustração de um viver inseguro.” Em agradecimento, compus-lhe o soneto alexandrino, “ANJO DE TERNURA (Ao Poeta Ayrthon Seródio, em memória de sua progenitora – Dona Nenzinha): Existe uma Mulher, um Anjo de Ternura,/ Que Deus do Céu cobriu com especial fragrância…/ Encheu-a de carinho e infinita doçura/ E pôs no seu olhar perpétua rutilância.// Abençoou seu Ventre, a proteção segura,/ O primeiro endereço, aconchegante estância…/ O terno coração, só o Bem e o Bom augura,/ É paz, sabedoria, amor e tolerância.// Voz firme e aveludada a da MAMÃE querida/ Que entoa em cada berço uma canção de amor/ E conta bela história após a dura lida./ Não há maior laurel a qualquer criatura,/ Nem prêmio mais bonito e de imenso valor/ Que comparar alguém, a este ANJO DE TERNURA!”
Ainda consternada pelo seu falecimento peço ao POETA MAIOR, o Deus Pai Todo Poderoso, para o acolher em SEU REINO DE GLÓRIAS.
“Requiescat in pace”!!!
NA CONQUISTA DO OURO
Vera Maria Viana Borges
…O mundo se rendeu aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Antes foram muitas previsões pessimistas, mas ao desenrolar dos acontecimentos foi um triunfo, causando satisfação plena. Foi sucesso absoluto e foi extraordinário o desempenho dos atletas brasileiros.
As cerimônias de abertura e de encerramento foram apoteóticas. O evento foi muito bem sucedido e apesar dos gastos com a estrutura esportiva a cidade ficou com legado importante. O Rio de Janeiro que sempre foi lindo por natureza, continua ainda mais lindo com a revitalização do porto. Beneficiou-se com nova linha de metrô e vários projetos municipais. O saldo foi positivo.
Foram dezessete dias de encantamento e de fortes emoções. O brasileiro parecia estar num oásis, ou quem sabe no paraíso esquecido das mazelas que afligem o país. Em cada residência, bar e clube sempre havia uma turma entusiasmada diante da televisão torcendo e vibrando com os resultados. Foram momentos incríveis.
Os esportes praianos foram acontecimentos marcantes nas lindas paisagens da Cidade Maravilhosa. Há muito, a combinação de areia, sol e mar deixou de ser apenas curtição para tornar-se espaço privilegiado para a formação de espetaculares atletas em muitas modalidades.
O brasileiro que andava meio desiludido, voltou a vibrar e se orgulhar da seleção brasileira de futebol. Com a vitória sobre a Alemanha conquistou o tão sonhado OURO. Os torcedores muito animados aplaudiram entusiasticamente enquanto cantavam: “Eu sou brasileiro, com muito orgulho e muito amor…” , “O campeão voltou…”
Hoje muito se fala na importância do esporte para a nossa saúde e bem-estar. Em busca de uma vida saudável cresce o número de adeptos de vários tipos de atividade física, para a melhora do tônus muscular, para uma maior disposição, melhor flexibilidade e fortalecimento dos ossos e articulações. Além da redução do peso, gordura corporal, diminuição do colesterol ruim e aumento do bom e os benefícios do bem-estar que são expressivamente relevantes. Ao praticar uma atividade física, o fluxo sanguíneo cerebral melhora favorecendo a diminuição do estresse, da ansiedade, da depressão, aumentando significadamente a autoestima.
O esporte é uma escola onde se aprende a dominar a vontade e a controlar os impulsos obedecendo a determinadas técnicas.
….O espírito exausto pela lida diária precisa distrações que serão lenitivos para o corpo cansado. Proporcionar distração sadia ao espírito quer pela leitura, música, arte ou jogos familiares é um relevante socorro, cujo fruto se fará sentir no indivíduo, na família e na sociedade. O homem é essencialmente gregário. No entender de Martins Fontes em “TERRAS DA FANTASIA”, “O homem… obedece ao espírito gregário, é um ser que vive em bando, como os pássaros.” Aí está o papel prepoderante do esporte: agregar e mostrar a necessidade da autodisciplina para se atingir metas e objetivos.
Um espírito sadio num corpo sadio é a intenção de todos, eis o motivo porque o esporte hoje deveria ser considerado nas atividades educativas como parte imprescindível de seu programa para que se fizesse jus ao aforismo latino: “mens sana in corpore sano.” O Brasil precisa investir de forma correta em projetos sérios, com a finalidade de formar mais atletas e desenvolver o potencial dos mesmos. Talentos nós temos de sobra e a prova disso são os resultados dos Jogos, que mesmo sem as melhores condições de preparação nossos desportistas conseguiram obter excelentes resultados. As vitórias de Diego Hypólito, Isaquias Queirós e Rafaela Silva demonstraram que a perseverança e o desempenho não dependem de dinheiro ou privilégio, mas de garra, determinação e estado de espírito. Conquistamos dezenove medalhas, e em sete delas brilhou o OURO.
Acompanhei atentamente as ginastas que lançavam as fitas em várias direções para criar desenhos no espaço, formando imagens de todo o tipo: serpentinas e espirais. Estes lançamentos exigem da ginasta coordenação, leveza, agilidade e plasticidade e o mais importante a flexibilidade. Inebriante e belo. Admirando tanta beleza, livramo-nos das pressões do dia a dia por instantes. Libertamo-nos por instantes. Acabando voltamos à realidade. E é um encontrão com a realidade, mas voltamos fortalecidos para a luta diária. Precisamos destes oásis de prazer. Isto faz muito bem.
Aguardamos pelos Jogos Paralímpicos que são o maior evento esportivo mundial envolvendo pessoas com deficiência. Incluem atletas com deficiências físicas (de mobilidade, amputações, cegueira ou paralisia cerebral), além de pessoas com deficiência intelectual. Eu prefiro a forma “paraolímpicos” mas a intenção foi igualar o nome ao uso de todos os outros países de língua portuguesa: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Timor Leste, onde já se usava o termo Paralimpíadas. A palavra vem do inglês “paralympic” que mistura o início do termo “paraplegic” e com o final de “olympics” para designar o atleta paralímpico.
A judoca Rafaela Silva em 8 de agosto de 2016, conquistou a medalha de ouro da categoria até 57Kg nas Olimpíadas Rio 2016 e o canoísta Isaquias Queirós conquistou três medalhas nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro: Prata na Canoa Individual – 1.000m, Bronze na Canoa Individual – 200m e Prata na Canoa de Dupla – 1.000m, com Erlon de Sousa Silva. Queiroz se tornou portanto o primeiro atleta brasileiro a conquistar três medalhas em uma única edição dos Jogos Olímpicos. Ambos vieram de favela ou periferia e lutaram com imensas dificuldades e deram exemplo de superação. Nos Jogos Paralímpicos há a inclusão dos atletas que além de superarem as dificuldades também superam suas deficiências físicas. Todos os holofotes se voltaram para os Jogos Olímpicos. Esperamos que eles se voltem da mesma forma para a edição que está porvir dos Jogos Paralímpicos que nos anos anteriores tiveram a cobertura reduzida significativamente pois a mídia não lhes deu o destaque merecido.
E nós, pessoas comuns vamos nos exercitar, praticar esportes para uma vida mais saudável e feliz. Assim seremos mais que vencedores e conquistaremos o OURO.
QUE PAÍS É ESTE?
Vera Maria Viana Borges
Aos quatorze anos, tive o privilégio de ser aluna da notável e saudosa Professora Alzira Seródio Amim. No primeiro dia de aula, ela pediu que fizéssemos uma Redação intitulada: “POR QUE ME UFANO DE MEU PAÍS?” Discorri sobre as belezas e riquezas do nosso Brasil com naturalidade e com leveza. Era a realidade daquela época. Logo preenchi uma lauda e conquistei com aquele texto os primeiros elogios pela forma de escrever. A partir de então, fiquei mais dedicada, procurando sempre me aprimorar e me superar, o que estou tentando até hoje. Os elogios daquela Amada Mestra me alavancaram. Tive sorte com o tema pois falar do que amamos, do que é majestoso, sublime e imponente é mais fácil. Hoje não poderia vaguear poeticamente sobre o assunto, porque apesar do grande amor e do patriotismo exacerbado que há em mim, as coisas por aqui não são assim tão belas. Já se disse: “O Petróleo é nosso.” “O Brasil é o país do futuro.” E esse futuro chegou com Brasil e brasileiros atolados no caos e o petróleo que devia ser nosso, ilicitamente vem enchendo os bolsos daqueles que foram eleitos pelo povo e deviam salvaguardar, proteger, defender, os direitos de todos. Atravessamos momentos tempestuosos, de extraordinária agitação quando somos arrastados por uma política recessiva, cheia de atropelos e presenciamos fatigados, miséria, guerras, mentiras, licenciosidades e violência. São escândalos e mais escândalos, denúncias e mais denúncias de corrupção. É estarrecedor o mau exemplo da maioria dos políticos brasileiros que dizem fazer política e na verdade fazem politicagem. A corrupção alastra-se desavergonhadamente. A crise antes de tudo é moral e ética.
O que se entende por corrupção? Corrupção é o ato ou efeito de se corromper, oferecer algo para obter vantagem em negociata onde se favorece uma pessoa e se prejudica outra. “Corrupção” vem do latim corruptus, que significa no verdadeiro vernáculo “quebrar e manter o quebrado em pedaços (através da calúnia)”. O verbo “corromper” (do latim e grego) significa “tornar-se podre na calúnia e manter o podre ou caluniado no poder do corrupto e corruptor”. Segundo Calil Simão, é pressuposto necessário para a instalação da corrupção a ausência de interesse ou compromisso com o bem comum. “A corrupção social ou estatal é caracterizada pela incapacidade moral dos cidadãos de assumir compromissos voltados ao bem comum. Os cidadãos são incapazes de fazer coisas que não lhes tragam uma gratificação pessoal”.
É lamentável ver este país imenso e lindo, cheio de riquezas, atolado em dívidas, Estados falidos atrasando pagamentos de servidores, onde os poderosos são riquíssimos e o trabalhador é quase indigente. A classe média cada vez mais empobrecida, conta níqueis no final de cada mês, para umas poucas prioridades. Esta gente sofrida, menosprezada, esquecida, deprimida, estressada, constrói a Nação e sem ela não haveria PÁTRIA.
É para se refletir, o escrito deixado por Ayn Rand, uma judia, fugitiva da revolução russa, escritora, dramaturga, roteirista e filósofa norte-americana de origem judaico-russa, mais conhecida por desenvolver um sistema filosófico chamado de Objetivismo: “Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em autossacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”. Isto é o retrato da atualidade brasileira.
Vale recordar “Que País É Este”, canção da banda de rock brasileira Legião Urbana, escrita por Renato Russo em 1978, quando o mesmo ainda pertencia à banda Aborto Elétrico. Porém, ela só foi lançada com o álbum do Legião intitulado “Que País É Este”, de 1987. Em um texto contido no encarte do álbum, a banda explica sobre a canção: “Que país é este” nunca foi gravada porque sempre havia a esperança de que algo iria realmente mudar no país, tornando-se a música então totalmente obsoleta. Isto não aconteceu e ainda é possível se fazer a mesma pergunta do título nos dias atuais. A música atingiu a posição nº 81 da lista “As 100 Maiores Músicas Brasileiras” da Revista Rolling Stone Brasil. Em 1987, ela foi a música nacional mais tocada no ano. Se incluirmos as músicas internacionais, ela foi a 2ª música mais tocada, atrás apenas de Livin’ on a Prayer, de Bon Jovi. Na década de 1980, o jovem e saudoso poeta Cazuza já evidenciava as mazelas do nosso país e suplicava em uma de suas músicas: “Brasil, mostra a tua cara”. E afirmava: Grande Pátria/ Desimportante/ Em nenhum instante/ Eu vou te trair/ Não, vou te trair…” É triste constatar que o país apresentado pelo cantor não é diferente do Brasil de hoje.
Faltam poucos dias para o início das Olimpíadas do Rio de Janeiro. Pesquisas mostram que metade dos brasileiros é contrária à realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos no Brasil. Isto teria que ter sido visto muito antes, lá atrás. Agora é realidade e pronto. O Rio de Janeiro continua lindo, mas no momento enfrenta vários problemas que afetam diretamente a saúde, a educação e a segurança. O governador em exercício, decretou estado de calamidade pública no Estado, em razão da grave situação financeira e os salários dos servidores públicos estão atrasados. Uma enorme corrente de notícias negativas tem atingido o País, o Estado e a Cidade Maravilhosa, como a zika, a violência, o avanço descontrolado da criminalidade, assalto a turistas, além de suspeita de terrorismo. A realidade é dura e constrangedora, mas a cidade anfitriã dos jogos terá a segurança reforçada pelas tropas nacionais e pelo sistema de inteligência. O carioca sabe fazer bonito e será certamente uma bela FESTA. Deus Nosso Senhor proteja e abençoe para que seja esplendorosa e bela dentro da mais perfeita ordem.
A sorte pode estar nas mãos e nas ações do povo brasileiro que com seu voto poderá fazer a diferença elegendo candidatos sérios que possam governar com respeito, moral, ética e transparência transformando o Brasil na Pátria Livre, Amada e Feliz com que todos sonhamos . Que nossos pósteros possam, como eu na juventude, encantar seus mestres com belos, maviosos e poéticos textos discorrendo sobre o Brasil livre dos grilhões que o estão forjando.
E ELA SE FOI
Vera Maria Viana Borges
“Não temos aqui morada permanente, mas andamos procurando a do futuro.” (Hebreus 13:14) Buscamos o que há de vir. Há um Provérbio Aborígine que diz: “Somos todos visitantes deste tempo, deste lugar. Estamos só de passagem. O nosso objetivo é observar, crescer, amar. E depois vamos para casa”. Nas memoráveis palavras da ÚLTIMA CEIA, Jesus nos assegura: “Vou adiante para vos preparar um lugar”. Esta certeza nos conforta, mas apesar da nossa Fé, não estamos preparados para a separação de nossos entes queridos. É uma dor cruel, pungente e lancinante. Dói demais. É de cortar o coração.
Embora difícil de aceitar, é o que existe de mais certo. Quando o indivíduo nasce, ele já entra na grande fila com destino à Pátria Celeste. Somos migrantes, caminhamos ao encontro do PAI, somos Cidadãos do Céu e estamos aqui apenas de passagem. Nossa vida e nossos corpos são provisórios e em tempo certo deixarão para trás esta vida em busca da Morada Eterna.
Estava apenas com um ano e três meses, quando Deus me presenteou com uma bonequinha de carne e osso, que sorria, chorava e recebeu o nome de Sílvia Márcia. Não demorou, interagia com todos. Bricávamos muito e nunca brigamos. Numa noite, ainda éramos muito pequeninas, após o jantar ela foi pular corda e sentiu-se mal e enquanto era socorrida por mamãe e alguns vizinhos, eu sofri muito, tive medo que lhe acontecesse o pior. Senti uma sensação terrível, de perda. Nunca esqueci aquele episódio. Vivemos por toda vida, muitíssimo bem. Com o falecimento de nossa amada mãe, além de irmã ela se transformou para mim num misto de mãe e filha. E agora, tantos anos após ela se foi, deixando imenso vazio em nossas almas e em nossos corações. E naquele vinte e nove de abril, a natureza chorou conosco, chovia e fazia frio.
Quando vamos colher um fruto numa árvore, sempre escolhemos o mais bonito, ou o mais maduro. Assim Deus faz conosco, quando estamos prontos Ele nos colhe e nos acolhe em seu REINO. Acompanhei de perto o sofrimento e o seu derradeiro momento. Aos pés da cama eu recitava em voz alta o rosário percebendo que sua respiração diminuia lentamente. A enfermeira fechou-lhe os olhos e eu terminei a oração, envolvida certamente pela Misericórdia Divina. Alma e coração despedaçados. Desolada, fiquei como se em pleno voo me arrancassem uma das asas. Momento terrível e atroz.
Ela cumpriu a sua missão. Casada com José Roberto da Silva Nery, teve duas filhas. A primogênita, Roberta, deu-lhe dois netinhos, João Pedro e Maria Clara. Da mais nova, Clarissa, ela não chegou a conhecer o netinho Bento que nasceu vinte e cinco dias após o seu falecimento.
Professora dedicada, artista plástica e artesã. Tinha mãos de fada, tudo o que tocava se transformava e encantava. Mulher de princípios, esposa admirável, mãe sensível e avó solícita. Prudente, sábia, humana e muito modesta. Foi esposa, mãe, irmã, cunhada, tia, amiga, vizinha, madrinha, patroa, quase angelical. Na brandura do seu olhar e na ternura do seu sorriso estava a imagem de sua alma generosa e boa. Uma guerreira! Com coragem e dignidade enfrentou os mais dolorosos tratamentos. Sua FÉ era inabalável, viva e grandiosa. Temente a Deus, fervorosa, fiel devota e caridosa. No jardim de sua residência, a Virgem de Fátima em mármore sobre uma arvorezinha era coroada constantemente em Celebração com os seus amados vizinhos e familiares. Recitava de cor várias passagens da Bíblia. Nas Campanhas da Fraternidade e nos Novenários do Natal era assídua e os encerramentos sempre realizados em sua casa, quando confraternizava com vizinhos e amigos. Foi exemplo, o protótipo do bem e do bom. Deixou-nos um legado de incomensurável importância.
Havia tão grande sintonia em nossas almas e em nossos corações que parecíamos gêmeas e devido a tal sentimento escrevi-lhe um acróstico intitulado “Almas Gêmeas” : “Se sente algo, também sinto,/ Invade-me a alma o sentimento,/ Livre de preconceito, não minto./ Você sorri, desmancho em riso./ Instante após, se chora,/Aperta-me o peito, sinceramente.// Mana adorada, parte de minha vida,/ Amável, sincera em todos os momentos,/ Rainha, mãe, meiga, perdoa-me sempre as falhas,/ Carinhosa, perfeita, terna, querida./ Instala-me a certeza de que somos/ Almas gêmeas, dos mesmos pais, de barrigada diferente.” Dediquei-lhe também um Soneto intitulado “SÍLVIA MÁRCIA”: “Da selva tem a brisa aconchegante,/ Amiga, amável, doce conselheira,/ De Deus trazendo o traço edificante/ Projeta muito amor com sua maneira.// Guerreira, marcial, forte e constante,/ Uma FADA que guarda a prole inteira,/ Na promoção do bem ao semelhante/ É luz, raio de sol, é companheira.// Presença que nos traz o céu ao chão,/ Cumprindo sabiamente o seu mister,/ Uma SANTA prostrada em oração.// Doçura angelical, foi sempre assim,/ Divina criatura, flor mulher/ Com ombros de almofada de cetim.”
Alguns dias depois fui ao Cemitério, enquanto lá rezava o terço olhava somente para o túmulo, lúgrube e triste. Suspirando olhei para o alto. Baixando o olhar senti, ela não está aqui é lá em cima que ela se encontra. Parei de focar na sepultura e olhei para o céu que estava muito azul, com brancas nuvens de algodão onde sobrevoavam jubilosos e contentes pássaros. Numa árvore próxima, maritacas em algazarra faziam festa, com aquele canto costumeiro que ouvíamos de sua varanda nas árvores vizinhas em minhas constantes visitas. Supus-me um pouco aliviada. Ainda estou me recompondo. O que importa agora é rezar e pedir por sua alma, para que ela descanse em paz, seguir os seus bons exemplos e recordar os momentos bonitos que tivemos o privilégio de viver com ela que foi para mim e para todos os da nossa família, uma presença marcante, feliz e repleta de virtudes que contagiavam e transmitiam bondade e segurança.
Seremos eternamente agradecidos a toda a equipe médica, às dedicadas enfermeiras, aos vizinhos, amigos e familiares, pelas orações, pelas mensagens de carinho e pelo apoio em tão delicado e doloroso momento.
Que Deus Nosso Senhor a tenha em Seu Reino de Glórias e de Luz, “in aeternum”!
“Requiescat in pace”!
JUNHO DE TANTAS FESTAS
Vera Maria Viana Borges
O outono chegou disfarçado de verão e só agora no final de maio a temperatura está mais amena. Quanto frio fazia nos “maios” de outrora! Este friozinho me aguçou uma saudade de tempos idos e no capricho da imaginação adentrei naqueles “junhos” de tantas festas.
No solstício do inverno, época que o Sol atinge o ponto mais distante do Equador, realizam-se as festas juninas em honra a Santo Antônio, São João e São Pedro. São elas por excelência coloridas, alegres, ornamentadas com arcos de bambus, folhas de bananeira, bandeirinhas, luzes, lanternas multicoloridas que embelezam o ambiente, animadas por “arrasta-pés”, por belíssimas “quadrilhas” engalanadas pelos babados das rodadas saias que acrescentam um toque romântico e mágico levando os cavalheiros se curvarem para tirar os chapéus de palha às belas damas, ao som de melodias executadas por exímios sanfoneiros e violeiros com desafio de cantadores, iluminadas por fogos de artifícios que projetam “lágrimas” das mais diversas cores, acompanhados de bombinhas, de rojões que ecoam ao longe, de rodinhas, estrelinhas, busca-pés que as crianças soltam ao redor das tradicionais fogueiras que clareiam e aquecem. Os jovens, esses preferem tirar as sortes. Ver com quem vão se casar.
Nessas tradicionais noites de céu estrelado, são consumidas as mais deliciosas guloseimas: a batata-doce e a mandioca assadas, chamuscadas nas brasas das fogueiras, os pés de moleque, as broas, doce de coco, de abóbora, de mamão, bebendo-se principalmente o “quentão” preparado com a bebida da terra, a cachaça, aguardente de cana a que se mistura gengibre ou frutas.
Bons tempos! Tempos que se vão longe… Suaves reminiscências! Doces lembranças!
Deixemos que aflore em nós a alma da criança pura e boa que viveu momentos simples, mas, que deixaram profundas marcas. Possamos nos dar uma chance, apesar dos atropelos da vida moderna, a nós, às crianças e aos jovens deste nosso torrão, com a oportunidade de se promover eventos simples, cheios de encanto, do rico folclore brasileiro. Infelizmente, hoje, não há coisas ingênuas e infantis como essa. Coisas verdadeiramente puras e imensamente belas, que nos fornecerão uma boa dose de bom humor, ajudando-nos a enfrentar os cada vez maiores problemas que surgem no dia a dia.
Sem soltar balões que são extremamente perigosos, soltemos nossos corações e festejemos os “Santos de Junho” nas mais divertidas e gostosas festas juninas. No dia 12 de junho comemora-se o Dia dos Namorados, data muito significativa para todos os que amam em plenitude. E, por falar em amor, deixo a seguir para o deleite dos leitores o meu soneto “ENAMORADOS”: “Teus olhos em meus olhos fixados, / Iluminam minha alma sutilmente./ Com as centelhas do olhar, os bens sonhados/ Afloram em meu ser ardentemente.// Tuas mãos em minhas mãos! Enamorados…/ O anseio da paixão surge fluente,/ Tecemos sonhos róseos, perfumados,/ Só o luar sendo nosso confidente.// Este sorriso que te enfeita a face,/ Que me fascina e que me deixa louca,/ Fez com que em mim o amor desabrochasse.// Inebriante, mais que o vinho, é o ensejo,/ De tua boca molhada em minha boca,/ Selando o nosso amor com um grande beijo.”
A obra de William Shakespeare, grande dramaturgo e poeta inglês, cheia de poesia, Midsummer night’s dream (Sonho de uma noite de verão), aborda antigo costume típico dos países do centro e do norte europeu, onde o verão começa em junho, sendo a noite de 23 a mais curta do ano. À tarde, as pessoas se dirigem aos bosques para comemorar a chegada da nova estação, quando fazem brincadeiras, dançam, acendem fogueiras, comem, conversam, aguardando o nascer do SOL.
Os ares de junho revolvem-me sentimentos adoráveis. Somente uma lembrança saudosa me resta, e é tão bom recordar com amor, com saudade, com ternura esses fatos jamais apagáveis da memória e do coração. 13 de junho! Festa magna de Santo Antônio de Pádua-RJ, terra que aprendi a amar em delicioso aprendizado, no colóquio diário, quando lá residi (1970-1974) onde tive a grata ventura de conceber e dar à luz o meu único, dileto e adorado filho. Lá conquistei muitas amizades. Terra boa e altaneira, de gente nobre e amiga, nascida sob os signos da flecha e da cruz, às margens do rio Pomba, onde no início do século XIX, o frade Antônio Martins Vieira construiu uma capela a Santo Antônio e catequizou os aguerridos puris e coroados. A localidade prosperou, prosperou muito. Tem na agricultura e na fabricação de papel as suas principais atividades. Estância hidromineral, explorando sua fonte de água iodetada, rara e indicada para tratamento do sistema cardiovascular. Curvo-me a esta querida “altiva terra-mãe do filho meu”. A ela declaro todo o meu amor através do soneto que lhe dedico – “SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA”: “Amando-te, venero-te! À distância,/ Procuro contemplar tua beleza./ O Pomba a deslizar com elegância,/ Sob a luz do luar, todinha acesa.// Das águas minerais a bela estância,/ No parque banha a fonte, a realeza,/ Do sol claro com toda a rutilância./ És tu Pádua, o primor da natureza!// Altiva terra-mãe do filho meu,/ Nestas plagas viu ele a luz primeira,/ Deu os primeiros passos no chão teu.// Ninho de paz, de amor em profusão,/ A tua gente boa e companheira,/ De Santo Antônio tem a proteção.”
ELES CAMINHARAM JUNTOS
Vera Maria Viana Borges
Passados quase setenta anos, “O NORTE FLUMINENSE” continua firme, ultrapassando fronteiras, construindo a HISTÓRIA de nossa terra, de nossa gente, registrando no repositório fiel da memória o seu passado de glória. Jornal independente, sentinela avançada, pulmões, olhos, e voz do norte do Estado do Rio de Janeiro e sul do Estado do Espírito Santo.
Louvores ao dinâmico diretor e redator responsável, Jornalista Ésio Martins Bastos, que com seriedade comandou os seus destinos desde a fundação. As histórias do Jornal e do emérito jornalista se confundem e nada mais justa e merecida a consagração de Ésio Martins Bastos, nome digno de respeito e admiração, baluarte da imprensa bonjesuense, que no Natal de 1946 ao lançar seu primeiro número expressou: “Iniciamos, assim, a nossa jornada como o excelso filho de Maria, com o coração despido de prevenções e malquerenças; um grande ideal a inundar a nossa alma, o de bem servir. Mas, como o grande Nazareno, saberemos fustigar os vendilhões do templo, porquanto, jamais, mercê de Deus, macularemos a nossa dignidade mercadejando a nossa pena. Poderemos errar, mas prevaricar, nunca! Poderá faltar à roupagem dos nossos argumentos as filigranas das culturas privilegiadas mas jamais faltará o calor vivificante da sinceridade.” Por 57 anos, Ésio Bastos foi seu diretor e redator. Após seu falecimento no dia 24 de agosto de 2003, assumiu o seu irmão, Luciano Augusto Bastos. E ei-lo digno, íntegro e VITORIOSO, sob a direção de Gino Martins Borges Bastos.
Logo que fui alfabetizada, encantada com as palavras, soletrava em suas páginas. Ali conheci poetas e trovadores. Ésio no precioso jornal disseminava CULTURA. Além de proporcionar as informações da História política, econômica, administrativa e social do Vale do Itabapoana, ainda trazia na medida certa a cultura e o sentimento artístico da nossa gente. Na coluna “Sociais”, conheci os mais belos sonetos de célebres autores e as mais expressivas trovas e entre estas estavam sempre as de Colombina, de Maria Thereza Cavalheiro e Amaryllis Schloenbach que ainda hoje enriquecem com seus talentos a referida coluna.
Cresci e segui as trilhas da poesia. Tornei-me amiga correspondente de Maria Thereza que é sobrinha-neta de Colombina e prima de Amaryllis. Quanta honra, o convívio com as magistrais poetisas que me fizeram sonhar e me deleitaram com tão lindos e bem elaborados versos. Na correspondência, muita suavidade, leveza, e ternura. Transcrevo algumas de suas valiosas joias que enternecem o meu coração e me enlevam a alma.
De Maria Thereza: “É uma festa quando chega o “Astros & Estros”! E, desta vez, a festa veio duas vezes em dobro, com os números de Janeiro a dezembro/2000! Já estava sentindo muita falta do seu primoroso informativo poético, onde esplendem também seus próprios versos, como esse lindo “Deixe Cristo Renascer!”
Obrigada pela constante atenção, pela amável publicação de minhas trovas, crônica e carta… sempre a enaltecer a palavra dos seus correspondentes amigos! E a pregar o amor, a irmandade, exaltando a Oração de São Francisco de Assis, e usando da poesia para esse fim. Como diz em seu soneto “Rumo a Milênios de Paz”, que Deus a ouça, e “encha de luz caminhos obscuros, / semeie em nós: PAZ, FÉ, FRATERNIDADE”!
Mando-lhe “O Radar” de dezembro último, com bela trova sua em nossa coluna natalina. Continuo aguardando suas trovas, e será um prazer tê-la também como participante da coluna, com um depoimento sobre a trova, e, se quiser, também sobre a inspiração. Junte foto e dados biobibliográficos.
Que este Ano Novo seja para a querida Amiga cheio de alegria e realizações!”
De Amaryllis: “Amável Vera Maria
Muito obrigada pela publicação de trovas minhas em “Astros & Estros” números 24 e 26! Você sempre generosa e amiga, com uma palavra de afeto para todos, o que a diferencia neste mundo de tanta violência!
Grata também pelo envio do seu “Boletim Alternativo”, de janeiro a dezembro/2000. Estou a me deleitar com versos tão bem escolhidos, em especial com os nascidos de sua própria inspiração.
Como você, formulo votos para que Deus conduza a Humanidade “RUMO A MILÊNIOS DE PAZ”!”
Guardo com carinho todo o material recebido destas diletas amigas e de outros escritores e poetas de todo o Brasil e também de alguns do exterior.
Em “ASTROS & ESTROS”, julho de 1997, publiquei sobre Maria Thereza: CAVALHEIRO, A DAMA DA POESIA. A magistral dama da poesia tem Cavalheiro em seu nome. Sobrinha-neta da saudosa Colombina, sonhadora, ecologista nata, apaixonada pela poesia, dedica-se ao culto da palavra para o engrandecimento de Deus e o aprimoramento do ser humano. A escritora, poeta, advogada e jornalista de grande valor, militante de importantes jornais e revistas de São Paulo, em “ O RADAR”-Apucarana-PR, divulga a TROVA e TROVADORES.
Como marco do início de sua carreira literária, o texto poético “Quero Amar”, dedicado ao primeiro namorado:“Eu quero que alguém me ame,/ muito amada quero ser./ Desde o dia em que te vi,/ um grande amor quero ter.”/, publicado na “Folha Paulista” em janeiro de 1947.
Eclética, Maria Thereza Cavalheiro, é autora de “Antologia Brasileira da Árvore”, “Segredos do Bom Trovar”, de vários outros livros publicados e outros tantos na gaveta e de inúmeros poemas, sonetos, trovas, contos e crônicas. Em pequenas doses, nas Trovas, tem a difusão de suas grandes ideias. Afirma que: “Trova é o instante que passa/ mas fica n’alma da gente;/ exige estado de graça/ por um minuto somente!”
Neste JUBILEU, rogamos para que Deus o “Maior dos Trovadores” cumule de bênçãos a dama que magistralmente tem realizado este trabalho incontestavelmente grandioso e possa continuá-lo no gozo de muita saúde e muita paz!
Em dezembro deste ano de 2016, os setenta anos de “O NORTE FLUMINENSE” e em janeiro de 2017 os setenta anos da carreira literária de MARIA THEREZA CAVALHEIRO. Eles caminharam juntos. VAMOS COMEMORAR!!!
BOM JESUS EM OBRA DE AFRÂNIO COUTINHO
Vera Maria Viana Borges
Ao longo de minha trajetória sempre cultivei uma paixão exacerbada por livros. Não são os livros alimento para o espírito? Pelo que se podia ler à entrada da “Biblioteca de Menfis” (2000 anos Antes de Cristo) -“REMÉDIO DA ALMA”, conclui-se, que a leitura além de alimento é remédio para o espírito.
Melhor maneira de se difundir conhecimentos, para o contato direto com o Saber e com a Ciência e de nos familiarizarmos com Homero, Cervantes, Rui Barbosa, Padre Antônio Vieira, Machado de Assis, Érico Veríssimo, Josué Montello, Jorge Amado e tantos outros cultores da Literatura. Os gregos e romanos compreenderam bem isto e não é pois de se admirar que esses povos tenham produzido tanto no campo das letras e das artes. Por meio deles entra-se em contato com as mais sublimes criações, da Poesia, da Prosa, da História e da Ciência.
Lembranças da juventude! Recordações de tempo saudável e gostoso! O acendrado amor às letras, cultivado desde cedo, pois aos oito anos já rascunhava os versinhos da lembrança de minha Primeira Comunhão, fez com que aos quinze anos me aproximasse de exemplar, nobre, simpático, idôneo e autêntico casal de PROFESSORES, daqueles que se grafa mesmo com maiúsculas- NILCINEIA e VERO. Ainda os encontro vez ou outra nas ruas de nossa Bom Jesus. Conheci o ilustre casal no COLÉGIO ZÉLIA GISNER. Guardo, ainda, na memória do coração, lembranças daquele companheirismo e dessa amizade que continua viva, apesar da distância que nos separa. Gozo felizmente do convívio pressuroso do seu primogênito Védio Fernandes Baptista e demais familiares.
Vero Baptista Azevedo, aficionado por livros, possuidor de vasta, interessante e organizada biblioteca, bom esposo, pai dedicado, filho extremoso, amigo solícito, cidadão íntegro, prudente, sábio, de inteligência peregrina, modesto, campista da melhor cepa, orgulho de seus conterrâneos e que sem nenhum favor o será dos pósteros.
Menino simples, de origem humilde, teve como grande incentivador um irmão, proprietário de açougues que lhe empregara, oferecendo-lhe horário especial e obrigações mais leves para que pudesse estudar. E ele dividia o tempo: assíduo ao trabalho, frequentava com não menor assiduidade o Colégio Batista e posteriormente o Liceu de Humanidades de Campos. Sua diversão era ler e estudar. Ao receber a pequena quantia no final de cada mês, deixava de ir ao cinema ou de fazer qualquer tipo de extravagância e se abstinha até mesmo do necessário para a aquisição de livros, que eram lidos e relidos na íntegra a não ser aqueles destinados a pesquisa. A extraordinária Biblioteca ainda continua crescendo, contando hoje com aproximadamente 15.000 volumes, com obras completas de Direito, História, Geografia e Literatura principalmente Clássica, com livros em espanhol, inglês, francês e alemão. Consumidor voraz, frequentador assíduo de “SEBOS”, principalmente os da Avenida Central e da Rua São José, no Rio de Janeiro. É vero que a finalidade maior de Vero Baptista de Azevedo sempre foi a leitura e o estudo.
A generosidade do MECENAS fê-lo paciente a ponto de dar atenção aos meus rabiscos e levá-los a Campos onde tive em 1960 as primeiras publicações no Jornal “A Cidade”, coluna do Professor e Poeta Walter Siqueira. Amigo de muitos de nossos brilhantes concidadãos, entre os quais se incluía Afrânio Coutinho, então Catedrático de Literatura do Colégio Pedro II (Rio de Janeiro) de quem publicamos a seguir, na íntegra, carta que lhe fora endereçada.
Rio de Janeiro, 5 de novembro de 1959.
Ilmº. Sr. Vero Baptista de Azevedo
Com grande satisfação informo-lhe que estou trabalhando na confecção de um livro, com o título Brasil e Brasileiros de Hoje, que conterá nomes e biografias de todos aqueles que, com suas atividades, estão promovendo, em grande escala, o desenvolvimento do Brasil.
Sua atuação no terreno cultural, revelando-se das mais proveitosas, tem imposto o seu nome ao respeito de seus patrícios.
Assim, a sua biografia se torna imprescindível na presente obra, motivo por que ficaria muito grato, se V. S. nos devolvesse, devidamente preenchido e assinado, o questionário anexo, acompanhado de seu retrato autografado.
O questionário original, depois de seu aproveitamento para o livro, e a fotografia, serão arquivados, para a posteridade, no Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro.
Desejo esclarecer que, ao fornecer esses dados, os biografados não ficam com obrigação alguma.
Agradecendo-lhe antecipadamente a colaboração, firmo-me
Patrício e admirador
(a) Afrânio Coutinho
E sob a direção de Afrânio Coutinho, no ano de 1961, por “Editorial Sul América S.A.” o Volume I de “Brasil e Brasileiros de Hoje” veio preencher a falta de um dicionário atualizado de biografias de brasileiros contemporâneos partícipes do desenvolvimento do Brasil, constando à página 119, verbete do nosso ilustre e querido amigo: “AZEVEDO, Vero Baptista de. Professor. Campos, RJ, 10 dez. 1929. Pais: Antônio Baptista de Souza e Alice de Azevedo Baptista. Cas.: Nilcinéa Fernandes Baptista. Filhos: Védio, Vilcinéa, Vanda. Inst.: Sec. Carreira: Prof. sec.; jornalista; func. autárquico. Membro: Acad. Pedralva, Campos RJ. Obras: Artigos publicados em jornais. Endereço de residência: Aristides Figueiredo, 19. Bom Jesus do Itabapoana, RJ.”
Após a publicação do referido verbete, nasceu-lhe mais um filho, Vero Fernandes Baptista e bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Campos.
No serviço público começou fazendo Serviços Gerais e através de Concursos foi alcançando melhores posições chegando a Fiscal do INPS e finalmente a “Juiz” do CRPS.
Deixou inscrita de forma inapagável sua passagem por Bom Jesus, durante a qual se exercitou continuamente na prática de atos de amor e de benquerença.
Assim sendo, nos idos de 1961 a nossa amada cidade pôde constar na notável obra de Afrânio Coutinho.
ENVELHECENDO
Vera Maria Viana Borges
Velho? Velho não. Idoso. Tudo a mesma coisa, velho e idoso são sinônimos, assim diz o dicionário. Para suavizar há quem diga IDOSO, assim como para obeso se diz FORTE, para grosseiro é usado ESPONTÂNEO. Não é uma questão de sentido da palavra e sim de preconceito. A palavra velho é rejeitada porque está contaminada do descaso com que são tratadas as pessoas quando se referem a elas: OS VELHOS. Pensando bem se olharmos o sentido ao pé da letra vamos constatar que velho é de época remota, antigo, desusado, antiquado, obsoleto. Ai, é de doer! Verdade que já não se tem a mesma força produtiva e consumista da juventude, mas não se pode chegar a rotulá-los como desusados, antiquados e obsoletos. Os estragos da idade são inevitáveis. Alimentação inadequada, estresse, sedentarismo, álcool, drogas, fumo e até as condições climáticas aceleram o envelhecimento. Tão ruim quanto viver menos, é viver mal : a memória falha, a estatura encolhe, a pele resseca, a gordura aumenta, os músculos enfraquecem, os reflexos diminuem, o coração cansa, os pulmões enrijecem. Feliz daquele que chega com saúde aos melhores anos, repleto de sabedoria adquirida ao longo do tempo bem vivido. A fluidez do tempo conduz sem distinção pessoas de todas as raças e de todas as classes ao envelhecimento. Começamos a envelhecer no momento em que nascemos. Por que discriminar se todos indistintamente, chegaremos lá? Só não fica velho quem morre cedo. Estamos no mesmo barco. Assim caminha a humanidade. Prova desta sequência são os interessantes versos da música “Velhos e Jovens” da cantora Adriana Calcanhotto : “Antes de mim vieram os velhos/ Os jovens vieram depois de mim/ E estamos todos aqui/ No meio do caminho dessa vida/ Vinda antes de nós/ E estamos todos a sós/ No meio do caminho dessa vida/ E estamos todos no meio/ Quem chegou e quem faz tempo que veio/ Ninguém no início ou no fim/ Antes de mim/ Vieram os velhos/ Os jovens vieram depois de mim/ E estamos todos aí.”
A Fonte da Juventude existe? Na corrida pela vida a preocupação com a longevidade deixou em segundo plano o interesse pela qualidade. O importante é viver bem. O melhor é dar mais vida aos anos do que simplesmente dar mais anos de vida. A alma não tem idade. A mente jamais envelhece, a não ser que se permita. Não é minha intenção fazer apologia ao rejuvenescimento, não se trata de se submeter a tratamentos em clínica luxuosas que prometem apagar os sinais da idade como se passassem uma borracha nos vincos da pele. Claro que se deve manter uma aparência agradável e saudável. A higiene pessoal, os cuidados com a pele , com os cabelos e com a saúde têm que ser mantidos, pois quem não se ama, por si se enjeita. Cada ruga e cada sinal são LUZES, são sinais de SABEDORIA, são marcas registradas pelo tempo que proporcionaram os SABERES que marcam a vitória. Jamais prefira o transitório ao eterno, nem prefira a beleza à sabedoria.
Parar de trabalhar é começar a morrer. Aposentar? O pré-aposentado sabe que em futuro bem próximo desfrutará de um “status” bem diferente daquele que costumava ter durante todo o tempo que esteve trabalhando e teme provavelmente, com muita razão, que dos novos papéis lhe advenham situações menores. A possibilidade de afastamento dos colegas de trabalho, muitas vezes transformados em amigos pessoais, gera uma natural apreensão. E o medo da solidão e da dificuldade financeira? Claro, temos direito à aposentadoria, o que não se deve é acomodar no sofá e só colecionar dores. Há uma infinidade de coisas a serem feitas. Prevenir é o melhor remédio. Enquanto na ativa devemos manter os objetivos, as pretensões, os sonhos e o desejo de sempre aprender coisas novas. As pessoas não entendem que podem prevenir bem cedo a maioria dos males comuns à terceira idade ou “melhor idade” como muitos costumam dizer. Agindo desta forma a oportunidade vai nos encontrar preparados para darmos novo e melhor rumo à nova vida.
A idade biológica não corresponde à idade cronológica. Conheço velhos de vinte anos e jovens de oitenta. Comparemos pessoas nascidas numa mesma época a carros fabricados no mesmo ano. O carro que foi bem cuidado pelo proprietário terá um desempenho muito maior e melhor do que aquele que sofreu acidentes e não passou por uma boa revisão. Assim, alguém com setenta anos, gozando de perfeita saúde pode perfeitamente sentir-se como se tivesse sessenta, ou quem sabe cinquenta? Mais uma vez a prevenção entra em evidência. Nosso mal é acreditar que o envelhecimento só começa quando pode ser visto no espelho. Uma enxurrada de experiências e fascinantes descobertas entusiasmam velhos e JOVENS. O jogo da longevidade começa a ser decidido na adolescência. A longevidade é algo que se ganha desde cedo. “Tu és o arquiteto do teu próprio destino. Trabalha, espera e ousa.” Wilcox
Há um provérbio chinês que diz: “O segredo da longevidade é comer a metade, andar o dobro e rir o triplo.” Machado de Assis em suas obras há mais de cem anos referia-se ao velho de cinquenta anos, hoje, homens de oitenta, noventa e alguns com até mais anos dançam e praticam esporte. Aquela imagem de velho de pijama sentado na cadeira de balanço, sem andar, sem fazer qualquer esforço, sem ir à padaria, já passou, graças a Deus.
A auto-estima tem que estar sempre em alta. Assim sendo, pessoas que têm objetivos, que correm atrás de seus sonhos, que têm desejo de aprender algo e seguem projetos e expectativas, que gostam de si mesmas e dos demais, terão com certeza um envelhecimento muito mais saudável e independente.
….Que a juventude do nosso espírito ilumine o nosso corpo, tenha ele a idade que tiver. Vamos agitar as massas. Vamos em frente que atrás vem gente. Como canta a Adriana Calcanhoto: “Antes de mim vieram os velhos/ Os jovens vieram depois de mim/ E estamos todos aqui/ No meio do caminho dessa vida/… E estamos todos no meio/ Quem chegou e quem faz tempo que veio/ Ninguém no início ou no fim/ Antes de mim/ Vieram os velhos/ Os jovens vieram depois de mim/ E estamos todos aí.”
UM VENTUROSO 2016, PROFESSOR WAGNER!!!
Vera Maria Viana Borges
Ah, como nos tem sido generoso o nosso Pai Celestial! Tem Ele sido pródigo, dando-nos saúde, paz, alegria, e, tantos amigos! Entre estes, há tão humildes e tão doutos, todos expressivamente marcando presença tão forte e ao mesmo tempo tão suave, tão leve e tão grave, tão simples e tão austera, envolvendo-nos numa atmosfera de carinho, dizimando conosco as tristezas, confraternizando nas conquistas e na FELICIDADE. O bom, o delicioso, o vivificante, é sermos caminhantes de uma mesma jornada; é sermos viajantes de mãos dadas, juntando a nossa história a outras histórias. É sermos irmãos, amando e respeitando o semelhante, companheiro de um mesmo destino. É admirarmos a grandeza, o talento de tantos, reconhecendo a nossa humildade, e a condescendência do Deus Pai Todo Poderoso, por nos permitir palmilhar estes caminhos.
Por volta de maio do ano de 2015, seguindo as sendas da poesia, tive a grata satisfação de receber um telefonema do Professor Wagner com o amável convite para uma entrevista na Rádio Bom Jesus onde apresenta o PROGRAMA PONTO FACULTATIVO. Seria a sequência de uma série de programas sobre as ARTES. A princípio fiquei temerosa. Estaria eu, preparada para tal incumbência? Tive dúvidas, mas foquei e fui. Fiquei bem, pois apesar da minha simplicidade, o apresentador sustentou com brilho e habilidade aquela nossa conversa sobre a LITERATURA. A partir de então tornei-me assídua leitora de suas crônicas e de seus versos. O “Ponto Facultativo” que vai ao ar às 11 horas das terças-feiras, já não é facultativo, tornou-se obrigatório.
O carisma que emana de Wagner Fontenelle Pessôa, quando profere seu criterioso e belíssimo pronunciamento, arrebanha todas as atenções. Ele é extraordinário! O laureado orador, de verve fluente, quando lido, revela o grande jurista, dedicado ao DIREITO e às causas da Justiça; o grande escritor, de palavra clara, profunda e culta imprime versatilidade em seu estilo. Fala às pessoas mais simples fazendo-se entender, sem contudo se distanciar da erudição do PROFESSOR. Maneja os recursos linguísticos como verdadeiro e grandioso Mestre. De memória privilegiada recita vários poetas brasileiros, com intensidade e muita emoção. Invejável a sua CULTURA.
Em 2003 aposentou-se pela Rede Federal de Ensino, mas não se acomodou em moles almofadas como aqueles que se afundam no indiferentismo, num “dolce far niente” , inoportuno aos homens de boa fibra. O Advogado, Especialista e Professor de Direito, que exerce o Magistério Superior há quase trinta anos, lecionando disciplinas como Criminologia, Direito Penal, Direito Desportivo e Teoria Geral do Direito, presenteou-me com quatro “pérolas de sua lavra”, quatro livros seus que tão bem e tão grandemente dignificam a LITERATURA BRASILEIRA. A princípio trouxe-me “Palavra é Arte” de Wagner Fontenelle Pessôa e outros autores, onde ele abre a sua alma e nos enleva com doces, melodiosos, encantáveis e imarcescíveis versos. Uma digna, valorosa e extraordinária contribuição à poesia contemporânea que vem comprovar o talento do Poeta. De outra feita trouxe-me os outros títulos. “CONFESSO QUE ESCREVI” composto de Crônicas do cotidiano de uma conhecida Instituição de Ensino da qual muito se orgulha de ter participado, publicado em 2006. “NEM SÓ DE PETIÇÃO VIVE O HOMEM”, textos escritos por um advogado avesso à excessiva tecnicalidade da redação jurídica, trazidos a lume em 2009. E, finalmente em 2015 nos apresenta a sua mais recente obra “SE ERA PARA ESCREVER, ESCREVI”, histórias contadas por uma família nordestina.
Cultor das Letras e das Artes! Sua maneira de escrever é agradável e tão convincente que nos leva a amar sua terra e sua gente, dando-nos imediato desejo de pisar aquele chão palmilhado pela nobre e altruísta família. Pude através de suas narrativas, percorrer seus cantos e recantos. Adentrei e naquele universo mágico ouvi os fatos íntimos relatados com leveza e naturalidade. Detive-me com o autor diante da CASA GRANDE dos Pinho Pessôa. Reportei-me a Olavo Bilac: “Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste!” O escritor, poeta, jornalista e compositor imprime serenidade e elegância em cada assunto e do repositório fiel da memória, os sentimentos e lembranças são aflorados e relatados com lucidez, valorizando sempre o amor às suas origens, à família e aos amigos com textos ornados com leveza e graça num delicioso desenrolar que encanta. As interessantíssimas e bem-humoradas crônicas, a memória do grande escritor de pena de fino estro e o relato gostoso de suas histórias, nos levarão a inúmeras releituras.
Atualmente reside em Campos dos Goytacazes mas já passou por vários Estados, residindo em inúmeras localidades. Tem uma grande simpatia por Bom Jesus e aqui tem aglutinado inúmeros talentos através do seu amor à ARTE, pelo que somos muito gratos.
Meus agradecimentos e efusivos parabéns, caro PROFESSOR, pela sensibilidade e pela esperança de dias melhores como nos demonstra nos seus lindos versos, neste limiar do ano de 2016: “OUTRA VEZ, COMO CRIANÇA…// Depois de um ano bem tumultuado,/ Assisto, após as tristezas e as dores,/ 2015, em seus últimos estertores.// Lanço um olhar sobre o caminho trilhado/ Mas, no meu íntimo, alguma coisa diz:/ 2016 será um ano mais feliz!// E, assim, me renasce a esperança,/ Que me embala, que me acalma o coração,/ E me permite ver o “outro” como irmão.// Olhar brilhando, outra vez, como criança,/ Quero esquecer que, no mundo, há tanto mal,/ Pelo menos nestes tempos de Natal…”
UM VENTUROSO 2016, PROFESSOR WAGNER, para o senhor e para todos os seus!!!
E ENTÃO, É NATAL!
Vera Maria Viana Borges
Parece que foi ontem! É quase NATAL e 2015 já chega ao fim. Em lugares comuns essas trivialidades são repetidas. Meses difíceis com os reservatórios de água, o líquido mais precioso, abaixo do normal, enquanto enormes enchentes transtornam o sul do país. Final de ano cheio de atropelos, triste e trágico para o Brasil e para o mundo. Em Minas Gerais o rompimento das duas barragens de rejeitos assolaram o Distrito de Bento Rodrigues em Mariana que foi destruído pela lama. Já decorrido um mês famílias dizimadas permanecem em hotéis ou abrigadas por parentes noutras localidades. É doloroso. O Rio Doce, um dos maiores do Brasil, sofreu as piores consequências. Suas águas contaminadas por arsênico, mercúrio e outros metais causaram a morte dos peixes deixando odor muito desagradável e forte. A maior tragédia ambiental, ecológica, hídrica e econômica ocorrida no país deixou marcas que serão sentidas por várias décadas. Após estes pavorosos acontecimentos em Minas, na sexta-feira, 13 de novembro, o terrorismo atingiu Paris. A Cidade Luz, sempre glamourosa e cheia de encantos, ficou sombria e desolada. Atentados acontecendo em outras partes do mundo. Oriente e Ocidente conturbam-se e deixam-se levar pelo egoísmo. Paixões exacerbadas se sobrelevam aos mais elementares princípios do bem-viver , não se respeitando sequer a dignidade humana e consequentemente as ordenações divinas. É mister e deveras salutar e providencial que se faça algo para que se dissipe a nuvem de discórdia em todos os confins.
É vergonhosa a situação do nosso país. Detentor de tantas riquezas e com um rombo de cento e vinte bilhões de reais. Pagamentos dos servidores estaduais sendo parcelados. Mencionadas diuturnamente nos noticiários a operação Zelotes e a Lava Jato que é a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve. Estima-se que o volume de recursos desviados esteja na casa de bilhões de reais. O resultado é a depressão econômica e muitos e muitos políticos e empresários são suspeitos de participar dos esquemas de corrupção. Uma onda gigante atingiu a economia brasileira. Agora só se fala em impeachment. As ofensas são recíprocas e à queima-roupa. Bate-boca entre autoridades superiores, onde os dois lados se acusam “de mentir” e a culpa é sempre do outro. Os súditos, meros espectadores, veem a verdade claramente e reconhecem todas as falcatruas de ambas as partes. O país não aguenta mais. Chegou à exaustão. Está tudo parado à espera dos acontecimentos. Que a Santa Cruz sob cuja sombra e proteção nasceu o Brasil, esteja a rutilar nos destinos desta Pátria e do mundo inteiro.
De onde vamos tirar motivação para tais desafios? Somente com a proteção Divina poderemos buscar as fontes de energia para vivermos intensa e abundantemente com qualidade de vida e prosperidade. Os homens precisam ACORDAR. Precisam despertar para que possam viver com dignidade. Lembrei-me de versos do DRUMMOND. Ele há anos já fez o seu apelo, com a poesia “Canção Amiga” que assim termina: “Eu preparo uma canção/ Que faça acordar os homens/ E adormecer as crianças.” CANÇÃO AMIGA é um cativante poema do Poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, publicado no livro “NOVOS POEMAS” da Editora José Olímpio em 1948. Trinta anos após seus versos musicados pelo também mineiro Milton Nascimento foram gravados no disco CLUBE DA ESQUINA 2, EMI, 1978. Em 1989 circulou nas cédulas de 50 cruzados novos, que trazia num dos lados a efígie do poeta e no anverso o referido poema. Com a mudança da moeda, saiu de circulação em outubro de 1992. Canção tão doce e suave para ninar e adormecer crianças e tão forte na expressão do desejo maior de conscientizar adultos, talvez, quem sabe para os deveres cumpridos com honestidade, para os atos executados com clareza, com cuidados, com senso de responsabilidade, com honradez, retidão e probidade?
Busquemos auxílio do Altíssimo. Vamos viver cada momento intensamente sem atropelar as coisas, desfrutando da Magia do Natal que se aproxima, descobrindo a emoção diferente, gostosa e calma da família reunida à volta do Presépio, juntamente com José, Maria, os Anjos e Pastores adorando o DEUS-MENINO. Na Noite Feliz e Santa cantaremos “Glórias”, depositando diante da modesta manjedoura, as nossas vitórias, nossas conquistas, nossas lágrimas e nossas esperanças. Em tal atitude de adoração meditaremos a doçura do filho de Deus que adormecendo tranquilo em humilde estábulo, quis certamente nos mostrar que a verdadeira LUZ descansa na simplicidade e na pureza.
Que o Menino-Jesus abençoe a cada um de nós e a cada pessoa do Planeta Terra, que ELE renasça em todos os corações plenificando-os da Luz Eterna que iluminará a noite escura de nossa trajetória.
Preparemos condignamente os nossos lares, nossas casas, nossos corações; enfeitemos tudo para as boas-vindas ao SANTO MENINO, manso, puro, inalterável, imutável, bom e amável. Que ELE possa estar sempre conosco norteando nossos passos e nós, com nossos familiares possamos seguir os exemplos da Santa e Sagrada Família de Nazaré.
A serenidade e a alegria do espírito natalino estejam presentes no ano que virá; que este Natal seja o derradeiro da era da violência e da corrupção e o ano de 2016 surja sob os signos do AMOR e da PAZ.
A Glória do Senhor manifestar-se-á!… Que esta NOITE FELIZ perdure e se prolongue invadindo todos os dias do novo ano. Boas Festas!!!
CIRCUITO DA SAUDADE
Vera Maria Viana Borges
Passando rapidinho pelo Facebook, surpreendi-me com um vídeo intitulado “Saindo e entrando na Vargem Alegre (Pirapetinga, 5º Distrito de Bom Jesus do Itabapoana) e a seguir um outro “FAZENDA DAS AREIAS”. A postagem era do Dr. Eduardo Ribeiro Gomes, exímio pianista e médico brilhante na cidade do Rio de Janeiro, filho de Vera Ribeiro e Romeu Gomes, consequentemente neto de Chichico das Areias. Vera Ribeiro era mais conhecida como a Vera do INSS. Mulher elegante, alegre e guerreira, brava e forte ante as vicissitudes da vida. Um enorme Ser humano, de nobre e elevado coração, defensora ferrenha dos pobres e oprimidos.
Resolvi pegar uma carona virtual e fiz o percurso de Bom Jesus a Pirapetinga junto com os protagonistas daquele circuito da saudade. Enquanto assistia aos agradáveis, sensíveis e primorosos vídeos que exaltavam a beleza do campo e da natureza daqueles lugares em que viveram, senti as ações e reações do Dr. Eduardo e de sua irmã Tê, Maria Tereza Ribeiro Gomes. Quanta saudade, quantas coisas maravilhosas ali vividas e agora sepultadas pelo tempo, mas muito VIVAS em suas almas e em seus corações. Na primeira parada, admiravam a casa de Iracema e Agostinho Boechat, quando Maria Lúcia Seródio Boechat , nossa dileta amiga Lucinha, chegou e os recebeu com gentilezas e lhes apresentou o Museu da Imagem mantido pelo Instituto Iracema Seródio Boechat. Cordialmente ela sempre se coloca à disposição de todos os visitantes que lá comparecem e os leva a conhecer o extraordinário acervo que conta com RELÍQUIAS, entre as quais objetos da época dos escravos. Ali está registrada a HISTÓRIA de todo aquele amado e belo torrão. Dr. Eduardo e Tê suspiravam a cada foto, a cada objeto e a cada documento, fazendo comentários saudosos e amáveis sobre aqueles com quem ali conviveram. A sensibilidade aflorava às vezes em sorrisos, outras vezes em lágrimas. Virtualmente revisitei o MUSEU em Pirapetinga. Após, partiram para a Fazenda das Areias. Acompanhei-os naquelas andanças. Emocionei-me com eles e muitas vezes do riso se fazia o pranto. Foi muito bom aquele mergulho no TEMPO. Foi espetacular!!! Um documentário histórico-cultural pontuado de reminiscências de uma época ditosa e saudosa… Retalhos de uma infância saudável e feliz. Contente estou por adentrar nesta viagem mágica, cheia de encantamento. Senti a emoção dos dois ao se depararem com as RUÍNAS da Fazenda na qual viveram a quadra mais feliz da vida e que está perpetuada no recôndito mais fiel de suas memórias. No percurso de vales e montes, desabafos e doces lembranças da lua linda prateada, dos pássaros, da bucólica paisagem e das recordações dos mais íntimos sentimentos. Adorei todo o percurso e percebi naqueles irmãos muita grandeza de espírito e nobreza de sentimentos. Bem se diz que, “quem sai aos seus não degenera”. “A formosura da alma campeia e denuncia-se na inteligência, na honestidade, no reto procedimento, na liberalidade e na boa educação.” (Miguel de Cervantes) Momentos emocionantes e belos pontuados de angústia e saudade. A vida é mesmo assim. No dizer de Guimarães Rosa, “Viver é um rasgar-se e remendar-se”.
Bendigo aos que preservam a memória. Retratá-la é valorizar o passado e seus legados e quem a renega pode-se dizer que não tem história. Retive as imagens e todo o encantamento daquela viagem no tempo. Remotos sons, vozes e aromas se fizeram presentes. Parei novamente no Solar dos Boechat. Com o fluir dos anos vamos conquistando experiências e com os sentidos vamos captando impressões da vida buliçosa e irrequieta. Há lugares e pessoas que são fontes inesgotáveis de reminiscências que jamais saem do nosso imaginário. Como perder da lembrança os momentos vividos com Iracema Seródio Boechat? Grande Mestra, Poetisa das mais admiráveis, credora da eterna gratidão e amor de quantos se privaram de sua amizade e de seu convívio. De têmpera rija, defensora do progresso moral e intelectual de sua terra. Conheci a nobre dama na residência de sua prima, Professora Alzira Seródio Amim , mãe de Sucena, minha amada colega de turma. Cursamos juntas o Ginasial e o Normal. Formamo-nos em 1961 e em abril de 1962 ingressamos no Magistério. Àquela época havia uma folga em data específica para o pagamento do professorado, assim Iracema e Isa Boechat vinham a Bom Jesus para receber. Era religioso o nosso encontro e minha admiração por ela era crescente. Fizemos o primeiro Vestibular da FAFITA e tive a grande honra de ingressar no Curso de Letras com ela e sua dileta filha Lucinha. Nossos laços se estreitavam. Tive alegria de compor o Hino da Escola Municipal que ostenta orgulhosa o seu grandioso nome. Musiquei a letra, do HINO DE PIRAPETINGA, feita por ela. Fiz-lhe o NECROLÓGIO na Academia Bonjesuense de Letras. Em ASTROS & ESTROS, publiquei em julho de 1996, a matéria intitulada – ESSAS ADMIRÁVEIS AVÓS! AVE, CEMA!, que está disponibilizada no site www.veraviana.com.br e que segue na íntegra, apenas em outro formato: “…Filha, serás mamãe… por teu amor profundo/ /Jamais abrigarás desilusões… feridas…/ Porque já és divina em dar um filho ao mundo…”/ (Iracema Seródio Boechat) Iracema, mulher guerreira, que empunhando a bandeira de um grande ideal se transforma em nume tutelar no “berço de seu sonhar ”, a feliz e doce Pirapetinga. Seu trabalho reflete toda a beleza que exemplifica a arte. Sua poesia penetra, encanta com o perfume que exala de sua alma carismática. De aprimorada sensibilidade revela-nos a meiga, sensível e requintada poetisa. “Um dia ausentar-me-ei, terra querida e boa,/ Mas levarei comigo a glória de ser filho/ De solo idolatrado – a mãe que ama e perdoa.” E… ela se ausentou… O 21 de agosto de 1992 toldou-nos de tristeza e dor. Com a alma pungida curvamo-nos reverentes à grande dama. “Abençoa Senhor, nossos netos que amamos: O Guto, o Frederico e a viva Mariana, E aqueles que de Deus nós ainda esperamos.” Deus ainda lhe proporcionou- Miguel Henrique, Agostinho Neto, Lara, Betina e Felipe. Imortal é verdadeiramente a alma. Mas nessa descendência teve também a sua imortalidade. Nos grandes feitos de sua vida ela ficou perpetuada, e, imortalizada pelo seu talento, pois o poeta e a poesia não morrem… Publicou “Paisagens e Perfis” onde exaltou a terra, os pais, o esposo amado, os filhos, os NETOS, os irmãos, os amigos, as flores e a natureza. Esta mulher deixou inscrita de forma inapagável a marca insólita da esposa, mãe, AVÓ, mestra e literata. O Soneto Roda D’Água inicia seu livro, evidenciando assim o espírito de progresso e desenvolvimento da vila, a qual a “Roda D’Água” ajudou a crescer. “RODA D’ÁGUA: Barulho de comportas, marulhante,/ Pingos d’água orvalhando a ramaria,/ É tua faina, diária, ofegante,/ Na jornada sem par de cada dia.// E a água cai sonora, deslumbrante,/ Em meio às flores em policromia./ Como és feliz, assim, cantarolante!/ Na jornada sem par de cada dia.// E se despede o dia. E a noite chega/ E do meu leito embalo a nostalgia./ Cessa a jornada igual de cada dia.// Cessa a jornada. É mudo o fim do dia./ E assim ficamos quietas de repente:/ Só as lágrimas caem do olhar da gente.”
GLORIOSOS REMÍGIOS
Vera Maria Viana Borges
O sol não está para brincadeira. Neste início de outubro temos uma Primavera atípica, ensolarada e de intenso calor. A estação marcada pelas belas e exuberantes flores, que normalmente tem amenas temperaturas chegou com cara de verão. Está tudo mudado, tanto a natureza quanto as pessoas. A água escasseando a cada dia. Atravessamos tempestuosos momentos, arrastados por uma política recessiva neste Planeta repleto de incertezas. Exaustos presenciamos miséria, guerras, mentiras, o drama dos imigrantes, licenciosidades, corrupção e violência. Na atmosfera política a impactante certeza da falta de patriotismo. Ó Deus, sentimos falta dos Grandes Estadistas, de pessoas dignas, de Líderes de Verdade com grandes sonhos e amor à PÁTRIA. Políticos bem preparados que não se contaminem com o terrível vírus da corrupção, que não tenham a intenção de acudir-se, agindo sempre em benefício próprio como temos presenciado nos dias atuais quando visam apenas os próprios interesses e se prestam a articulações desprezíveis e conluios vergonhosos. E nós sofremos as consequências, somos reféns de todos estes desmandos. É estarrecedor. Desejamos melhores dias, repudiamos os acontecimentos deploráveis, almejamos trilhar os caminhos do decoro e da honra. Estamos num beco sem saída, mas temos que prosseguir e para o alívio destas tensões recorro à escrita. Já disse Fernando Pessoa. “Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida.” Claro, é evidente que isto não tirará o país da crise, mas dá-nos um fôlego, ficamos aliviados por uns instantes.
“Oh tristeza, me desculpe/ Estou de malas prontas/ Hoje a poesia veio ao meu encontro/ Já raiou o dia, vamos viajar…” Primeiros versos da música “Viagem” de autoria de João de Aquino e Paulo César Pinheiro, interpretada por abalizados cantores brasileiros. Deixemos que a poesia nos povoe a alma. A literatura nos fornece ASAS e BOTAS DE SETE LÉGUAS, podemos viajar, através dos momentos em que escrevemos ou lemos. Com o meu Soneto “SONHO”, perpasso os continentes: “Sonho com paz, num mundo sem trincheiras,/ Sem miséria, dor, pranto e inconsequentes,/ Salpicado de naves viageiras/ Repletas de emoções: dóceis, virentes…// Onírico desejo! Sem fronteiras,/ Alígera perpasso os continentes…/ Das nuvens, vejo o mar, as cordilheiras/ Nas serras, ouço os rios nas nascentes.// Na natureza tudo se harmoniza!../ Aos poucos, o homem vil e perdulário/ Destrói, corrói, devasta e se escraviza,// Corrompendo, humilhando o seu irmão./ Preserve essa beleza, esse cenário,/ Com o semelhante viva em comunhão!” Mergulho nas leituras que faço, nas histórias, dou o meu colorido aos cenários.
Além de cumprir com desvelo ardente o papel de esposa, mãe e avó, estou sempre atrelada a dois ou três livros simultaneamente, mas não somos iguais e isso é bom. Como seria se todos gostassem de vermelho? A diversidade das cores é o que aformoseia, adorna e encanta. “O vento é o mesmo, mas sua resposta é diferente em cada folha.” (Cecília Meireles) Cada ser humano tem seu ponto de vista. Nem todas as pessoas se interessam pelas mesmas coisas; hoje infelizmente valoriza-se muito o lado material. O que seria da matéria sem o espírito? Já não se contempla a natureza. A maioria está conectada, depende unicamente de aparelhos: celular, tablet (bens necessários) e outros mais. Torço para que os use para fins educativos e para uma boa formação, em prol da qualidade de vida, da educação, da informação e da cidadania. Os livros eletrônicos são muito interessantes, viajando levamos quantos quisermos sem aumentar a bagagem. Em casa, eu adoro mesmo é folhear, manusear e sentir o cheiro do LIVRO. A LITERATURA me fascina e além do prazer em saboreá-la ela serve de união, de ponte, nos aproxima de amigos distantes. No mês passado, citei a “CANÇÃO DO EXPEDICIONÁRIO” em meu artigo, o que me valeu a surpresa e satisfação de receber delicado telefonema do bonjesuense Roberto Feres, residente em Niterói dizendo-me de seu encantamento pela referida Canção. Falamos de seu autor, Guilherme de Almeida e de sua riquíssima obra. Uma conversa agradável sobre aquele advogado, jornalista, crítico de cinema, poeta, ensaísta e tradutor brasileiro. E Roberto se referiu à tradução do Poema “SE” (“IF”, no original inglês), de autoria do poeta britânico nascido na Índia, Rudyard Kipling (1865-1936), que transcrevo para o deleite de todos: “SE// Se és capaz de manter tua calma, quando/ todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa./ De crer em ti quando estão todos duvidando,/ e para esses no entanto achar uma desculpa.//Se és capaz de esperar sem te desesperares,/ ou, enganado, não mentir ao mentiroso,/ Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,/ e não parecer bom demais, nem pretensioso.// Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires,/ de sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores./ Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,/ tratar da mesma forma a esses dois impostores.// Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,/ em armadilhas as verdades que disseste/ E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,/ e refazê-las com o bem pouco que te reste.// Se és capaz de arriscar numa única parada,/ tudo quanto ganhaste em toda a tua vida./ E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,/ resignado, tornar ao ponto de partida.// De forçar coração, nervos, músculos, tudo,/ a dar seja o que for que neles ainda existe./ E a persistir assim quando, exausto, contudo,/resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!// Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,/e, entre Reis, não perder a naturalidade./ E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,/se a todos podes ser de alguma utilidade.// Se és capaz de dar, segundo por segundo,/ ao minuto fatal todo valor e brilho./ Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,/ e – o que ainda é muito mais – és um Homem, meu filho!” Texto enriquecedor do qual o leitor sai engrandecido. Composição poética de caráter lírico, composta de estrofes simétricas onde o autor exalta a nobreza de ânimo, a magnitude e a generosidade. Ensinamentos e conselhos que servem de orientação à conduta. Uma lição de decência, decoro e pertinácia. Poesia perfeita, que gera uma carícia doce, uma brisa mansa que afaga o peito em onda de paz. Grande obséquio nos fez Guilherme de Almeida traduzindo esta preciosidade. Roberto e eu falávamos dele como se ele ainda estivesse entre nós. Ele vive sim, através de sua obra. Segundo Platão “o ser humano morre, quando ele começa a ser esquecido.” E nos afirma Adélia Prado: “O que a memória ama, fica eterno. Te amo com a memória imperecível.”
Após estes remígios volto fortalecida à realidade e concluo, o Brasil tem jeito. “Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como o oceano. Só porque existem gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo.” (Mahatma Gandhi) Renovemos as nossas esperanças e vamos acreditar num Brasil liberto onde seriedade e respeito, ética e transparência sejam os principais elementos usados por POLÍTICOS SÉRIOS com grandiosos sonhos e autêntico amor à Pátria. Nossos anseios serão concretizados!!!
ÁUREOS TEMPOS
Vera Maria Viana Borges
Tempos áureos aqueles em que moças e rapazes bem vestidos, circulavam a nossa célebre e amada Praça Governador Portela. Elas iam aos pares de um lado e eles vinham em sentido contrário. A cada volta muitos suspiros e olhares inebriados que faziam acelerar corações. Ingênuos flertes que se transformavam em namoros e na maioria das vezes em casamento. Como tudo era inebriante e belo, prazeroso e romântico! Recordamos com satisfação os suntuosos bailes do AERO CLUBE, com grandes orquestras, especialmente os de Formatura e os das Coroações das Rainhas; as memoráveis e encantadoras serenatas que ecoavam nas madrugadas, os maravilhosos filmes de amor exibidos no CINE MONTE LÍBANO, as tertúlias, os saraus e as partidas de futebol que enchiam de entusiasmo a nossa Bom Jesus e todo o seu povo, arrebanhando as mais animadas torcidas. Como não lembrar, as aguerridas disputas entre Olímpico e Progresso?
O futebol é o esporte mais apreciado, avaliado e comentado no mundo. Acompanhado por milhões de seguidores é marcado por provocações entre as torcidas em relação às goleadas, títulos e posicionamento nos campeonatos. Há grande rivalidade entre os times pela disputa de taças e troféus. Seja na rua com golzinhos, nos quintais, nas quadras, nos campos, é um esporte que causa emoções em qualquer faixa etária. As pessoas gritam, pulam, choram e se alegram mediante o gol contra o time adversário. A torcida vibra, canta hino e solta fogos. De origem inglesa, o jogo da pelota chegou ao país em1895. Charles Miller estudava na terra da Rainha e lá conheceu o futebol e quando retornou trouxe com ele o objeto que se tornaria o símbolo emblemático do nosso país. Foi ele também que trouxe as regras do jogo e mostrou para os seus amigos como jogá-lo. Ele é reconhecido como o pai do futebol brasileiro e teve participação efetiva no primeiro jogo realizado em terra brasileira, que aconteceu na capital paulista em 14 de abril de 1895.
Em Bom Jesus, aos 23 de março de 1914, o Coronel Fernando Lopes da Costa (àquela época Tenente Fernando), Abílio de Castro e outros, fundaram o “OLÍMPICO FUTEBOL CLUBE”, chamado “O GLORIOSO” por suas notáveis vitórias. Clube de lutas, ostentando o Vermelho e o Amarelo dava sempre mostra da garra de seus atletas. Imediatamente põe mãos à obra sua primeira Diretoria: presidente – Pedro Gonçalves da Silva (Coronel Pedroca); vice-presidente – Horácio de Carvalho; secretário – João de Azevedo Matos; tesoureiro – Francisco Teixeira de Oliveira; 2º tesoureiro – Carlos Rodrigues Firmo; procurador – Walter Gomes Franklin; 1º capitão – José de Souza Firmo (Juquinha); 2º capitão – Otis Menezes. Sua primeira equipe foi assim constituída: Chico Fragoso (goleiro), Horácio Moraes, Juquinha Firmo, Dão, João Fraga, Tenente Fernando, Otis Menezes, Cândido Peralva, Walter Franklin, Nilo e Porcino. Entre os ilustres que dignificaram os seus quadros estavam o Dr. Luciano Bastos, Tales Borges de Castro, Joaquim Hooper de Oliveira, Guilherme Mathias, Élbio Tinoco Mathias, José Silva, Benedito Paris, Ismael Melo, Dodô Elias, Afonso Maia, Pedro Santos, Branco, Temildo, Pitota e muitos e muitos outros. Sua primeira Rainha foi a Professora Gisete Barroso. Dentre outras também reinou no GLORIOSO a Senhora Lirinha Mathias.
No primeiro treino do Olímpico, o Tenente Fernando e Juquinha se desentenderam, o que gerou o afastamento de José de Souza Firmino (Juquinha) que se uniu a Antônio de Oliveira Borges, José de Oliveira Borges, José Cabeça Freire, Oswaldo Santos, Pedro Casemiro de Campos, Otis Menezes e outros, que dotados de inteligência, cheios de sonhos considerados inatingíveis se uniram para fundar uma outra associação desportiva. Lançaram a semente! Para que germinasse havia necessidade de uma área para a prática do futebol. José de Souza Firmo incumbiu-se de pedir ao Sr. Carlos de Figueiredo Firmo, seu pai, para que fosse cedido terreno de sua propriedade para o funcionamento da novel instituição. Atendendo ao pedido do filho, iniciou-se o trabalho para as primeiras instalações. Assim no dia 06 de maio de 1914 foi fundado o “ORDEM E PROGRESSO FUTEBOL CLUBE”, tradicionalmente conhecido como “O MAIS QUERIDO” e iniciadas as obras que modificadas ao longo dos anos se transformaram no “ESTÁDIO CARLOS FIRMO”, que recebeu o nome do doador do terreno, na nossa vizinha cidade, Bom Jesus do Norte. Sua primeira Rainha foi Tanquinha, grande entusiasta e incentivadora; promoveu lindas Festas Ciganas, Festas Juninas, sempre no Dia dos Namorados e o Baile das Bolas em que para o ingresso era obrigatório o uso de bolas nos mais variados tecidos dos trajes das elegantes damas.
O primeiro Clube bonjesuense registrado na Federação, foi o “FLUMINENSE FUTEBOL CLUBE” que ostentou o título de “O MAIS SIMPÁTICO”. Seu campo era em terreno do Senhor José Lima, às margens do rio Itabapoana o que proporcionava aos seus atletas agradáveis banhos de rio após os treinos. Ainda hoje, mesmo após ter sido loteado, é comum referir-se ao local como – no “Campo do Fluminense”. Antônio Tinoco de Oliveira, Dário Vieira Borges e Ernesto Saraiva iniciaram suas atividades. Houve uma parada. Joaquim Megre, carinhosamente chamado Coquinho, reativou em 1915 o Clube de que foi Presidente por muitos anos. Samuel Xavier ainda muito jovem foi atleta e mais tarde Presidente. Alair e Nanadir Tatagiba, Dr. Amim, José Tupine, Dr. José Duarte e outros não menos ilustres, dignificaram os seus quadros. Entre as suas Rainhas a ilustre Senhora Maria Áurea Megre Mansur Hobaica. Sua equipe representou o nosso amado Município de Bom Jesus do Itabapoana durante 04 anos em torneios do Estado, tendo jogado em Campos dos Goytacazes, Natividade, Itaperuna e outros Municípios. INVICTO por 06 anos. Hoje, lastimavelmente está desativado.
Além do show de bola no pé, por vários anos os clubes de futebol nos brindaram com desfiles alegóricos de raríssima beleza abrilhantando nossas encantadoras Festas de Agosto. As clássicas partidas movimentavam as duas BOM JESUS. Os estádios ficavam lotados, comparecia a nata da sociedade e a euforia tomava conta de todos. A cada grito de Gol, a alegria de uns e a tristeza de outros. Havia grande rivalidade, valendo até tiros após um certo resultado. O grande e notável advogado Dr. José Moraes Ribeiro que também fez parte da história do nosso futebol, algumas vezes precisou atuar em defesa de alguns mais exasperados.
Exaltamos as torcidas que tanto vigor emprestaram aos grandes atletas quer do “Glorioso Olímpico”, do “Mais Querido Ordem e Progresso” e do “Mais Simpático Fluminense” que promoveram vibrantes espetáculos nos ESTÁDIOS de nossa cidade.
OLÍMPICO e PROGRESSO, atuantes, prosseguem causando emoções, continuam escrevendo com maestria a história do futebol bonjesuense. Aplausos a estes gigantes!!!
VOCÊ SABE DE ONDE EU VENHO?
Vera Maria Viana Borges
O tempo voa! Há 70 anos bombas atômicas foram lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki com consequências catastróficas que foram além da morte. Após os dois ataques o Japão se rendeu e finalmente terminou a Segunda Grande Guerra. Terríveis anos! Meu Deus!!! Os noticiários evidenciaram e pus-me a divagar… Primeiramente recordei as magistrais aulas de HISTÓRIA da admirável, MESTRA MAIOR, Maria Apparecida Dutra Viestel. Depois fui além… Aos vinte e nove dias do mês de junho de 1944, em plena guerra, em meio a tantas amarguras para tantos brasileiros que pagaram altíssimos tributos, inclusive com suas vidas, numa pequenina vila, tranquila, de monte azul, serra azulada, fértil em cultura e patriotismo, tive o nascedouro, pude lá ver a luz primeira. Acredito tenha sido embalada com a “Canção do Expedicionário”. O único meio de comunicação era o rádio que por certo a entoava frequentemente. Ainda hoje a trago gravada na memória e sinto ouvir na terna e doce voz de minha querida mãe, os versos de Guilherme de Almeida na melodia de Spartaco Rossi. Transcrevo-a na íntegra, perguntando, estaria aí a fonte do meu tão grande amor à Pátria e às Letras? “CANÇÃO DO EXPEDICIONÁRIO (Guilherme de Almeida-Spartaco Rossi) Você sabe de onde eu venho?/ Venho do morro, do engenho,/ Das selvas, dos cafezais,/ Da boa terra do coco,/ Da choupana onde um é pouco,/ Dois é bom, três é demais,/ Venho das praias sedosas,/ Das montanhas alterosas,/ Do pampa, do seringal,/ Das margens crespas dos rios,/ Dos verdes mares bravios/ Da minha terra natal./ ESTRIBILHO: Por mais terras que eu percorra,/ Não permita Deus que eu morra/ Sem que volte para lá;/ Sem que leve por divisa/ Esse “V” que simboliza/A vitória que virá:/Nossa Vitória final,/ Que é a mira do meu fuzil,/A ração do meu bornal,/A água do meu cantil,/As asas do meu ideal,/A glória do meu Brasil.” Seguem as três últimas estrofes: “Eu venho da minha terra,/ Da casa branca da serra/ E do luar do meu sertão;/ Venho da minha Maria/ Cujo nome principia/ Na palma da minha mão,/ Braços mornos de Moema,/ Lábios de mel de Iracema/ Estendidos p’ra mim./ Ó minha terra querida/ Da Senhora Aparecida/ E do Senhor do Bonfim!// Você sabe de onde eu venho?/ É de uma Pátria que eu tenho/ No bojo do meu violão;/ Que de viver em meu peito/ Foi até tomando jeito/ De um enorme coração./ Deixei lá atrás meu terreno,/ Meu limão, meu limoeiro,/ Meu pé de jacarandá,/ Minha casa pequenina/ Lá no alto da colina,/Onde canta o sabiá.// Venho do além desse monte/ Que ainda azula no horizonte,/ Onde o nosso amor nasceu;/ Do rancho que tinha ao lado/ Um coqueiro que, coitado,/De saudade já morreu./ Venho do verde mais belo,/ Do mais dourado amarelo,/ Do azul mais cheio de luz,/ Cheio de estrelas prateadas/ Que se ajoelham deslumbradas,/Fazendo o sinal da cruz!”
O misto de dor, amor e fé, na beleza dos inconfundíveis versos que me embalaram faziam a associação vital de vários elementos diferentes que poderiam resultar em perfeita simbiose gerando esta minha alma poeta. Na minha terra vicejam as mais belas rosas, devendo-se à exuberância das mesmas, o seu delicado nome, ROSAL. Ela tem clima de montanha, que por sua amenidade garante o mais salutar aspecto. Distando de Bom Jesus apenas trinta e dois quilômetros, é um convite permanente para a deliciosa temperatura proveniente de seus 420 metros de altitude.
Àquela época já não eram apenas rosas, havia muitos ESPINHOS: a guerra, combatentes, desertores que por cafezais, serras, morros, se embrenhavam e se escondiam. Cândido Diniz já lutava na Itália, Ernesto Lumbreiras patrulhava o litoral brasileiro na região de Campos. Falavam à boca-pequena, de um rosalense que fugira do “quartel”, vindo do Rio de Janeiro a pé, seguindo os trilhos das Estradas de Ferro… Era muito o sofrimento daqueles familiares que repetiam: “se correr o bicho pega, se parar o bicho come”.
Já havia muito tempo, corações aflitos sofriam os terrores da guerra. Rogavam aos céus pelos irmãos assolados pelos horrores por que passavam. O Natal de 1942 foi comemorado num clima de alegria e tristeza, conforme noticiou o jornal “A Voz do Povo” de 09 de janeiro de 1943 através do nosso correspondente, o saudoso Haroldo Pani: “Embora tendo n’alma um misto de alegria e tristeza, Rosal comemorou condignamente o Natal. Alegria pela passagem da data que marca o maior acontecimento da História – o advento do Redentor. De tristeza, pela ideia, embora pálida, do sofrimento dos seus semelhantes assolados pela terrível guerra. Assim fez subir aos Céus rogos e preces cheios de fervor pelas viúvas e órfãos, sem lar e sem pão… Pela madrugada, houve a tradicional ladainha; ao meio dia, interessante e animado programa das crianças do Catecismo da Igreja Católica, competentemente dirigidas pela senhorita Zilah Almeida e Madame Euzequias Tito de Almeida. A Igreja se achava lindamente ornamentada e o presépio caprichosamente armado; também houve distribuição de doces às crianças tirados de bonita árvore de Natal.
As firmas comerciais “Irmãos Figueiredo” e “Irmãos Alt”, distribuíram fazendas, cobertores e víveres aos pobres. Também muitas famílias fizeram, na intimidade do lar, donativos aos necessitados.
A Sociedade Auxiliadora Feminina da Igreja Evangélica realizou brilhante festividade, à noite, no Templo. A assistência apesar da chuva reinante, foi enorme, enchendo literalmente o vasto recinto. O programa constou de modesto discurso alusivo à data pelo presbítero Guilherme Figueiredo, de lindos coros sacros competentemente regidos pela Senhora América Alt Macedo, de diálogos, monólogos e poesias pelas crianças da Escola Dominical e de farta distribuição de “frutos” da belíssima árvore de Natal que constituía o enlevo e regalo da petizada e… até dos marmanjos também…”
Naquela ocasião, muitos gêneros de primeiríssima necessidade, como sal, açúcar, querosene, gasolina chegavam mediante cotas mensais, e não sendo suficientes para suprir a necessidade de todos os consumidores, passaram a ser objeto de câmbio negro. As crises nacionais e internacionais ecoavam no mundo, no Brasil e também na pequenina Rosal.
“Tudo passa sobre a Terra”, escreveu, genialmente, o escritor José de Alencar, finalizando o seu livro: Iracema. Setenta anos após, apesar das trágicas lembranças continuarem vivas, Hiroshima e Nagasaki, reconstruídas, se transformaram em cidades modernas, desenvolvidas, com árvores, prédios, pessoas circulando, carros, como quaisquer outras. Tudo passou, restaram apenas estes registros de inquietações, angústias, seguidos de momentos de felicidade, sonhos e ideais; de dificuldades seguidas de muitas conquistas.
“O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” Esta citação é bíblica, portanto verdadeira. Estamos em plena Festa de Agosto em clima de alegria e descontração. Em Rosal também a realidade graças a Deus é outra, não se fala mais de CHORO e sim de “Chorinho”, do Tradicional Festival de Chorinho & Sanfona que atrai cada vez mais rosalenses ausentes, bonjesuenses, pessoas de todo o Vale do Itabapoana e turistas de todas as partes. Milhares de pessoas se reúnem para desfrutar da boa música e das delícias da culinária local, lá na Vila de onde vim, aquela Vila tranquila, de monte azul, serra azulada, fértil em cultura e patriotismo.
MEMÓRIAS DE UM EX-COMBATENTE
Vera Maria Viana Borges
Na Europa ocorria a maior conflagração da História da Humanidade. Iniciou-se com a invasão da Polônia pela Alemanha hitlerista a 1º de setembro de 1939, prosseguindo na Europa até a capitulação alemã a 7 de maio de 1945 e na Ásia até a rendição do Japão a 2 de setembro de 1945. Da coligação aliada contra a Alemanha, a Itália e o Japão, participaram a França, URSS, EUA, o Reino Unido e outros países, entre eles o Brasil.
No Brasil, a reação contra o nazismo, iniciou-se em 1942, embora limitando-se apenas aos meios intelectuais. Entre janeiro e maio de 1944, soldados convocados, eram preparados e em julho partia o primeiro escalão, que chegou a Nápoles no mesmo mês. A guerra deixou de ser algo distante para o povo brasileiro. Lenta e insidiosamente chegou às costas do Brasil, destruindo vidas de pacíficos homens de trabalho que nada tinham com a guerra. O Brasil enfrenta a agressão! Dolorosas as despedidas! Famílias dizimadas pela dor, corações que sangravam, gemidos de dor que dilacerava o peito, choros, lágrimas, desespero… Lenços se acenavam em despedida… Familiares, namoradas, vizinhos, amigos, colados aos rádios, na ânsia daqueles terríveis comunicados… Foram com eles a paz de muitos corações, dos pais e irmãos que aqui ficaram em total desolação.
De Bom Jesus partiram – Altayr Fraga Campos, Álvaro Borges Barbosa, Boaventura Pedrosa, Cândido Diniz (Rosal), Clito Soares Barroso, Isaac de Souza (Carabuçu), João Avelino dos Santos, João Soares Pimentel, José Basílio da Silva, Jorge Jabor, Luís Capácia (Rosal), Moacir R. do Carmo, Manoel Zanon, Nestor Queirós, Nilo Escudino, Paulo Moreira, Paulo “Capitulino” Terra, Ricardo Vieira Chaves e Romil Laurindo Neto, bravos soldados, lutadores pela liberdade mundial.
Nilo Escudino estava no Exército e não obteve baixa devido às críticas circunstâncias que envolviam o mundo. Todo o contingente ficara de prontidão nos quartéis aguardando os acontecimentos e quando o Brasil decidiu entrar na guerra, já havia três anos que ele e muitos companheiros estavam lá e ainda ficaram mais 1 ano, 1 mês e vinte dias… Pediram para vir despedir das famílias. Foram concedidos três dias: um para vir, outro para ficar e o terceiro dia para voltar. Alguns não retornaram, foram muitos os desertores. Era frequente ouvir dizer na época: “Ou mato, ou morro”, não nos campos de batalha naturalmente, mas referindo-se a esconderijos em matas e morros… Muitos fugiam dos próprios quartéis, durante a noite. Apelidaram o lugar das fugas, por onde saíam, de “Capitão Pula”.
No dia do embarque, o segundo escalão saiu da Vila Militar, em Deodoro, em direção ao Cais do Porto, de trem, em comboio fechado para que não fossem vistos pelos “Quinta Colunas”, que comunicavam aos inimigos tudo o que se passava. Para entrar no navio foram escoltados por soldados armados de metralhadoras, que formavam um corredor. Permaneceram ancorados por três dias, aguardando ordens. Para o cerimonial de despedidas, esteve presente o Presidente Getúlio Vargas, que assim iniciou o seu pronunciamento: -Brasileiros! Deus vos acompanhe…
O navio seguiu escoltado por dois “destróieres”, um de cada lado, um “porta-aviões”, um “submarino”, um “encouraçado” que abria o caminho e mais navios de pequeno porte. Foram perseguidos por submarino e ficaram de prontidão aguardando para se atirarem com botes salva-vidas ao mar, caso o navio fosse torpedeado. Bombas de profundidade foram usadas em defesa deste ataque; tambores eram rolados em rampa nos convés, explodindo a quinhentos metros do navio que fazia média de 60 milhas por hora. Tremia tudo! Parecia maremoto… Só se via céu e água. Quinze dias e quinze noites de angústia, medo, pavor e tormento. A comida era americana, enlatada, por sinal muito boa. Do Brasil, só banana e laranja. Às dezoito horas, fechavam o convés e muitos dispensavam o jantar, procurando locais mais frescos, próximos às geladeiras, pois o calor era de matar, chegando a mais de cinquenta graus. Morreram oito na viagem e muitos desceram em padiolas, com pneumonia e outros problemas. Os que morriam, recebiam as honras militares: cantava-se o Hino Nacional, o Coronel homenageava com um discurso e o corpo envolto na Bandeira Nacional era lançado ao mar, por uma rampa, em caixão de tela.
Éber Travassos, de Itaperuna, ficou muito mal durante a viagem, com um furúnculo no peito do pé. Ele era muito gordo e o calor muito intenso. Com muita febre, insistentemente pedia ao Nilo Escudino que se ele morresse, contasse à sua família o que lhe acontecera. O Nilo, vendo-o realmente numa pior, resolve encorajá-lo: – Realmente acho que você deverá morrer, mas se isto não lhe acontecer e eu morrer, por favor, faça o mesmo. O bonjesuense Paulo Moreira era enfermeiro, foi atingido por um morteiro, na porta do Hospital, em Porretta Terme, juntamente com mais vinte e um companheiros, sendo dois brasileiros, dezoito americanos e dois italianos. O Nilo recebendo um telefonema de um amigo relatando a morte de seu conterrâneo, pediu que esperassem e viajou aproximadamente cem quilômetros para ir ao enterro; fotografou e trouxe a fotografia para a sua veneranda mãe, D. Alice. Foi sepultado na 5ª Cruz do Cemitério de Pistóia.
Assistiam missas todos os domingos e tinham momentos de descontração. Jorge Jabor e amigos tocavam violão formando até improvisados conjuntos musicais. Ele era motorista e levou o seu chefe ao Vaticano. Todos se beneficiaram da bênção do Beatíssimo Padre, Papa Pio XII.
O retorno ao Brasil verificou-se entre 6 de julho e 19 de setembro de 1945, em cinco escalões de embarque. Tornaram-se heróis e voltaram, graças a Deus, bem saudáveis, apesar de muitos mutilados e inúmeros neuróticos de guerra. Outros passaram anos sepultados no cemitério de Pistóia e suas cinzas foram trazidas para o Brasil e colocadas na cripta do Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no aterro da Glória, Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro, a 5 de outubro de 1960. Os expedicionários foram agraciados com Medalhas e Diplomas pela habilidade e disciplina no teatro de operações da Itália, e outras condecorações, além de incorporados a Regimentos, licenciados do Serviço Ativo, ingressando na Reserva do Exército Nacional.
Em Bom Jesus o LIONS CLUBE e a Prefeitura Municipal, Administração do Prefeito Adílio Teixeira Pimentel, fizeram erigir um Monumento, no Jardim, defronte ao Edifício da Prefeitura, em homenagem aos heróis bonjesuenses ex-combatentes integrantes da FEB.
O Expedicionário Paulo Moreira, 3.º Sargento, enfermeiro, que emprestou seu sangue pela paz mundial, herói nacional, é nome de rua em sua terra natal, e sua família recebeu a Medalha de Campanha, Sangue do Brasil e Cruz de Combate da 2.ª Classe. DESFILARAM SOB APLAUSOS APOTEÓTICOS OS SOLDADOS DO BRASIL – EXCEPCIONAIS E INDESCRITÍVEIS AS VIBRAÇÕES DO POVO DIANTE DAS TROPAS NA VOLTA GLORIOSA.
MAURÍCIO CARDOSO FARIA
Vera Maria Viana Borges
Segunda-feira, primeiro de junho, diante do Computador para iniciar estes escritos, resolvo dar uma passadinha pelo FACE e deparo-me com uma foto postada pela nobre e muito digna poetisa Regina Coeli, membro da Academia Itaperunense de Letras onde outro não menos nobre, o acadêmico, Carlos Braga, homenageava o nosso POETA MAIOR – MAURÍCIO CARDOSO FARIA, com data de 29 de maio do corrente ano e, com olhar assustado, perplexo, não querendo acreditar, em lágrimas, pude constatar – IN MEMORIAM. Arrepiei. Gelei. Não pude me conter e desandei a procurar notícias… Na página da ACIL, a notícia difusa, segura, pertinaz e dolorosa do seu falecimento no dia 29. Alçou o seu “voo”, deixando-nos rico e grandioso legado no final de maio e foi juntar-se ao coro celeste para o encerramento do mês de Maria.
Membro efetivo e fundador da Academia Itaperunense de Letras, ocupante da Cadeira 39, que tem como Patrono Nacional o magnânimo escritor Érico Veríssimo e como Patrono Regional o ilustre Ruy Buarque de Nazareth. Bacharel em Direito e Licenciado em Letras Clássicas (português, latim e grego). Pós-graduado em Docência Superior tendo exercido o magistério por muitos anos em Niterói e nos últimos tempos em Itaperuna. Autor de quinze obras de cunho didático e literário, além de muitos e muitos textos publicados em revistas e jornais. Emérito Professor de Português, autor de uma excelente GRAMÁTICA preparatória para vestibulandos.
Mais um sonetista parte para a Casa do Pai, agora ele verseja aos pés de DEUS. Enquanto entre nós, ele dizia sobre o Soneto: “Verdadeira obra de artesanato poético, vestindo miragens, sonhos ou visualizações da vida, quando os vates, ao se permearem de inspiração, transpõem o real e o lúdico, para se projetarem no quase maravilhoso. Dizer que a sua forma limita o seu criador, pelos ritmos, pela métrica, pela rima, é desconhecer o domínio possível do poeta sobre o verso. Em verdade parece-nos que a liberdade formal a que tanto aspiram os poetas, é apenas mais uma propositura da arte poética para eles. Mais um caminho. Mais um. O soneto, de fato, não limita formalmente a criação, pois, quando ela é exuberante, avassaladora amolda-se à forma, emergindo da capacidade de o artista libertar-se… mesmo contido.” Como Maurício Cardoso, sou também apaixonada pelo SONETO (Poesia Clássica devidamente metrificada e rimada, agrupada em dois quartetos e dois tercetos). Num apelo crescente, imploro aos professores de Português: Ensinem Versificação aos seus alunos, não deixem o Soneto morrer.
O Soneto foi constante na trajetória poética do poeta. O ourives da palavra deixou-nos filigranas de rara beleza como no registro que faço a seguir, página 56 do livro “AREIA DE MARÉ BAIXA” (100 sonetos escolhidos): A RESPOSTA/ Quando cansado e rebaixada a fronte,/ já que em cansaço venho ao torvelinho,/ procuro uma oração, subindo ao monte,/ como ensinou o Mestre do Caminho./ Então me integro ao rubro do horizonte,/ quando o poente cresta-se em cadinho,/ a misturar nuances e, defronte,/ prepara para o dia um novo ninho./ E genuflexo eu tento orar a Deus,/ em súplica de rumo aos dias meus/ na prece que Lhe envio em solidão./ Mas me parece ouvir, do monte à encosta,/ a Voz das vozes dando-me a resposta:/ “perdoa e ajuda e estende a tua mão”. Após este esplendoroso texto ele deixou a seguinte epígrafe: “Crer é cambiar-se nas cores do arco-íris, como em palheta do Pintor Maior.” Um esteta autêntico que buscava Beleza e Perfeição em cada escrito. Com excepcional sensibilidade atribuída aos sábios e poetas era mestre da palavra e a manipulava com extrema elegância e intensa graciosidade, com profundeza nos conceitos e incomum domínio linguístico. Um MESTRE. Sua dedicação, sua cortesia, seu trato com o semelhante era algo edificante. Sua lembrança permanecerá, pois nem mesmo a morte pode calar o canto do poeta, ficará indelével em nossos corações. Sua obra não se dissolverá, pelo contrário deitará rebentos e desenvolver-se-á em novas gerações produzindo muitos frutos. Deleite-se, caro leitor, com seus maviosos versos:
SONETO EM PRECE
Senhor, a madrugada é o meu missal,
os pássaros as vozes de um coral
de cantochões nas folhas que farfalham
às vibrações etéreas que agasalham.
Aqui oro consciente, – anseio o sal
da terra ser, entoo os hinos – mal
eu me concentro meus sentidos falham,
quedo-me ao chão e as minhas mãos se talham.
Ó Mestre, eu não me queixo dos abrolhos,
e me lanhar o rosto, desta festa
de dor e angústia a salobrar meus olhos.
Eu só quisera orientar-me, ó Luz,
pela coroa que te fere a testa,
pelo perdão que deste numa cruz.
Irrepreensível modelo, este amado Amigo-Poeta. MAURÍCIO CARDOSO FARIA! Nome que soa como uma suave canção, e que foi e sempre será um perfeito, belo e inigualável POEMA! Descanse em paz, meu tão estimado poeta!!!
OS BORGES MOVIMENTARAM A BARRA
Vera Maria Viana Borges
De olhos fixos num passado longínquo deparamo-nos com o jovem casal Antônio José Borges e Bárbara Roza Teixeira, os primeiros fazendeiros da Barra, vindo ocupar este território. Viam crescer a numerosa prole em meio à fartura proveniente de seu trabalho na terra. Providenciaram alguém para que ensinasse leitura, contas, conhecimentos gerais. O primeiro professor foi João Samarão, vindo da região do Rio Doce. Fixou residência na Barra onde dava aulas particulares e ainda percorria a região dando aulas nas fazendas. O segundo professor Joaquim Teixeira de Siqueira Magalhães que fora educado, no Seminário de Mariana-MG, era professor de letras e de música. Fundou em sua fazenda uma banda de música com 20 participantes, denominada Banda Quinca Magalhães. Seu filho Tatão Magalhães é o autor do belíssimo dobrado – “TEIXEIRA BORGES”. Posteriormente a grande educadora D. Olga Ebedinger e não podemos olvidar a queridíssima mestra Zandir Oliveira Fitaroni, abnegada que lecionava à noite em sua casa à luz de lamparina. Como Deputado e Prefeito de Bom Jesus, o dileto filho José de Oliveira Borges muito contribuiu para a educação de seus conterrâneos lutando pela criação da Escola Francisco Borges Sobrinho onde por anos a fio esteve à frente, a nobre, doce e talentosa Professora Noêmia Teixeira Borges. Meu marido foi aluno de Dona Noêmia, vinha do Sítio BOM RETIRO galopando no cavalo Castanho e sempre era advertido pelo Senhor Elias Moraes Borges para que não corresse tanto.
Passou o tempo e Bárbara Teixeira dos Reis herdou as terras. Muito religiosa, vinha em seu cavalo “Balão Branco” a Bom Jesus estar com o Padre Mello para encomendar missas para a comunidade. Eram realizadas em sua residência ao lado de onde hoje é a Igreja e ali também faziam novenas e orações, fatos estes presenciados pelo grande líder barrense Jarbas Teixeira Borges. Ela doou o terreno para a construção da Igreja e por ser muito devota de Santa Luzia, a Santa protetora dos olhos tornou-se a padroeira do lugar. Loteou e vendeu os terrenos a particulares. A primeira casa construída foi de Antônio Teixeira Borges.
Após a ponte sobre o Pirapetinga, na Fazenda da Cachoeira do Itabapoana, residiam o Senhor Manoel Vieira Seródio e Dona Maria Frias Seródio. Com o falecimento do casal, parte da Fazenda foi herdada pelo Senhor Oliveiro Seródio casado com D. Nenzinha, Maria José Teixeira Borges, progenitores do médico e festejado Poeta Dr. Ayrthon Borges Seródio. Foram eles os doadores do terreno para o Cemitério do hoje 7º Distrito de Bom Jesus do Itabapoana.
Elias Moraes Borges, o Liá e sua esposa Morena, nossos primos e diletos padrinhos de casamento, acolhiam os tropeiros e carreiros com muita simpatia. Arranchavam-se em sua propriedade, onde soltavam os animais e pernoitavam. Os Borges movimentavam o povoado. Hamilton Borges teve uma Loja de Tecidos. O Djalma Borges, farmacêutico que atendia a toda a região, ainda à noite, muito cortês, permanecia na Farmácia onde as famílias se reuniam para um dedo de prosa. Lembro-me do Bar do Francisco Teixeira Magalhães, parada certa do ônibus da minha querida Rosal, onde se saboreava picolés, refrigerantes e pastéis de queijo ou de palmito com carne moída, quentinhos, fritos na hora por sua esposa D. Geralda. Também ali foi sempre ponto de encontro dos Borges, após o futebol, após as ladainhas ou quaisquer outros eventos. E eles digeriam ali os acontecimentos mais recentes.O primeiro Rádio também foi de um Borges. Chegou o rádio com a pilha maior que o próprio aparelho receptor e todos se reuniam na casa do Senhor Antuninho Borges para ouvir músicas, novelas, as divertidas propagandas e as notícias, até a pilha esquentar, porque quando esquentava começava a chiar acabando a festa.
Messias Borges Ribeiro, nascido em 1889, desde criança fazia manteiga na garrafa e assim fez por anos a fio. Com seu falecimento no ano de 1945 seus filhos continuaram fazendo a Manteiga Ribeiro. Em 1947, o filho mais novo Antônio José Borges, assumiu o negócio, adquirindo uma desnatadeira. Com a criação da Cavil (Cooperativa Agrária Vale do Itabapoana), um de seus irmãos, o Francisco Borges dos Reis foi convidado para trabalhar na referida Cooperativa, confeccionando a manteiga da mesma forma que fazia na “Manteiga Ribeiro”, resultando no deliciosíssimo produto que até hoje faz tanto sucesso, tendo conquistado o prêmio de “Melhor Qualidade de Manteiga da América Latina” no ano de 1990. E não para por aí o dinamismo do Antônio, caçula da Malica. A Fábrica de Doces produzia doce de leite, goiabada, marmelada e mariola entre os anos de 1952 e 1958. O marmelo era fornecido por uma empresa de doces de Leopoldina que entregava a polpa em todo o norte fluminense. No período de 1952 a 1962 era ele, Antônio, quem fornecia a iluminação para a vila e moradores, através da Usina Santo Antônio. A energia era gerada pelo Córrego Pirapetinga. Em 1964, a Granja “A Carijó”, a todo vapor tinha entre pintos, frangos e galinhas, 1200 aves, produzindo em média 500 ovos por dia. A Barra ainda contava com uma Olaria com grande produção de tijolos e telhas.
O Folclore riquíssimo era destacado pelas Folias de Reis, pelo Caxambu, pelo Boi-Pintadinho e pelas Festas Juninas dos deliciosos pés de moleque, das broas, dos balões, busca-pés, das quadrilhas, do casamento do Jeca, com um bom sanfoneiro ao redor de grandes fogueiras.
Os meios de transporte a princípio eram as tropas, cavalos, carroças, carros-de-bois e posteriormente a Viação G. Figueiredo & Cia, seguida da AutoViação Rosal, hoje a Empresa Viação Santo Antônio.
Para o belo artesanato, as linhas eram fiadas pelas próprias artesãs que enrolavam o algodão para fazer os fios, ou elas usavam o barbante que fechava os sacos de açúcar. E surgiam das mãos habilidosas as mais lindas pérolas, obras de arte em crochê, frivolitê, tricô; além do bordado em richelieu, do fuxico, e das belíssimas colchas de retalhos.
No futebol, a União Barrense, vasto acervo de craques que alegravam as tardes domingueiras. Fundada em 18 de agosto de 1916 por Joaquim Teixeira Borges e Manoel Bonifácio Alves, o Nenzinho Carreiro. Faz parte da Liga de Desportos de Bom Jesus. Tem sede própria e o terreno para sua construção foi doado pelo Dr. Francisco Ferreira de Moraes. Atualmente conta com o entusiasmo e eficiência do administrador Manoel Florêncio da Rosa, outro Nenzinho e do Embaixador dos Borges na Barra, o ex-vereador Jarbas Teixeira Borges.
Maria Cristina Borges, filha do saudoso “Antônio da Malica”, tem se movimentado organizando confraternizações entre os membros da Família e já é sucesso o “CAFÉ COM PARENTE” que vem robustecendo a união entre parentes e afins.
Os Borges continuam movimentando a BARRA, assim como o nosso amado Município, logradouros diversos do Brasil e até Portugal onde têm buscado novos parentes, desenrolando e resgatando a História da tradicional Família.
OS BORGES E EU
Vera Maria Viana Borges
A História depositada no repositório fiel da memória, aflora em lembranças e podemos revivê-la em flashes de doces recordações. Celebrar o amor, a fraternidade, é sinal da Presença de Deus, sinal de carinho, fidelidade, renúncias e muitas alegrias por anos afora partilhando a graça e a beleza de se ter uma família, de sermos caminhantes de mãos dadas em busca de um mesmo destino. A minha ligação com os Borges aconteceu na infância quando Anacleto José Borges consorciando-se com D. Elzira em suas segundas núpcias, foi se estabelecer em Rosal, minha adorada terra. Muito simpático, tinha uma venda e se tornou amigo de todos da vila. Não me lembro dele lá, eu devia ser bem novinha mas diziam que ele sempre brincava: “eu tenho um neto que vou casar com esta menininha.” Depois, ele veio morar em Bom Jesus onde faleceu em 1953. Soube muito dele por minha mãe, que sempre fazia menção às suas histórias.
Com dez anos, mudamo-nos para Bom Jesus. Visitamos o Calvário e posteriormente fomos ao Cemitério. Vendo a foto do Senhor Anacleto em um dos túmulos, mamãe parou para fazer orações por sua alma, e eu, curiosa subi na calçadinha à volta da sepultura de granito preto para ler o que se registrava na lápide, ao descer bati o joelho direito na quina da dita calçada o que ocasionou profundo corte. Ainda guardo a cicatriz, fui marcada ali pelos Borges. Não conhecíamos seus familiares. Quis o BOM DEUS nos aproximar e aos doze anos conheci José Roberto, neto do Senhor Anacleto. No soneto que segue, página 07 do meu livro “TRILHAS POÉTICAS”, narro a história do belo amor que nos uniu: Nós, aos doze e quinze anos, desde a infância,/Unimo-nos em bom, forte ideal,/Enamorados, firmes, com constância,/Julgamos nosso amor ser imortal./Do caminhar ficou suave fragrância/De rosas do mais belo roseiral,/Amamo-nos em toda circunstância,/Na calmaria e até no vendaval./O antigo afeto, bem aconchegante,/À proporção que o tempo foi passando,/Mais e mais nos unia a cada instante./Não haverá mortal que apaixonando/Possa amar a tal ponto que suplante,/O nosso amor que vai se renovando.
Bolivar Teixeita Borges, meu sogro, austero homem de princípios, bom esposo, pai sensível, avô dedicado, amante de uma boa prosa, gostava de contar os casos de antanho, as histórias vividas na primeira quadra de sua vida. Relatava e eu ávida, ouvia atentamente, inclusive registrando em dezenas de páginas e até mesmo em gravações, que resultaram em parte do meu livro intitulado “Das Brumas do Passado”.
Mergulhando nos vórtices do tempo deparamo-nos com os Borges oriundos de Portugal, aportando nas Terras de Santa Cruz, este Brasil alvissareiro e belo que tanto nos seduz. Fixaram-se em São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Francisco José Borges, o grande patriarca ficou em Uberaba-MG. Resolveu adquirir terras em Goiás e para lá se dirigiu com agregados e pertences. A tropa viajava longas distâncias, cerca de 18 a 20 Km por dia. Após meses vislumbrou o encantado sonho, a chegada juntamente com a mulher e o único filho, Antônio José Borges. Cismado, começa a observar a região onde encontrou uma população “papuda”. Perguntou a um escravo o porquê de tantos “papos” e ele prontamente lhe respondeu: Nhonhô, aqui quem não tem papo é aleijado. Ele parecendo ver “papo” até nos paus, juntou a família com tropa e tudo e retornou a Minas Gerais, desta feita, para a localidade de Dona Euzébia. Ficando viúvo, Francisco José Borges (com apenas um filho, Antônio José Borges, chamado pelos íntimos de Borginho) contrai segundas núpcias com Anna Roza Teixeira (filha de Francisco Teixeira de Siqueira e D. Felicíssima) advinda de dois casamentos, tendo duas filhas do primeiro matrimônio e uma filha do segundo, Bárbara Roza Teixeira.
Após o falecimento de Francisco Teixeira de Siqueira, pai de Anna Roza, ocorrido em 03 de dezembro de 1855, dez de seus quatorze filhos vieram aqui para estas distantes plagas, atraídos pela fama das terras. Nessa época trouxeram as relíquias da Coroa do Divino Espírito Santo. Dentre eles estava o Patriarca Francisco José Borges e sua esposa Anna Roza Teixeira.Vendendo a Fazenda em Minas aqui chegaram em 1856, adquirindo terras do Alferes Francisco da Silva Pinto. Francisco José Borges instalou-se na Braúna, tomando posse de cerca de 2000 alqueires, compreendidos da Vertente do Arraial Novo, Serônia, Sacramento, Fazenda do Leite, atualmente Pavão, Braúna, até mais ou menos 100 metros após a Ponte da Lagartixa.
Borginho, filho de Francisco estava com 15 anos e Bárbara filha de Anna Roza contava apenas 12 anos. Seus pais autorizaram o enlace das crianças Borginho e Bárbara, oferecendo-lhes o dote de 1000 alqueires, e o tão jovem casal veio para a Barra do Pirapetinga. Os primeiros fazendeiros da Barra, Borginho e Barbinha, como eram carinhosamente chamados foram abençoados com os seguintes filhos: Messias Borges Ribeiro, Minervina Petronilha Borges, mais conhecida como Vivina, Antônio Borges Ribeiro, Maria Borges Ribeiro, mais conhecida como Neném, Jovita Umbelina Teixeira, Francisco Borges Sobrinho, Tertuliano Borges Ribeiro e Lília Borges Ribeiro. Somente a Lília não deixou descendentes.
A esta época Francisco José Borges tinha o filho Borginho do primeiro matrimônio e já mais dezoito filhos do segundo, sendo que dos dezoito, quatro, um homem e três mulheres casaram-se em Dona Euzébia. Com a morte da esposa Anna Roza, mais uma vez viúvo, inconformado e só, resolveu ir visitar os familiares em Minas Gerais. Indo a cavalo, cansado e sorumbático, ao passar por Patrocínio do Muriaé, viu uma donzela lavando roupas num córrego, aproximou-se e pediu-lhe água. Ela o convidou para entrar e serviu-lhe também um cafezinho. Conversaram e ato contínuo ele a pediu em casamento. Deixou o casório tratado para daí a trinta dias. Francisco José Borges e Maria Carolina Borges já vieram casados e desta união nasceram: Anacleto José Borges, Ernesto José Borges e Messias José Borges. Ao todo teve vinte e dois filhos. Parece que ele queria mesmo povoar a localidade. Seus filhos iam se casando e se multiplicando, os Borges foram formando novas famílias, agregando Reis, Teixeira, Magalhães, Alves, Viana, Moraes e uniram-se a muitas e muitas outras famílias continuando o ciclo da vida.
Anacleto José Borges casou-se com Maria Leopoldina Teixeira aos 19 de fevereiro de 1886. Um de seus filhos, Bolivar Teixeira Borges no dia 22 de julho de 1933, desposou Leonor Alves Borges (cerimônia realizada pelo Padre José Jardim de São Pedro do Itabapoana, pois Padre Mello estava adoentado). Tiveram três filhos: Maria Apparecida, Eliézer e José Roberto. José Roberto e eu nos casamos em1970. Deus nos abençoou com Sávio, nosso dileto filho e com a querida netinha Helena.
Os Borges foram construindo a história da Barra, uma Barra de gente simples, mas de famílias extremamente unidas, nas quais sempre reinou ambiente de princípios morais e religiosos muito sólidos, demonstrando nas atitudes boa formação e riqueza interior.
PROGRESSO! PROGRESSO!
Vera Maria Viana Borges
Há miudezas que povoam a nossa memória que são dignas de histórias grandiosas para os que as presenciaram, para os que vieram após nós e para os que ainda hão de vir: o nosso folclore riquíssimo, destacado pelas coloridíssimas Folias de Reis, pelo Boi-Pintadinho e pelas Festas Juninas dos deliciosos pés de moleque, das broas, dos balões, busca-pés, do Casamento do Jeca e das grandes fogueiras. No final da década de 50 e início dos anos 60, residi nas imediações da atual Rodoviária de Bom Jesus do Norte e pude viver momentos mágicos e magistrais nas festas juninas no Campo do ORDEM E PROGRESSO, sempre no Dia dos Namorados quando os casais apaixonados participavam de animadas Quadrilhas. Com meu acordeão toquei algumas delas e nosso amigo João Batista Assad Tavares, Diretor Comercial do Jornal “O NORTE FLUMINENSE”, num daqueles inesquecíveis anos, foi o noivo do Casamento do Jeca. Tal é meu encantamento pelo município que lhe compus uma música cujo refrão aqui transcrevo: “Bom Jesus, terra boa, meu tudo,/ De céu lindo inundado de azul./ O seu nome tem “Norte” e contudo/ É uma estrela que brilha no Sul.”
Honrou-me sobremaneira, anos após, por ocasião das comemorações alusivas ao nonagésimo aniversário, quando foi lançado o CD do Mais Querido, a solicitação do Presidente João Carlos de Campos Catharina, para que eu produzisse um texto narrando a História e as Glórias do referido Clube. Atendi prontamente e entre Pompas e Circunstâncias em noite de gala, no dia 06 de maio de 2004 foi narrado por Lisandro de Ferrão, como segue: Corria o ano de 1914! Enquanto na Europa era deflagrada a I Grande Guerra, época de grandes conflitos, no sul capixaba, seis jovens bonjesuenses, Antônio de Oliveira Borges, José de Oliveira Borges, José de Souza Firmo, José Cabeça Freire, Oswaldo Santos e Ótis Menezes, dotados de inteligência, cheios de sonhos considerados inatingíveis se uniam para fundar uma associação desportiva. Lançaram a semente! Para que germinasse havia necessidade de uma área para a prática do futebol. A ideia, porém, para que se torne proveitosa, deve converter-se em deliberação, vontade e execução. José de Souza Firmo, incumbiu-se de pedir ao Sr. Carlos de Figueiredo Firmo, seu progenitor, para que fosse cedido terreno de sua propriedade para o funcionamento da novel instituição. Atendendo ao pedido do filho, iniciou-se o trabalho para as primeiras instalações. Assim no dia 06 de maio de 1914 foi fundado o ORDEM E PROGRESSO FUTEBOL CLUBE e iniciadas as obras que modificadas ao longo dos anos se transformaram no ESTÁDIO CARLOS FIRMO, que recebeu o nome do doador do terreno.
Mal podemos conter a emoção de reviver os dias de nosso passado e as glórias desta Associação Desportiva da nossa Bom Jesus do Norte, nascida no Sul Capixaba, às margens do majestoso Itabapoana. Inúmeros foram os títulos conquistados. Em 1951/1952, sagrou-se BI VICE-CAMPEÃO DO ESTADO. Em 1957 foi Campeão da LIGA BONJESUENSE DE DESPORTOS. Em 1972 Campeão pela LIDEG- Liga Desportiva de Guaçuí. Em 1974 Campeão pela Liga Desportiva de Cachoeiro de Itapemirim (L.D.C.I). Em 1976/1977 BICAMPEÃO INVICTO- LIDEG. Em 1979 Campeão Incentivo da 1ª Divisão do Campeonato Capixaba. Em 1980 Campeão Invicto da Repescagem e Seletiva da 1ª Divisão Capixaba. Em 1989 Campeão do 1º Turno do Campeonato Capixaba. Em 1993 Campeão do II Quadrangular Interestadual. Em 2001 Campeão do Campeonato SULINO Espírito-Santense. Em 1952, o ORDEM E PROGRESSO foi chamado carinhosamente “CANARINHO” pela imprensa de Vitória. Em pesquisa feita pela Rádio Bom Jesus e Jornal “O NORTE FLUMINENSE” em 17 de outubro de 1957 foi considerado “O MAIS QUERIDO” da região, com esmagadora vitória sobre os demais Clubes do Vale do Itabapoana.
Bem valerá uma volta ao passado para trazer aqui aquelas figuras que construíram a grandeza de nosso presente, aqueles que elaboraram nossa tabela de valores no dia a dia do nosso querido ORDEM E PROGRESSO. Além do Show de bola no pé, vem se modernizando através da Escolinha que transmite processos táticos em aulas teóricas para o ensaio de jogadas, preparando o tracejamento da evolução de ataques. Bons técnicos sempre mantiveram o Clube em forma. Por vários anos Desfiles Alegóricos de raríssima beleza abrilhantaram as festas das nossas duas tão amadas BOM JESUS. Em 15 de agosto de 1959, conquistou o TROFÉU GOVERNADOR ROBERTO SILVEIRA. As Rainhas do Clube! Tempo do samba-canção e dos boleros, dois passos para lá, dois para cá; rumbas, mambos… Nos bailes de Coroação, as mais encantadoras Valsas, fazendo com que rainhas, princesas e seus pares rodopiassem em belos e diáfanos trajes pelo salão. Eram promovidas FESTAS CIGANAS e a cada ano a tradicionalíssima FESTA JUNINA, sempre no DIA DOS NAMORADOS.
O PROGRESSO não foi. Até porque o seu passado de glória reside exatamente no fato de ter-se projetado para o futuro aquele passado. Cultuando o PROGRESSO de agora, estamos a reviver a sua própria História e damo-nos por pagos, por satisfeitos por termos feito deste CLUBE, a menina dos olhos do povo bonjesuense. Exaltamos as torcidas organizadas que tanto vigor emprestaram e emprestam aos nossos atletas pelos espetáculos vibrantes nos mais variados estádios e logradouros. Nossa gratidão, nossa ternura, nossa saudade aos baluartes e gigantes que não mediram esforços para o engrandecimento do ESPORTE em nosso Município. Honra ao Mérito aos atletas, dirigentes, associados, torcedores, ao Poder Público, ao Comércio das duas Bom Jesus que têm dado sustentação para a realização de todos os Eventos. Honra ao Mérito aos destemidos jovens, idealizadores que se associaram na realização desta obra histórica. Honra, mil vezes honra, a todos os que com garra e bravura superando dificuldades sem conta garantiram os desempenhos deste Clube ao longo destes anos.
Nesta festa de lançamento do HINO do ORDEM E PROGRESSO FUTEBOL CLUBE em CD, vibra a alma bonjesuense que evoca a memória dos seus autores: CLÓVIS BRANDÃO e OCTACÍLIO DE AQUINO. “ORDEM E PROGRESSO FUTEBOL CLUBE”, vasto acervo de craques que lhe enalteceram e enaltecem as cores esportivas: VERDE E AMARELO que tremulavam e tremulam em bandeiras agitadas por animadas torcidas, ao som de: “Avante! Avante!/ Obreiros do sucesso!/ A alegria das glórias nos cante:/ Progresso! Progresso!”
Certamente, muitos e muitos outros títulos já foram conquistados. Após o festejado CENTENÁRIO, aplausos ao POLACA (João Carlos de Campos Catharina) com uma afirmação de apreço, pelo dinamismo e pela grande obra que tem levado a cabo nesta importante agremiação.
“MAS QUE CALOR, Ô Ô Ô Ô Ô Ô!”
Vera Maria Viana Borges
“Mas que calor, ô ô ô ô ô ô/ Atravessamos o deserto do Saara/ O sol estava quente/ Queimou a nossa cara/ Allah-la-ô, ô ô ô ô ô ô…” Esta Marchinha carnavalesca ainda continua pertinente nos dias de hoje. Que calor é este que invadiu a terra? Calorão intenso, nunca vi um verão tão abrasador, a água saindo com elevada temperatura nas torneiras. Enfrentamos um dos verões mais quentes. A impressão que temos é que o SOL se enamorou da TERRA, aproximou-se tanto para beijá-la e perdidamente apaixonado não quis saber de voltar. A chuva se escafedeu, sumiu, desapareceu. A seca no sudeste é uma realidade assustadora que atinge milhões de pessoas. É de arrepiar! Os níveis dos reservatórios e das represas baixando vertiginosamente. São cenas dolorosas que presenciamos. Vemos nossos rios agonizando. Acredito que esta seja a seca mais intensa dos últimos cem anos em nossa região. Triste realidade!
O Carnaval da década de 50 ficou na história devido à quantidade de marchinhas que denunciavam mazelas sociais e políticas, situações de escassez, de privação do necessário por que passavam as classes menos favorecidas. A irreverência das letras nos ataques aos políticos, nas críticas aos péssimos serviços públicos era saboreada nos bem elaborados versos cadenciados em esfuziante e animado ritmo. Mas as dificuldades não são coisas do passado, percebemos que após tantas décadas elas se repetem e se agravam. A questão hídrica é mais grave do que imaginamos e as referidas marchinhas continuam mais atuais do que nunca e muito mais relevantes ao longo dos anos. Com o agravamento da mais recente crise hídrica, em pleno século XXI, mais precisamente em 2015 o apelo continua o mesmo e mais uma vez a marchinha VAGALUME de Victor Simon e Fernando Martins poderá embalar os foliões brasileiros: “ Rio de Janeiro/ Cidade que nos seduz/ / De dia falta água/ De noite falta luz./ Abro o chuveiro/ Oi, Não cai um pingo Desde Segunda/ Até Domingo/ Eu vou pro mato/ Oi, pro mato eu vou/ Vou buscar um vagalume/ Pra dar luz ao meu chatô.” Também muito popular a composição “Tomara que Chova”, de Paquito e Romeu Gentil: “Tomara que chova/ três dias sem parar/ A minha grande mágoa/ É lá em casa não ter água/ Eu preciso me lavar.” Lembro-me também da campeã do Carnaval de 1952, na voz da grande cantora Marlene, LATA D’ÁGUA composição de Luís Antônio e Jota Júnior: “Lata d’água na cabeça/ Lá vai Maria, lá vai Maria/ Sobe o morro e não se cansa/ Pela mão leva a criança/Lá vai Maria. / Maria lava roupa lá no alto/ Lutando pelo pão de cada dia/ Sonhando com a vida do asfalto/ Que acaba onde o morro principia.”
A estiagem que atinge a nossa região é tão vertiginosa que nos faz lembrar o Gonzagão com a imortal “ASA BRANCA”, composição de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, canção que teve como tema a seca no nordeste brasileiro e chegou a ser tão intensa, a ponto de fazer migrar até mesmo a ave “asa-branca” (Patagioenas picazuro, uma espécie de pombo também conhecido como pomba-pedrês ou pomba-trocaz). A seca obrigou, também, um rapaz a mudar da região. Ao fazê-lo, ele promete voltar um dia para os braços do seu amor. É a saga de um povo sofrido. Aqui no sudeste os nossos rios estão muito abaixo do nível normal, tomados por bancos de areia, as cachoeiras secando, um prejuízo imensurável no campo, com lavouras perdidas, o gado magro e muitas e muitas cabeças já mortas. Peçamos com Fé a Deus que nos mande uma chuva boa e promissora para que voltem as nascentes e que as águas cresçam porque água é fonte de vida, é fonte de energia, consequentemente fonte de luz. Água e luz são bens indispensáveis. Sem energia é muito difícil mas ainda se sobrevive, mas sem a água torna-se impossível. Eu era bem pequenina, lá em Rosal, quando havia seca, o povo subia o morro do cruzeiro em procissão rogando ao Pai do Céu que mandasse a chuva e muitos levavam vasilhas com água para jogar aos pés da CRUZ. Lembro-me vagamente de um dos cânticos: “São Sebastião Glorioso/ Que mora na beira do mar/ Levanta a Bandeira pra cima/ Deixa a água derramar.” É a religiosidade do povo brasileiro. E a chuva vinha. Creio no PODER DE DEUS e neste momento crucial só Ele poderá nos valer. A história se repete, no Facebook, no dia 15 de janeiro a jovem senhora Fabiana Morais, musicista, pessoa de grande sensibilidade, extremosa esposa e dedicada mãe, nora de uma outra grande mulher rosalense a inesquecível Professora Ana Glória, convoca para novena pedindo chuva como segue na íntegra: “Estamos passando por um momento delicado em nossa região: A FALTA DE CHUVA! O quadro atual é altamente preocupante, não há previsão de chuvas! Por isso começamos hoje, em Rosal, uma peregrinação ao cruzeiro, onde rezaremos o terço, a novena e orações. Convidamos a todos para que venham participar conosco, pois para Deus nada é impossível e nós cremos NELE! Também Nikolai CP, outro querido amigo do FACE postou suplicando: “Deus, nosso Pai, Senhor do Céu e da Terra,Tu és para nós existência, energia e vida. Faça cair do céu sobre a terra árida a chuva desejada a fim de que renasçam os frutos e sejam salvos homens e animais.” Vamos implorar como aquela viúva do Evangelho, vamos pedir, pedir, pedir pois ELE mesmo nos afirma: “Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta” (Mateus 7 : 7)
Estamos sem virador, em outros tempos podíamos correr para as praias em busca das brisas do mar, mas para todo lado tem racionamento d’água e neste caso o melhor é obedecer ao dito popular: “Boa romaria faz quem em sua casa fica em paz.”
Que a chuva venha e possa suprir todas as nossas necessidades, necessidades estas não só para nossa sobrevivência pessoal, mas para a sobrevivência de toda a humanidade. Com os reservatórios voltando à normalidade vamos unir forças para um melhor gerenciamento dos recursos naturais, incluindo o desperdício e a elaboração de normas que assegurem a preservação da água, com o fim de assegurar a todos este bem tão necessário e garanti-lo às gerações que ainda hão de vir.
Tombem as chuvas purificando os ares, trazendo novo ânimo para toda a criação.
O Tríduo de Momo seja alegre, animado divertido e feliz.
BOM CARNAVAL!!!
ENTRE O BEM E O MAL
Vera Maria Viana Borges
Estamos diante de um novo ano, confiantes, com o coração agradecido, com grande expectativa e o compromisso de colocar todo o nosso vigor e energia a serviço do bem e da paz. A tecnologia e as redes sociais aumentaram o poder do ser humano sobre o mundo, porém os valores morais e espirituais não desenvolveram no mesmo ritmo, resultando no desequilíbrio e na desintegração que marcam a sociedade dos dias atuais. O conhecimento dos “chips” colocou a humanidade numa nova era e a mudança foi tão rápida e vertiginosa que as consequências são imprevisíveis. As máquinas estão substituindo a família. Muitas vezes dentro da própria casa os familiares se comunicam pelo celular. O hábito de fazer as refeições juntos, de rir e conversar à mesa já não é comum em todos os lares. Em tudo há um lado bom e um lado mau, somos integrantes de uma civilização moderna e cabe a nós saber usufruir das benesses da modernidade sem permitir a mudança de nossos valores morais e éticos. O diálogo, o olho no olho e a ternura das famílias têm que ser preservados. Desejamos um ano maravilhoso, cheio de esperança, de fé e de amor, que siga de forma ordenada e assim sendo possamos recuperar o sentido da VIDA.
O dia e a noite, o sol e a lua, a chuva e a seca, a calma e a pressa, o silêncio e o barulho, o frio e o calor, a vida e a morte, o bom e o mau, o bem e o mal, nos acompanham ao longo da jornada. Usando estes contrastes que a vida nos impõe, lembrei-me de PECADO E VIRTUDE, belíssimo, inteligente e enriquecedor texto do escritor mineiro Paulo Mendes Campos que nasceu em Belo Horizonte, no dia 28 de fevereiro de 1922 e faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 1° de julho de 1991. O cenário era o pátio do Colégio Dom Bosco em Cachoeira do Campo. Anoitecia e um garoto do internato sai de seus aposentos em direção à sala de estudos quando ouve um barulho de água. Uma torneira havia ficado aberta.O menino vai até lá para fechá-la e no lusco-fusco da noite, vê o vulto do Padre Diretor e de um professor. Todas as noites havia reza na capela, com bênção do Santíssimo seguida de pequena prática. Naquela homilia o Padre Diretor resolveu contar dois episódios que ilustravam dois fatos diferentes e opostos, insistindo que pela semente se conhece a árvore que produz bons ou maus frutos. No primeiro episódio, pela manhã, viu que uma das árvores do pátio havia sido entalhada a canivete com um nome de mulher. Um dos alunos havia maltratado a planta e se preocupava com coisas fúteis e levianas e se revelava portanto mau e pecaminoso. O menino ficou quieto no seu canto e se enquadrou entre os maus e pecadores. No segundo episódio ele relatou sobre o bem, a virtude e o coração generoso, de alguém com um futuro brilhante. Teceu os mais efusivos e belos elogios àquele que atravessara o pátio para fechar uma torneira: menino de alma pura, de bons princípios, um exemplo ao resto do corpo discente. O Padre não poderia imaginar que um dos alunos ali chegava a uma grave conclusão: o homem é Bom e Mau. O diretor jamais poderia conceber que apenas um daqueles alunos era personagem das duas histórias e que o DEMÔNIO e o ANJO eram o mesmo educando.
Em toda história há os dois lados . É muito difícil ser bom o tempo inteiro, ainda não atingimos o estágio de ser infinitamente bons, acho que isto só será possível no céu. Somos apenas relativamente bons. Sei que falhamos muito, somos falhos por natureza, e no entender de José Saramago “cada um de nós é este pouco e este muito, esta bondade e esta maldade, esta paz e esta guerra, revolta e mansidão”. Li certa vez que dentro de nós há dois animais, um violento furioso e feroz, o outro sereno, manso e pacífico. A qual dos dois se deve alimentar? Como compreender a natureza humana do bem e do mal? Ações maléficas e benéficas são inerentes a todos nós, cabe a cada um alimentar aquele animal mais calmo que vive em seu interior. É imprescindível ter bom senso. Quantas vezes nos pegamos fazendo coisas detestáveis? Temos que empregar todas as nossas forças, a nossa energia máxima para sermos bons. Devemos para tal, conviver com pessoas do Bem, ler algo edificante, escutar inspiradoras canções e aumentar a nossa FÉ, tentando ser melhores para nós e para os outros. Não existe o Bom ou o Mau de plantão, movemo-nos da bondade à maldade, isto faz parte da vida. Ainda bem que as pessoas boas são a maioria e que o Bem está além do Mal. A maldade do Homem é bestial mas existem pessoas tão maravilhosas, boas e pacíficas que mais parecem ANJOS.
Dizia Santo Agostinho: “O mal é a ausência do bem, da mesma maneira que as trevas são a ausência da luz.” Eu percebo que os maus são indivíduos detestáveis, abomináveis, insuportáveis, porém eles são assustadores, valentes e em consequência todos lhes obedecem. As pessoas boas são muito queridas e amadas por todos, mas muitas e muitas vezes percebemos que elas são vítimas de exploração como resultado de sua boa-fé. Shakespeare declarou com firmeza: “Até mesmo a bondade, se em demasia, morre do próprio excesso.” Acho que justifica, talvez, uma estranha postagem no FACEBOOK que dizia:”Querido papai-noel, nunca te pedi nada, mas neste ano vou pedir, por favor, quero deixar de ser trouxa.”
Oscar Wilde nos afirma: “É absurdo dividir as pessoas em boas e más. As pessoas ou são encantadoras ou são aborrecidas.” O Marquês de Maricá nos previne: “O mal ou o bem que fazemos aos outros reverte sobre nós.”
Não devemos ficar somente nos propósitos que fazemos nos finais e inícios de cada ano, como a dieta que só começa na segunda-feira ou os exercícios físicos que adiamos constantemente. Já que vivemos entre o BEM e o MAL, urge que sejamos melhores, mudando nossos hábitos e a nossa maneira de viver. É essencial uma mudança radical de vida, permitindo que o BEM sobrepuje o Mal dentro de nós e vivamos de maneira mais positiva para que sejamos novas criaturas, à imagem e semelhança de DEUS!
FELIZ 2015!!!
ESSA TAL FELICIDADE
Vera Maria Viana Borges
É, 2014 passou depressa. Neste 30 de novembro, início do ADVENTO, o domingo está acinzentado e cai uma leve garoa. Bom sinal. Graças a Deus ! Estávamos precisando de chuva e nos dias anteriores já tivemos boas pancadas. A água é fonte de vida, é uma necessidade de todos os seres vivos, animais e vegetais, e um direito e patrimônio dos humanos, devendo cada um de nós zelar pela utilização racional dela no tocante à quantidade e qualidade. Estamos enfrentando a escassez deste precioso líquido, com a destruição incessante de mananciais e poluição das águas dos rios e oceanos que apontam para tempos difíceis. Apesar das benesses da chuvinha gostosa e bem-vinda, o tom cinzento do dia nos deixa nostálgicos e enquanto lavava a louça pus-me a cantar os lindos versos de Vinícius de Moraes: “Tristeza não tem fim/ Felicidade sim/ A felicidade é como a pluma/ Que o vento vai levando pelo ar/ Voa tão longe/ Mas tem a vida breve/ Precisa que haja vento sem parar…” Mais outras músicas vieram… Se a canção é boa, nós a cantarolamos sem parar e ela não sai do nosso pensamento, volta e meia ela retorna e de novo a entoamos. A voz forte, sempre grave, segura e carregada de Tim Maia, marcada pela rouquidão vinha e ia neste refrão: “Mas o tempo foi passando e a coisa mudou/ Solidão foi se chegando e se acostumou/ Essa tal felicidade, hei de encontrar/Mesmo se eu tiver que aguardar, se eu tiver que esperar.” Muitos são os artistas, compositores, escritores e poetas que exploraram e exploram o tema num eterno lamento por não encontrarem este bem tanto desejado. João Carreiro e Capataz, uma dupla da música sertaneja brasileira, formada por cantores mato-grossenses, que fizeram parte da trilha sonora das novelas PARAÍSO e ARAGUAIA exibidas pela REDE GLOBO, em estilo sertanejo – romântico gravaram: “Buscando a felicidade/ A minha infância perdi/ Já se foi a mocidade/ Tenho que parar aqui/ Só me resta agora a vida/ Que um dia irá também/ Se a felicidade existe/ A minha está com alguém./ Já cansei de procurar, já cansei…”
Todos nós buscamos essa tal felicidade, mas se a busca é ferrenha, incessante, parece doença e o sintoma é de INFELICIDADE. A cada amanhecer Deus nos dá muitas e muitas chances para sermos felizes: o ar que respiramos, a água que dessedenta, o sol que nos aquece, a saúde e milhões de outras coisas. Ela não estará no prazer material, em baladas e eventos sociais, nada disto preenche, estas coisas são passageiras, são fáceis conquistas, são prazeres transitórios. Hoje os primeiros desejos são comumente amor, saúde, dinheiro, ser sarado, magro (o padrão atual é ser magérrimo), usar roupas, acessórios de grife e viagens. ELA SERÁ ENCONTRADA NAS COISAS SIMPLES. Muitos a encontram, mas poucos a conquistam, pois é mais frequentemente buscada no “TER”, às vezes no “SER” e quase nunca no “ESTAR”. Ter, tem pouca duração, é algo transitório que passa muito rápido e nem deixa marcas. Ser, é permanente e duradouro, é essencial, é qualidade, é estado. Ser feliz é o estado de feliz, de ventura, de contentamento, de sorte. O SER é muito mais importante que o TER, mas o “ESTAR”, estar feliz é objetivo alcançado.
Vale registrar uma trovinha que escrevi e que se encontra em meu livro “DE-VERAS… DI-VERSOS…” : “Felicidade a supomos, Mas nós nem sempre a alcançamos,/ Querendo além nunca a pomos, Nunca a pomos onde estamos.” Na obsessão em busca da tal felicidade muita coisa passa despercebida e o que está tão perto, o óbvio muitas vezes não é notado. O indivíduo fica cego almejando objetivos maiores e deixa de apreciar as grandiosas coisas e brilhantes pessoas que caminham ao seu lado. Sentimento, coração e alma andam juntos ao encontro do sucesso, da sorte, da ventura, do contentamento, do amor e da tal felicidade. Talvez o milagre de ser feliz esteja diante de nossos olhos e deixamos passar a circunstância adequada e favorável. Quando lecionava Língua Portuguesa, trabalhei numa turma de oitava série, um belíssimo texto, soneto alexandrino, versos clássicos do Célebre GUILHERME DE ALMEIDA. Ele comparava a amada ao sol porque ela traria luz e calor à sua alma. Os maviosos versos descreviam seu imenso sonho, mas ele sonhou em demasia afastando-se completamente da realidade não conseguindo conquistar a mulher amada. Apreciem o texto “ESSA QUE EU HEI DE AMAR…” de Guilherme de Almeida que transcrevo na íntegra: “Essa que eu hei de amar perdidamente um dia/ será tão loura, clara, e vagarosa, e bela/ que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela,/ trazer luz e calor a esta alma escura e fria./ E, quando ela passar, tudo o que eu sentia/ da vida há de acordar no coração, que vela…/ E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela/ como sombra feliz… -Tudo isso eu me dizia,/ quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro,/ e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro/ do poente, me dizia adeus, como um sol triste…/ E falou-me de longe: “Eu passei a teu lado,/ mas ias tão perdido em teu sonho dourado,/ meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!” Muito lindo e real!!!
A felicidade reside dentro de cada ser. Ela não pode estar além de nós, ela é Deus e Deus habita em cada coração que se abre a ELE. De nós depende a nossa felicidade, o nosso estado de espírito, estarmos alegres ou tristes. Somos responsáveis por nosso destino. Ela não depende dos outros, mas de nós mesmos. Cuidemos do momento presente para que nosso futuro seja alvissareiro e feliz. “Quem planta vento, colhe tempestade.” Vamos plantar amor, otimismo, paz e fé, para colhermos os frutos do contentamento, da alegria e da felicidade. Quem sabe se esquecermos um pouco de nós e nos dedicarmos aos outros, não encontraremos a tal felicidade? E, se de mãos dadas seguirmos proferindo palavras de conforto e carinho, tendo um sorriso de bondade, cumprindo eficientemente todas as nossas tarefas sendo constantes para FRENTE e para o ALTO, mantendo-nos firmes na busca do nosso ideal, a verdadeira felicidade será permanente em nossas vidas?
Nos rituais natalinos e de final de ano, a esperança de dias harmoniosos, plenos de amor e de felicidade completa. É hora da lista de boas intenções, de arrependimentos e de reconciliação. Hora de adotar rotinas e mudar o necessário. Que o NATAL nos ensine a sermos portadores daquela mesma LUZ que brilhou na gruta de Belém, a luz de um mundo mais fraterno e menos violento, mais solidário e menos egoista.
Um Santo e Feliz Natal, caro leitor, e um Ano Novo repleto de saúde, paz, alegrias e FELICIDADE!!!
SILVEIRADA EM BOM JESUS
Vera Maria Viana Borges
O Espaço Cultural Luciano Bastos recebeu familiares dos Governadores Roberto Silveira e Badger Silveira e assim, emocionada, lá pronunciei: Grande é a responsabilidade em pronunciar quaisquer palavras neste memorável momento em que somos agraciados com importante missão. Temos, senhoras e senhores, a tão magna honra de receber solenemente nesta manhã, nobilíssimas personalidades da Família Silveira.
É indeclinável dever, honrarmos aos abnegados que por próprios méritos fizeram jus à admiração e à gratidão de seus semelhantes. Muito me honra, chegando a ser mais que honra, chega a ser glória falar daqueles que escreveram e deram vida às mais expressivas, belas, heróicas e gloriosas páginas da nossa História.
“O amor é como uma semente no coração do homem: só desabrocha quando há partilha.” Não fosse o lar de Boanerges Borges da Silveira e Maria do Carmo Silveira, carinhosamente chamada BILUCA, um celeiro de tanto amor, não haveria tantos frutos produzidos e partilhados na comunidade. Deus em sua inexcedível bondade, fonte de toda a vida, concedeu-lhes honrosa missão, dando-lhes os filhos que lhe enriqueceram a caminhada: José, Roberto, Badger, Maria da Penha e Dinah. Agradecemos ao Altíssimo a saga dos anos de amor, de lutas e felicidades desta notável, muito digna e brilhante Família e pela oportunidade de recebermos hoje em Bom Jesus, alguns de seus membros. José, chamado Zequinha, Roberto e Badger estudaram no Colégio Rio Branco. As meninas, Maria da Penha e Dinah foram para o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora em Campos dos Goytacazes.
José Teixeira da Silveira, médico, fazendeiro, comerciante, teve destacada atuação política no Estado do Paraná. Foi Vereador, Prefeito, Deputado Estadual e Deputado Federal pelo Estado do Paraná com expressiva votação. Foi o primeiro Prefeito de Nova Esperança, sendo o pioneiro e fundador da Comarca e daquele Município.
Maria da Penha, pessoa de finíssimo trato, sempre meiga, gentil, muito amável, delicada, conciliadora e agregadora.
Dinah adorava escrever poesias e declamá-las em saraus e reuniões de família ou nas “SILVEIRADAS” como gostava de denominar aqueles eventos. Sempre dizia: “Quando junta a SILVEIRADA há política e gargalhada”.
Os notáveis Governadores Roberto Silveira e Badger Silveira, filhos diletos e glória do nosso Município, lídimas e magistrais expressões da política fluminense, foram exemplares chefes de família e cidadãos com relevantes serviços prestados à Pátria. Coragem, lealdade e prudência desmedidas foram qualidades que lhes exornaram o caráter. Apesar de bem jovem, acompanhei a trajetória de ambos. Àquela época já gostava de escrever e no primeiro ano de governo do Dr. Roberto, compus-lhe uns modestos versinhos que foram publicados em 15 de agosto de 1960 no “Correio de Notícias”, Jornal da Federação dos Estudantes de Bom Jesus do Itabapoana -RJ. Bem mais tarde inseri-os em meu livro “CIRCUNSTÂNCIAS”. Hoje, plagiando a Dinah, trago-os para esta SILVEIRADA: Nascia a onze de junho/ Em Calheiros o ROBERTO,/ Floriu o lar de Boanerges/ Um garoto muito esperto./Aprendeu, primeiras letras,/ Com sua progenitora,/ Estudou com Dona Olga, Uma grande educadora./ Dos nove anos aos onze,/ Com Dona Amália estudou,/ E mais tarde em Niterói,/ No Plínio Leite ingressou./ Fez o curso Científico/ No Instituto de Educação,/ Bacharelou-se em Direito/ Dando a seus pais afeição./ Completou vinte e dois anos/ Deputado fora eleito,/ E Vice-Governador/ Aos trinta anos foi feito./ Com Dona ISMÉLIA SAAD/ Em cinquenta e um casou,/ E vieram três filhinhos/ Com os quais se alegrou./ Hoje é GOVERNADOR/ Com a proteção de DEUS,/ Com o apoio do povo/ / E o amor de todos os seus./ Doutor ROBERTO SILVEIRA,/ Ilustre Governador,/ Dirige o Estado do Rio,/ Do mesmo é amador./ Por todos os fluminenses/ Seu governo é apreciado,/ Por todas as criancinhas/ O ROBERTO é muito amado.
Na maturidade, escrevi-lhe um soneto intitulado Governador Roberto Silveira, sendo este uma das páginas do meu livro -”DE-VERAS… DI-VERSOS…”:Vocação de Estadista e inteligente,/ Já era traçado o seu lugar na História,/ Estudioso, bom e persistente,/ Com pensamento e ideia para a glória./ De acendrado ideal, um expoente,/ Um gigante em sua trajetória,/ Nas lutas populares, sempre à frente,/ Atingiu a conquista meritória./ No exercício eficaz de sua função,/ De corpo e alma, doou-se por inteiro/ E o acidente fatal punge a Nação./ Ao renome e à vitória ele fez jus,/ Governador do Rio de Janeiro,/ Excelência da nossa Bom Jesus.
Este é, senhoras e senhores, um dia especial, dia de muitas surpresas e muitas alegrias, de cumprimentos, abraços, desconhecidos, conhecidos, amigos, parentes, todos em eufóricos e animados diálogos, todos justamente alegres, todos reconhecidamente felizes.
Meus cumprimentos e agradecimentos ao Dr. Gino e suas irmãs, pelo muito que têm feito pela CULTURA e pela HISTÓRIA de nossa tão amada Bom Jesus. Neste Espaço Cultural, não poderia olvidar LUCIANO AUGUSTO BASTOS, compus-lhe também uma trovinha e um soneto: Honra ao Doutor Luciano/ Historiador de renome,/ Da Cultura um veterano/ Sendo “AUGUSTO” até no nome./ Afoito, destemido e denodado/ Com sede de progresso o educador,/ / Não sai de nós o vulto consagrado/ Que à nossa HISTÓRIA deu o seu fulgor./ Viveu, amou e muito foi amado,/ Da Justiça foi grande defensor, O EXEMPLO foi o seu maior legado,/ Joia rara de rútilo esplendor./ De sua sã e fiel filosofia/ Proporcionou lições de humanidade…/ Dele emanava só SABEDORIA./ Foi pleno de bondade e amor profundo,/ Um ser iluminado nos invade/ Unindo-nos no amor dele oriundo.
Para arrematar com o acordeão, um rápido pot-pourri, passando por Ari Barroso, Chiquinha Gonzaga, Lamartine Babo, Mário Lago, Ataulfo Alves, Noel Rosa, Lupicínio Rodrigues e Luiz Gonzaga, finalizando com uma “emboladinha”: Engenho Novo, Engenho Novo, Engenho Novo bota a roda pra rodar…/ O Espaço Cultural/ Do amado Luciano/ Recebendo a Silveirada/ Tá botando pra quebrar./Engenho Novo…/ A nossa terra é Mãe/ De dois Governadores/ Do Rio de Janeiro/ Que botaram pra quebrar./ Engenho Novo…/ O Zequinha/ Que foi lá pro Paraná/ Foi Prefeito e Deputado/ E botou para quebrar./ / Engenho Novo…/ A Silveirada/ Em visita a Bom Jesus/ Num circuito de saudade/ Tá botando pra quebrar.
As luzes, cores e perfumes daquela esplendorosa manhã, ficarão indelevelmente marcados em nossa memória e coração.
No ensejo, por demais oportuno, o meu forte abraço e respeitosa saudação a todos os meus amados leitores.
ESTE SIM, FAZ A DIFERENÇA!
Vera Maria Viana Borges
A MÚSICA exerce sobre todos um efeito salutar. Tive o privilégio de nascer em terra de belas e perfumadas rosas e essencialmente MUSICAL. Na infância pude incessantemente ouvir os ensaios e as magníficas apresentações da Lira 14 de Julho, Corporação Musical iniciada por Luiz Tito de Almeida, Custódio Soares de Oliveira, Elpídio Sá Viana, Durval Tito de Almeida, Sebastião Magalhães e Elias Borges, no ano de 1922. Sem nenhum apoio oficial, os músicos citados, com instrumentos adquiridos pelos mesmos iniciaram a formação da banda rosalense que ensaiava na casa dos próprios músicos. Na década de 40, estabeleceu-se em sede própria, localizada na Praça Alzemiro Teixeira da amada e singular vila. No passado, nosso Distrito contou também com a BANDA do CHICO GOMES. Chico veio de Minas já casado com Ana Alves Pimentel e do matrimônio advieram dez filhos: Júlio , José, Sebastião, Francisco (Quiquito), Amélia, Itelvina, Mário, Cecílio, Honorelino e Álvaro, criados na Fazenda Barra Funda. Já trouxe de sua terra a paixão pela música e em especial pelo bombardino que executava com maestria. Convivendo com os Sá Viana que já haviam feito repercutir o gosto musical naquela região, os filhos cresceram com a hereditariedade dos dons musicais e com a influência do meio.
Vindo para Bom Jesus, deparo-me com a Sede da Banda, em um CASARÃO, situado na Rua Expedicionário Paulo Moreira, na esquina onde hoje é o “VAREJÃO”, defronte a lateral da Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus. O Maestro era Sebastião Ferreira, nosso dileto e amado PROFESSOR BASTIÃO. Aqui também apreciei muitos ensaios e quanto vibrei e me entusiasmei com suas retretas! Como esquecer o “VICENTINHO” levando a pasta com as partituras e a rapaziada após os bailes do Aero Clube acompanhando a “Furiosa”, como eles a chamavam, após os bailes das tradicionais Festas de Agosto?
No dia 09 de julho de 1939, na casa de Móveis do Senhor Manoel Ferraz de Oliveira, à Rua XV de Novembro nesta cidade, reuniram-se os senhores Osório Carneiro, Ésio Martins Bastos, Felipe Luiz, Olívio Bastos, Sebastião Alfeu da Silva e Antônio Gonçalves para a constituição da Banda de Música de Bom Jesus do Itabapoana. Foi fundada e registrada em 02 de maio de 1940. Deram-se-lhe o nome de “ Sociedade Musical União Operária”. Em assembleia no dia 12 de agosto de 1941 depois de discutido e aprovado foi alterado o seu nome para “LIRA OPERÁRIA BONJESUENSE”, proposta apresentada pelo Sr. Antônio Tinoco de Oliveira. Tem sede própria na Rua Arlindo Saboia.
Na década de 80 a Lira atravessou maus bocados, chegando a parar totalmente, ficando sem uniformes, sem instrumentos e principalmente sem músicos. Em 1982, Nilo Rodrigues de Oliveira assumiu a direção e arregaçando as mangas começou a dar aulas para crianças. Hoje ele tem 38 músicos formados e muitos alunos, na maioria jovens. Após dezenove anos chegou à conclusão que a Diretoria teria que ser composta pelos próprios músicos. A sede foi reformada, recebeu telhado sobre a laje e muro com três portões. Possui móveis novos, dois tipos de uniforme e vários instrumentos. Nos altos há uma Galeria onde figuram os Retratos dos seus Fundadores. O grande sonho do Presidente Nilo é dar acabamento aos dois grandes cômodos do térreo para alugá-los e gerar renda, pois não tem conta das vezes que pagou contas de água e de luz do seu próprio bolso. Conta apenas com as pequenas quantias que recebe pelas apresentações, que divide com todos os músicos.
NILO, homem de garra, determinação, otimismo e um ideal maior que seu porte e que seu coração, filho de Pedro Rodrigues de Oliveira e Amélia Bartolomeu Pires, nasceu em Barra do Ribeirão Alegre aos dois de outubro de 1933. Aos oito anos iniciou os estudos na Escola Pereira Passos que funcionava onde é hoje o “BIG HOTEL”. Vinha a pé após ter auxiliado em todas as tarefas domésticas e rurais, como tirar leite, capinar e roçar. Os estudos de Música, iniciou-os aos dezoito anos na Sede da Lira Operária com o Professor Sebastião Ferreira, daí não parou mais de estudar. Vinha a noite, a cavalo, enfrentando frio e chuva, tendo ficado várias vezes esperando que se acalmassem tempestades para o retorno ao lar. Começou tocando Clarineta, depois passou para o Sax. Tem o domínio de todos os instrumentos. Casou-se em 1955 com Anézia Teixeira de Oliveira e teve cinco filhos legítimos e um adotivo, o único que o acompanha na Lira, toca Sax Alto e o pai se orgulha de seu desempenho dizendo: ele toca MUITO!!!
Seu dia começa bem cedo. Às cinco da manhã já está o Sr. Nilo saindo para a costumeira “Caminhada” e duas vezes por semana joga pelada no Campo da Vista Alegre. Daí o preparo físico para acompanhar todas as Procissões da Coroa do Divino e fazer as célebres Alvoradas por todos os bairros da nossa amada cidade durante os festejos de agosto, até mesmo debaixo de chuva. O bem sucedido empresário às seis e meia já se encontra na RELOJOARIA SÃO JOSÉ, firma fundada em 1960, onde se encontra serviço garantido e um ourives capaz de produzir as mais encantadoras joias. Fecha o estabelecimento às dezoito horas e trinta minutos e às dezenove chega à Sede para ministrar aulas ou ensaio, todas as noites (segundas, terças, quintas e sextas, aulas e às quartas e sábados, ensaios). As aulas são gratuitas. Pensou que seu Domingo é livre? É raro que seja, pois este jovem de quase oitenta e um anos, está sempre animando as festas de toda a redondeza, levando a todos a alegria que lhe é peculiar com seu sorriso aberto e franco. Este homem de FÉ, é Cursilhista, fez Curso de Igreja, Jornada Cristã e frequenta a Paróquia de Bom Jesus do Norte, no Estado do Espírito Santo.
Organização total, sem retoques, tudo perfeito. O maestro mantém a documentação em dia, faz matrículas, ministra aulas, faz chamada e a cada apresentação o componente da Banda tem que assinar o ponto. Quanto dinamismo! Exemplo para todos nós. ESTE SIM, FAZ A DIFERENÇA!!! Deus Nosso Senhor o fortaleça plenificando-o de saúde e paz para que continue firme e vibrante acompanhando as Procissões da Coroa, fazendo as Alvoradas, as Retretas nas Praças, espalhando vida e alegria por onde passa, com suas marchas, dobrados e peças do Cancioneiro, por muitos e muitos anos. PARABÉNS, NILO RODRIGUES DE OLIVEIRA!
LITERATURA & CINEMA
Vera Maria Viana Borges
Sento para escrever. Chove lá fora, aquela chuvinha fina, com aquele friozinho doído, que nos convida a uma boa xícara de chocolate quente com biscoito frito passado no açúcar com canela. Melhor pegar um edredom e um bom livro, ou quem sabe um filme, já que a modernidade nos permite assistir a quaisquer filmes quando bem entendemos. Estes dias cinzentos nos fazem recordar cada coisa, lembrei-me dos ditados de meus pais: “Primeiro a obrigação, depois a devoção”. Assim sendo, primeiro devo escrever e depois pensarei em LER ou assistir ao FILME. Associei o livro com a película e daí o título: Literatura & Cinema.
A Literatura e o Cinema são caracterizados pela Palavra e pela Imagem. A Literatura é a arte de compor ou escrever trabalhos artísticos em prosa ou verso e seu instrumento principal é a palavra. Já o cinema é a arte de compor e realizar filmes cinematográficos através da imagem. Duas artes com linguagens distintas que usam códigos diferentes. Ambas nos enlevam e nos encantam. É imensurável o prazer que nos proporcionam. Levam-nos a viagens mágicas que contribuem para o nosso crescimento intelectual e social. Apresentam-nos uma visão geral do mundo, viajamos sem nos locomover e sem correr riscos.
Cinema é arte, cinema é cultura. As artes se distinguem pela sua linguagem. Quando uma câmera se aproxima, destacando um objeto ou uma cena, o que se projetou adquire maior importância dentro da história. A isto chamamos linguagem. Cada espectador fará uma interpretação e nisso está a riqueza de uma obra de arte. Cineasta e espectador estão ligados pela mesma cultura, assim como o escritor e o leitor. Muitas produções são baseadas em célebres livros. Tendo sido lido o livro, quando assistir ao filme poder-se-á comparar os dois, livro e filme, uma vez que cinema e literatura são linguagens que podem se enriquecer mutuamente. Cinema é linguagem vista e ouvida no tempo em que acontece. Só que o cinema não desfruta as metáforas e as construções literárias usadas pela literatura. O cinema é uma mera narrativa enquanto a literatura tem a capacidade de sugestionar e emocionar mediante determinados processos e efeitos de estilo.
A arte literária é anterior ao cinema, naturalmente constitui-se como referência. Claro que são convergentes, dirigem-se ao mesmo ponto. Não se pode negar a influência da literatura sobre o cinema, pode-se comprovar com prontidão nas ricas produções das adaptações em filmes e minisséries, ostentados por cores exuberantes, em cenas magníficas de beleza imensa. A linguagem literária é mais profunda e ampla. Sua transcendência a renova a cada leitura, a cada imagem sugerida. Nela formamos as imagens de acordo com a nossa imaginação. E, como a minha imaginação é fértil! Com ela construo pomposos e belos cenários. Já o cinema mostra ao espectador a imagem pronta. Em pequenos cortes, em fração de segundos descrevem um personagem, seu comportamento, seus hábitos e intenções. É tudo muito mais rápido. Eu, particularmente lendo, às vezes floreio e formo cenários mais encantadores, mais intensos e mais belos, ou mesmo, mais grotescos e mais rudes. Imagino cenas exuberantes, com mais cores e mais luzes. Muitas vezes o filme limita a imaginação do leitor. Apesar de tudo isto, são admiráveis os filmes adaptados de romances como “O CONDE DE MONTE CRISTO” de Alexandre Dumas, “MORRO DOS VENTOS UIVANTES” de Emily Brontë, “MADAME BOVARY” de Gustave Flaubert, “MOBY DICK” de Herman Melville, “ROBINSON CRUSOÉ” de Daniel Defoe, “A DAMA DAS CAMÉLIAS” de Alexandre Dumas Filho, “ULISSES” de Homero, “O VELHO E O MAR” de Hemingway, “GUERRA E PAZ” de Tolstoi dentre muitos e muitos outros.
Na década de 50 o Cine Monte Líbano era um esplendor aos nossos olhos. A atriz Romy Schneider estrelou três belíssimos filmes sobre uma das mulheres mais fascinantes da Europa no século XIX. Na trilogia do Diretor Ernest Marischka, Sissi é uma moça encantadora, adorável e cheia de alegria de viver que se casa com o apaixonado Imperador Frans Joseph I. Passam por transtornos e adversidades mas acabam felizes para sempre. Os três filmes que me encantaram narravam a vida de Isabel da Áustria que sofria de depressão devida ao casamento infeliz, à vida rígida na Corte Austríaca e ao mau relacionamento com a sogra. O marido estava sempre ocupado com a política do império o que contribuiu para a sua solidão. Em seu diário ela revelava: “Perambulo solitária sobre a terra há tempo, alienada da vida e do prazer, não tenho e nunca tive alma que me entendesse.” Em 1860 deixou Viena para uma viagem de dois anos pela Europa. Dos quatro filhos somente com a caçula Marie Valerie teve uma relação mais estreita. Sophie, a mais velha foi tomada pela sogra e morreu aos dois anos de idade. O único filho, Rudolf, educado longe de sua influência, aos trinta e dois anos se suicidou. Nas telas, bela história de amor, em rica produção. Na vida real, uma Imperatriz infeliz no casamento, vaidosa, egocêntrica e narcisista, depressiva e anoréxica. A Sissi da realidade tinha pouco a ver com a Sissi do Cinema.
A Imperatriz da Áustria se engajou em causas humanitárias e chegou a visitar hospitais e asilos durante uma epidemia de cólera. Ela foi para o século XIX o que seria a princesa Diana cem anos depois. Muito lindas, cobiçadas e invejadas, imitadas, copiadas e envolvidas em uma aura de simpatia e bondade e ao mesmo tempo extremamente infelizes. Ambas morreram de forma trágica.
Há casos em que as produções cinematográficas deixam a desejar em relação à obra ou à sua história. Não é possível condensar tudo em apenas algumas horas, mas elas poderão ser um incentivo, aguçando o desejo de se conhecer maiores detalhes da narrativa. Assim será favorecido o caminho inverso, será do cinema a influência para a literatura.
EM PLENO VOO
Vera Maria Viana Borges
“O homem há de voar”. (Santos Dumont) Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor. (Goethe) “Viver é acalentar sonhos e esperanças, fazendo da fé a nossa inspiração maior. É buscar nas pequenas coisas, um grande motivo para ser feliz!” (Mário Quintana)
O ritmo conturbado e alucinante da vida moderna gera impetuoso estresse que deixa o indivíduo ansioso, irritado e exausto. O sono já não é o mesmo, os sonhos já não são mais sonhos, são pesadelos. A insônia aparece e há dificuldade para adormecer e após noite maldormida, levanta-se tão cansado quanto se deitou. As pílulas para dormir são facas de dois gumes, produzem o sono mas interferem na capacidade de sonhar, componente necessário para um perfeito e salutar descanso. O sono e os sonhos não estão sendo suficientes para aliviar as nossas tensões. Buscamos técnicas para libertar nossos corpos e nossas mentes. Com tanta fragilidade, há uma corrida atrás de exercícios aeróbicos, de técnicas de relaxamento, de se fazer algo bem diferente da rotina diária, optando-se por trabalhos manuais e muitas outras alternativas. A maioria das pessoas tem um hobby e busca fórmulas mágicas mergulhando na literatura dos desesperados. Os autores deste tipo de textos faturam milhões, mas muitas vezes nem eles próprios resolvem os seus problemas. “Se conselho fosse bom, ninguém daria, venderia.” Caso o autor deste dito popular vivesse nos dias de hoje, ficaria espantado com a dimensão de sua profecia. Nenhum negócio é tão promissor quanto a venda de conselhos através dos livros, cursos, programas de TV, Cds e DVDs, chamados de autoajuda. Acredito na força da mente, acredito no PENSAMENTO POSITIVO. Podemos criar momentos mágicos ou até mesmo momentos trágicos. Somos o que pensamos. O cultivo de pensamentos positivos equilibrados com fé e amor terão frutos. Acredito na importância dos sonhos. Se visualizarmos os nossos desejos, bons ou maus, certamente eles serão realizados. É o que se dá com os pensamentos positivos que utilizamos para solucionar muitas de nossas tribulações. Quem alimenta sonhos diariamente, com certeza atingirá os seus objetivos. Das mentes sonhadoras nascem as notáveis descobertas, a beleza das artes e os mais sábios pensamentos e palavras, mas nada cai gratuitamente do Céu. Trabalhe e ESTUDE para que a oportunidade possa encontrá-lo preparado. Lembro-me com clareza da voz do meu saudoso pai, quando me via de terço na mão e passando com insistência na Igreja, às vésperas das provas: “Fia na VIRGEM sem estudar para ver o que acontece!”
Tenhamos sempre viva a criança que fomos dentro de nós. As crianças estão sempre cheias de sonhos. As mentes infantis são povoadas deles. Mas, aqui me refiro aos sonhos que são desejos ardentes, são aspirações. Sonhar é pensar insistentemente. Dentre os meus anseios, um em especial, é poder arrumar minha própria cama até o meu último dia. Se estendemos a colcha após dobrarmos os lençóis, guardando-os com os travesseiros é porque ainda temos força e independência, podendo ir e vir sem a ajuda de terceiros. Maravilhoso também é ter vigor para lidar com as panelas, fazer um delicioso bolo, alguns biscoitinhos, uma saborosa sobremesa. Poder AGIR até o derradeiro momento. É muito bom estar em AÇÃO, fazendo crochê, tricô, uma costura e quem sabe poetando, escrevendo belos e variados versos. Afirmou Thomas Jefferson: “Eu acredito demais na sorte. E tenho constatado que quanto mais eu trabalho, mais sorte eu tenho.” Disse Conrad Hilton: “O sucesso está ligado à ação. Pessoas prósperas estão sempre se mexendo. Elas cometem erros mas não desistem.” Já, Emerson nos adverte: “O sucesso na vida depende unicamente de insistência e ação.” Particularmente, penso que o homem de bom senso não se deixa acomodar em almofadas moles, ele arregaça as mangas, põe mãos à obra e vai à luta. É o que tem que ser feito. Se me coloco em AÇÃO, as pessoas poderão não acreditar no que eu falo, mas acreditarão no que eu faço. O exemplo é mais forte do que milhões de palavras. Já foi dito que “o importante não é convencer com grandes palavras, mas surpreender com grandes atitudes.”
Mexa-se, trabalhe e exercite-se, mas não deixe de sonhar. Segundo Fernando Pessoa “Matar o sonho é matar-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.” Nietzsche confirma: “Nada é tão nosso quanto nossos sonhos.” Sabemos que eles funcionam como uma válvula de escape das pressões do labor de todos os dias. Alguém não se torna velho pelo número de anos que viveu, torna-se velho quando deixar morrer o seu ideal, quando deixar que feneçam os seus sonhos. Devemos SONHAR muito, claro, mas não podemos deixar o nosso cotidiano de lado, precisamos enfrentar a realidade do dia a dia. É aquela história de medir a água e o fubá. Na vida tudo tem que ter equilíbrio. Nem tanto ao Céu e nem tanto ao Mar, nem tanto ao Feijão e nem tanto ao Sonho.
Sou poeta e nós poetas temos o privilégio, o dom de sobrevoar lugares encantados que sublimam a alma. Não fico apenas com a cabeça nas nuvens, tenho os pés no chão. Sou positiva, corro atrás dos meus sonhos, não espero cair do céu, vou à luta e sei que quando desejamos de verdade e com fé, nosso sonho tende a se realizar. Muito do que desejei ardentemente foi realizado, não por ter apenas “sonhado”, mas por me prevenir, esforçando-me incessantemente para que a oportunidade me encontrasse preparada.
Sonhe muito! Para sonhar, não é necessário pagar imposto. E, como explicita o célebre Rubem Alves, “Quem é rico em sonhos não envelhece nunca. Pode até ser que morra de repente. Mas morrerá em pleno voo.”
HAJA CORAÇÃO!
Vera Maria Viana Borges
“Ó sino de minha aldeia,/Dolente na tarde calma,/ Cada tua badalada/ Soa dentro da minha alma…” (Fernando Pessoa). Também nas minhas lembranças tange o sino da Igreja de Santana, na minha doce e serena vila. Creio, não há outra mais bela pois ela é a minha vila, minha terra, meu amor, meu encanto. A religiosidade e o amor telúrico são inerentes às fervorosas almas de sua gente. Também as criações artísticas são valorizadas por lá, assim como a paixão do brasileiro, o ópio nacional, o futebol, que naquele meu tempo de criança era o esporte sagrado e nos domingos era a principal atração. No Rosal Esporte Clube o vermelho e o branco tremulavam em bandeiras agitadas por animadas torcidas. Vale lembrar o Dedé André, o Maroca (Admard André dos Santos, meu saudoso pai), Ernesto Lumbreiras, Parafuso, Noir, Aurinho, Jocilem, Carlyle, Nico, Lula, Toninho Aguiar, Oswaldo Degli Spoti, Iranel, nos treinos e nas aguerridas disputas dos campeonatos… As bandeiras tremulavam ao som de seu hino, de autoria dos notáveis atletas- Noir, Jocilem, Iranel e Parafuso:“Eu sou Rosal de coração/ Clube pequeno, mas de grande tradição/ Vermelho e branco, me prende e me domina/ Eu sou Rosal campeão da disciplina…”. Mesmo tendo sido criada neste meio, se me perguntarem se gosto de futebol, vou dizer que sim, mas não me planto diante da TV para assistir aos jogos das tardes domingueiras. Gosto de saber dos resultados, mas quando se trata de COPA DO MUNDO, fico lá com o coração batendo a mil: “Eu sei que vou/ Vou do jeito que sei/ De gol em gol/ Com direito a replay/Eu sei que vou/ Com o coração batendo mil/ É TAÇA na RAÇA, BRASIL!!!”
O Projeto de organização da COPA começou com a criação da FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado) em 21 de maio de 1904. A entidade máxima do futebol foi fundada em Paris e tem sede em Zurique, na Suiça. A primeira Copa do Mundo foi disputada no Uruguai em 1930 e a seleção da casa saiu vencedora. A Sexta edição deu-se na Suécia em 1958. Naquele ano eu cursava o quarto ano do Ginasial. O Brasil saiu perdendo dos donos da casa, mas ganhou de 5 a 2, com dois gols do Pelé que contava apenas dezessete anos, dois gols do Vavá e um do Zagallo. Quatro anos depois, em 1962, eu estreava no Magistério Fluminense e apesar da Tchecoslováquia ter aberto o placar, o Brasil venceu por 3 a 1 de virada, com gols do Amarildo, Zito e Vavá. Em 1970, ano do meu casamento, o Brasil conquistou o terceiro título e assim adquiriu o direito de manter a Taça Jules Rimet, em definitivo. A Seleção e eu escrevíamos as nossas histórias e progredíamos. Em 1994, conquista o tetracampeonato, foi a primeira final decidida nos pênaltis e Romário foi o grande jogador, eleito o melhor do torneio . Em 2002 o mundo viu o Brasil ganhar pela quinta vez, conquistando o pentacampeonato. Ronaldo foi o artilheiro com oito gols. Vale lembrar o Capitão Carlos Alberto erguendo a taça em 1970, sua foto foi imortalizada.
Agora é no Brasil!!! Lamento ouvir alguém dizer que torce para que percamos a COPA, para que o país melhore. É descabida a onda de protestos. Não adianta chorar sobre o leite derramado. Deviam ter protestado quando o Brasil foi eleito para sediar o megaevento. Que a vida é dura, é. A pobreza e as dificuldades existem em todo lugar. Claro que seria bom que todo esse dinheiro gasto, fosse utilizado para melhorar a educação, a moradia, a saúde, a segurança e muitas outras necessidades de nossa população. Mas, se não houvesse COPA, será que estes bilhões de reais seriam transferidos para suprir as necessidades que desejamos? O povo tem direito à alegria também. O coração alegre é o melhor remédio, isto é bíblico. Por que ir aos Estádios ver o time do coração durante os campeonatos nacionais? Por que encarar trânsito, pagar ingresso e enfrentar as torcidas organizadas? Por que vestir a camisa do Clube, empunhar a Bandeira e encher o peito de emoção e explodir no grito de cada GOL? Por que tanta gente foi ao Rock in Rio? Por que multidões assistem aos Shows Musicais de artistas famosos? E, eu respondo: porque nem só de pão material vive o homem, mas por igual do pão e do espírito. Nosso povo exaurido pela labuta do cotidiano precisa também de lazer, de alegria, de distração para espairecer, recrear e entreter a fim de juntar forças para enfrentar as vicissitudes e o ofício de cada dia. O brasileiro gosta de futebol que sempre foi paixão nacional e agora na HORA “H” há quem queira atrapalhar, tirando o brilho do evento e o sossego de todos.
A Copa é um dos eventos esportivos mais assistidos no mundo. Ela tem efeitos positivos sobre o crescimento de certos setores e para o desenvolvimento do país-sede: instalações desportivas e estádios são reformados ou construídos, recursos são investidos em estradas, em aeroportos, em hotéis, em infraestrutura de modo geral, em telecomunicações que ficarão como benefícios para o país. Muitos produtos são produzidos e vendidos. Os álbuns de figurinhas fazem a alegria dos torcedores que se encontram em vários logradouros para a troca das duplicatas e aqui em Bom Jesus , as crianças, os jovens e até adultos reúnem-se na Praça Governador Portela.
A esta altura, o Brasil já se vestiu de verde e amarelo. Os jingles e marchinhas já contagiam os brasileiros que torcem para que desta vez conquistemos o HEXACAMPEONATO. São animadas as conversas de botequim, onde certamente haverá o bolão de palpites antes dos jogos. Rodas de amigos e familiares se reúnem diante da TV cheios de otimismo e pensamento positivo, valendo o desejo de mostrar o que é o BRASIL ao mundo inteiro. Que o tatu-bola, o FULECO nos dê sorte. Vamos aguardar o Galvão Bueno: é gol, gol, gol, gol, goooooooooool , e é do BRASIL!!! HAJA CORAÇÃO!
CUIDADO COM O EGO
Vera Maria Viana Borges
O Padre Antônio Vieira (1608-1697) em um de seus famosos sermões advertia que “duas coisas há nos homens que os costumam fazer arrogantes, porque ambos incham: o saber e o poder.” Vaidade das Vaidades! A vaidade e o narcisismo são as piores das imperfeições, porque nos enganam. Por mais inteligente que sejamos, haverá sempre alguém mais inteligente. Por mais belo, mais forte, mais charmoso, mais sábio, haverá sempre alguém a superar-nos. Há quem perca o sentido das proporções julgando-se insuperável e desta forma, inflado, sucumbe e cai no ridículo, enganado por si mesmo. O grande pensador Sócrates, pronuncia:” Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa.” Quanto ao saber, sei que somente DEUS é capaz de saber e conhecer todas as coisas, aqui, somos apenas aprendizes, uns com conhecimentos num determinado assunto, outros conhecedores de outras áreas, todos nós usufruindo dos dons que ELE próprio nos concedeu. Segundo Paulo Freire, “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.” Quanto ao poder, há os que ocupam cargos e se enchem de vão orgulho e de uma empáfia desmedida. Acostumam-se com o poder posicional, e quando caem de seus postos, coitados! Ficam perdidos e muitas vezes entram em depressão porque não cultivaram o seu poder pessoal, colocaram todos os ovos numa só cesta. Disse Santo Agostinho: “O orgulho não é grandeza e sim inchação. O que está inchado parece grande, mas não tem saúde.” Precisamos cultivar aptidões várias, para que, havendo impossibilidade de se continuar pelo mesmo caminho, fazendo as mesmas coisas, possamos adentrar por atalhos e seguir a jornada em outros segmentos com determinação. “O que somos contribui muito mais para a felicidade do que o que temos.”(Arthur Schopenhauer) Confirmando o pensamento anterior, transcrevo o poema “PRATA E OURO”, uma das páginas do meu livro “DE-VERAS… DI-VERSOS…”: “Não quero me desvairar/ Pela prata e ouro,/ Que aprisionam,/ Em pélago fementido…/ Por riquezas, vil metal/ Ou algum tesouro,/ Muitas vezes se ignora,/ Até o próprio Cristo./ Bens materiais e dinheiro jamais/ Deverão ser primazia do bem viver./ P’ra o caráter,/ O que somos vale mais,/ O ser/ É bem mais importante que o ter./ Ser tão puro e simples como lis nos campos,/ Ser digno, fiel,/ Ter bom senso e acreditar/ Que o que de fato tem valia/ É o que somos./ A um bom juízo pretendo ter direito,/ Verdade e justiça/ Quero proclamar/ Não em altas vozes,/ Mas sim em grandes feitos.”
Os aborrecimentos de cada dia muito nos incomodam. A adversidade nos amedronta, mas é dela que na maioria das vezes, extraímos méritos inesgotáveis. “Fina é a ostra que quando é incomodada pelo grão de areia reage produzindo pérolas.” É nas derrotas que aprendemos a arte de vencer. A prosperidade é atrativa mas pode nos cegar e nos iludir fazendo com que esqueçamos o nosso grande BENFEITOR, AQUELE que nos proporciona todos os bens e todos os dons. São Francisco de Sales nos alerta: “A prosperidade é madrasta da virtude, cuja mãe é a adversidade.” Tomemos cuidado com esta madrasta, não nos deixemos enganar, porque somos viajores com destino ao Porto da Eternidade, à Morada do Céu.
Política, futebol, investimentos, economia, e cultura são assuntos sobre os quais muito se fala, mas nem tanto se entende. Vale pela emoção, pela catarse, pelo passar do tempo. É jogar conversa fora. Contudo na hora dos pontos nos “is” será bom seguir a receita dos mais antigos: caldo de galinha e prudência não fazem mal a ninguém. Há os que não usam a receitinha, adoram aparecer e gostam de se beneficiar às custas dos outros puxando-lhes o tapete e já se sabe que “Pé que dá fruta é o que mais leva pedrada.” À árvore estéril ninguém dá importância. “O ciúme tem suas raízes num egoísmo constitucionalmente mórbido.”(Renato Kehl) E, no entender de José Ingenieros “Todo artista medíocre é candidato a crítico. A incapacidade de criar impele-o a destruir.” Há ainda os necessitados do estrelismo. Existem os notáveis, os dignos de nota, os que ocupam elevada posição social e os notórios que buscam os holofotes, recorrem a truques e artifícios, pondo-se em evidência para serem notícias.
Em contrapartida encontramos no livro “IMITAÇÃO DE CRISTO” a seguinte citação: “O homem tem duas asas, por meio das quais se eleva acima das cousas da terra: são a pureza e a simplicidade.” A simplicidade é a ausência de artifícios e excessos. É o caminho para se chegar à humildade e ser mais servil, menos arrogante e prepotente, combatendo e se livrando da inveja, do orgulho e do ciúme. Ser humilde é ter conhecimento daquilo que somos e que podemos, sem devaneio, sem caprichos e sem fantasias com dotes, dons, virtudes e qualidades que não temos. Ser humilde não é dizer “ sim” a tudo e a todos. É a avaliação do que se é e do que se vale. É conhecer a si mesmo, sem a necessidade de se impor aos outros. Não há necessidade de se buscar lugares de destaque, o melhor é ser como o puro, belo e singelo lírio que viceja em fétido pântano, como a perfumada rosa que nada diz de seu delicado perfume, como os rios que mesmo poluídos são capazes de mover moinhos e gerar energia e ainda como o SOL que se levanta solenemente a cada amanhecer e sem se recordar das trevas da noite, não se importa de se lançar sobre pobres e ricos, sobre os bons e os maus.
Todos, sem exceção, temos saberes, quereres e deveres e somos inúmeros como as estrelas do firmamento, cada qual com o seu brilho. Sejamos como a Via Láctea, magnífica pela união de tantos astros, linda pela beleza do conjunto e como se fôssemos apenas músicos da Grande Orquestra regida pelo Criador. Sejamos faróis a iluminar com nossas palavras de encorajamento e com o nosso sorriso de entusiasmo. Possamos ser sempre exemplo de fé, de coragem, de alegria e otimismo e tenhamos muito CUIDADO COM O EGO, porque o PAVÃO de hoje pode ser o ESPANADOR de amanhã.
FOLHAS DE OUTONO
Vera Maria Viana Borges
“Folhas de outono/ Fazem lembrar/ Eu e você/ Junto ao luar…/ Beijo seus lábios/ A murmurar/ Doces palavras/ Do verbo amar.” Música de Joseph Kosma, compositor húngaro naturalizado francês. Sua letra foi escrita em 1945 pelo poeta francês Jacques Prévert. “Les Feuilles Mortes” (As Folhas Mortas) é uma das mais belas canções da França. Incluída originalmente no filme “Les Portes de la Nuit” de Marcel Carné, com apenas pequenas partes cantaroladas pelos personagens de Yves Montand e Nathalie Nattier. Lançado em dezembro de 1946, foi um fracasso comercial, mas a canção se transformou em grande sucesso internacional. Em 1947, o compositor americano Johnny Mercer escreveu a versão em inglês com o título “Autumn Leaves” (Folhas de Outono) que no melhor padrão de JAZZ teve interpretações extraordinárias. Em 1950 a cantora francesa Edith Piaf interpretou as duas versões (francês e inglês). Juvenal Fernandes fez a versão brasileira que muito nos encanta. Em 1956 no filme da Columbia Pictures “Autumn Leaves” estrelado por Joan Crawford e Cliff Robertson, foi interpretada por Nat King Cole. Tempo áureo do “CINE MONTE LÍBANO”. Tempo saudoso. No Aero Clube quantos se embalaram no mavioso e enternecedor compasso.
E, por falar em saudade, quem não ficou seduzido pela película “ Outono em Nova York”, que aborda as façanhas de um playboy de 50 anos, mestre da sedução sem compromissos, que conhece uma jovem com a metade de sua idade e o dobro em maturidade e exploram o amor em todas as suas fascinantes e assustadoras características? Uma bela e sentida história que se desenrola numa única e curta estação do ano, o outono, com todos os seus encantos e com todas as suas cores.
A palavra outono vem do latim “autumnus” e está associada a “colheita” e “safra”. O Outono é a estação que chega após o Verão e antecede o Inverno, é uma estação intermediária caracterizada pela queda de temperatura e pelo amarelar das folhas das árvores. O chão fica salpicado de bonitas cores. Colore-se de verde, castanho, amarelo, laranja e vermelho. As folhas caem para que nasçam outras em seu lugar. Tem as noites mais longas que os dias. Outros fenômenos marcantes são as mudanças bruscas de temperatura e diminuição da umidade do ar. Época em que ocorre a maioria das colheitas agrícolas, pois os produtos cultivados já estão bastante desenvolvidos, as folhas com poucos nutrientes, além dos frutos bastante maduros. Mas a árvore mantém-se viva. Apesar da menor intensidade de luz ela produz energia suficiente para sustentar seu corpo sem as folhas. Atravessa o Inverno e na Primavera refloresce. É sábia a natureza! Se não houvesse a queda das folhas, as árvores não sobreviveriam à próxima estação, suas folhas se queimariam com o frio do inverno e terminaria repentinamente seu ciclo de respiração. “ A natureza nos mostra a beleza de sua sabedoria: é preciso entrega, é preciso deixar ir o que não serve mais, para proteger o que é mais importante.”
Assim como o outono, a Páscoa é um tempo de preparação e transformação. Páscoa significa a passagem da escravidão para a liberdade. É a maior festa do cristianismo e, naturalmente, de todos os cristãos, pois nela se comemora a Passagem de Cristo – “deste mundo para o Pai”, da “morte para a vida”, das “trevas para a luz”.
Na vida tudo passa. As folhas caem e viram adubo para a semente que caiu, a criança passa dando lugar aos adolescentes e aos jovens e estes dão lugar aos adultos. A vida é passagem. Os hebreus passaram pelo Mar Vermelho, Jesus passou por sua Paixão, Morte e Ressurreição e nós passamos para a vida nova trazida por Jesus pelo Batismo.
No limiar da vida pública de Jesus houve o seu Batismo. “Depois que Jesus foi batizado, saiu logo da água. Eis que os céus se abriram e viu descer sobre Ele, em forma de pomba o Espírito de Deus. E do céu baixou uma voz: “Eis meu filho muito amado em que ponho minha afeição.” Neste episódio estavam presentes as três pessoas da Santíssima Trindade: o PAI através de sua voz, o FILHO, o próprio Jesus e o Espírito Santo em forma de pomba.
No limiar da Paixão e da Páscoa, a Transfiguração. Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e conduziu-os a uma alta montanha. Lá se transfigurou diante deles. Seu rosto ficou resplandecente como o sol e suas vestes ficaram brilhantes como a luz, de uma brancura ímpar. E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com Ele. Veio uma nuvem luminosa e os envolveu e da nuvem uma voz que dizia: “Eis o meu Filho muito amado em quem pus toda a minha afeição: ouvi-o”. A Trindade se manifestou também no Tabor: o PAI através da voz, o FILHO , o próprio Jesus e o Espírito Santo na nuvem clara que os envolveu. Cristo ali preparou os Apóstolos para não se decepcionarem e nem se desesperarem diante da tragédia que seria a sua morte na cruz. Deu-lhes a certeza: “Eu vou ser Crucificado, eu vou morrer, mas tudo vai continuar.” E ELE ressuscitou no terceiro dia. Possamos reconhecer as transfigurações de Jesus nas pessoas que nos rodeiam e deixemos que ELE se transfigure em nós para que mais e mais pessoas O conheçam e CREIAM NELE.
É vida que segue. A Festa da Páscoa está chegando. Páscoa é passagem. Passagem para uma nova vida, transformada, convertida numa nova vida em CRISTO, abundante de Graças Divinas. A exemplo da natureza, assumamos um compromisso, desapeguemos daquilo que não serve, deixemos ir o que não serve mais, para proteger o que é mais importante, o nosso Crescimento Espiritual. Que a TRINDADE SANTA permaneça em nós! FELIZ PÁSCOA!!!
BRAVO!!!
Vera Maria Viana Borges
Que venham as chuvas de março! “São as águas de março fechando o verão/É a promessa de vida no teu coração.” (Tom Jobim) “É preciso amor pra poder pulsar,/ É preciso paz pra poder sorrir,/ É preciso a chuva para florir…” (Almir Sater)
O Espaço Cultural Luciano Bastos reúne em seu ecletismo elementos de todas as classes, mantendo glamour e beleza em suas apresentações. Regiamente abriu a nova temporada com o talentoso Pianista e Organista bonjesuense, o VIRTUOSO Thadeu de Moraes Almeida, Bacharel em Piano pela Escola de Música da UFRJ e Mestrando no Programa Pós-Graduação da mesma Instituição. No repertório, Bach, Beethoven, Brahms, Chopin, Khachaturian, Homero Barreto e Villa Lobos. Inolvidável noite! Ficará para sempre retida nas memórias e corações dos presentes que se deleitaram naquele encantável e mavioso evento. Com profunda razão, a música sempre foi considerada uma expressão divina. Sempre presente na história do homem ela pode ser considerada um presente de Deus. As notas musicais enlevam imensas e pequenas plateias e ativam a criatividade de outras artes. Por estas e outras é que Mário Mascarenhas afirmou: “Somente a Música é capaz de traduzir com tanta fidelidade os sentimentos mais sublimes que tanto nos aproximam de DEUS.”
Falando em música, apuro os ouvidos no tempo e devaneando ouço e até vejo a “LIRA 14 DE JULHO pelas ruas de minha terra, executando o magistral “SÃO PAULO QUATROCENTÃO”, um dobrado muito bem construído, composto por Garoto e Chiquinho do Acordeão, consagrado como um verdadeiro hino do IV Centenário da Cidade de São Paulo, comemorado em 25 de janeiro de 1954. À frente o Professor Bastião, advindo daquela capital. O povo vibrava. E já se foram sessenta anos.
Ainda me lembro do cheiro forte da poeira deixada pelo caminhão que trazia nossa mudança para Bom Jesus no início de 1955. Deixávamos para trás muitas histórias ali vividas, a Igreja de Santana, a Pracinha multicolorida pelas exuberantes rosas. Trazíamos as doces lembranças de belos shows, bailados, bailes, teatros e tantos outros movimentos de Cultura e Arte. Apresentações singelas que calaram fundo em tantos e principalmente em nossos corações. Belas peças do cancioneiro popular e até mesmo clássicos executados por nós. Minha irmã sempre cantava e participava de bailados, que nossa mãe prazerosamente organizava. Délbio e eu, certa vez, vestidos de gaúchos, executamos em dupla a rancheira “Sarita”.
As artes cênicas eram valorizadas. No palco, do amplo salão nos Altos da Casa Brasil, dos Irmãos Alt, eram representadas animadas comédias, dramas e apresentados números de canto, danças, bailados, monólogos, diálogos, humorismo e mágicas que ficavam sempre a cargo do Sr. Chiquinho. Com relação a estas atividades cumpre-nos destacar a peça “O AMIGO da PAZ”, dirigida por Lutinho (Luís Assis Vargas). Elza Morais Borges vestida de azul e branco, interpretou a canção de David Nasser “Normalista”, acompanhada pelo instrumentista Tuca. Estava fulgurantemente bela!… Quando adentrou, após aplausos, a plateia silenciou enquanto José Pedro Rosa (Zé Pedro) suspirou pensando alto: “Ô trem especiali!”. Toninha acompanhada por Geraldo Vargas na interpretação de “Maria Bonita”. Maria Amélia Almeida em movimentos de ir e vir pelo palco nos encantou com “Si-ri-bi-ri-bi”. José Luís Vargas nos brindou com “Quiçá”. Anita Nunes apresentou em sua bela e maviosa voz, “Boneca de Piche”. Os irmãos Cida e José Luís Vargas, vestidos a caráter arrancavam aplausos como “Sinhá Marica e Nhô Zé Corá”. Sílvia Márcia fêz sucesso com “Vassourada”. O Fernando Coelho foi o príncipe de uma dramatização. Iêda Maria Fitaroni, vestida de Baiana, dançando com muitos gestos, lembrando a Carmem Miranda: “Na Bahia, também dá coco Babaçu”…
O salão também servia para românticos e saudosos bailes, quando aquele palco abrigava as mais excelentes e ardorosas “orquestras” que movimentavam os pares que deslizavam sob o ritmo de memoráveis melodias. Era encantador ver o velhinho Dr. Edmundo Franca Amaral, engenheiro que veio fazer os estudos e construção da Usina “Professor Franca Amaral” dançando o chorinho “Delicado” com a Ana Glória. Houve um baile em que todas as damas se apresentaram de vestidos de mescla, enfeitados com grega. Tempo do samba-canção e do bolero, dois passos para lá, dois para cá.
As aulas de música proporcionavam sadia convivência entre professor e alunos. Tudo acontecia com naturalidade, com simplicidade, sem inveja, sem a pretensão de um se sobressair e se apresentar melhor que o outro. Tudo simples assim. Havia harmonia entre os pares. Não era competição e sim uma confraternização onde era valorizado o CONJUNTO. A tradição artística de Rosal se faz respeitada não somente pelo povo da terra mas também por todos os apreciadores que reconhecem a importância da música e das artes na formação da cidadania. Creio que Euterpe o deus da música esteve sempre presente e o Pai Eterno esteve sempre abençoando este punhado de abnegados, que roubando horas de seus afazeres ou de seus ócios, contribuiram grandemente não só para o recreio espiritual e aprimoramento estético, cultivando o que há de mais nobre e salutar em nosso espírito, o gosto do belo. Sonho lindo plantado em minha alma, sonho lindo que vivi.
Os insignes e incansáveis realizadores do magnânimo Espaço Cultural Luciano Bastos honram a nossa sociedade semeando dignificantes exemplos que são lições vivas. Eles estão plantando SONHO, cultivando ESPERANÇA e disseminando CULTURA. Com imenso AMOR fazem Pulsar, plenos de PAZ fazem Sorrir, com copiosa CHUVA de Emoções fazem Florir. Nossos aplausos pela feliz iniciativa e votos de progresso incessante acrescidos dos sinceros agradecimentos do povo reconhecido da nossa amada terra. BRAVO!!!
TUDO SE TRANSFORMA
Vera Maria Viana Borges
“Um, dois, três,/ quatro, cinco, mil,/ queremos eleger/ o presidente do Brasil!”, gritavam em coro os manifestantes reunidos em quase todas as capitais brasileiras, durante os comícios do movimento “Diretas Já”, iniciado em janeiro de 1984. “Reivindicava-se o direito do povo à participação política, por meio da eleição de um representante que respeitasse a vontade da maioria e de uma Constituição que garantisse os direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança e a justiça”. O fato que ocorreu há exatos 30 anos, marcou na história moderna brasileira o início do fim do período vivido pelo país após o golpe militar de 1964.
No calor abrasador de Bom Jesus com o comércio morno, os dias seguem neste ano de COPA DO MUNDO e de ELEIÇÕES. A Globeleza já é exibida na tevê, preâmbulo do Reinado de Momo. Do samba ao frevo, o Carnaval do Brasil tem ritmos para todos os gostos. No Rio de Janeiro acontece um espetáculo de grande luxo e muita beleza admirado nos quatro cantos do mundo, os tradicionais desfiles das Escolas de Samba que atraem foliões brasileiros e estrangeiros. E o BRASIL para. Em muitas cidades, os quatro dias de folia são transformados em sete. O país para e tudo continua se transformando… Lembrei-me da célebre lei da conservação da matéria de Antoine Lavoisier – “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Aqui no nosso cotidiano, podemos afirmar que muito se cria, muito mais se perde e tudo se transforma para pior e vez ou outra para melhor. Fico divagando e eis que me recordo do Bamerindus, banco que foi imortalizado pela propaganda de sua caderneta de poupança com o ator Toni Lopes no início da década de 1990, exibida principalmente na Rede Globo durante o programa Domingão do Faustão. O jingle era: “O tempo passa, o tempo voa; e a “Poupança Bamerindus” continua numa boa… O Bamerindus não existe mais. Hoje somos, amanhã quem sabe? Tudo é transitório. Rosal (3º Distrito de Bom Jesus do Itabapoana) teve bons carnavais, boas casas comerciais, agência do Banco Fluminense da Produção e Tiro de Guerra. Sobre o Tiro de Guerra o Jornal “A Voz do Povo” de 19 de agosto de 1933 noticiou: “Tiro de Guerra 117. Graças ao esforço do Capitão Elpídio Fiori, que é inegavelmente um espírito talhado para as grandes realizações na vida, o Tiro 117, do próspero distrito de Arrozal de Sant’Ana, acaba de ser incorporado ao Tiro de Guerra Nacional, passando a ter, portanto, todo cunho oficial. É presidente do referido Tiro o Capitão Elpídio Fiori e secretário o Sr. José Ary Boechat.” Bom Jesus teve uma fase áurea com um HOSPITAL REFERÊNCIA, hoje a saúde aqui está gravemente enferma.
A esta altura, o brasileiro já se programa para se vestir de amarelo e se prepara para lavar a alma, tendo que contar com três possibilidades -perder, ganhar ou empatar- que se resumem a apenas VENCER. Se o assunto é futebol, paixão nacional, que mal há em projetar todas as expectativas no país idolatrado, já que a competição pela vida tem sido tão dura? Em ano de Copa do Mundo e ainda mais sediada no Brasil, há um sabor diferente em tudo, mesmo sabendo que crianças ficam sem escolas, que sempre existe alguém esperando por atendimento na porta de um hospital e que para se chegar ao trabalho viaja-se em trens ou ônibus apinhados durante horas, inerte, sem poder se mexer, sem quase respirar, correndo muitos riscos. “We Are One” a música da Copa já está pronta. Tem partes em espanhol, inglês e português. A batida é bem clara, lembra o ritmo do Brasil, mas faça-me o favor, é praticamente toda cantada em inglês, em português apenas um bocadinho, nem parece que o espetacular evento é em nosso país, parece mais ser num país de língua inglesa. Por alguns dias, a emoção à flor da pele, em alta, provocada por altas doses de adrenalina. Em cada esquina, bar ou residência haverá uma turma diante da televisão. Oxalá alcancemos a VITÓRIA! O Brasil continuará o mesmo, não será melhor antes, nem depois.
No transcorrer da Copa, políticos já estarão farejando o sucesso ou quem sabe o fracasso nas urnas? O espírito cívico parece estar adormecido, se nos unimos ao redor da Bandeira verde-amarela com nossos gritos para impulsionar a seleção brasileira rumo à vitória, não podemos esmorecer diante da PÁTRIA. Temos que estar antenados com a seriedade do processo eleitoral. Há tanta nebulosidade na política brasileira que cada vez menos acreditamos que algo de bom possa acontecer. Temos que usar conscientemente nosso voto, direito reconquistado a partir do Movimento “Diretas Já” iniciado em 1984 e concretizado finalmente com as eleições diretas para Presidente da República em 1989. Temos um poder na mão, somos responsáveis pelas pessoas que colocamos nos cargos públicos. Não podemos votar em candidatos que fazem muitas promessas e têm um passado que não dá a garantia de cumprir o que estão prometendo. Enquanto SAÚDE, EDUCAÇÃO, MORADIA, TRANSPORTE e outras coisas mais agonizam, vamos nos unir com fé em fervorosa prece para que apareçam candidatos, políticos íntegros, honestos e sérios e se elejam para comandar dignamente nosso amado país. Somente desta forma, as eleições poderão ser um passo determinante na construção de um novo tempo, para que tudo se transforme para melhor. O BRASIL precisa de um MILAGRE.
Enquanto isto, sambando ou descansando, não importa, excelente Carnaval para você!!!
AMIGOS PARA SEMPRE
Vera Maria Viana Borges
O tempo vem nos roubando muitos tesouros. Já não temos tempo para apreciar o que nos rodeia, as belezas e maravilhas que nos cercam no cotidiano como os raios de sol que invadem o nosso quarto em deliciosas manhãs, uma chuvinha gostosa, o colorido das belas flores, o mavioso canto dos pássaros, o cheiro do café ao ser coado, a lua cheia iluminando o horizonte, o arco-íris com todas as suas nuances e uma bela melodia. Vive-se com pressa… Temos que nos dar a oportunidade de colecionar tesouros que nos proporcionarão a oportunidade de viver a vida plenamente. “Uma vida é uma obra de arte. Não há poema mais belo que viver em plenitude” (Georges Clemenceau).
Antigamente sem TV e sem Internet as crianças aproveitavam mais a infância, brincavam de pique, baleba e muitas outras brincadeiras enquanto os pais se reuniam com cadeiras nas calçadas… Época romântica, de grandes e glamourosos bailes e de memoráveis serenatas, uma era de ouro da qual são guardadas boas recordações. “Não se pode fazer voltar a água que passou nem a hora que transcorreu” (Ovídio). Mas… “O que passou passou, mas o que passou luzindo resplandecerá para sempre” (Goethe). Dois amigos de infância Luciano e Amílcar viveram plenamente este dadivoso tempo. Nascidos em outras plagas aqui cresceram, não esmoreceram e não permitiram que se lhe roubassem o ideal e construíram suas vidas, sempre mantendo a chama acesa da amizade nascida naqueles tempos áureos. Dois gênios que inventaram a própria maneira de viver, inteligências esclarecidas pela cultura, homens sábios de nomes imperecíveis que pisaram esta terra, deixando nela marcas indeléveis , o que deverá resplandecer para todo o sempre.
Doutor Luciano Augusto Bastos, homem honesto, íntegro e bom, extremamente inteligente, exemplo de trabalho fecundo, historiador que valorizou a História de nossa terra, grande idealista, mestre, formou inteligências jovens, educador desvelado de várias gerações, diretor proprietário do Colégio Rio Branco, rico em histórias, um ícone, símbolo da Educação de Bom Jesus. Por tudo isto tem espaço no coração de cada bonjesuense. Desejou veementemente criar no antigo Colégio, um Centro Cultural para preservar o rico patrimônio cultural que constitui o prédio do Colégio e todo o acervo existente em seu interior, estimulando a cultura através de diversas atividades culturais, para que fosse repositório da Cultura e Arte do Vale do Itabapoana, um Centro que produzisse e exibisse a produção artística. Partiu para a Casa do Pai Celestial aos 08 de fevereiro de 2011. Seus filhos não descansaram, mantêm e dirigem com habilidade e maestria o ECLB (Espaço Cultural Luciano Bastos), fruto de seu sonho. Desde que foi inaugurado sempre contou com destacadas apresentações, adquiriu conotação máxima nas artes cênicas, em espetáculos musicais, nos diálogos, entrevistas, declamações, danças, lançamentos de livros, Exposições Nacionais e Internacionais. O ECLB passou a integrar o cotidiano da nossa sociedade e mais, ULTRAPASSOU FRONTEIRAS, orgulho para todos nós.
Amílcar Abreu Gonçalves, músico de grande talento, um virtuoso, uma das figuras de maior projeção da música em Bom Jesus. Suas composições muito inspiradas revelando apurado gosto têm sido devidamente apreciadas e laureadas. Nome respeitado e abalizado em nosso ambiente musical pela sua dedicação e por seu conhecimento aprofundado. É detentor de numerosos prêmios. De sua produção musical se distingue a beleza da melodia e a riqueza da harmonização. Além das brincadeiras de criança, dos arroubos da juventude ele se recorda saudoso das inúmeras e encantadoras serenatas repletas dos memoráveis boleros executados por ele no inseparável violão, cantados por Luciano que possuía bela voz e adorava aquele gênero musical, ambos amantes da arte que embeleza e dá suavidade à vida e nos encanta derramando bálsamo que enternece corações agradecidos. A grande amizade que os uniu, fez com que Amílcar programasse um encontro imperdível de músicos, escritores e poetas, uma noite de Música e Poesia, dedicada ao ilustre amigo. Amílcar foi o mentor do célebre evento que todos acolheram com muito entusiasmo. Da sã e fiel filosofia, do amor, da abnegação do grande homenageado da noite de quem sempre emanou muita SABEDORIA, provém o amor que nos une e continua nos congregando e nos aglutinando.
Com carinho e apreço dedico a estas gradas personalidades os sonetos que seguem.
Dr. LUCIANO AUGUSTO BASTOS
Vera Maria Viana Borges
Afoito, destemido e denodado
Com sede de progresso o educador,
Não sai de nós o vulto consagrado
Que à nossa HISTÓRIA deu o seu fulgor.
Viveu, amou e muito foi amado,
Da Justiça foi grande defensor,
O EXEMPLO foi o seu maior legado,
Joia rara de rútilo esplendor.
De sua sã e fiel filosofia
Proporcionou lições de humanidade…
Dele emanava só SABEDORIA.
Foi pleno de bondade e amor profundo,
Um ser iluminado nos invade
Unindo-nos no amor dele oriundo.
AMÍLCAR ABREU GONÇALVES
Vera Maria Viana Borges
Encanta-nos o nobre violonista
De presença tão rica que irradia,
Dedilha e emociona o grande artista,
Que não descansa e vai sempre à porfia.
No teclado é um rei, é pianista,
Muito amável, envolto em simpatia,
De amizades tem ele grande lista,
Elo a elo constrói a cada dia.
De sua lavra ele tem composições,
Traz paz interior, um dom divino
Que abranda venturosos corações.
De acordes maviosos, a beleza
Do som tão belo, puro e cristalino
Que eleva o MAGO-ESTETA à realeza.
DEBRUÇADOS NA PONTE DA SAUDADE
Vera Maria Viana Borges
A sequência dos dias e das noites é tão vertiginosa que mal apreciamos a doçura da aurora, já contemplamos a beleza infinita do luar. Assim vai seguindo a vida que nestes tempos modernos é tão corrida que quando nos damos conta constatamos que é Natal novamente. Ponho-me a recordar os natais passados, aqueles da quadra da infância, fase em que tudo é colorido e belo, vividos em Rosal, mais tarde aqueles saudosos e tristes pelas partidas de tantos queridos e em outros natais deliciosos e muito felizes por novos rebentos que vieram para plenificar nossas vidas e que nos reportam à infância, propiciando-nos os efusivos natais de outrora na confraternização com nossos pequenos, onde se acrescenta a missão de conscientizá-los do verdadeiro sentido da FESTA, evidenciando o aniversariante JESUS CRISTO e o desejo que ELE renasça em cada coração e venha fazer morada em cada alma
Corria o ano de 1984, Wagner, um de meus alunos, filho de um dos funcionários da “Almeida Artes Gráficas Ltda.”, entusiasmado me disse que um calçadense, jornalista no Rio de Janeiro, estava editando um livro e que eram memórias de um menino caipira. Interessei-me pelo assunto e após o lançamento pedi que cada aluno adquirisse um exemplar da obra intitulada “ DEBRUÇADO NA PONTE DO RIBEIRÃO” de Pedro Teixeira e com a leitura dela fizemos estudos em classe, mergulhados numa narrativa agradável, recheada de expressões regionais e fatos acontecidos na infância do autor, um menino do interior capixaba, portador de grande sensibilidade e infinita riqueza de espírito. No Natal do referido ano recebi de presente do Pedro, um livro com a seguinte dedicatória:
Este é o primeiro Natal sem ele, mas nem mesmo a morte pode calar o canto do escritor que continua vivo em nossa memória e continuará sempre através de sua vasta obra. O minucioso pesquisador, memorialista dos bons, escritor brilhante, jornalista profissional no Rio de Janeiro, autor-roteirista da Rede Globo, roteirista de histórias em quadrinho, autor de uma tira de humor no Jornal A Gazeta de Vitória-ES, revisor de autores novos e tradutores, após o sucesso do lançamento de “Debruçado na Ponte do Ribeirão”resolve abandonar tudo e voltar para junto de seu “ribeirão” em sua terra natal, a majestosa São José do Calçado onde foi editor de um jornal regional. Ali ele se inspirou para escrever “ A Saga de uma Raça Capixaba” (pesquisa histórica), “Solidão em Vila Velha” (contos urbanos), “ O Último Carro de Boi da Vila de Calçado” (contos regionais), “Viagem de Volta à Ponte do Ribeirão” (memórias), “Memorial de São José do Calçado-ES”, “Memorial de Apiacá-ES”, “Memorial de Bom Jesus do Itabapoana-RJ”, “Memorial de Bom Jesus do Norte-ES”, “A Lenda de Itabá & Poaninha”, “ Mistério e Suspense na Biblioteca da Escola” dentre outros não menos célebres títulos.
A Academia Calçadense de Letras prestou justa e significativa homenagem ao saudoso Pedro Teixeira em ambiente de muita emoção, irreverência e descontração, marcas registradas do talentoso Confrade, como muito bem evidenciou o preclaro Presidente Edson Lobo Teixeira . Na apresentação, joias raras de beleza ímpar: Maria Lúcia Fegali, declamadora oficial da ACL nos encantou com o poema “Calçado é um Rio que Deságua Dentro da Gente” de autoria do homenageado da noite e o Coral Vozes da Montanha cantou o referido poema, musicado pela maestrina Abigail Barreto. O talentoso garoto Lúcio Xavier deu um belo show ao interpretar o escritor Pedro Teixeira, vestindo um blusão xadrez também marca registrada do escritor. O Poeta Aderbal Ramos declamou de sua autoria um belo poema em preito à memória do famoso escritor. As meninas Samara, Bruna e Ana Vitória apresentaram as obras infanto-juvenis do saudoso confrade. É de se ressaltar o empenho da Academia para que crianças participem de todas as solenidades. A menina Samara nos 15 dias das suas férias em julho, leu simplesmente 15 obras da Biblioteca da ACL, espaço muito visitado (agendado previamente) durante todo ano por professores e seus alunos, ambiente favorável para as mais interessantes aulas. Na sequência, a Confreira Verconda Espadarote Bulus fez um emocionante depoimento à linda e nobre família do saudoso Confrade Pedro Teixeira. Em 2007, no lançamento da obra “Viagem de Volta à Ponte do Ribeirão”, em que narra o seu retorno à terra natal – São José do Calçado, a charmosa garotinha Ellena Reis com apenas 9 anos declamou a poesia do Pedro Teixeira “A bailarina”, agora com 15 anos, Ellena repetiu a cena com mais categoria, desenvoltura, graça e beleza, emprestando mais brilho ao tão delicado e belo poema. Na ocasião o escritor Aristides Teixeira de Almeida, irmão caçula do saudoso Pedro Teixeira, trouxe à lume a sua obra “Música Sertaneja e Literatura” e encantou a todos os presentes com uma de suas belas composições.
Nascido em 27 de novembro de 1940 (Dia de Nossa Senhora das Graças), partiu para a Casa do Pai no dia 11 de agosto de 2013 (Dia dos Pais). A floresta imensa da nossa literatura foi rudemente golpeada na contextura de sua flora, tombou-se-lhe majestoso jequitibá, Pedro Teixeira já se encontra em direto contato com a literatura maior dos anjos e santos, na inefável presença do Eterno Senhor e Criador.
São José do Calçado, as duas Bom Jesus, o Estado do Espírito Santo, o Estado do Rio de Janeiro, o Brasil, seus familiares e nós, amigos e confrades, todos choramos a sua ausência. Que Deus, Nosso Senhor, o tenha em Seu Reino de Glórias e de Luz. Descanse em paz, querido Pedro!
CALÇADO DE TANTOS PRIMORES
Vera Maria Viana Borges
Entrando no Facebook deparo-me com postagem de Wender Vinícius Carvalho de Oliveira, calçadense (atualmente residindo no Rio de Janeiro), amigo dileto, um destes meninos de ouro, que ouve Chopin enquanto estuda Direito Penal. Um rapaz inteligente, zeloso, devoto da Virgem Maria, estudante de Direito, Pesquisador do Programa Institucional de Iniciação Científica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Amante das Artes e da Literatura, tão empenhado e envolvido, que ainda tão jovem (completará vinte anos no dia 02 de fevereiro de 2014), já é membro da Academia Marataizense de Letras (Confraria de Artes, Cultura e Letras de Marataízes-ES, cadeira número 18, patronímica do Poeta Elmo Elton Santos Zamprogno.
E, no FACE o Wender desabafa: “É uma pena estar tão longe de Calçado. Sem dúvidas, é a cidade mais bela, por ser a minha aldeia, de onde vejo o mundo, como diria o poeta. Só desejo que o frescor de suas montanhas azuladas, oh Calçado, e o doce perfume de suas flores jamais se percam em mim!” O poeta por ele referido é Fernando Pessoa que assim se expressou: “Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo… Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer. Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura…” (“Da Minha Aldeia” In: O Guardador de Rebanhos). Prossegue o Wender com trecho da “BALADA A SÃO JOSÉ” de autoria de Pedro Caetano: “Eu lhes falo de uma Cidade onde a tranquilidade escolheu para morar. Vive entre montanhas e flores e os trovadores se perdem a sonhar. Eu queria que o meu coração descobrisse a canção mais bonita que há e cantasse prá minha Cidade, com toda saudade que tenho de lá. São José, São José do Calçado! Como eu tenho sonhado com você São José… Como vai essa gente querida qu’inda é minha vida. Como vai São José?”
Berço de gente boa, nobre, hospitaleira, amiga e altaneira. Cenário de belezas, de encantos naturais, de passado culto e heróico, marcado por filhos ilustres que com galhardia lançaram a semente que caiu em terreno fértil, fato comprovado pela colheita de sazonados frutos, saboreados pelo povo honrado neste presente glorioso onde se cultua a FÉ e a CULTURA. No topo da Colina estão os ícones, os quatro pilares guardiões de sua bagagem ética, espiritual e intelectual: A Igreja Matriz de São José, a Escola Mercês Garcia Vieira (Colégio de Calçado), a sede da Academia Calçadense de Letras e a tradicional Biblioteca Municipal Homero Mafra.
De autor desconhecido é sempre repetido o aforismo: “Posso não ter quase nada, mas sou calçadense e basta!” Do exímio Poeta Edson Lobo Teixeira a encantadora cidade recebe rica e expressiva declaração de amor: “Debrucei meus sonhos/ em tuas montanhas/ deixei meu amor/ se envolver no perfume/ das flores de teus jardins…” E, finalizando diz Edson: “Sou teu filho!/ E amo-te tão profundamente/ que me agasalhei/ nos braços de São José/ para jamais abandonar-te, Calçado!” Assim se refere Pedro Teixeira em um de seus livros: “A cidade é pequena, mas gosto muito dela. Tem coisas que talvez não encontre mais em outros lugares. Suas ladeiras, duas praças, seus jardins com palmeiras que quase alcançam os céus e até seus casarões com assoalho de meter medo em qualquer um”(In:”Memórias de um Menino Pobre que Sonhava ser um Grande Escritor”). O Dr. José Carlos da Fonseca, no primeiro quarteto e segundo terceto de seu imarcescível soneto “História de Minha Terra” revela-nos a origem de sua denominação: “Ao colo destas serras verdejantes,/ Nestas paragens ínvias e remotas,/ Trouxeram os antigos viajantes/ Uma imagem calçada em suas botas. …E assim se transformou a velha aldeia,/ Na cidade feliz, de vida cheia,/ E que hoje é São José e do Calçado.”
A “Cidade Simpatia entre Montanhas e Flores” é berço de Geir Campos, poeta, jornalista e ativista cultural de grande presença e influência na literatura brasileira e de muitos outros vultos ilustres que brilham nos mais variados setores por este mundo afora e que têm demonstrado acendrado amor à terra natal. Berço de notáveis que lhe impulsionaram. Quantas gerações transpuseram os umbrais do COLÉGIO DE CALÇADO, fruto do sonho de Dona Mercês e do empreendorismo de Pedro Vieira, realidade que frutificou e se multiplicou miríades de vezes! Neste ano está sendo comemorado o centenário da nobre e generosa Professora e Diretora Mercês Garcia Vieira. Quantos recebem as benesses da Academia Calçadense de Letras, guardiã da HISTÓRIA e da CULTURA, que se preocupa com a formação de crianças e jovens propiciando-lhes oportunidade de apresentações em todas as solenidades! Incansáveis e profícuos o Presidente Edson Lobo Teixeira, a Secretária Maria da Penha Borges de Rezende Teixeira, a Diretora Maria Dolores Pimentel Rezende e demais membros, insopitáveis a conduzem, tornando-a uma das mais dignas e atuantes do país. Tem sede própria, fruto do amor e abnegação da família de um dos seus mais ilustres membros, Dr. José Carlos da Fonseca, de saudosa memória, personalidade que desempenhou importantes atribuições, como Deputado Estadual-ES, Deputado Federal, Diretor administrativo do Banestes, Diretor do IBC, Vice-Governador do Estado do Espírito Santo, Procurador do INCRA e Ministro do Tribunal Superior do Trabalho.
Saindo de Bom Jesus, seguindo a sinuosa rodovia já nos encantamos com as belas flores à beira da estrada, com a florada na serra, com os ramos buliçosos, com a brisa suave, com a amenidade do clima de montanha que nos garante deliciosa temperatura. Ao pisarmos seu solo enchemo-nos de júbilo. O meu primeiro contato com Calçado foi numa apresentação de acordeonistas no Cine-Teatro São José, devia ter oito ou nove anos, nosso Professor de Música, Sebastião Ferreira, mais conhecido como Maestro Bastião fazia exibições com seus alunos por toda a região, inclusive por vários anos nos apresentamos nas Festas de Agosto, na Praça Governador Portela em Bom Jesus. Sempre visitávamos o tio Elpídio Sá Viana e seus filhos. Tio Elpídio, competente Maestro, formou a filarmônica “Euterpe São José”, hoje “Lira 19 de Março” (composta inicialmente por seus filhos Luís, Antônio, Feliciano, Hélio, Geraldo e outros elementos da comunidade), corporação que manteve o respeito pela tradição musical que a fez respeitada não só pelo povo calçadense mas também por todos que apreciam o gênero e reconhecem a importância da música na formação do cidadão. A música nos enleva e em se tratando de Calçado não posso olvidar o vozeirão do Antônio João, não podendo deixar de citar o Luís Fernando Pimentel que tem nos agraciado com louvores e glórias na Matriz do Senhor Bom Jesus. Aos doze anos já frequentava a cidade em visitas à tia Enói e tio Euclydes , tia Dalva e tio Francisco Glória, tia Rita e tio Manoel Vieira, muito amáveis e mais tarde nossos padrinhos de casamento. Bons tempos aqueles!
São José do Calçado esplendorosa e bela, cantada, decantada e exaltada em maviosos versos… Calçado terra de tantos amores, tantas delicadezas e de tantos primores!
A PUREZA DAS CRIANÇAS
Vera Maria Viana Borges
“Eu fico com a pureza da resposta das crianças/ É a vida, é bonita e é bonita…” Gonzaguinha
“Eu quero a paz de criança dormindo…” Dolores Duran
Nas crianças podemos ver a graça espontânea, a paz de espírito, a alegria fácil. A infância é voltada para fora tendo como expressão máxima de pureza muitas ações contidas na história de suas brincadeiras. O método de se estudar brincando é sem dúvida o mais recomendável para se adquirir noções elementares nesta época em que mais se aprende. Bom é estudar com o mesmo prazer com que brinca. É lastimável, que atualmente existe uma perigosa tendência a querer se antecipar a idade vindoura: a criança quer ser adolescente antes do tempo, o adolescente aspira ser moço, o moço deseja a vida do homem maduro. Estão atropelando o desenrolar natural das idades. A infância deve ser prolongada por mais tempo possível para que se sedimente a formação necessária e o espírito infantil deve ser mantido em todas as outras idades para que sejam formados autênticos adultos, dignos, ponderados e felizes, conservando, assim, em nós, a pureza, o frescor, a alegria, a esperança e a saudável vitalidade. Precisamos manter fiel a criança imortal dentro de nós.
A criança de hoje é o homem de amanhã. A formação do caráter é necessariamente um longo processo. Inicia-se com o nascimento e perdura por toda a vida. Os anos formativos da infância e da juventude são os de maior valia na formação da personalidade. Faz-se mister preparar nossos pequenos para o futuro. O filho, criação de Deus, nasce de um pai e de uma mãe, e destes é a responsabilidade de sua primeira educação. Aos pais compete formar o corpo e a alma do filho. A lição mais forte é o próprio exemplo, ele vale mais do que muitas palavras. Com a modernidade eles são bombardeados por uma imensa quantidade de informações cheias de apelo de consumo que precisam ser supridas não com fórmulas mágicas, com historinhas que enganam, mas com presença, amor, companhia, caminhos, rumos, projetos, sonhos e sobretudo LIMITE e reflexão com firme propósito em DEUS, na Família, no estudo e no trabalho, pequenas tarefas que preparam para a vida…
Hodiernamente as crianças têm ido cedo para as Escolas e em classes maternais elas brincam, aprendem e se socializam convivendo com os coleguinhas. Nos tempos antigos só se ia para o Colégio aos sete anos e havia resistência de alguns pais que temiam enviar principalmente as meninas que consideravam indefesas, extremamente frágeis, para o convívio com muitos outros alunos, fora do alcance de seus olhos. A sede do saber entranhada em muitas delas, faziam-nas desejosas por conhecimentos, ávidas por aprender. Conheci a linda trajetória escolar de uma pura e ingênua garotinha que ansiava estudar e o pai temeroso relutou em consentir. Ela pedia, pedia… Seu irmão, Cristóvão desposou a grande mestra Olga Tardin e só assim o pai severo permitiu fosse matriculada. Ela deslanchou e feliz captava todos os ensinamentos. Já na Quarta Série, Olga ensinando a redação de cartas, disse que elas deveriam ser iniciadas com uma saudação, que poderia ser “Querida fulana…” , Adorável amiga fulana… ou “Meiga fulana…” e ela entusiasmada redigiu várias cartas. Dias após, Dona Olga sugeriu que escrevessem à Prefeitura solicitando uma BOLSA DE ESTUDOS e ela prontamente iniciou: “MEIGA PREFEITURA…”, a mestra achou muito engraçado e ao receber a visita do Secretário Municipal de Educação , apresentando-lhe com muito orgulho o seu trabalho, disse-lhe: “Olhe, Senhor Secretário, o que minha cunhadinha escreveu. Quando ele leu “MEIGA PREFEITURA…” o riso foi geral, mas imediatamente ela ganhou a BOLSA com a condição de se esforçar muito, pois se fosse reprovada perderia o benefício. E a meiga, dócil e esforçada menina foi para o Colégio Rio Branco e de lá saiu a brilhante e honrada Professora Therezinha Teixeira de Siqueira, da qual tive o privilégio de ser discípula. Através dela externo a todos os meus outros grandes e amados MESTRES o meu carinho e gratidão. Não fossem eles não poderia estar escrevendo agora. O PROFESSOR é peça fundamental na Cultura do país, é o profissional mais importante da sociedade. A educação transforma, constitui o alicerce de qualquer nação, leva os indivíduos a voos mais altos, amplia os seus conhecimentos e os coloca em contato com possibilidades inesgotáveis de realização pessoal e profissional. Ele prepara o homem para todas as outras profissões. Os que ocupam os mais elevados cargos passaram por ELE. Missão de amor, de modelar genialidade que promove humildes, doutores, presidentes, rainhas, reis e príncipes. Sua palavra é eco que ressoa. Fonte de conhecimentos, valores, costumes, cultura, fé, responsabilidade e lutas. Eu me orgulho de ostentar este título e de ter exercido esta profissão!!! “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” Cora Coralina.
FAMÍLIA, CATEQUESE E ESCOLA, elementos de suma importância na educação que é passada de geração em geração, alicerces transmissores dos conhecimentos e sabedoria para que cada um se torne uma pessoa íntegra e feliz.
Que a MÃE, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira do Brasil, nos cubra com o seu SANTO MANTO, nos abençoe para educarmos nossas crianças para Deus, moldando-as na consciência do sentido da vida, na preservação do caráter, na estima à honestidade, aos valores, atitudes e hábitos éticos e morais. Pedindo a SUA bênção maternal, transcrevo, reafirmando a súplica que faço no segundo quarteto do meu soneto intitulado “SENHORA APARECIDA”: De Deus e Nossa, MÃE compadecida, / Como olhaste JESUS, tua CRIANÇA, / Olha os velhos, a infância desvalida, / A família e a Pátria, sem tardança.
PRA FRENTE BRASIL!
Vera Maria Viana Borges
Setembro chega de mansinho prenunciando a primavera que nos encanta com o adejo de amor dos passarinhos e a beleza das floradas que matizam os jardins onde lírios, manacás e a flor rasteira atingem o esplendor. O viço das planícies, a serra em flor, os suaves ares reportam-me à Escola Luís Tito de Almeida em Rosal no meu primeiro ano escolar. O sol estava radiante! A lembrança que tenho daquele radioso Dia da Pátria é das mais lindas. Na Escola, Dona Haidée Borges Brasil, Genilda, Nélia Gonçalves dos Santos e Senhor Hildebrando José Teixeira nos esperavam para o desfile. Após, seguimos para a sede da Lira 14 de Julho onde estava instalado o Serviço de Alto-Falante do Senhor Chiquinho (o grande Francisco Nunes) que nos aguardava para a apresentação de um significativo momento cívico com o canto do Hino Nacional Brasileiro, do Hino da Independência e declamação de poesias alusivas à data. Recordo aqueles episódios e emergindo volto a este setembro. Semana da Pátria! Esta Pátria, tão querida e tão sofrida, que salvo algumas exceções, é lembrada somente em declamações nas escolas, desta “brava gente brasileira” repetindo as belezas da terra que “tem palmeiras onde canta o sabiá… Independência ou Morte! Fico confusa… Morte de índios, de mendigos, de menores, de marginalizados, de sem-terra, de desempregados… Independência! Mensalão, escândalos, corrupção, ai meu Deus, que medo de estar trocando de Colonizador! A independência não se dará sem a superação destes e de outros males. Acorda Brasil! Instrui o povo! O drama da evasão escolar no Brasil, sobretudo nos primeiros anos da Escola Primária, e o da repetência, são assustadores, exigindo esforços que a qualquer custo deverão ser enfrentados. Não se pode abrir mão da maior riqueza, o ser humano, como parte decisiva para o desenvolvimento. O analfabetismo é uma das causas que contribui para manter imensas multidões na condição de subdesenvolvimento. O papa João XXIII já dizia que “a fome de instrução não é menos deprimente que a fome de alimentos: um analfabeto é um espírito subalimentado.”
Já não existem fronteiras para o conhecimento, vivemos num mundo globalizado. A linguagem é indispensável à vida. As invenções, da arte culinária, das armas, da escrita, da imprensa, dos métodos de construção, dos meios de transporte, das descobertas das Ciências e das Artes, nos foram legadas através de nossos antepassados por meio da linguagem falada ou escrita. É sem dúvida a LINGUAGEM que movimenta o mundo… É ela que distingue o ser humano dos animais. “A linguagem é o arquivo da História.”(Ralph Waldo Emerson (1803-1882), crítico e poeta norte-americano). Os seres humanos a adquirem através da interação social na primeira infância. As crianças geralmente já falam fluentemente aos três anos de idade . Seu uso tornou-se profundamente enraizado na cultura humana, além de ser empregada para comunicar e compartilhar informações. A linguagem também possui vários usos sociais e culturais e é muito usada para o entretenimento.
Ao homem bárbaro, bastavam-lhe meios rudimentares para a comunicação; quando a necessidade se fazia sentir, valiam-se de sinais como o fogo, a fumaça e o som. Os desenhos tiveram importância, prova disso são as gravações no interior das grutas pré-históricas, nas tábulas de madeira e de argila encontradas em escavações arqueológicas. A evolução da linguagem foi extremamente lenta! Através de milênios, foi-se dando característica própria a cada povo. Surgiram as várias LÍNGUAS…
Um dos maiores inventos de todos os tempos, foi o da IMPRENSA em 1450. Gutenberg abria com ela os portos da COMUNICAÇÃO, que tornou-se certa e permanente, propiciando ao homem chegar a outros inventos, tornando possível a Revolução Industrial. Com tantas conquistas, as comunicações são causa e efeito do progresso, e assim sendo, a história dos meios de comunicação se confunde com a história da humanidade.
A imprensa foi introduzida no Brasil com a corte de D. João VI; o material gráfico pertencia à Secretaria dos Estrangeiros e da Guerra, tendo sido colocado no porão do navio “Medusa”, pelo conde da Barca, e posteriormente instalado em sua casa. Depois de um ato real, a casa passou a funcionar como Imprensa Régia e aos 10 de setembro de 1808, sai o primeiro jornal editado no Brasil, a “Gazeta do Rio de Janeiro”.
Hoje há um bombardeio de mensagens e um turbilhão de notícias. No mundo, todos sabem de tudo. Tem livro, revista, jornal, rádio, televisão, telégrafo, telefone, DDD, DDI, CELULAR, Embratel, Intelsat e a Internet que transpõe barreiras, desconhece distâncias geográficas, elimina fronteiras… Apesar de usar toda esta tecnologia que a modernidade nos oferece colocando à disposição os livros e jornais eletrônicos, o que nos dá muito mais prazer é ler no papel, impresso, para poder manusear, folhear, sublinhar os pontos mais importantes para fazer releituras do principal e ler e reler… Ler é crescer, ler é cultura, cultive esta ideia! Já dizia Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”.
Salvaguardemos estas conquistas com a experiência de séculos e milênios. Somos responsáveis pela história e por nosso destino. Preservemo-nos do sensacionalismo, das notícias escandalosas, pois só a VERDADE liberta. Assim, serão descobertos novos valores, novas perspectivas, alcançando-se horizonte auspicioso, com o amor tão necessário ao equilíbrio do homem e à paz social.
Só mesmo o Deus Pai, com Seu INFINITO AMOR, poderá nos conduzir através do sopro do Seu Divino Espírito e de Sua Palavra ao Verdadeiro Caminho. Creio que com SAÚDE e EDUCAÇÃO de qualidade faremos desta Pátria, uma Pátria digna, culta e livre dos grilhões que a forjavam. PRA FRENTE BRASIL!!!
FESTA DE AGOSTO
Vera Maria Viana Borges
Ao ensejo da festa magna do nosso Município, a nossa adorada Bom Jesus se engalana para receber filhos ausentes e ilustres visitantes que num congraçamento e na mais perfeita comunhão de ideais promovem as emoções do reencontro.
O colorido das barraquinhas, aguça, entusiasma e alegra a criançada. Pelas ruas cata-ventos, bolas, pirulitos, algodão-doce, maçãs-do-amor graúdas e bem vermelhas. Barracas de Chope com música ao vivo. Exposições! Bandas de Música! Alvoradas! Shows magníficos com festejados artistas do Cenário Nacional. Fogos de Artifício, com grandioso espetáculo pirotécnico…
No dia 02 começam as procissões da “Coroa” em honra ao Divino Espírito Santo, ao som do “Alva Pomba”, contribuição do saudoso Padre Antônio Francisco de Mello que aqui chegou em 1899, falecendo em plena Festa de Agosto, a festa que tanto amava, no dia 13, no ano de 1947, pedindo que não fossem interrompidos os festejos… O bom pároco, foi parte integrante de nossa comunidade. Padre Mello ajudou a construir a NOSSA HISTÓRIA, viveu intensamente, lutou, trabalhou muito nestas terras. Não se descuidando da educação religiosa, ensinava, rezava e cantava com o seu rebanho. Milhares de batizados e casamentos foram celebrados por ele. Engenheiro e Arquiteto, remodelou a Igreja, erguendo-lhe uma das torres em 1931. Belíssima a nossa Matriz! De rara sensibilidade, Jornalista e Poeta, deixou o excelente literato, páginas douradas, registrando fatos com fidelidade, depositando-os no repositório fiel da MEMÓRIA! Quem não se lembra de seu Poema “Morrer Sonhando” na voz forte e vibrante do saudoso Salim Tannus, na abertura dos festejos, todos os anos, no dia 13, após o hasteamento das Bandeiras?
15 de AGOSTO! A Igreja celebra nesta data a Assunção de Maria… Por que então se promove a Festa da Coroa e do Cetro do Divino, nesta época, aqui em Bom Jesus?
Agucemos nossos ouvidos, no tempo…
…Por volta de 1780 chega ao Brasil, vinda de Portugal a Família Teixeira de Siqueira. Um de seus membros, Francisco Teixeira de Siqueira, fixou residência em Rio Pomba, na Província das Minas Gerais. Indo trabalhar na Fazenda de Domingos Gonçalves Magalhães, em 1810 casa-se com a filha do patrão, Felicíssima Roza de Oliveira. Após o falecimento de Francisco em 1855, dez de seus quatorze filhos vieram aqui para esta região. A chegada da Família Teixeira de Siqueira marcou o início das Festas do Divino. Quando para cá vieram receberam das mãos da Srª Felicíssima, as “Relíquias da Coroa e do Cetro do Divino Espírito Santo”, vindas de Portugal, com a autorização do Senhor Bispo de Mariana, Minas Gerais, para serem guardadas na casa da referida família e com a recomendação de trazê-las para a Fazenda da Barra (Barra do Pirapetinga-Bom Jesus), e posteriormente entregá-las à Igreja do Arraial para que se observassem orações, novenários, procissões com visitas às casas de famílias e Oratórios. Continuaram cumprindo a devoção. Faziam procissões entre fazendas onde se mantinham Oratórios. A cada ano se escolhia os Provedores da Festa.
Transcorria o ano de 1863, era maio, tendo estado gravemente enfermo o menino Pedro Teixeira Reis, neto de Dona Felicíssima, seus pais Joaquim e Jovita, prometeram ao Divino Espírito Santo que se o menino ficasse curado, ele seria vestido a caráter, como Imperador da Guarda da Coroa e do Cetro. Com a sua cura, dirigiu-se o pai à Corte para comprar as roupas e cumprir a Promessa. Iniciou-se assim a presença de um Imperador à tradição da Festa do Divino.
Em 1875, foram iniciadas pelo Padre José Guedes Machado, as obras de nossa Igreja, sendo concluídas em 1878. Neste ano os Provedores da Festa foram os casais: Francisco José Borges (bisavô de meu marido) – Anna Roza Teixeira (ela filha de D. Felicíssima) e Antônio José Borges – Bárbara Roza Teixeira, filhos do casal anterior, sendo ele do 1º matrimônio de Francisco e ela do 1º matrimônio de Anna. Com o casamento (segundas núpcias) de seus pais eles também se casaram , com doze e quinze anos respectivamente. São os avós do nosso 1º Prefeito, o ilustre José de Oliveira Borges. Em cumprimento às determinações entregaram solenemente as “Relíquias” ao Padre José Guedes Machado, para que a Igreja desse continuidade à devoção. Em maio de 1879 – o 1º Novenário na Matriz.
Em 1897 D. Francisco do Rego Maia, Bispo Diocesano, nomeia para servir a Bom Jesus o Reverendíssimo Padre Antônio Francisco de Mello. Somente em 1899 chega o referido Vigário à nossa Paróquia, encontrando aqui as mesmas tradições de sua terra, Portugal, quanto às Relíquias. Conservou-as. Devido à colheita do café, ocorrida no mês de maio (época em que se comemorava a tradição da Coroa), transferiu a Festa da Coroa ou do Divino para o mês de agosto e assim passou a se chamar FESTA DE AGOSTO.
O padre acrescentou aos ritos o belíssimo hino Alva Pomba de autoria do Padre Delgado, da Ilha de São Miguel em Portugal. Ainda hoje a Banda o executa enquanto os fiéis cantam nas procissões.
Em 1956 com a substituição do Pároco de Bom Jesus, interrompeu-se a celebração por 27 anos. Somente em 1983, quando o Padre Paulo Pedro Seródio Garcia (descendente dos Teixeira de Siqueira) assume a Paróquia do Senhor Bom Jesus é retomada a tradição.
Que o Divino Espírito Santo como fogo ardente e abrasador ilumine e aqueça com Sua Graça os corações de todos os bonjesuenses, abençoando as terras do Senhor Bom Jesus e este seu povo que ama e tem fé.
Transcorra sempre em paz a NOSSA FESTA!…
ZÉ DO NOLA
Vera Maria Viana Borges
Saio gratificada da leitura da fascinante obra “DA FORJA AO FREIO”, espetacular história de vida de José Boechat Borges, notável empresário de Itaperuna-RJ, fundador da Fábrica de Freios Boechat, uma biografia autorizada escrita pelo emérito jornalista Camilo de Lellis, a partir de relatos orais e fotografias de amigos e familiares com a revisão da beletrista Ábia Dias, amada confreira da Academia Itaperunense de Letras.
Edição em grande estilo, com perfeita diagramação, papel de qualidade, lindas páginas a cores com fotos extraordinárias, texto claro revelando um passado de lutas e um presente glorioso daquele que começou a trabalhar aos sete anos ajudando o pai nos serviços de ferreiro e, juntos construíram uma empresa que criou tecnologia de ponta para a indústria.
Seu pai, Algenor Boechat, conhecido como Nola, filho do então proprietário da Fazenda do Leite com quem trabalhava, após revés causado pela vida mudou-se para a Serra do Tardin, próximo a Carabuçu. Nola casou-se com Carolina, filha de Messias José Borges e Francisca Pereira Borges, de Barra do Pirapetinga e lá na Serra do Tardin tiveram a primeira filha Maria José ( esposa do Sr. Carlos Borges Garcia).
Mudaram-se para Barra do Pirapetinga, a noroeste da sede do Município e Nola foi trabalhar na Fazenda de Anacleto José Borges (hoje nossa propriedade) tio de Carolina. Ali nasceram os filhos Antônio Carlos e José Boechat Borges, este no dia 20 de abril de 1932.
Nola, muito trabalhador, persistente, observador e inteligente, numa de suas vindas a Bom Jesus viu um homem esquentando correntes em brasa e emendando-as para serem utilizadas nas cangas de bois. Sentiu que podia prestar aquele serviço. Assim começou a emendar correntes, consertar arados e a realizar pequenos serviços. O Senhor Leonídio Germano vendo nele grande potencial como ferreiro tratou de levá-lo para a“Vargem Alegre” hoje Pirapetinga de Bom Jesus e ali em 1939 nasceu-lhe a filha caçula, Maria Alice.
O trabalho era duro e as crianças ajudavam como podiam. O garoto José se propôs a ajudar no serviço de ferreiro. Começou soprando o fole para avivar a forja e fazia o polimento das peças. Seu primeiro trabalho foi um bocal de freio para o cavalo do avô materno Messias José Borges (tio-avô do meu marido). Fazia esporas e outros produtos de excelente qualidade, sendo que alguns ainda existem.
Nola buscando outras formas de renda aprendeu a dirigir e fazia fretes entre Vargem Alegre e Bom Jesus. Passou a trabalhar como motorista da conceituada agência CHEVROLET BOUSQUET de Bom Jesus do Itabapoana. Deixava as ordens de serviço com José, que as executava e anotava novas encomendas. Chegando à noitinha trabalhava até a madrugada. Com o tempo, José passou a ser chamado “ZÉ DO NOLA”. Pouco pôde se dedicar aos estudos e brincadeiras.
Além da Ferraria, prestavam serviços para melhor funcionamento de fogões, onde colocavam serpentinas com canos galvanizados para esquentar a água da caixa e proporcionar os banhos quentes e aconchegantes. O menino José empunhava sua caixinha de ferramentas e com um embornal no ombro saia para efetuar os trabalhos necessários.
Mudaram para Itaperuna, estabeleceram e tiveram que aperfeiçoar. Fizeram melhorias para os sistemas de carros de boi e para reboques puxados por trator. Fizeram lataria, motor, capotaria, caixa de marchas e pintura de um Ford 1929. Neste carro José aprendeu a dirigir.
Em 1952 o primeiro torno e uma máquina de solda. Voltaram-se à mecânica automotiva. Em 1954 foi criada a “BOECHAT & FILHOS”. Passaram a trabalhar exclusivamente com caminhões. José analisando os fracos freios dos caminhões ALFA ROMEO, criou e produziu cuícas ou piorras para torná-los mais eficientes. Produziu câmara de freio a vácuo seca para adaptar em caminhões CHEVROLET, sistema que foi muito usado pelo Exército Brasileiro. Vendia em Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e mais Estados.
Criou o “Freio a ar Boechat” e ele mesmo o Diretor da Empresa ia instalar os primeiros produtos vendidos, orientando os mecânicos das empresas. Investiu na produção e reposição de sapatas de freios. Começou a vender para o exterior: Estados Unidos, Canadá e Mercosul. Só no Canadá esteve por oito vezes dando assistência técnica sem dominar o idioma local.
Segundo o relato de Camilo de Lellis, José trabalhava duro e o horário sendo pequeno para tanta disposição, ele trabalhava à noite, escondido de Nola. Ele sempre amou cães e caçadas e enquanto a lei permitiu foi caçador de pacas. Curtiu os bons Carnavais de outrora e suas animadas marchinhas. Tem Paixão pelo BOTAFOGO e toda a sua prole é botafoguense.
Personalidade admirável em todos os aspectos. Popular, respeitoso e respeitado. Humilde, porém franco, incisivo e corajoso. Homem de Garra e Fé, de acendrado amor à família, digno do nosso aplauso e reconhecimento.
De parabéns, o Jornalista Camilo de Lellis, o biografado José Boechat Borges e a todos os que tiverem o privilégio de ler e possuir a magnífica obra.
Eis, a trajetória do ZÉ DO NOLA, um legítimo e autêntico representante dos BORGES DA BARRA!
TRIBUTO A ANDRÉ MEGRE
Vera Maria Viana Borges
Um grande nome da música contemporânea parte para a eternidade. Nosso dileto e querido amigo André Megre foi se juntar às estrelas do Céu. O sorriso simpático e franco cativava a todos. A seriedade, a perseverança e o dinamismo eram constantes na trajetória terrena do astro que no último primeiro de junho voou para junto de DEUS. E lá junto à Corte Celeste por certo estará executando os mais belos cânticos, magníficos hinos em contato direto com a musicalidade maior dos Anjos e dos Santos, na presença inefável do Eterno Senhor e Criador. E o Céu está em festa. Grande festa! Integrando o imenso coral, contemplando a Excelsa e Eterna Beleza estão a sorridente e feliz Zezé Santinha que lá chegou recentemente e a VÓ ZITA, outra santa, seu ANJO PROTETOR e também de todos os alunos, professores e funcionários do Colégio Estadual Euclides Feliciano Tardin onde exerceu as atividades profissionais por várias décadas e era chamada carinhosamente de Vó Zita. Avó de todos. Um anjo de ternura. Avó sensível, esposa dedicada e mãe carinhosa. Sua grande amiga e companheira de todas as horas.
A notícia do falecimento do André veio trazer-nos muita angústia. Encheu nossa querida Bom Jesus de muita tristeza e grande dor. Desolou-nos!
Mal posso conter a emoção de reviver os dias de nosso passado quando tive a grata alegria de ser sua professora de Português por quatro anos. E, que aluno maravilhoso! O aluno superou a mestra. Na Escola nas mais diversas comemorações eu costumava tocar acordeão e anos após ele me confidenciou que aquelas modestas apresentações o incentivaram para que ele se dedicasse àquele instrumento. Exímio em tudo que fazia.
Contou cotidianamente com uma fada real, uma mulher guerreira, a mãe extremada que não esmoreceu um minuto sequer nos seus quarenta e um anos de vida. Ela o acompanhou em todos os momentos… Nas enfermidades, nas dores, nas tristezas e nas alegrias. Eles estudaram Inglês e falavam esta segunda língua com fluência. Ela participou com o amado filho de todos os coros em todos os eventos a que ele comparecia. Doou-se por inteiro. Exerceu dignamente com muito louvor o dever materno. Quando estava cursando a Faculdade de MUSICOTERAPIA ele perdeu a visão e ele tudo fazia com sua inteligência peregrina e com os olhos da mamãe Sandra. ELA o acompanhou em todos os momentos. Não enxergava mas o Pai Todo Poderoso o privilegiou com inúmeros dons e os dedos de ouro dedilhavam e debulhavam o teclado com maestria.
Sua vida foi dedicada à Música, a mais sublime das artes. Mestre dos Acordes, Mestre da Sensibilidade que sempre nos encantou com louvores ao Divino Pai e em cerimônias várias. Senti-mo-nos orgulhosos de sua nobreza de caráter, da perfeita execução das mais belas e sensíveis melodias, de sua amizade, de seu carinho, do carisma, do positivismo, da coragem, do desprendimento, elevando tantos corações através da Arte que imbuída em seu ser já fazia parte de sua personalidade. Sempre mereceu cumprimentos pelo seu modo de ser, pela sua maneira de viver. O ilustre e insigne cultor da Música, espírito envolto em perene encantamento, de temperamento afável, sempre solícito, bom filho, sincero amigo, muito contribuiu no terreno sócio-artístico-cultural-religioso do Vale do Itabapoana. Sua lembrança ficará e em nossos corações haverá de permanecer . Recebeu merecida honraria da Secretaria de Cultura do Município de Bom Jesus do Itabapoana, através da Professora Maria José Martins na “VI NOITE DE CULTURA E ARTE”, da qual foi PATRONO e tudo o que ocorreu na ocasião foi dedicado a ele. A Convite do Departamento de Cultura tive a elevada HONRA de ser escolhida para lhe fazer a homenagem. Foram momentos notáveis, inesquecíveis e eternos. Só poderemos vivê-los em flashes de doces recordações.
Agradeço ao Criador Supremo do Universo, pela sua vida, pela pessoa tão especial que ele foi, por tê-lo colocado em nosso caminho, dádiva por excelência, pois um amigo leal não tem preço e nada se iguala ao seu valor. Agradeço por tudo de maravilhoso que nos proporcionou. Aos seus pais, à sua irmã, familiares e amigos um forte e sentido abraço pela sua partida e que Jesus e Sua Santa Mãe possam abençoá-los em momento tão difícil. Que Deus, Nosso Senhor, o tenha em Seu Reino de Glórias e de LUZ! Descanse em paz, querido André!
Eis pois o nosso tributo a André Megre, não aquele que ele merece mas aquele que está ao nosso alcance prestar em reconhecimento do seu talento e sobretudo pelo amor acendrado à Cultura e à Arte.
O artista não morre, ele se transforma e se encanta. Partindo deixa suas pegadas, deixa sua marca registrada em sua obra.
André, o notável e talentoso instrumentista, possuidor do excepcional dom de dirigir cantores com grandeza de estilo e versatilidade, animou, deu vida, fez vibrar o povo de Deus a cada Celebração da Santíssima Eucaristia em que participava. Seus acordes e sua voz forte e grave ressoam em nossos ouvidos e em nossas lembranças. O ECO dos maviosos sons permanecerá indelével em nossas memórias para sempre.
ESTE MAIO PROMETE!
Vera Maria Viana Borges
Maio!… Mês feminino que nos lembra mulheres: Mães, Noivas e especialmente MARIA, a bendita entre todas as mulheres; a mulher por excelência, a mulher mais lembrada e querida, a Mãe da Igreja, a Mãe do povo de Deus. Maria do Sim, Maria do Silêncio, Maria do Perdão, Maria Ternura, Maria Sorriso, Maria das Lágrimas, Maria do Alto. Mãe de Jesus, nossa Mãe, nossa RAINHA.
Mães são anjos, são fadas, são santas. Veio-me à memória a bela trova de Barreto Coutinho: “Eu vi minha Mãe rezando/ Aos pés da Virgem Maria;/ Era uma Santa escutando/ O que outra Santa dizia.” Penso que as mães deveriam ser eternas, também pensou assim Arquimino Lapagesse, ao exprimir: “Se Deus atendesse um dia/ Minha prece ingênua e doce,/ Quem fosse mãe não morria/ Por mais velhinha que fosse.” Devaneios, sonhos de poetas. Não há poeta que não tenha cantado e decantado o seu meigo nome, elas já estão incluídas no rol dos temas eternos.
Os ares de maio trazem-me suaves reminiscências das coroações de Nossa Senhora na Igreja de Santana em Rosal. Vivi lá apenas uma década, mas tudo ficou muito entranhado em mim. Todas as noites após a ladainha e coroação, D. Julieta nos oferecia deliciosos suspiros. Nas ladainhas da tia Vavá, ela enchia saquinhos com doces, um de cada espécie dos que tinha preparado para o leilão, para oferecer aos anjinhos. Suas filhas Ana e Maria continuaram esta tradição. A petizada saia carregada de suspiro, quebra-quebra, doces das mais variadas frutas cristalizadas, palha italiana, cajuzinho, olho-de-sogra e tudo mais que pudesse brotar daquelas cabeças e tudo era posto em prática com muito amor por aquelas mãos de fadas…
Sensacionais leilões! O coreto todo decorado, cheio de deliciosas prendas. Todo o povo à sua volta. Cada noite dedicada a uma família que se esmerava na confecção das guloseimas que eram arrematadas por altos preços, estimulados pelos apregoadores que iam induzindo, em sadia brincadeira a competitividade entre os presentes que num clima de total descontração contribuiam para os cofres da Igreja de Santana.
Nos leilões de D. Zinha e do Sr. Anselmo Nunes, havia um lindo Castelo de Madeira, repleto dos mais finos docinhos. – Quem iria arrematar doces tão saborosos?… Só levaria os doces, logicamente o “Castelo” era apenas depósito que seria devidamente guardado para o próximo ano. Hoje ainda usam um “Castelo”, confeccionado pelo Dadá (Dário Xavier de Almeida).
O Ernesto Lumbreiras era o freguês certo da galinha assada do leilão do Senhor Carlos Nunes e D. Júlia.
Entre canas, pencas de mexericas, ceias, frangos, leitoas recheadas com farofa, bolos, tortas, roscas-doce, cheiro de bezerros presos ao lado para serem leiloados, estavam sempre sentadas no interior do coreto, bem acomodadas D. Libânia e D. Ilídia. A garotada mais audaciosa (geralmente os meninos mais levados) pregava-lhes peças, amarrando suas roupas no gradil do coreto enquanto elas embevecidas apreciavam o desenrolar dos acontecimentos. Quando iam sair, estavam presas… Saiam resmungando…
Não podia faltar o “coelhinho de açúcar” da tia Vavá, e as chupetas também de açúcar da tia Maria Rita.
Ainda ecoam nos ouvidos rosalenses o – “Dou-lhe um, dou-lhe dois, dou-lhe três… na voz do Lutinho e de outros, como Parafuso (Wilson filho do tio Zezé, que chamávamos carinhosamente de Issoca), Antônio Pedro (lá da Fazenda do Sr. Carlowe Vidaurre), Antônio do Nestor, Toninho Araújo, Wenceslau…
A religiosidade, o amor telúrico, são inerentes às fervorosas almas de nossa gente. A Igreja de Santana, construída por Antônio Carlos Machado e outros, no ano de 1934, veio substituir a capelinha ali existente, naquela pracinha colorida e perfumada pelas lindas rosas. Ao lado, o coreto, onde as mais encantáveis retretas das adoráveis Bandas, dos Sá Viana, do Chico Gomes e da 14 de Julho extasiavam o povo e onde aconteciam e ainda acontecem os mais animados “leilões” das redondezas. Do coro da igreja ecoavam as mais belas músicas sacras executadas por D. Julieta, por Aída Marilda dos Santos e doces vozes formavam belos corais: “Kyriié-éééé-ééééééé-éééééEleison…” Nós, crianças da Cruzada Eucarística, regidas por D. Julieta, cantávamos em Latim, Missas Gregorianas, De Angelis. Crescemos na fé; as associações religiosas movimentavam-se e davam vida à casa de Deus e à nossa vila.
No interior da Igreja ao centro, no altar principal a Senhora Santana abençoa a todos que ali adentram. SANTANA a Mãe de MARIA!
O notável, nobre e conceituado artista Raul Travassos projeta e recria com seus talentos e muito carinho a imagem de Santana, Padroeira de Rosal. Celso Siqueira Júnior executa a pintura da Imagem. No dia 25 de maio de 2013 a Grandiosa Festa do retorno da Imagem de SANTANA para o seu Altar na sua Capela. Haverá SANTA MISSA pela manhã e a seguir exposições, shows musicais com a “PRATA DA CASA” , finalizando com ladainha e leilão. Agradecidos, aguardamos com expectativa e muita ansiedade.
Este maio promete!!! Será muito Especial!
SEMPRE HAVERÁ COMEÇOS E RECOMEÇOS
Vera Maria Viana Borges
Defronte ao computador, para iniciar este artigo, pus-me a raciocinar e me veio à mente o pensamento de Benjamim Franklin: “Ou escreves algo que valha a pena ler, ou fazes algo acerca do qual valha a pena escrever.” Lembrei-me dos versos de Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena/ Se a alma não é pequena./ Quem quer passar além do Bojador/ Tem que passar além da dor./ Deus ao mar o perigo e o abismo deu,/ Mas nele é que espelhou o céu.” Desta feita recordo José Saramago e seu dizer: “Cada dia traz sua alegria e sua pena, e também sua lição proveitosa.” De pensamento em pensamento voltei ao ano de 2001, no auge da Edição de “ASTROS & ESTROS”, Boletim Alternativo de Prosa e Poesia com Circulação Nacional e Internacional do qual sou fundadora, editora e redatora. Em suaves flashes revi os questionamentos que me assaltavam e como resposta recebi uma proveitosa lição que me fez produzir o texto publicado no Boletim nº 30, com o título – “ VALE a PENA?” do qual transcrevo uma parte: “Valeria a pena tanto esforço? Não seria sacrificar-se, perder horas e horas, compilando, organizando, escrevendo, compondo, desenhando, pintando, diagramando?… Já se tem tantos afazeres, para que acumular mais funções? A morte é certa, tudo isto vai virar cinza!
Tantos papéis! Para que perder noite de sono em busca de uma rima ou palavras para se completar versos de um soneto? Que bobagem! Tudo acabará em cinzas…
Horas e horas defronte a um computador, confeccionando um boletim! Não posso compreender o objetivo de tal ofício… Qual a finalidade desta tarefa? Tanto trabalho!… Noites indormidas, lendo versos!… Que valor terá este papel, chegando ao seu destino? Por acaso não virará cinza?
Inquirindo-me, já atordoada: isto seria normal?
Valeria a pena? Meu Deus, tudo é CINZA! CINZA, a palavra principal ficou sendo CINZA! Nos últimos dias, inúmeras vezes o termo teria sido usado…
O questionamento era diário. Já quase convencida, com a alma em pedaços, sofrendo uma angústia terrível, caminhando lentamente, cabisbaixa, encontro o carteiro… Sorridente ele me entrega vários envelopes… A alegria imediatamente toma conta de mim. Abro um a um… Todos continham maravilhas. Um deles trazia a resposta necessária. Uma resposta Divina. Maria Apparecida Dutra, minha querida Professora de História do tempo do curso ginasial, muito delicada e amiga sempre me enlevando com mensagem inspirada, inteligente e carinhosa. Desta vez, sem conhecimento de minhas dúvidas, espontaneamente assim ela me escreve:
Bom Jesus, outubro -2001
Vera,
Veja como o poeta se inspira até num dia de finados:
“Que importa restarem cinzas
Se a chama foi bela e alta?!” 02-11-1990 (Mário Quintana)
Afetuoso abraço, da
Maria Apparecida”
Só o tempo nos mostrará o que valeu a pena, só ele dizima as dúvidas. Vislumbrou-me a máxima de Sócrates: “Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Assim, fomos nos deleitando com as positivas mensagens e as mais ternas poesias e nesse troca-troca de ideias e conhecimentos, fomos garimpando essas doces amizades que conquistamos ao longo do percurso… Assim vamos enchendo com puro néctar a nossa taça, pois como disse HADLEY – “A vida não é uma taça para ser esvaziada, mas uma medida para ser enchida”. Com a taça transbordante do ideal e em comunhão com todos os que estiveram conosco durante estes anos prosseguimos construindo a nossa história.
O mais belo poema é aquele que se escreve à proporção que se vai vivendo, é o nosso testemunho de vida, são nossas ações, as nossas atitudes. “Viver é nascer a cada instante.” Sempre haverá começos e recomeços. É tropeçar, cair e levantar… O mais importante livro deverá ser o da história de nossa vida, que se inicia quando nascemos e só deverá terminar com o nascimento para a eternidade, quando o entregaremos nas mãos de Deus. A cada minuto, a cada hora, a cada dia, construamos os mais puros, sinceros e perfumados versos com as rimas da vida; façamo-los na LUZ, com SABEDORIA para o agrado do CRIADOR, mas além do LIVRO DA VIDA, permita-nos Senhor, o gosto pela literatura e o convívio com os intelectuais que a consolidam: esses amados irmãos de IDEAL.
Que DEUS, o MAIOR de todos os POETAS, nos abençoe cada gesto e passo!
BONJESUENSE
Vera Maria Viana Borges
……….“Princesinha do norte fluminense,/ Com honrados patrimônios culturais,/ O “Pau-Ferro”, esplendor bonjesuense./ Bom Jesus terra boa, tão amada,/ De encantáveis belezas naturais,/ Pelo Jesus tão bom abençoada.” (Tercetos do Soneto “MINHA BOM JESUS” do meu livro “TRILHAS POÉTICAS”).
……….A adorável Bom Jesus do Itabapoana, sedutora cidade, de povo ordeiro e hospitaleiro, tem sua principal atividade econômica na agropecuária. Situada no Vale do majestoso Itabapoana, no Noroeste Fluminense e no Sudeste do nosso imenso, belo e altaneiro BRASIL. Somos consequentemente brasileiros, fluminenses e bonjesuenses.
……….Temos visto com muita frequência a palavra bonjesuense escrita de formas diversas, com “M”, com e sem hífen… Os nomes gentílicos também chamados étnicos ou pátrios exprimem “naturalidade” ou “procedência” e há variadíssimas formas de os construir. Para a sua composição, recorre-se na maioria das vezes a uma grande variedade de sufixos e desinências e outras vezes às formas latinas ou latinizadas das respectivas localidades. Não podemos estabelecer normas ou regras rígidas para formá-los pois o uso e a tradição impõem os seus direitos, forçando até o emprego de vocábulos sem nenhuma analogia mórfica com a denominação das terras ou lugares. Diante da multiplicidade de elementos não nos espanta o surgir das várias expressões, umas de caráter erudito, outras tantas de cunho popular, para a formação dos mesmos. A exemplo disso temos “Capixaba” para designar os espírito-santenses, “Fluminense” para os nascidos no Estado do Rio de Janeiro, “Carioca” para os da cidade do Rio de Janeiro, rio-grandense-do-norte ou “Potiguar” para os do Rio Grande do Norte, tricordiano para os de Três Corações e salvadorense ou “Soteropolitano”para os de Salvador(BA).
……….Sabemos que o uso da linguagem faz com que ela vá se modificando a cada dia. Hoje já temos “o internetês” parecendo uma nova língua, os estrangeirismos que vão tomando conta dos textos, as gírias, os jargões… E, a “Última Flor do Lácio Inculta e Bela” vai se tornando ainda mais inculta e mascarada.
……….Palavras como “formidável” que significava algo enorme, terrível, descomunal, usada com este sentido tenebroso por Machado de Assis: “Sei de uma criatura antiga e formidável, / Que a si mesma devora os membros e as entranhas. (Machado de Assis, Poesias Completas, página 293). Atualmente usamos a palavra formidável para designar algo que desperta respeito, admiração ou entusiasmo; muito bom, muito bonito, magnífico. Como exemplo outro intelectual não menos valoroso que Machado, usou-a assim: “fez uma acusação vibrante, veemente, formidável.” (Medeiros e Albuquerque, Surpresas…, página 138). No segundo sentido ficou tudo mais interessante, excelente, bom demais. Durma com um barulho destes! Esta é a grande prova de como tudo se transforma…
……….É por tudo isto que eu reafirmo, a questão do “BONJESUENSE” é conversa para mais de metro. Amo demais a Língua Portuguesa e estudo, trabalho para dignificá-la tentando acertar, mas dentro de minhas limitações eu sinto, enxergo que tenho mesmo é muito para aprender. Não sou autoridade para me pronunciar a respeito, não se pode dar fim à causa por uma consideração minha, mas continuarei grafando “BONJESUENSE”, porque a língua é viva, e o erro (se assim alguém considerar) de tanto ser usado passará a ser correto. Quantas palavras mudaram até de significado? Jamais usaria “bomjesuense” porque antes de ” p e b” usa-se “M”, antes das demais consoantes deve-se usar “N”. Não foi assim que aprendemos? Quanto a querermos usar a composição -“BOM JESUS” e daí – “bom-jesuense” ficaria correto gramaticalmente, ou melhor corretíssimo segundo o Novo Dicionário do Aurélio (4ª Edição- página 315) que faz menção a “bom-jesuense” de Bom Jesus do Itabapona-RJ e a “bom-jesuense-do-norte”, assim mesmo com todos os hífens, referindo-se à querida Bom Jesus do Norte-ES. Alguns autores de Dicionário usam o termo bonjesuense. É uma questão de interpretação. Nossos intelectuais estão usando a forma por mais de cem anos, isto já está enraizado, mais que incorporado no nosso vocabulário, foi assim que aprendemos, e é assim que está nos registros e no banner da ACADEMIA BONJESUENSE DE LETRAS. Há casos que podem mais do que a lei. Um renomado amigo, intelectual, participando de certo evento ouviu da palestrante a seguinte máxima, “a língua portuguesa poderia ser utilizada como instrumento de dominação” e prosseguiu, “muitas vezes somos obrigados a ter algo como “certo” ou “errado”, sem ser oferecida qualquer fundamentação”. E isso pode se prolongar nas outras esferas da vida.”
……….Eis aí o que acho, é apenas o que penso. Poderá haver um CONSENSO e tornarmos uniforme a grafia do nosso gentílico. Somente se houver qualquer resolução embasada, por intelectuais bonjesuenses de renome, em princípios plausíveis e bem elucidados é que poderemos acatar, modificando assim o nosso ponto de vista.
MULHERES
……………………………………………………………………………………..Vera Maria Viana Borges
No dia 08 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos em Nova Iorque, fizeram uma manifestação para reinvidicar melhores condições de trabalho, redução da jornada, equiparação de salários com os homens e tratamento digno dentro do ambiente em que exerciam a sua profissão. Foram reprimidas com total violência e aproximadamente 130 tecelãs acabaram carbonizadas, num ato cruel e desumano. No ano de 1910, em Conferência na Dinamarca ficou estabelecido que o 08 de março seria o “Dia Internacional da Mulher”, mas somente em 1975, através de um Decreto, a data foi oficializada pela ONU. Naquele “08 de março”, uma mulher guerreira, com bravura, teve voz, teve força, teve ideias e levantou a “bandeira” por seus direitos… Somos sobreviventes às injustiças sociais e continuamos lutando por dias melhores.
Na época de Jesus as mulheres sofriam todo o tipo de preconceito, estavam condenadas a viver subjugadas pelos homens. Viviam uma situação de inferioridade. A lei pesava muito mais sobre elas do que para eles.
A condição da mulher é ainda inquietante e dolorosa. Muitas famílias são chefiadas por ela e ainda existe uma enorme distância entre a remuneração do trabalho feminino e do masculino. Muitas vezes ela tem maior escolaridade que o homem, mas não concorre em igualdade com ele.
É registrada a cada minuto, uma agressão física ou violência sexual no ambiente doméstico. Rotas de tráfico envolvem todos os Continentes e indicam a existência de milhões de mulheres exploradas. As denúncias de exploração sexual atingem não apenas os países pobres mas também nações poderosas e ricas e o que mais nos espanta é que muitas vezes mulheres fazem parte destas quadrilhas, evidenciando aquele ditado que para cada regra há uma exceção, naturalmente nem todas as mulheres fazem jus à classe mas a maioria felizmente age com respeito e dignidade.
No século passado muitas deixaram de trabalhar para tomar conta dos filhos pois os maridos não admitiam que eles ficassem com babás. A maioria se abdicou de tudo porque os filhos reclamavam sua ausência. Houve tempo que elas nem chegavam a estudar porque os pais queriam as filhas em casa e elas eram educadas apenas para o casamento, para servirem, agradarem e serem “Rainhas do Lar” e viviam sem espaço, sem força, sem poder decisório, absolutamente posse dos pais, do marido, dos filhos e dos netos.
Antigamente elas apenas dominavam corações. Ouvia-se frequentemente que “carro era coisa de homem”, “ele é o cabeça do casal”, “mulher jamais compra apartamento”, “ela ganha apenas para os seus alfinetes”… Hoje elas vão mais longe, estão dominando o mundo com sua perseverança, afetividade e sutileza. Elas já ocupam cargos que antes eram exclusividade dos homens e além de dirigir suas casas estão dirigindo empresas. Foram muito grandes os avanços, inúmeros, incontáveis mesmo, a começar pelo direito de VOTO. Hoje, muitas mulheres ocupam cargos eletivos. Ganharam poder na hora de se decidir na compra de imóveis, automóveis e outros bens. Mesmo que não compre diretamente, a mulher interfere decisivamente na compra do pai, do marido, do irmão e dos filhos. Com auto-estima robustecida ela se transformou numa mulher poderosa, dona de múltiplos pendores e inúmeras tendências. Desempenha com desvelo os deveres de esposa, mãe, avó e melhor, ela não ganha mais apenas para os seus alfinetes como se costumava dizer. Exerce com brilhantismo e eficiência vários papéis na sociedade e nas mais diversas profissões.
O feeling feminino, o sentimento, o tato, o toque, a sensação, a ternura, fazem com que tenhamos a impressão (ou a certeza?) de que elas têm contato direto com Deus e há quem chame isto apenas de sexto sentido. Deus privilegiou a mulher com a maternidade concedendo-lhe a maravilhosa condição de abrigar VIDA em seu ventre. Dádiva Divina! Deus colocou um mecanismo no coração das Mães ligado ao Seu Coração e transformou-as em ANJOS, anjos da guarda de seus filhos a quem se doam e oferecem AMOR irrestrito, absoluto e total e se disponibilizam após duro dia de trabalho desdobrando-se em carinhos e deliciosas brincadeiras. Transmitem seus exemplos de vida, seus conhecimentos, dedicação, bondade, seu modo paciente de ser, com sua vontade de instruir e muito mais com a disposição de aprender junto. Mulheres jamais esmorecem, mesmo estando cansadas.
Mulheres são meninas, são guerreiras, são especiais, são anjos, são mães, são sábias. Sempre ouvimos dizer que “atrás de um grande homem há sempre uma grande mulher”, mas podemos afirmar que atrás de grandes mulheres também estarão grandes homens. Homens e Mulheres são seres que se completam. Grandes homens e mulheres, não são os mais bonitos, os mais ricos, os bem trajados, mas os que preservam os valores morais e cristãos. São aqueles que possuem a maior riqueza, a Riqueza Interior.
Salve o Dia Internacional da Mulher! Parabéns MULHERES!!!
O PRIMEIRO PIANO DO VALE DO ITABAPOANA
…………………………………………………………………………………Vera Maria Viana Borges
……………….“Na terra somos caminhantes, sempre prosseguindo… Isso significa que temos de nos manter em movimento, caminhando adiante. Assim esteja sempre insatisfeito com o que você é se quiser alcançar o que você não é. Se estiver satisfeito com o que você é, você parou. Se disser “é suficiente”, você está perdido. Siga andando, movendo-se para a frente, tentando atingir a sua meta. Não tente parar no meio do caminho, voltar ou desviar-se dele.” (Sto Agostinho – Sermão, 169-18)
……………….Meus bisavós, Feliciano de Sá Viana e Ambrosina Justa de Sá Viana não esmoreceram, jamais perderam o entusiasmo. Chegaram à Fazenda da Prata, oriundos das Minas Gerais em 1862. Casal cheio de vitalidade, ânimo e alegria, pôs mãos-à-obra, dedicando-se à agricultura, atravessando épocas de vacas gordas pelo desempenho auspicioso do trabalho e dedicação a que se empenharam.
……………….Via crescer a numerosa prole em meio a muita fartura proveniente de seu trabalho na terra, acalentando o sonho de educar todos os filhos proporcionando-lhes cultura e principalmente almejava que aprendessem música para encher de alegria o seu lar e aquele rincão distante…
……………….Sonhava comprar um piano, mas para tal aquisição era necessário ir à Corte. Preparando-se e indo até lá adquiriu o instrumento, um piano de cauda; tratou de despachá-lo até o Porto da Limeira, que já funcionava desde 1864, a uns mais ou menos dez quilômetros da atual localidade de Ponte do Itabapoana, no rio Itabapoana, ligando este ao mar em Barra do Itabapoana. De lá veio até Bom Jesus de carro-de-boi e para dar continuidade à viagem, não havendo estradas, escravos tiveram de empunhá-lo e levá-lo até Arrozal de Sant’Ana, mais precisamente na Fazenda da Prata, onde residiam os Sá Viana.
……………….Os filhos cheios de curiosidade rodearam o instrumento, uma grandiosíssima novidade na região. Feliciano por sua vez anunciava a necessidade de um mestre, corria de boca em boca a notícia… Sentia-se feliz mas ao mesmo tempo triste vendo o piano ali, mudo… Homem de expediente já providenciava alguém para ministrar aulas e contratado já estava um Professor de Escolaridade que viria ensinar leitura, contas e conhecimentos gerais a todos.
……………….Entre seus criados, havia um escravo vindo de Diamantina, que cochichara aos outros, saber tocar piano. Chegando a alvissareira notícia aos ouvidos do patrão, este dando-lhe roupas limpas e decentes, pediu que tomasse um banho e se aprontasse devidamente. Quando adentrou o salão da Casa Grande, estava irreconhecível, de paletó e gravata. Emoção enorme aos primeiros acordes que quebraram o silêncio daquelas matas, daqueles cafezais, esfuziando aqueles olhares expectadores, encantando aqueles ouvidos ávidos de uma boa e bem animada melodia. O contentamento foi geral.
……………….Passaram os Sá Viana a organizar saraus, atraindo pessoas da vizinhança e alegrando sobremaneira toda a família que se organizava para receber os que vinham dançar e apreciar as bem executadas valsas da época. Nestas reuniões semanais, serviam fartíssima mesa das mais finas e variadas iguarias, onde todos comiam a vontade.
……………….Com a chegada do Professor “João Lino”, o início dos estudos e a surpresa maior: ao ver o “piano” disse que ele poderia também dar conhecimentos de música e ensinar os mais diversos instrumentos. Iniciou-se assim a realização do sonho do fazendeiro. Os filhos, Romualdo, Eulália, Aureliano, Adélia (Sinhazinha), Elpídio, Henrique, Malvina, Adolfina, Mulata, Adelaide, Diana, Abílio e Julinho se entusiasmaram e logo formaram conjunto com clarinetas, trombones, contrabaixos, Sax Horn, requinta e piano. Sobressaíram, Romualdo na clarineta, Julinho no cantrabaixo (ainda jovem faleceu na arquibancada de um circo onde tocava, atingido por uma bala perdida, disparada numa briga do lado de fora), Elpídio no trombone (a maior parte de sua vida foi dedicada ao contrabaixo), Henrique no Sax Horn, Adelaide no piano e requinta; Mulata dedicou-se um pouco ao piano e gostava de cantar.
……………….Cada filho que se casasse recebia de dote um sítio e um lote de burro. Não eram apenas saraus e brincadeiras trabalhavam duro, estudavam e se dedicavam aos estudos de música e dos diversos instrumentos.
……………….Mudando-se para a Fazenda União, mais próxima de Rosal (hoje propriedade do Sr. Carlowe Junger Vidaurre), ficou mais próximo de seu amigo e compadre Luís Tito de Almeida (Lulu), sogro de seu filho Elpídio que desposara Elzira.
……………….Tocavam em ladainhas, casamentos e festas em geral, até que um dia reuniram-se Lulu (Luís Tito de Almeida), Elpídio de Sá Viana, Durval Tito de Almeida, Custódio Soares de Oliveira, Sebastião Magalhães e Elias Borges, iniciando o trabalho de formação da Corporação Musical 14 de Julho, que tem como data oficial de sua fundação, 14 de julho de 1922. Continua firme e vibrante com retretas nas praças, espalhando vida e alegria por onde passa, com suas marchas, dobrados e peças do cancioneiro popular.
……………….Constantemente havia encontro das Bandas. No casamento de Mulatinha, neta de Feliciano, filha de Romualdo, compareceram as Bandas do Sr. Lulu e do Chico Gomes, clarinetista dos bons e que também formara uma banda com elementos de sua família, lá na Barra Funda. Elemento de uma Banda tocava também na outra; foram se casando e misturando as famílias e finalmente todos se tornaram parentes, acabando praticamente numa só família.
……………….Os Sá Viana se espalharam pelos dois lados do vale do Itabapoana, fazendo frutificar a vocação musical que lhe estava impregnada no sangue e os conhecimentos que se adquiriram através daquele primeiro piano que com grande ideal foi trazido para esta região.
……………….Elpídio de Sá Viana organizou na década de 40 uma filarmônica em São José do Calçado. Inicialmente contou com cinco de seus filhos: Luís, Antônio, Feliciano (Neném), Hélio e Geraldo, todos excelentes músicos e procurou completar o grupo com elementos da localidade a quem ministrava aulas. A filarmônica recebeu o nome de “Euterpe São José”, mais tarde passou a “Lira 19 de Março”, apresentando-se impecavelmente uniformizada e executando sempre com perfeição o vasto e riquíssimo repertório.
……………….A descendência de Feliciano e Ambrosina continua acalentando e realizando o seu grande sonho… Que Deus os acolha em sua Glória como recompensa pela herança deste dom tão harmonioso quanto melodioso. Erguendo as taças da gratidão e do amor, prestamos-lhes uma consagradora homenagem pela determinação e garra com que impregnaram nossa gente e nossa terra com a paixão e o ardor deste ideal, assegurando que continuaremos mantendo viva a chama de seu lindo sonho que ainda nos embala com suaves canções e que com a graça de Deus assim o será para todo o sempre.
QUE CRISTO POSSA RENASCER EM CADA CORAÇÃO
……………………………………………………………………………………Vera Maria Viana Borges
………………..Foi-se o tempo das cadeiras nas calçadas! A pressa, a correria da vida moderna escraviza e o homem escravo do relógio vive um mundo louco, cheio de contradições e continua emocionalmente imaturo frente ao vertiginoso avanço tecnológico. Corre-se contra o tempo em busca de sucesso e as palavras de ordem são Vencer, Fazer Nome, Aparecer, Ser Notícia, Acumular Riquezas… Assim perde-se a rota das estrelas, perde-se a trilha da alma e tudo fica sob tensão, vive-se esticado qual cordas de “VIOLA” que bem apertadas produzem maravilhosas melodias. Mas com nosso corpo é bem diferente, é na calma, na tranquilidade, na paz que melhores resultados serão produzidos. No afã de ultrapassar obstáculos seguidos, acontecem os desajustes, as frustrações e os conflitos. Quando se dá conta passa o tempo sem ser visto. E assim termina mais um ano. Período de muitas festas: Formaturas, Natal e Ano-Novo. Correria com compras, arrumações, ornamentações, confraternizações; momentos eufóricos que vividos atropeladamente quase não são sentidos. Época de planos, de viagens, programas especiais, corre-corre. Muita gente trocando abraços, mensagens, presentes, preparando CEIAS! Gente que se reúne e confraterniza deixando esquecido o ANIVERSARIANTE, Maior Dádiva de Deus. Uma festa comum! Influenciados pelo comércio, caros objetos são comprados. Desaparece rapidamente o dinheiro suado, adquirido na grande lida do dia a dia, prejudicando prioridades. Parece um período de transição; temos a impressão de estar tentando vencer obstáculos, e afunilando, buscando o fim do túnel na esperança de que do outro lado, com o novo ano, tudo vai se renovar e melhorar.
………………..A cada final de ano a cada um de nós cabe dar um balanço em nossas vidas. Vitórias, derrotas, sucessos, frustrações, alegrias, tristezas e uma busca incessante por felicidade… Descobrimos que a felicidade completa não existe, apenas há gotas de felicidade, momentos felizes aos quais devemos nos agarrar com unhas e dentes, vivendo-os intensamente; se assim o fizermos, o hoje, o agora bem explorado será transformado num ontem bem sucedido, exalando ternas recordações perfumadas de satisfações e o amanhã se traduzirá em expectativas e sonhos, em ESPERANÇA que será capaz de tornar real qualquer desejo. Somente AQUELE SANTO MENINO que nasceu em Belém, compartilhou nosso fardo e semeou em nós a esperança e o gosto de uma vida digna, plena e feliz será capaz de transformar o mundo e ELE mudará nossas vidas se nós O fizermos o Senhor de nossas vidas, e nos será concedida a PAZ, a mais preciosa dádiva, haverá saúde e felicidade em todos os lares e serão plantadas virtudes em nossas almas para que possamos ser bandeirantes da PAZ entre os HOMENS. Assim fortalecidos em CRISTO compreenderemos o valor da HARMONIA e da PAZ e haverá proteção para os fracos, desamparados e vacilantes. Serão valorizadas a liberdade, a justiça e a fraternidade. Só através DAQUELE MENINO acontecerá o MILAGRE da tão sonhada PAZ.
………………..Para que o NOVO ANO seja melhor consideremos nossas reflexões sobre o ANO VELHO, avaliemos os erros e confiantes, com renovadas energias sigamos determinados nos melhores propósitos, com coragem, alegria e otimismo.
………………..É dezembro outra vez! Mês lindo, mês de alegria, de confraternização, de perdão, de presentes, de cartões. Vitrines enfeitadas, tudo fica mais colorido e músicas natalinas ecoam nas residências e em ambientes públicos; as pessoas se tornam mais amáveis, mais descontraídas. Muita coisa vai se transformando em nosso espírito. Na verdade perguntamo-nos pelo sentido de nossa vida, ao ver que a vida vai acontecendo na sucessão dos anos, que nos enobrecem, mas também nos envelhecem. É Tempo de Gratidão. É Tempo de Agradecimento!
………………..Na humildade do estábulo de Belém nasceu o Salvador: o anúncio de seu nascimento veio alegrar Maria, José e os pastores. Esta mensagem toca profundamente o coração da humanidade, porque os anseios fundamentais têm seu fundamento garantido pela presença do próprio Deus entre nós.
………………..“Glória a Deus e paz para seus bem-amados!” os anjos cantaram naquela NOITE SANTA. Sim, pelo Nascimento de Jesus, a Luz Divina do céu resplandeceu sobre a face da terra. A distância entre Deus e os homens foi preenchida de amor e paz.
………………..Que Cristo possa renascer em cada coração e a luz deste Natal ilumine nossas vidas, trazendo paz, compreensão e alegria por todo o novo ano.
………………..FELIZ NATAL e PRÓSPERO ANO NOVO!
ANOS DOURADOS DA POESIA EM BOM JESUS
…………………………………………………………………..Vera Maria Viana Borges
……………….“A vida vale pelo uso que dela fazemos, pelas obras que realizamos. A medida social dos homens está na duração de suas obras, e a imortalidade é privilégio dos que fazem com que essas obras possam sobreviver ao tempo”. Este pensamento de José Ingenieros nos faz refletir sobre os ilustres intelectuais bonjesuenses do passado que não se aquietaram e sobreviveram ao tempo.
……………….Por volta de 1945, literatos reuniam-se de preferência na Praça Governador Portela, em aprazíveis noites embaixo do Pau-Ferro, na Farmácia Normal e também no “Bar do Noé” de propriedade do Noé Borges do Carmo, antigo “Bar do Otto” onde também Padre Mello em tempos idos fazia suas tertúlias literárias.
……………….Padre Antônio Francisco de Mello foi vigário da Paróquia do Senhor Bom Jesus durante meio século. Uma das maiores culturas que a nossa terra conheceu. Poeta de grande sensibilidade estética, jornalista de escol, cronista invejável, professor, músico, matemático e agrimensor. Versejava com maestria tanto em português como em latim, língua que dominava com perfeição. Orador sacro de grande eloquência.
……………….Além de Padre Mello compareciam aos referidos locais: Antônio Dutra, Octacílio de Aquino, José Silva, Athos Fernandes, Romeu Couto, Dr. Delton de Mattos, o então rapazinho Ayrthon Borges Seródio, Oscar de Andrade, Dr. José Vieira Seródio, Dr. Deusdedith Tinoco de Rezende, Dr. Aurélio Gomes, Osório Carneiro, Antônio Miguel e outros.
……………….Oscar de Andrade chegou a Bom Jesus na década de 40. Grande orador, grande cultura geral, afora a cultura especializada em advocacia. Homem de hábitos morigerados. Não fumava, não bebia, não jogava. Ele nutria pelo jovem Ayrthon um apreço muito especial. Enaltecia-lhe a inteligência e a oratória. Sempre que surgia um tema, pedia que discursasse sobre o mesmo. Oscar dedicou-lhe um artigo de duas laudas datilografadas, iniciando assim: “Dezesseis anos são as flores que lhe enfeitam a vida; se a voz não lhe tremesse nos lábios, certamente seria o maior orador deste país…” Caso Dr. Oscar hoje aqui estivesse deveria se orgulhar da eloquência que se faz sentir na fala do nosso queridíssimo poeta Ayrthon Borges Seródio, conspícuo orador do nosso Município. Oscar de Andrade criou aqui, um vasto círculo de amigos e admiradores; desempenhou com brilhantismo, vários papéis. Criminalista, Professor do Colégio Rio Branco, Promotor Substituto de nossa Comarca e ainda emprestou a alma de Jornalista, ao jornal “A VOZ DO POVO” onde foi auxiliar de redação. Conhecedor profundo da Língua Portuguesa e da Literatura Universal. Grande estilista, escrevia com elegância onde impunha um estilo próprio. Versado em Latim e Grego; falava fluentemente o Francês. Grande cultura, grande devoção à oratória e desempenho literário. De palavra clara, profunda e culta.
……………….Os poetas Ayrthon Borges Seródio, Athos Fernandes e Antônio Miguel sonhavam com uma Academia em nossa cidade e com o respaldo do mecenas campista, o Professor Walter Siqueira, valoroso homem de letras sendo chamado “O Fundador de Academias” por tantas que ele apadrinhou Brasil afora, criaram a ABDL (Academia Bonjesuense de Letras) instalada solenemente aos 04 de dezembro de 1976, enriquecida com os 40 membros efetivos e seus respectivos patronos. Dr. Ayrthon foi o seu 1º Presidente, Athos Fernandes o 1º Vice- Presidente e o notável poeta Antônio Miguel o 1º Secretário.
……………….A ABDL nasceu sob o signo da Poesia Clássica pois os quatro eméritos poetas que a trouxeram a lume são sonetistas de escol, eruditos, possuidores de vasta e ampla cultura. E, já são 35 anos a serviço da Língua Portuguesa. Dando prosseguimento a tão feliz iniciativa, atualmente são muitos os seguidores e inúmeros os sonhadores e entre tantos, eu, uma simples e humilde poeta, mas de grande coração e ainda maior IDEAL, procurando manter viva a chama do SONETO ( poesia Clássica devidamente metrificada e rimada, agrupada em dois quartetos e dois tercetos).
……………….A ACADEMIA que tem como finalidade fomentar a cultura através das atividades de seus integrantes, aglutinando aqueles que se interessarem pela produção literária, procurando ser o centro de referência da cultura, das letras e demais artes, buscando o reconhecimento e respeito da comunidade e o desenvolvimento de atividades culturais, neste ano de 2012, está recebendo com expectativa e carinho, os novos intelectuais, Dr. Gino Martins Borges Bastos, Jailton da Penha, Ademir Azevedo, Victor de Almeida Silveira e Tereza Cristina de Lima Nazareth, que chegam para ilustrar as Letras de Bom Jesus e que futuramente abrirão alas para novos astros e estrelas do cenário cultural de nossa adorável terra, como deverá acontecer sucessivamente…
……………….“ A poesia lida ou declamada, não perde nunca a sua extraordinária virtude da comunicabilidade que a distingue e a torna querida, dos mais altos espíritos e dos mais humildes e ignorantes ouvintes.” Guimarães Rosa.
……………….Jamais nos falte a determinação, a coragem, a fé e a esperança e que possamos atingir os objetivos propostos, entre os quais, o engrandecimento da Cultura de Bom Jesus.
MÃOS
…………………………………………Vera Maria Viana Borges
……………….Dia desses, após as orações da noite, apaguei a luz, aconcheguei-me, rolei para lá e para cá e nada de sono. Veio-me então à mente o medo que tinha da escuridão naquelas frias noites da minha infância em Rosal. A prosa era sempre a mesma, assombração e vários mistérios da vila. Minha mãe fazia serão bordando a máquina e enquanto ela bordava a luz permanecia acesa o que para mim era extraordinário. Muitas vezes eu me levantava e observava aquelas alvas e firmes mãos conduzindo o bastidor que girava e girava executando uma perfeita dança, uma coreografia ritmada sob a agulha que formava encantáveis crivos, richelieus, matizes, aplicações e bordados de cordonê e ponto cheio. O resultado era algo surpreendente tal a beleza das peças elaboradas.Nas minhas reminiscências percebi o desempenho das mãos de mamãe também no bordado a mão, nos desenhos, na culinária e muitas e muitas outras coisas pois ela fazia de tudo em casa e com muita perfeição. Apreciando as mãos de minha irmã Sílvia Márcia, vejo muito nelas o talento de nossa genitora, tudo que elas tocam é transformado, há harmonia e beleza nos trabalhos que realiza. Sem delongas comecei a admirar e refletir sobre outras mãos. Voltei à Escola Primária, deparei-me com as mãos de D. Julieta Roseira que nos ensinou os pontos básicos de bordado. No Colégio Zélia Gisner, as mãos de fada de D. Odete Tavares Borges (D. Niniu). Ambas excelentes professoras, tão exigentes quanto carinhosas. No final de cada ano apresentavam belas e requintadas exposições.
……………….A maravilhosa arte de bordar de D. Niniu foi transferida para suas filhas Leny Borges Bastos e Ercília Borges do Carmo. No meu viajar por habilidosas mãos deparei-me com D. Geninha, esposa do Senhor Santinho Tavares e a graciosidade e beleza de sua obra que foi assimilada por Celise Tavares Xavier , esposa do Senhor Luiz dos Santos Xavier, o primeiro gerente do BANERJ em Bom Jesus cuja agência foi inaugurada no dia 15 de agosto de 1968. Bordadeira de mão cheia, Celize vive num universo de novelos e linhas, cores e texturas, tendo o privilégio de ver na sua filha Sílvia Xavier Borges, a criatividade em vários segmentos. Silvinha da Garnier paira num estado permanente de delicadeza onde são compartilhadas emoções e vivência enquanto as mãos produzem expressando sentimentos quer no artesanato, no piano, no violão ou no acordeon que chora a CHALANA, composta em 1954 por Mário Zan e Arlindo Pinto, interpretada por Almir Sater e “vai navegando no remanso do rio Paraguai”. Evidentemente sentimos uma ligação do passado com o presente, as gerações mais novas recebem das mais velhas, suas técnicas e demais experiências. Quem utiliza bem os seus dons desempenha papel relevante na comunidade e sua arte é fator de prestígio. Se além de habilidade manual possuir talento e sensibilidade, torna-se artista.
……………….São tantos os artistas anônimos que se revelam com suas aptidões, encantam com fartas produções e imprimem traços culturais em tudo o que realizam. Continuei observando e ali estavam Rosete e Mariazinha Dutra Baptista, José Carlos Thiebaut e Arlene Moraes Thiebaut, Drª Claúdia Borges Bastos do Carmo e Dr. José Alfredo Borges do Carmo, Tarcísio André e Cláudia Espinoza André, produtores de delicadas e belas peças. Extasiei-me com as mãos de Gerson Carlota Oliveira que instantaneamente, em poucos minutos, reproduz com desenho sombreado a lápis, perfeitas fisionomias, tamanha a perfeição, não fica a dever às mais sofisticadas fotos.Arrebataram-me, as mãos zelosas das Irmãs do Abrigo José Lima e as mãos habilidosas do nosso Artista Maior: Raul Travassos.
……………….Detive-me, que horror, em mãos que podem ferir, agredir, magoar e matar. Visualizei Pilatos que “lavou as mãos” para limpar a consciência e recordei da expressão “lavo as minhas mãos”, no sentido de desistir. Há a mão que destrói mas felizmente há muitas e muitas que constroem. Mãos que oferecem rosas, mãos que trabalham, mãos que fiam, mãos que tecem, mãos que agasalham, mãos que oram, mãos que louvam, mãos que carinham, mãos generosas, mãos caridosas, mãos dadivosas, mãos que afagam, mãos que bordam, mãos que pintam, mãos operárias, mãos amigas, altruístas e misericordiosas. Mãos que plantam e mãos que preparam alimentos. Mãos que falam em “LIBRAS” (língua de sinais, usada pelos surdos), mãos que falam de beleza e de tristeza, mãos que dirigem, mãos que acenam para quem fica, mãos que fotografam, mãos que escrevem, mãos que gesticulam poemas, mãos de artistas que compõem, que regem, que tocam, mãos que enxugam lágrimas, que confortam e consolam. Mãos Sacerdotais, benditas, que transformam pão e vinho no Corpo e Sangue de Jesus. Mãos que curam feridas. MÃOS ENSANGUENTADAS DE JESUS e MÃOS PODEROSAS DE DEUS PAI.
……………….Caminhantes que somos de uma mesma jornada, sejamos viajantes de mãos dadas, de mãos que se juntam, de mãos que se entrelaçam, como elos de uma corrente, juntando nossa história a outras histórias, envolvendo-nos numa semeadura boa para que a colheita seja de sazonados frutos. Com nossas “MÃOS” lancemos as sementes para que a paz, o amor, a fraternidade e a igualdade renasçam nos corações das pessoas, para que um dia estes sentimentos não sejam apenas o SONHO de uma noite mal dormida.
BOM JESUS MUSICAL
……………………………………………Vera Maria Viana Borges
………………..A Música, paixão que supera obstáculos, colore a vida com sua vibrante força. Embala com seus sons e balanços os nossos pequenos, com melodia, harmonia e ritmo faz-nos balançar o corpo, mexer as cadeiras, marcar o compasso, tirar os pés do chão e nos eleva aos páramos da alma onde habitam os nossos mais puros sonhos. Proporciona uma leveza, um recurso terapêutico. Bálsamo salutar, é o remédio da alma e o alimento do amor. De todas as artes é a que mais enleva, enobrece e melhor traduz os nossos anseios. Exerce sobre todos um efeito salutar, animando, suavizando, encantando e até encorajando. Cultivar a música, é sem dúvida cultivar o que há de mais belo e nobre. LINGUAGEM UNIVERSAL , a música, é lida pelas partituras da mesma forma em todas as partes do mundo, tendo o mesmo sentido aqui, no Japão ou na China.
………………..Quis o Bom Deus premiar Bom Jesus dando-lhe muitos artistas. Belíssimas composições estão entranhadas no âmago de nossa gente. A “Marcha a Bom Jesus” de autoria de Salim Tannus é cantada com entusiasmo e passada de geração em geração. “Rio Itabapoana” composta por Oliveiro Teixeira, Tertuliana e Ana Maria, linda melodia e poética letra. “Alva Pomba que meiga apareceste…” de autoria do Padre Delgado, que Padre Mello importou da Ilha de São Miguel em Portugal para ser cantada nas Procissões da Coroa do Divino na nossa magna festa. “Juntinho de Você” de Samuel Xavier que nos bailes do Aero Clube embalou muitos namoros… “Juntinho de você /Até o amanhecer /Não posso esquecer amor…” Dá para sentir saudade! Já se disse que saudade é a prova de que o passado valeu a pena.
………………..Sebastião Ferreira, maestro da Lira Operária (Professor Bastião) ministrava aulas nas áreas de sopros, cordas, percussão, piano e acordeon. Foi um dos grandes responsáveis pela formação de muitos que hoje brilham no cenário da música popular e erudita. Apresentou vários Shows com os alunos acordeonistas em Festas de Agosto, na Praça Governador Portela (cerca de 50 acordeons, uma verdadeira orquestra sanfônica que executava do Clássico ao Popular) e em vários cineteatros da região e mais tarde a “Escola de Música Levi de Aquino Xavier” dirigida por várias décadas pela Professora Georgina Melo Teixeira. Atualmente contamos com a “Escola de Música Cristo Rei” dirigida por Marise Figueiredo Xavier e com a “Escola de Música JEMAJ” de Anísia Maria Aguiar Pimentel.
………………..Como não lembrar o “Juquinha Sapateiro” com seu conjunto (sobre camionetes ou caminhões executando marchinhas de Carnaval, fazendo propaganda para lojas da cidade? O Conjunto do Jaime Figueiral. As fortes vozes do Ricardo Medina e do Antônio João. A voz marcante do Edílio Miranda nas ondas da “ZYP31 – Rádio Cultura de Bom Jesus do Itabapoana”, com o Programa: “Edílio Miranda Canta Para Você!” O Cristóvão com o Programa Tangos e Poesias. Os Programas de Calouros comandados por Freire Júnior, o “Garoto”. O “CONJUNTO GAROTAS BONJESUENSES” composto por Ana Maria, Maura Júlia, Conceição Pedrosa, Cândida e Lourdinha do Capitão. O vozeirão do Manoel Ribeiro nas mais encantáveis serenatas, a cantora Carmem Guimarães, o Aurinho e o Walzenir Fiori.
………………..Nas igrejas os magníficos Corais. Na Igreja Batista a maviosa voz de Vilméia Godoy. Na Matriz do Senhor Bom Jesus o Ilis Carlos Machado, a Maria da Conceição Fragoso de Oliveira, a Yole e Dona Nina (Georgina Melo Teixeira), regentes inconfundíveis. Hoje em dia as abençoadas mãos de Ana Maria Teixeira Batista, André Megre e muitas outras dão as notas para nossas mais lindas celebrações. Na Paróquia Pessoal do Senhor Bom Jesus Crucificado (Abrigo José Lima) magnificente Coral dirigido pelo pianista e organista Tadeu de Moraes Almeida.
………………..O “Coral Acalanto” sob a regência do Maestro Francisco Oliveira Júnior e os “Chorões do Vale” que tocam, cantam e deveras nos encantam. O “Grupo Musical Amantes da Arte” comandado por Ana Maria Teixeira Batista, abrilhanta quase todos os eventos do Vale do Itabapoana, já uma tradição nas festas Natalinas da região, culminando com a célebre Cantata de Natal na escadaria da Matriz e nas janelas do antigo sobrado da Panificadora Borges. Belíssimo e emocionante acontecimento. Supera-se a cada apresentação.
………………..As belas vozes de Marisa Valinho, Maria José Martins, Ester e Maria Lúcia Borges, o teclado e violão de João Vitor, Paulinho e Neumar Monteiro. Pedro Salim Júnior e Martha Salim (nossa estimada Martinha), sempre envolvidos no movimento artístico-cultural nos brindam com espetáculos da “Cia Musical Corre Coxia”. Os pianistas Antônio Bendia Júnior, Luís Otávio Azevedo Barreto e Ana Luíza Xavier contagiando com a apresentação de “3Piano”. Os divinos e angelicais sons do violino de Roberto Feijoli. O teclado de David Assad. O cavaquinho do Marcelo Rezende e o violão de sete cordas do Sebastião Rocha. O Toninho do Tupy e o Cláudio (Negrito) na percussão. O Professor de violão e guitarra Ozéias Silva. O Conjunto “ABADART”. O Fábio Ferreira, baixista e tecladista. O músico Roninho Louvain. Tenho o privilégio de ser vizinha do compositor, pianista e grande violonista Amílcar de Abreu Gonçalves e de ser prima de Geraldo de Almeida Viana, maestro de incomparáveis méritos, conhecedor profundo de oboé, saxofone, clarineta, violão, violino e flauta. Festejado compositor. O Paulinho Natividade, o Jefferson Alves, a Vânia Lissa, a Fatinha , Leziel e Arnaldo e muitos e muitos outros. Em cada barzinho, música ao vivo com os inúmeros artistas que esta terra possui. É muita gente boa.
………………..A Lira Operária Bonjesuense, altiva, bela, nobre e forte, nas alvoradas, procissões e em quase todos os eventos. Está sempre presente. É de se admirar a determinação, a garra, o entusiasmo e a fidelidade do Maestro Nilo, a quem aplaudimos e nos curvamos agradecidos.
………………..O Deus Pai Todo Poderoso vele sobre estes abnegados que dotaram e aos que se propõem a dotar nossa comunidade de tão sublimes benefícios. Abençoado é este povo com a multiplicidade de dons, de carismas, de sons, de intérpretes e de compositores. Tenho muito orgulho de ser Bonjesuense e me ufano desta Bom Jesus Musical.
UM MUNDO DE ENCANTAMENTO
…………………………………………………………..Vera Maria Viana Borges
……………….Agosto é o mês de ventos e queimadas. Uma típica brisa leve, gostosa e faceira nos delicia em tardes fagueiras e no bailar das folhas há sempre um rumorejo que assanha e mexe com nossa imaginação. Tem um cheiro de tempos de outrora, de um tempo que tentamos resgatar dentro da alma, que surge em flashes, doces e fugidios lampejos, os retalhos que formam a nossa história.
……………….Descerra-se a cortina! Surpreendemo-nos no dia 14 de agosto de 1950, na inauguração do Cine-Teatro “Monte Líbano”, de propriedade do Sr. Merhige Hanna Saad. Com grande sucesso foi exibido nas noites de 14, 15 e 16, o filme nacional “Carnaval no Fogo”, marcando como era a expectativa geral, um verdadeiro recorde de bilheteria.
……………….Inventado em 1895 pelos irmãos Lumière para fins científicos, o cinema revelou-se peça fundamental do imaginário coletivo do século XX, seja como fonte de entretenimento ou de divulgação cultural de todos os povos do mundo. Aos poucos os produtores entenderam que astros e estrelas eram indispensáveis para aumentar a popularidade de suas produções. A mistura de business e arte deu certo, criou personagens inesquecíveis, imortalizou ídolos e eternizou cenas onde glamour, sensualidade, beleza e magnetismo eram palavras de ordem. Um mundo de encantamento. Arte poderosa que destinando-se a doutrinar pode-se tornar fonte eficaz para influenciar cidadãos.
……………….Quantos sonhos e quantas emoções nos “ seriados”, nos “cowboys das matinês”, nos“ faroestes”, nos “inesquecíveis clássicos”, nos “policiais” repletos de suspense e ação, nos “religiosos”, nos “musicais”, nas “comédias”, nas “aventuras” e nos “magníficos cartazes” que com ávidos olhos apreciávamos e nem sempre podíamos assistir, eram tempos duros, de verba curta, costumávamos assistir a uma e vez ou outra a duas sessões por semana, mas nos extasiávamos diante de Fred Astaire, perfeito dançarino, de Marilyn Monroe com gestos sensuais e roupas provocantes, Ava Gardner, morena, sedutora, bonita, divina. Bette Davis, com personalidade forte. Humphrey Bogart no papel de tipos durões, celebridade em filmes clássicos, dentre eles o inolvidável “Casablanca”. James Dean, inquieto, ar indefeso, olhar inocente, o herói rebelde que foi o personagem principal de “Juventude Transviada”. Uma carreira efêmera, mas suficiente para criar o mito. Katharine Hepburn, a “dama rebelde” mostrava beleza, independência, coragem e inteligência. Cary Grant, o galã mais sofisticado do cinema, talentoso, eternamente jovial, elegante e bonito. O gênio do cinema mudo, o inglês Charles Chaplin, de bengalinha, chapéu-coco, sapatos compridos, olhos melancólicos, criador do “Carlitos” que mesclava humor, poesia, ternura e crítica social. Gostosas reminiscências! É de alma ajoelhada que se incensa o gênio e se reverencia o passado. Merhige disseminou a cultura em Bom Jesus e ajudou a transformá-la neste celeiro de tantos talentos. A este empreendedor em cujo coração tremulavam entrelaçadas as bandeiras do Brasil e do Líbano, a este baluarte, idealista, o nosso reconhecimento, a nossa homenagem, não a que ele merece, mas a que está ao nosso alcance prestar.
……………….Gerou frutos! Paulo Tardin, aos cinco anos, esteve assentado nas primeiras fileiras do “Monte Líbano” na exibição de “Carnaval no Fogo”. Por incrível coincidência, Paulinho Discos como é carinhosamente chamado, tem hoje a ÚNICA cópia do referido filme, em película e DVD e nem mesmo a produtora possui a preciosidade. Considerado pela mídia e pela opinião pública como o maior colecionador de filmes antigos do MUNDO, tem aproximadamente 31.000 títulos. Aficionado pela sétima arte ele não esmoreceu, foi ao Velho Oeste em busca das fantasias infantís, viajou pela América do Norte entre os Estados da Califórnia, Arizona, Nevada e Utah, conheceu os palcos naturais onde atuavam seus grandes heróis. Tornou-se amigo de antigos mitos das matinês de outrora, dentre eles Roy Rogers, o Rei dos Cowboys, tudo documentado em vídeos e históricas fotografias. Fez amizade também com as “mocinhas” Teggy Stewart, Virginia Mayo e outros atores como George Montgomery, Harry Carey Jr., Frank Coglan Jr. e John Agar. Entrevistado por Amaury Júnior na TV Bandeirantes, pelo Jô Soares na TV Globo. Há matérias sobre o pesquisador e colecionador de raridades do cinema e da televisão nos maiores jornais do país. Partes do fantástico acervo têm sido apreciadas através de “Mostras” realizadas em NOBRES ESPAÇOS do Rio, São Paulo e outros Estados. Recebeu nas últimas semanas uma equipe de superprofissionais de altíssimo gabarito de um Estúdio do Rio de Janeiro. Filmaram vários pontos de nossa cidade incluindo o “Monte Líbano. Fizeram também tomadas na Zona Rural, para um documentário de 17 minutos que será exibido inicialmente pelo CANAL FUTURA ( Canal de Educação e Cultura do sistema Globo de Televisão) sobre sua vida, trabalho e obra e posteriormente será exibido em Festivais de Cinema no Brasil e no exterior. Deus fortaleça e inspire sempre mais o ilustre conterrâneo, eterno ASTRO, para que ele possa prosseguir espalhando sonhos, entretenimento, cultura, fulgor e rutilância ao povo de nossa doce e encantável terra e a todos os povos do mundo. Avante, Paulo Tardin!
GRANDES PRESENTES DE DEUS
…………………………………………………………..Vera Maria Viana Borges
………………..Apreciar cada momento, como o bom conhecedor de vinhos aprecia um cálice de raro néctar, dando sentido amplo à existência em todas as suas etapas é fundamental, pois a vida é para ser vivida em plenitude.
………………..Após anos de trabalho, a maioria das pessoas sonha com a possibilidade de um tempo livre para se dedicar a si e à sua família. A aproximação da aposentadoria provoca uma grande expectativa. Chegando o momento desejado, a euforia costuma acabar e muitos não se organizam no tempo e no espaço. Os dias ficam vazios. Para maior qualidade de vida é importante ter projetos para que possa desfrutar com inteligência a ocasião da conquista de todo o esforço ao longo da vida. Fazer esporte, ler, caminhar é muito bom para o idoso, mas é muito pouco para ocupar todo o seu dia. Mesmo enfrentando mares encapelados é imperioso impedir que as vicissitudes, os reveses, os infortúnios possam recobrir a poesia que nos encanta, a esperança eterna que nos incentiva e anima. Nada poderá eliminar o mistério das coisas e dos nossos sentimentos. Idade serena, idade de perfeito equilíbrio de nossas faculdades, idade suprema, onde se pode doar afinal toda a medida do nosso ser. É o momento de nos entregarmos às tarefas a que nos destinou a Providência Divina.
………………..O tempo não perdoa. Sentimos sua passagem visível e irremediável sobre nossas faces e sobre nossas almas. Rugas e cabelos brancos colocados sobre nossos traços de outrora, mas continuamos o que são nossas obras e nossos frutos. Somos pais, avós, homens e mulheres de ação.
………………..A cada dia que passa, novas tecnologias atingem cada vez mais cedo os nossos pequenos. A modernidade faz com que sejam esquecidos pontos e pessoas fundamentais na transmissão de conhecimentos e valores. O aumento da média de vida está levando à descoberta dos avós e sua preciosa função na sociedade.
………………..A ideia de avó muitas vezes esteve ligada a uma figura antiga, cadeiruda, mulher madura e corpulenta com 40 ou 50 anos que apesar desta idade, parecia uma anciã, usando xale, sentada em uma cadeira de balanço, envolvida com novelos, bordados, tricô e crochê, após o preparo das mais finas iguarias, deliciosas guloseimas que alimentavam a família. A avó moderna, está “antenada”, usa aparelhos eletrônicos, celulares, navega sem dificuldades pela Internet, interage nas Redes Sociais, frequenta Academias de Ginástica, faz Pilates, pratica esportes, lê, escreve, compõe, também costura, faz tricô e crochê e mesmo com a vida dinâmica por natureza, organiza-se em função de uma contínua transformação. Não se discute se o passado é melhor que o presente, nem este que aquele. Os valores morais são inalteráveis, constantes e imutáveis.
………………..Enquanto os pais estão inseridos no mercado de trabalho, em busca da digna sobrevivência, a avó dedica-se a um empenho sério, exigente e extremamente positivo, tanto para os netos, como para os seus pais e no fundo, principalmente para si própria. Ela sai ganhando, porque isso a obriga a sair de seus mundos nostálgicos para contar histórias, participar, estar disponível, passear, cansar-se vivendo por eles. Os pais são os principais, os primeiros responsáveis pela educação dos próprios filhos mas a contribuição dos avós pode ser extremamente eficaz e importante. Acompanhá-los aos parques, às praças, estar atentos àquilo que veem na TV, programando o uso da mesma com seriedade e prudência e monitorando o uso do Computador, são funções que escondem riquezas imensuráveis. Orientações que são passadas sem pressa e sem medo por quem já percorreu o caminho e que com sabedoria são generosamente transmitidas para que seus descendentes se tornem pessoas íntegras e felizes. Os mais velhos transformam assim sua atual disponibilidade de tempo numa autêntica ação educativa. Uma educação com liberdade e limites em prol do ideal da paz, a PAZ que CRISTO trouxe aos homens, do ideal do dever cumprido, da fé , da esperança e do amor frutuoso que promove a paz, a harmonia e o amor, preciosidades para as famílias e para o mundo. Avós são pais duas vezes, isto nos traz o CÉU ao chão. Amor gratuito, nada se exige em troca, apenas um sorriso nos leva ao Paraíso.
………………..A natureza é sábia, nos premia com os netos que dão prosseguimento ao ciclo da vida e vêm nos lembrar todas as possibilidades de recomeço, vêm renovar trazendo luz e sonhos, enchendo de júbilo as nossas vidas. A chegada deles é bálsamo que tem a capacidade de perfumar e curar, incentiva à esperança e alegria transformando em tranquilidade e PAZ o nosso viver. Grandes presentes de DEUS.
………………..“Grandes coisas fez o SENHOR para nós, por isso estamos alegres”.
NOSSA LÍNGUA, NOSSO PATRIMÔNIO
…………………………………………………………….Vera Maria Viana Borges
………………..“Última flor do Lácio inculta e bela!” Olavo Brás dos Guimarães Bilac refere-se ao fato da Língua Portuguesa ter sido a última língua neolatina formada a partir do latim vulgar, falado pelos soldados da região italiana do Lácio.
………………..A língua é um código, um sistema de sinais de que serve o homem para a comunicação falada ou escrita. É um fenômeno social da mais alta importância, é o veículo do conhecimento humano e a base do patrimônio cultural de um povo. A linguagem coloquial é espontânea, usada sem preocupações com formas linguísticas. É a fala cotidiana, que comete pequenos, mas perdoáveis, deslizes gramaticais. A vulgar é própria das pessoas sem instrução, livre de convenções sociais, infringe totalmente as convenções gramaticais. A língua culta compreende a língua literária, empregada na literatura e constitui o espelho de todas as normas da nossa gramática.
………………..A língua consegue ser ao mesmo tempo de todos e de cada um de nós. Há pessoas que moram nas cidades, outras moram no campo. Há os que trabalham em indústrias, em lojas, em escritórios. Há músicos, poetas, jogadores de futebol, estudantes, empresários, metalúrgicos, engraxates, professores, médicos, advogados, químicos, programadores de computador… Cada grupo de profissionais desenvolve uma língua própria cheia de palavras e expressões técnicas que muitas vezes não são compreendidas por quem não participa desses grupos. Contamos ainda com os “regionalismos”, um patrimônio vocabular próprio e típico de cada região, e mais a invasão e incorporação de termos estrangeiros, sobretudo a crescente e indiscriminada utilização dos mesmos no âmbito profissional. Muitas vezes para entendê-los precisamos de dicionários de vários idiomas a tiracolo. Fazendo reserva em Hotel, para o que é necessário enviar “comprovante de depósito”, a atendente poderá lhe dizer: enviaremos o seu “voucher”. O que é? O “voucher”. Voucher? Sim, voucher! Não seria mais fácil usar os termos que temos, como “comprovante ou recibo”? O inglês invadiu salões de beleza, restaurantes, a mídia, lugares de compras, propagandas, nomes de grifes nacionais, etc. Não entendo o uso de palavras inglesas quando elas existem na língua portuguesa. O indivíduo que não sabe inglês terá dificuldades quando deparar com – delivery, free, off, play, outdoor, coffee break, beauty hair…
………………..E, aí, brother, beleza? Será o Benedito? Caramba! Viajei na maionese! Meu Deus, que idioma é este? Loucura! Ó Céus! É gíria, estrangeirismo, gerundismo, modismo. Antigamente falava-se “mentira”, hoje é “caô”. Gafe virou mico. Algumas gírias são iguais em todo lugar, outras não. Gíria, jargão, modismo, o certo é que a maioria dessa enxurrada de palavras acaba na lata de lixo. Mas, há o que permanece, importante fonte de renovação da língua e mesmo tendo origem popular, chega um tempo em que ninguém se lembra mais de onde a palavra veio. A língua é viva, dinâmica e cada grupo cria sua linguagem própria, gerando o economês, o baianês, o internetês ou miguxês, e por aí vai… Gírias são sempre usadas em qualquer idade, o engraçado é que de tanto ouví-las acabamos por repetir e às vezes me pego falando coisas que ficam ridículas saindo de minha boca. Na BABEL contemporânea das linguagens de grupos, entre gírias e jargões, vale a lei do “Salve-se quem souber!” Difícil entender a forma esdrúxula usada pelos internautas: “naum eskreva feitu retardadu na net pq tem jenti lendu o q vc escrevi.” Torna-se necessário conscientizar os jovens para que entendam que ficarão prejudicados tanto na fase escolar como no futuro em suas profissões. O maior temor é que esse disparate venha deturpar ou deturpe a nossa língua compreendida pelo senso comum como pura, ideal e única.
………………..O “Português” está sendo fruto de uma “desnacionalização linguística”. Impôs-se um “Acordo Ortográfico”, já em vigor, onde se pretende fazer acertos no “Vocabulário Ortográfico Comum” aos países que confirmaram tal acordo, sendo que Angola e Moçambique ainda não aderiram. Assim está sendo o nascedouro de um “Português” inventado, que se abdica de características regionais, perdendo a ligação à raiz que lhe deu a vida, privado de identidade própria. Coragem estudantes, professores e interessados pela linguística. Lutemos, com a certeza que o estilo da mediocridade não chega a lugar algum. Somente o Saber de Qualidade, fruto do Labor Intelectual abrirá as portas para o aperfeiçoamento, para salvaguardar uma das preciosidades mais requintadas, herança valiosa de um povo, que é a sua língua. Cuidemos bem da NOSSA, da nossa tão aviltada, vilipendiada e maltratada, ao mesmo tempo tão querida e amada Língua Portuguesa! Por mais longa que seja a caminhada ela será iniciada com o primeiro passo.
NÃO BASTA QUERER
……………………………………………………….Vera Maria Viana Borges
………………..Tem certos dias que nos pegamos a pensar no que já se foi. É a saudade, são as lembranças e a angústia de amados familiares e amigos, já à direita do Deus Pai Todo-Poderoso, ou mesmo a compensadora satisfação de um passado venturoso, na construção de uma bela história, cheia de magia e prazeres. As reminiscências afloram, o que é muito natural, pois no caminho percorrido registramos todos os acontecimentos que formam a nossa saga. É mesmo normal sentir uma saudade gostosa, saudável e até mesmo dizer – “Recordar é Viver”, não podemos permitir é que esta saudade doa uma dor tão doída, que não tenha cura, às vezes chegando a ser tão mórbida que costumamos ouvir: “éramos felizes e não sabíamos”. Arte complexa a de viver!
………………..A História deve ser valorizada sempre, “um povo sem história é um povo sem memória”, contudo no cotidiano temos que buscar coisas novas sem deixar que nos prendamos às coisas velhas, ao que passou, ao rudimentar, ao obsoleto. Cumpre-se seguir os rumos da modernidade sem se perder, claro, os valores cristãos, morais, culturais, intelectuais, políticos e filosóficos, vivendo o aqui e agora, neste mundo moderno, globalizado, dando prosseguimento à trajetória, caminhantes que somos em busca do futuro. Estamos em permanente construção. Cada dia é uma fase, um estágio de crescimento, aprendizado e amadurecimento. Ampliando nosso olhar vislumbramos um mundo novo que nos concita a novos desafios a cada instante. É essencial que vivamos intensamente o PRESENTE. O futuro a Deus pertence, vivamos então entusiasticamente o dia de hoje, como se ele fosse o último. Viver do passado é fugir da realidade. É algo irreal. É estar preso a um tempo que já não existe, é estar alienado. É óbvio que o que buscamos é a liberdade, a condição almejada para vivermos a vida em sua grandeza, em sua plenitude. Só o PRESENTE é real.
………………..O elixir da vida está em cultivar o Belo, o Bem e o Bom e encontrar caminhos novos. Somos os mesmos, apenas com maior bagagem, o ancião tem um fecundo dossiê. Com o aumento da expectativa de vida, um número cada vez maior de pessoas tem a chance, a oportunidade de testemunhar com mais maturidade os autênticos valores humanos. Só se é possível tornar plenos estes valores através da Providência Divina e da Ciência que proporcionam melhores condições para se viver bem.
………………..A maturidade é o ápice, o apogeu, o auge, a plenitude do homem. É o alvorecer da Sabedoria. Com o passar dos lustros adquire-se mais Sabedoria. Só se envelhece quando se perde o interesse, quando se deixa de sonhar, de amar, de procurar novos conhecimentos e algo novo a conquistar. A mente tem que estar aberta a novas ideias, a novos interesses, inspiração de novas verdades, preservando a força jovial, contribuindo para a beleza e harmonia na distribuição de sabedoria e talento.
………………..Cora Coralina estreou na literatura aos 76 anos de idade e fez da vida e da morte uma poesia: “Não morre aquele/ Que deixou na terra/ A melodia de seu cântico/ Na música de seus versos”.
………………..Benjamim Franklin foi mais útil ao seu país, após os sessenta anos. Diplomata, escritor, jornalista, editor, cientista, inventor, enxadrista norte-americano e descobridor dos para-raios. Depois dos oitenta anos, Verdi escreveu óperas.Compositor italiano, autor de “A Traviata”, “Rigoletto”, “Aída”, “A Força do Destino”, etc. Ticiano, pintor italiano, pintou seu incomparável quadro “Batalha de Lepanto” aos noventa e oito anos e sua “Última Ceia” aos noventa e nove. Monet pintou grandes obras de arte depois dos oitenta e cinco. Michelangelo, escultor, pintor, arquiteto e poeta italiano, ainda esculpia suas obras-primas aos oitenta e nove anos, em1564, ano de sua morte. Kant escreveu algumas de suas maiores obras filosóficas depois dos setenta anos. Goethe escreveu a segunda parte de “Fausto” após os oitenta e Victor Hugo ainda encantava o mundo com seus escritos depois dos seus oitenta anos.
………………..O famoso arquiteto brasileiro, Oscar Niemeyer, comemorou em dezembro de 2011 os seus 104 anos, com novos projetos, desafiando qualquer regra de longevidade.
………………..Parar de trabalhar é começar a morrer. A morte caracteriza-se pela inação e a vida pela ação. O trabalho nos ocupa e revigora. Aposentar não significa tornar-se inútil, a vida continua, certamente mais intensa e sobretudo mais plena de liberdade para se trabalhar em algo útil, com propósito digno, para o próprio bem, para o bem da família, para o crescimento da comunidade e para o desenvolvimento do Estado e da PÁTRIA.
………………..“Que o beneplácito do Senhor, nosso Deus, repouse sobre nós. Favorecei as obras de nossas mãos. Sim, fazei prosperar o trabalho de nossas mãos”. Salmo 89:17
………………..Possamos, com a graça de Deus, estar atentos e produzindo até o último segundo de nossas vidas, seguindo a máxima de Goethe: “Não basta saber, é preciso aplicar; não basta querer, é preciso fazer!
UM NOVO CICLO
………………………………………………………Vera Maria Viana Borges
………………..As chuvas de março fecharam o verão e inauguraram o outono. É o início de um novo ciclo, período em que a natureza se renova. Um dia desses, comendo bolinho de chuva que tem delicioso sabor de infância, adentramos no Portal das Fantasias e no mundo do faz de conta que extasiam crianças onde muitos adultos pedem carona. Revivemos assim muitos flashes com sabores, aromas, fragrâncias, cores, ideias, texturas que outrora conhecemos, tantas coisas que vivemos e que se esconderam na memória. Fomos penetrando no túnel do tempo seguindo em busca do tempo perdido, aquele que não tem volta.Se pensarmos nos sabores que fizeram parte da nossa infância, a lista será longa. Como num filme fomos recordando tantos episódios e nos perdemos naquele aconchego gostoso, saudoso, lindo, poético e humano. O importante destas lembranças não está somente no fato propriamente, mas na história contada em torno da mesa, do afeto que está impregnado naquela recordação.
………………..Aterrissamos em Rosal, terra de muitas flores, muitos encantos e muitos mistérios.
………………..Monsenhor, dália, lírio, orquídeas que fazem lembrar a casa de Pequena e José Rosa, copos- de- leite, extremosa, buganvília, beijo, suspiro, brinco-de-princesa, rosa, rosa graúda, exageradamente bela; gérberas que lembram o jardim de Bibi e Fluminense Alt, tão perfumadas e delicadas quanto a delicadeza, pureza, meiguice e simplicidade do casal.
………………..Terra de tantas histórias, de misteriosos cavaleiros que troteavam e disparavam atravessando as ruas desertas na calada da noite e de uma mulher tão alta, tão alta… que percorria a vila em altas horas e que do coreto, ao lado da Igreja de Santana, com um passo apenas chegava ao cemitério. Tínhamos tanto medo! Da “Luz do Monte Azul”, que clareava a noite escura, tornando-a tão clara como o dia, iluminando tudo em derredor. Da dita luz, uns diziam ser a “mãe do ouro”, decorrente do mineral supostamente existente no subsolo, outros, uma alma benfazeja que sempre aparecia em momentos difíceis para ajudar a alguém que necessitasse. Cavaleiros indo buscar remédios para doentes graves e maridos que buscavam parteiras eram iluminados e guiados por aquelas serras do Monte Azul, denominação devida aos fenômenos da tal luz que era muito intensa e azulada e em escuras noites, muitas vezes chuvosas e até mesmo sob verdadeiras tormentas prestava auxílio com seu intenso brilho.
………………..Àquela época era costume matar porco em casa e fazer quitanda, nome usado para designar diversas gulodices da culinária doméstica. Sempre que se fazia algo, eram oferecidos “pratinhos” para os amigos mais chegados.
………………..O dia em que matava porco era uma festa. Cedinho já chegava alguém para ajudar; um mais corajoso para furar o “bichinho” que gritava anunciando para toda a vizinhança a sua “execução”. Após destrincharem, antes da preparação para que a carne e a gordura fossem para as grandes latas, na despensa (compartimento da casa onde se guardam mantimentos), as crianças iam distribuir em tigelas (quase sempre de ágate) algumas porções, verdadeiras lições de “partilha” ali ao vivo, pela vizinhança.
………………..À noite, cadeiras nas calçadas onde famílias se juntavam conversando animadamente enquanto a gurizada se divertia pulando corda, brincando de roda. Os aniversários… Amistosamente vivia aquela gente que se confraternizava nas alegrias e era solidária nos infortúnios, nos momentos de dificuldades, tristes e difíceis.
………………..As jabuticabeiras, com os troncos pretos de graúdos frutos, muito doces, de agradabilíssimo sabor, ricos em tanino, eram ponto de encontro em quase todos os quintais, em afáveis reuniões de amigos sob suas aprazíveis sombras.
………………..No tempo das goiabas, o aroma das goiabadas tomava conta do lugar.
………………..O cheiro do “óleo de peroba” nos móveis, o assoalho lavado aos sábados, também eram característicos… Casas enceradas, escovão pra lá e pra cá… Piqueniques memoráveis, as alvoradas da Lira 14 de Julho, as melodiosas serenatas, o Caxambu e as fogueiras do Sr. Levino Soares onde cantavam e dançavam o Tão Ananias, Miracema e Antônia Paula: “Quem nunca viu vem vê, cardeirão sem fundo frevê…”
………………..No mês de maio, as coroações de Nossa Senhora, perfumadas pelas trescalantes brisas do “monsenhor despetalado” que jogávamos na “Santinha”. Vestidos de cetim, de anjo com asas cheias de graciosas penas; vestidos de Virgem… Muito frio!… Após a ladainha sensacionais leilões! O coreto todo decorado, cheio de deliciosas prendas. Todo o povo à sua volta. Cada noite dedicada a uma família que se esmerava na confecção das prendas que eram arrematadas por altos preços, estimulados pelos apregoadores que iam induzindo, em sadia brincadeira a competitividade entre os presentes que num clima de total descontração contribuíam para os cofres da Igreja de Santana.
………………..O Rosal Esporte Clube, vasto acervo de craques que lhe enalteciam as cores esportivas: vermelho e branco que tremulavam em bandeiras agitadas por animadas torcidas. Nos bailes da Rainha do Rosal Esporte Clube, as mais encantadoras valsas, quase sempre duas ou mais, “Danúbio Azul”, “Vozes da Primavera”, “Contos dos Bosques de Viena”, fazendo com que rainhas, princesas e seus pares rodopiassem em belos e diáfanos trajes pelo salão.
………………..O alto-falante do Sr. Chiquinho Nunes, no Cine Rosal sensacionais seriados, Durango Kid, Zorro, O Gordo e o Magro, Os Três Patetas. A Escola Luiz Tito de Almeida, as aulas de ginástica com o Sr. Hildebrando, os parques, touradas e circos que vez ou outra enchiam de alegria a petizada.
………………..Falando em circo regressamos ao tempo real. Os espetáculos ainda atraem enorme público de todas as idades. Na TV ou sob a lona, o mundo da magia incorpora linguagens modernas e tenta manter a tradição do reino da marmelada, numa era de velozes mudanças. Sempre um novo ciclo, onde tudo se renova.
A UNIÃO FAZ A FORÇA
………………………………………………Vera Maria Viana Borges
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………………… Às vezes, sentimos saudades dos glamourosos tempos de antanho em que famílias podiam desfrutar de um ritmo de vida mais tranquilo. Não podendo retroceder, essas boas lembranças ficaram apenas nas memórias, nas fotografias. Ainda bem que não ficamos estagnados pois o mundo está em perfeita evolução, tudo caminha a passos largos e precisamos acompanhar o fluxo. Já se imaginou sem celular, internet e TV? São peças poderosas que nos auxiliam nesses tempos modernos. Como nos diverte uma despretenciosa novelinha na televisão! Os documentários, os programas infantis, o futebol, os noticiários e as emissoras ainda investem lindamente nas superproduções. Com a Internet tudo fica rápido, fácil, a poucos cliques. O presente, o agora ou nunca tem que ser vivido plenamente com a premissa da preparação de um futuro melhor para a humanidade.
…………………Após as festas do final do ano, em janeiro e fevereiro a economia entra em férias, acompanhando milhões de profissionais que aproveitam a pausa do calendário escolar para viajar com a família. Em fevereiro o Brasil cai na folia com o Carnaval, espetáculo de luxo e beleza, a maior festa popular do país que deixa como lembrança muita ressaca e a certeza de que no ano que vem tem mais. Vale portanto a velha e famosa cantilena: no Brasil, o ano só começa em março.
………………… Atravessamos tempestuosos momentos em que somos arrastados por uma política recessiva, cheia de atropelos. Presenciamos fatigados: miséria, guerras, mentiras, licenciosidades, corrupção e violência. A mídia exibindo a cores os dramas da vida real e das novelas que se confundem, uma imitando a outra. Parece que não temos problemas. Dentre as notícias mais lidas em janeiro, o hit “Menos Luiza que está no Canadá”, o novo “meme” da Internet, a brincadeira que virou febre na Web. Num comercial do lançamento de um prédio na Paraíba, o pai de Luiza, destaca as qualidades do empreendimento, juntamente com toda a sua família, menos Luiza que está no Canadá. O bordão invadiu a mídia e Luiza voltou, sendo recebida com pompas e circunstâncias pelas principais emissoras de TV, já gravou Comercial, virou tema de música para o Carnaval 2012. Virou celebridade! “Ai se eu te pego…” o refrão da música de Michel Teló que o mundo todo está cantando e dançando. Tudo parece brinquedo, faz-de-conta, não se detêm para pensar. Vive-se inconsequentemente, é no deixa a vida me levar, no vamos ver o que acontece. Degradante o reality show Big Brother Brasil disseminando desvalores, banalizando o sexo e o povo patrocinando a aberração com os milhões e milhões de telefonemas para eliminar este ou aquele candidato, valendo campanhas de amigos e familiares para tal disparate e da emissora para aumentar o seu faturamento a cada paredão.
………………… Precisamos buscar as coisas do Alto, nivelar por cima. Platão já nos dizia: “Devemos percorrer sempre o caminho que conduz ao mais alto.” Infelizmente a grande maioria de Pais e Mestres se acomoda defronte a telinha e dela é toda a sua cultura. Voltam-se as costas à Bíblia, aos Clássicos da Literatura, e a centenas de sérios escritores contemporâneos, enfim a todos que se dispõem a escrever e comunicar-se com seriedade e com arte.. Vamos procurar ler bons livros, ver bons filmes, ouvir boas músicas, assistir aos bons programas da TV, ou até mesmo, quem sabe, passear ou dormir?
………………… Podemos afirmar sem exagero que a atmosfera na qual evolui o ser humano de qualquer faixa etária, tem importância primordial no desenvolvimento de sua moralidade, seu caráter e sua personalidade. Mais que os métodos de educação, quaisquer que sejam seus valores teóricos, são as influências do meio que lhe moldam o coração e o espírito.
………………… Não podemos cruzar os braços, temos que nos esforçar, ir à luta por dias melhores, para a preservação dos valores éticos, morais e espirituais. Sem educação não vamos a parte alguma, sem espírito cidadão e solidário não mudaremos a triste realidade que nos cerca, a sociedade com que sonhamos – plena em educação e cultura, justiça e fraternidade. Fico com o pensamento de William Blake: “Nenhum pássaro voa mais alto do que com as próprias asas.” Vamos fazer a nossa parte lembrando sempre que A UNIÃO FAZ A FORÇA.
NAS ASAS DA POESIA
…………………………………………Vera Maria Viana Borges
………………..Das Artes a música é a que mais sublima a alma. Há uma simbiose entre música e poesia. A poesia Clássica tem cadência, ritmo, rima. Ela é cantante. Quando cantarolamos alguma melodia, imediatamente a associamos à letra, no caso uma bela poesia e ainda nos remetemos ao seu autor que naturalmente será um poeta.
………………..Quando falamos em poesia, não falamos apenas de versos, muitas vezes num texto em prosa pode haver muita poesia. Euclides da Cunha explicando o “gigante nordestino”, que com aparente fraqueza se revela diante das adversidades do clima, do tempo, da vida, em “Os Sertões” poetiza: “ O sertanejo é, antes de tudo um forte.
………………..François Voltaire que viveu de 1694 a 1778 já dizia: “A poesia é necessária ao ser humano. Quem não gosta de versos possui um espírito seco e pesado, visto que os versos são realmente a música da alma.” E eu sempre digo: Cultivar as letras é trabalho pela grandeza e glória de um povo. Vivenciar a literatura é fugir das tribulações terrenas, é sublimar-se, ufanar-se, elevar-se às regiões da alma, da sensibilidade; é cultivar o espírito, é libertar a inteligência, libertar da massificação, da violência, do mal-estar dos problemas sócio-econômicos, da discórdia, levando o ser humano a um estágio de paz, a um verdadeiro oásis de amor. A poesia é bálsamo, é lenitivo para a alma. E, quando o poeta sonha vivendo suas emoções, pode-se acreditar que ele mergulha neste oceano de paz e de amor. Ao poeta que sonha, tudo é permitido e seus versos poderão ser faróis a iluminar as trevas da dor, do sofrimento, da angústia e transportar o ser humano a um estágio de paz interior, afastando-o das depressões, neuroses, descrenças. O poeta é arrebatado, transmutado pelo êxtase poético. Então ele será capaz de mudar o mundo, poderá mudar os rumos da humanidade. A palavra tem muito poder. E eu afirmo em uma de minhas trovas: Se de versos fosse a guerra,/ Se canhões soltassem flores,/ Por certo seria a Terra/ Feita de Paz, Luz e Amores. Gostaria de lembrar que o Poeta nasce, mas o escritor de poesia ou prosa, tem que ser feito, para se escrever bem tem que haver estudo para seguir normas gramaticais, normas poéticas. É obrigatório conhecer bem a língua.
………………..Rogo aos céus, ao Deus Pai Todo Poderoso para que eu possa usar as palavras e este dom que Ele me proporciona, apenas e tão somente em temas construtivos e que eu me comprometa apenas e simplesmente com o “Belo”, o “Bom” e o “Bem”. Que meu compromisso seja com Deus, com a Família e com a Pátria.
……………….Nós, os poetas costumamos ter nossa vida real e uma vida “subjetiva”… Essa viagem ao imaginário posso explicá-la com nossos refúgios, saídas da realidade… “Macondo é o lugarejo onde os “Cem anos de Solidão” de Gabriel García Márquez são contados. “Macondo é uma cidade fictícia, sugere um lugar que ainda não existe, mas que é construído em sua imaginação; assim como “Pasárgada” de Manuel Bandeira… Queiramos a construção de um lugar que não seja material, mas que tenha o poder de gerar um novo comportamento. Queiramos a Poesia, se você não escreve, LEIA! Ler é um excelente exercício; muito bom para a mente, para a alma e para o coração. Queiramos a Poesia, o Templo da Reflexão, só a reflexão nos faz lançar luzes sobre o que vivemos, sobre cada momento…
………………..Já na infância tinha paixão pelas palavras escritas ou faladas. Consumia a Revista “Tico-Tico”. Lia e relia. Cinquenta anos após, dentre meus correspondentes o velho e valoroso Poeta Sólon Borges dos Reis que editava e escrevia naquela revista que forrou o imaginário dos meus sonhos. Sonhava com aqueles livros de lombadas atraentes e capas coloridas…
………………..Nasci em 1944, já há muito a “Farmácia Normal” de propriedade do Sr Antônio de Souza Dutra, pai de nossa diletíssima Professora – Maria Aparecida Dutra, era ponto da intelectualidade bonjesuense. A cultura literária de Antônio Dutra era conhecida e admirada não só em Bom Jesus, mas em toda a região. Tradutor emérito. Suas traduções do francês, do espanhol, do italiano eram dignas dos originais, eram perfeitas. Foi um dos destacados membros do Conselho Municipal de Cultura do qual é Patrono. Foi poeta, historiador, cronista e jornalista. Possuia a maior Biblioteca de todo o Norte do Estado onde algumas vezes estudando com D. Aparecida eu me extasiava com as estantes de madeira com portas de vidro em todas as paredes, onde se mostravam as atraentes lombadas; uma enorme mesa com cadeiras ao centro. Não devia nada às belas Bibliotecas dos filmes, faltava apenas a escada corrediça. Ele é o Patrono da Cadeira nº 07 da ABDL (Academia Bonjesuense de Letras).
………………..Desde a minha mais tenra idade me envolvi com livros, lápis e papel.Todos os meus sentimentos são registrados em prosa e verso; isto faz parte da minha vida. Escrever me traz muito prazer, se às vezes me aborreço, no papel derramo todas as mágoas e acontece uma verdadeira catarse e ainda nasce daí um soneto, um poema, uma crônica. Nem tudo são flores, precisamos ir à luta. Não descuidemos dos nossos sonhos, eles se tornarão reais, mas sejamos comedidos, nem tanto ao feijão, nem tanto ao sonho. A mulher moderna num inaudito esforço, ama, cria filhos, trabalha, estuda, escreve e cultiva arte. Se a cada momento fôssemos rever a nossa situação no mundo, talvez tivéssemos revolta e dor. Mas a alma feminina é muito forte e tem forças e reações de imprevisível capacidade. Assim, com o vigor da alma e como testemunhas do nosso tempo, estamos aqui, lutando por um mundo melhor.
………………..Nos arroubos da juventude, desejava conhecer lugares, artistas, escritores, poetas, participar de tertúlias, saraus aqui e acolá. Mas, o amor me fisgou muito cedo, graças a Deus, fui viver a vida real deixando de lado o mundo dos sonhos. Mas “Nas Asas da Poesia” rompi fronteiras, visitei lugares jamais visitados , percorri distâncias abissais sem arredar pé do meu chão, desta terra que tanto admiro, da família que tanto amo.
UM FACHO DE LUZ
…………………..Vera Maria Viana Borges
…………………….Quando as portas se abrem para o fulgor de um Sodalício percebe-se um facho de luz a cintilar tão profundamente na mística da comunhão de ideais, na pujança do extravasar das mentes e almas o objeto da mais alta inspiração, reunindo toda a perfeição concebível no nosso imaginário. Momento ímpar!
………………..Um sonho sonhado por três amados poetas bonjesuenses tornou-se real aos quatro de dezembro de 1976. Os sonetistas Ayrthon Borges Seródio, Athos Fernandes e Antônio Miguel sob a égide do grande mecenas campista, o Criador de Academias por tantas que ele apadrinhou Brasil afora, criaram a nossa ABDL – Academia Bonjesuense de Letras que por várias décadas desempenhou com honradez e entusiasmo as suas funções e seus objetivos. Infelizmente por motivos vários que dispensam por si só explicações, acabou caindo no marasmo, naquele redemoinho inesgotável que suga todas as esperanças e ela foi lançada num vácuo inexplicável até quase se perder no sem-fim dos acontecimentos, dos fatos e das coisas.
…………………..A falência da Cultura nos assusta. Há na vida de todos nós, o momento em que se torna necessária a reflexão para que as coisas sejam colocadas nos devidos lugares. Revendo o cumprimento das obrigações inerentes à posição que ocupamos, com o compromisso de fomentar a cultura, o hábito da leitura, a apreciação da arte com a finalidade da exaltação do Belo, a preservação da nossa História e a continuação da mesma, através dos atos do nosso dia-a-dia, o incentivo às crianças, jovens e indivíduos de toda faixa etária, incluindo os da terceira idade que após a aposentadoria tendo mais tempo livre buscam algo para preenchê-lo com alguma coisa útil e saudável que só enobrece, eleva a autoestima e o torna mais feliz, resolvemos tomar uma atitude, fazendo uso dos DONS atribuídos por DEUS, nosso Poeta Maior. Cabe a cada um de nós administrar este legado, esta herança e multiplicá-la através do trabalho honesto, transparente, arregaçando as mangas, sem a pretensão de aparecer e receber honrarias, dividindo-a em doses acertadas a fim de que não sejam prejudiciais a nós e nem aos outros. Assim agindo com Sabedoria e Amor, atingiremos o ideal maior quando discernirmos o bem do mal, separando o joio do trigo.
………………..Sobrepujando intempéries, injustiças e indiferenças, com nossas almas plenas de esperança e amor buscamos a vitória que de algum lugar nos acena. Podemos nos orgulhar do Celeiro de Talentos que é nossa tão amada Bom Jesus, que se preza por uma cultura admirável. Para a arrumação da casa contamos com os nossos queridos confrades e com novos acadêmicos, sangue novo, para que circulem novas ideias, novos projetos visando o crescimento desta Instituição Cultural já respeitada pelo valor de seus intelectuais. O sucesso de grandes empreendimentos deve-se ao trabalho intenso onde a colaboração de muitos é fator primordial para que tudo dê certo.
………………..Houve o fim de um ciclo. A nova etapa que se inicia não deverá ser apenas mais um recomeço, e sim, o prosseguimento de uma trajetória de grandes realizações. Fiquemos com o pensamento de Robert F. Kennedy: “Cada vez que uma pessoa se levanta por um ideal, age para melhorar o destino dos outros ou combate a injustiça, provoca uma pequena onda de esperança, que, cruzando-se com outras a partir de um milhão de diferentes centros de energia e coragem, formam uma corrente capaz de varrer as mais poderosas barreiras de resistência e opressão.”
O BAIRRO QUE FOI NOVO
………………………………………………Vera Maria Viana Borges
………………..Trajeto muito percorrido em minha infância, foi a Estrada Rosal – Bom Jesus. Lá da santa terrinha, descíamos para vir ao dentista, ao médico, por vezes ao cinema e mesmo para assistir aos espetáculos circenses no ALTO DE SANTA RITA, com os famosos “Globos da Morte”. Grandes Companhias!…
………………..Para a criança vinda do distrito, aqui tudo era maiúsculo… A Avenida Padre Mello era grandiosa, a casa do Padre, um monumento, que hoje sinto deveria ter sido tombado, preservado, para a história da nossa adorada Bom Jesus… A Igreja Matriz, arquitetônica!…
………………..Vim prestar o “Exame de Admissão ao Ginásio”. Tendo sido aprovada, mudamo-nos para cá em 1955.
………………..Descendo a Rua Dr. Abreu Lima, que nasce na Praça Governador Portela, caminhávamos em paralelepípedos. A rua já era calçada até a entrada da Avenida Padre Mello (que também tinha calçamento). Daí para frente era barro vermelho. Imponente na esquina avistava-se o Armazém de Café do Sr. Karim João, onde nos fundos residia Orlando Alves de Oliveira, motorista, figura popular, amiga de todos. A seguir, bem edificada, a residência do Sr. Alípio Garcia, o então proprietário do Cartório do 2º Ofício de nossa cidade. Após, havia uma casinha bem simples, com cerca de arame farpado, que abrigava o Sr. Armindo Carroceiro. Finalmente, afastada do alinhamento, a “Fábrica de Balas” do Sr. Ésio Bastos… aquelas balas branquinhas, tão docinhas, com listrinhas coloridas… doces lembranças!…
………………..Aí estava delimitado o perímetro urbano, pelo Valão Soledade que se atravessava em ponte de madeira.
………………..Daí para frente era macega, e um novo loteamento, onde já eram edificadas as primeiras residências.
………………..O “Departamento do Café”, a residência do Gerente do IBC e o casarão de alpendre do Sr. Elias Ferreira, já se incorporavam ao cenário.
………………..Lembro-me bem do Matadouro Municipal, construído onde é hoje o DER e inaugurado a 13 de agosto de 1952, e, do funcionário eficiente, vindo de Itaperuna, o nosso estimado amigo José Camilo.
………………..Uma construção aqui, outra ali, surgia o Bairro Novo…
………………..Onde está o “Abrigo dos Velhos” era o local em que se depositava o lixo de Bom Jesus.
………………..Construiu-se o prédio da Delegacia na beira-valão, e em seguida fez-se a ponte de cimento. Alair Ferreira Tatagiba trouxe o Posto de Gasolina.
………………..O Sr. Quinca (Laurindo Henrique), Antônio Trindade e Sinfronino Braga foram os pioneiros da Rua Joaquim Ferreira Ramos.
………………..Chichico das Areias empreitou duas obras para residências de Irma e Vera Ribeiro, respectivamente. Construía-se com tijolos de cimento da fábrica do Prefeito Gautier Figueiredo.
………………..Depois vieram Sr. Marcílio, Bolivar Teixeira Borges, Antônio dos Santos, Cerizê (costureira afamada), Dr. Pery, e, até mesmo o Desembargador Sampaio Peres, construiu e residiu no novel bairro.
………………..Nos terrenos vagos, os garotos improvisavam campinhos para as peladas, nas horas de lazer…
………………..Pelas novas ruas, desfilavam de bicicleta, meninas casadoiras… Conta-se de um romance que terminou em casamento, acreditando-se que o feliz casal, reside no referido bairro, atualmente.
………………..Onde é hoje o “POSTO GUERRA”, acampavam ciganos, e freqüentemente, armavam-se circos e touradas.
………………..Inúmeras oficinas de lanternagem e mecânica se instalaram na região. A do Chico da Lata, a do Sebastião Godói, a do Canico, a do Polaca.
………………..Juca Moraes, músico da Banda, fez um botequim, onde engarrafava vinho tinto, fabricado por ele próprio, mais tarde surge ali o Depósito de Bebidas do Jovair.
………………..Na Rua Vereador João Rodrigues do Carmo, conhecemos o Ari, Inspetor de Trânsito, o Clemiltom, o Luís da Água, Antônio Martins de Souza e Catarina, o Candico, o Emídeo, fiscal da Prefeitura. Na referida rua ficava o Armazém de Café do Higino Belloti.
………………..As famílias abasteciam suas despensas, na vendinha do José Mangefeste. ………………..Onde já foi o “Bamerindus”, e posteriormente a “Constrular”, o empresário Pedro Braga, proprietário da grandiosa “BRAGA MÓVEIS”, inicia sua vida profissional, com um simples barracão de marcenaria. O não menos bem sucedido Passaline, também cresceu com o Bairro.
………………..Chega o asfalto em 1960, trazendo maior progresso à nossa terra.
………………..Extrapolou, nosso bairro virou centro da cidade. A zona urbana fora esticada e no final da década de 60, o Matadouro foi transferido para a beira-rio de um novo bairro, o Lia Márcia que também se desenvolveu e estava ele novamente plantado no perímetro urbano… Atualmente, o gado é abatido em Frigoríficos…
ESSES VALOROSOS HOMENS DE LETRAS
………………….. Vera Maria Viana Borges
………………..Cerro os olhos! Ainda sinto o perfume das flores!… Ecoam em meus ouvidos, os divinos e melodiosos acordes executados pela maestrina Nelly de Souza ao piano e a voz aveludada e forte do maestro e barítono Francisco de Souza, brindando-nos com páginas belíssimas do cancioneiro romântico como “Granada” de Augustin Lara, “Pierrot” de Pascoal Carlos Magno e Joubert de Carvalho e “Minha Terra” de Waldemar Henriques, num grandioso espetáculo de arte.
………………..Em êxtase, rememoro toda a beleza da solenidade de 30 de maio do corrente ano, na AIL, a propósito, realizada na data magna do Município, quando se comemora e louva seu padroeiro: São José de Leonissa, e ouço as palavras pujantes e indescritíveis do Dr. Alaôr Eduardo Scisínio, com voz firme e vibrante, palavra clara, convincente, de verve fluente, conduzindo-nos a uma noite de sonhos, de encantamento e poesia.
………………..Tudo isto proporcionado graças ao idealismo do nome tutelar das letras fluminenses, o laureado e insigne Presidente da Academia Itaocarense de Letras, Dr. Kleber Leite, a quem reverencio respeitosamente pelo eminente intelectual que o é, pelo austero homem de princípios, esposo e pai sensível, de temperamento afável, sempre solícito. Sábio, humano, modesto, maravilhas tem proporcionado às letras de nossa pátria. Personalidade perfeita, com atributos e qualidades que só os espíritos de gala podem ter.
………………..Quanta gente ilustre, nobre, digna e simpática reunida no salão principal do União Esportiva Itaocarense! Brilhantes intelectuais. Quantos abraços fraternos e quantas amizades nascidas naqueles momentos de tanta ternura, vividos na calma e formosa Itaocara! Amizades nascidas sob as bênçãos do Monsenhor Saraiva e São José. Em cada aperto de mão, fica indelevelmente o carisma da gente amiga, cordial e sincera. Das flores da ornamentação exalam delicadas fragrâncias e nos semblantes a transparência das almas diáfanas, que se deixava ver através dos lindos sorrisos, lembrando-nos o belíssimo provérbio de Salomão: “O coração alegre aformoseia o rosto”.
………………..O cumprimento da menina-moça, da jovem poetisa Kellen Marconi da Rocha Leite, fêz-me mergulhar nos vórtices do tempo, e relembrar os anos dourados da minha juventude, quando então conheci na Escola Normal Zélia Gisner, em Bom Jesus, o venerando casal Nilcinéia – Dr. Vero Baptista de Azevedo, que, vendo meus versos, cuidou de levá-los a um “compadre”, em Campos dos Goitacases.
………………..E, o compadre não era nada mais, nem nada menos que o mecenas, o respeitado vate, o carismático Professor Walter Siqueira, o príncipe dos poetas campistas. Sinto-me honrada e feliz, por ainda hoje poder registrar na agenda do coração, o profícuo e glorioso intelectual, e mais ainda por ter recebido dele, o soneto intitulado VERA MARIA, que se pode ler a seguir:
Vera Maria é a porta-voz do Sonho,
traçando uma jornada de beleza,
em que desvenda o coração risonho,
em que revela o amor à Natureza.
De longe, em seu espírito me enfronho,
e vejo nos seus olhos, com certeza,
os crepúsculos róseos ou tristonhos,
conforme o seu quinhão de sutileza.
Reservando-lhe Deus tantos poderes,
de mudanças levar aos pobres seres,
aclara-se o lírico destino.
Vera Maria trouxe das origens
as sensações da paz e das vertigens,
é Lua Cheia em flor, é Sol a pino!
………………..Isto sim, massageia o ego!… Jamais serão diluídas de minha memória estas doces e agradáveis reminiscências. Quantas emoções!… Teço loas a estes valorosos homens de letras, que com sensibilidade e inteligência serão capazes de mudar o mundo…
RIO BRANCO – 80 ANOS DE GLÓRIAS
………………………………………………………………Vera Maria Viana Borges
………………..O Colégio Rio Branco foi fundado em 1920 pelo Professor José Costa Júnior. Após algum tempo assumiu a direção o Professor Mário Bittencourt. Em 1930 o Professor José Cortês Coutinho, nessa ocasião funcionava com internato e semi-internato, substituiu-o Carlos Marques Brambilla que após memorável luta em 1936 conseguiu a oficialização do Estabelecimento de Ensino.
………………..Em 1939, em franca decadência, com dificuldades financeiras, formou-se uma Junta Governativa composta por Olívio Bastos, José de Oliveira Borges e José Mansur para administrar a entidade. Assim o Colégio Rio Branco recebeu de Olívio Bastos as benesses de sua visão administrativa. Assumindo a direção em momento difícil, coube a ele transformar, ampliar, construir novas salas, equipando-as de novo mobiliário, laboratório, moderna quadra de esportes, que ainda perduram.
………………..Por várias décadas, a Direção Técnica esteve entregue à Professora Maria do Carmo Baptista de Oliveira, Dona Carmita, que com zelo e eficiência, energia e idealismo desempenhou ali sua missào.
………………..Em 1958, após o falecimento do Diretor Proprietário, Senhor Olívio Bastos, sua família fundou a Sociedade Educadora Limitada, constituída de Dona Vivaldina Martins Bastos, viúva do saudoso Diretor e de seus filhos Ésio Martins Bastos, jornalista, admirável mestre da imprensa interiorana, proprietário do jornal “O NORTE FLUMINENSE”, fundado por ele em 1945 , sendo até hoje seu Redator , com o mesmo brilho e inteligência; Maria Ruth Bastos Guerra, emérita Professora do Colégio e Dr. Luciano Augusto Bastos, advogado, figura de maior destaque em nosso município, com invejável currículo, com indeléveis marcas nos mais variados segmentos, cabendo a este último a Direção Comercial, levando o Rio Branco a novas conquistas e realizações, ampliando suas dependências e cursos. Após a aposentadoria de D. Carmita, assumiu também a Direção Técnica.
………………..Oitenta anos de História!… Honra ao Mérito aos dirigentes que com garra e bravura, superando dificuldades sem conta, garantiram o funcionamento desta Casa de Ensino, ao longo de sua existência, deixando edificantes exemplos e marcas perenes de suas realizações. Honra ao Mérito aos professores que além dos conhecimentos que transmitiram a cada aluno, deixaram seus exemplos de fraternidade, civismo e cumprimento do dever e também a todos os funcionários de todas as épocas e das mais variadas funções, que anonimamente prestaram valiosos e indispensáveis serviços.
………………..Rio Branco, um facho de radiosa luz, que se faz presente em toda parte, pois quantos ali estudaram, continuaram os estudos e hoje, como ontem, ocupam cargos de relevo nesse nosso tão amado Brasil e até mesmo além-fronteiras…. São Advogados, Juízes, Promotores, Desembargadores, Médicos, Engenheiros, Professores, Empresários bem sucedidos, Parlamentares, Ministros, Profissionais Liberais, Prefeitos e dois notáveis Governadores do Estado do Rio de Janeiro, Roberto Silveira e Badger Silveira.
………………..Seu atual diretor proprietário, o emérito educador, historiador, Dr. Luciano Augusto Bastos, não esmorece jamais. A alma desse homem impávido não se refestela, ela tem sede de progresso, preocupa-se com a modernização e principalmente com a qualidade de Ensino. Temperamento afável e solícito, bom esposo, pai sensível, avô extremado. De acendrado amor a Bom Jesus, faz de sua vida uma SINFONIA de trabalho para a valorização da Cultura , da Arte, do Bem, do Bom e do Belo… Pertence a Entidades Culturais, é membro e foi presidente do Rotary Clube local, seguindo literalmente o lema “SERVIR, SEMPRE SERVIR”. Presidente da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil, criada por sua iniciativa. Sua atividade comunitária alcança relevo, à frente do Centro Popular Pró-Melhoramentos de Bom Jesus do Itabapoana, atuando no Hospital São Vicente de Paulo, Instituto de Menores e Casa das Meninas. Na política ocupa lugar de destaque; na imprensa participa com o brilho de sua invulgar inteligência. No esporte, foi atleta e dirigente do Olímpico Futebol Clube, fundador da Liga Bonjesuense de Desportos, criador dos Jogos Estudantis de Bom Jesus e do Campeonato de Futebol Rural. Foi Secretário Municipal de Educação e Membro do Conselho Municipal de Educação.
………………..O Colégio Rio Branco há oito décadas vem cumprindo seu destino com altruísmo e galhardia, orientando com segurança e esmero a juventude de nossa tão amada Bom Jesus, assim como a da Região Noroeste e municípios de Estados vizinhos. Todos nós estamos de parabéns…
………………..Parabéns Rio Branco!…
………………..Parabéns Dr. Luciano Bastos!…
………………..RIO BRANCO
………………………….Vera Maria Viana Borges
Rio Branco de feitos imortais
Esparzindo a cultura com vitória,
Torna concretos nobres ideais,
Colhe os louros, coroa meritória.
Áurea luz que rebrilha mais e mais!
O honrado nome cresce em fama e glória,
Indo à porfia em lutas magistrais
Altaneiro e garboso está na História.
Escola idolatrada eu te bendigo,
Por teu presente e pelo teu passado,
Em ti se encontra o mais sublime abrigo.
Bendito Templo que emoldura o espaço,
Onde se colhe o fruto sazonado,
Segue marchando sem perder o passo!…
OSSOS DO OFÍCIO
……………………………………………………………………Vera Maria Viana Borges
Em toda profissão existem obstáculos, barreiras a serem transpostas, certas dificuldades que muitas vezes podem se tornar desagradáveis e até mesmo perigosas.
Certa vez recebi bela mensagem de Natal com belíssimo soneto; soneto de mestre. Não havia o nome do autor. Abaixo uma singela e pura mensagem e a assinatura de alguém que me cumprimentava naquele final de ano… Logo reconheci os versos de um velho amigo, conhecido apenas por meio da literatura, já que jamais nos vimos pessoalmente, não apertamos nossas mãos, mas nossas almas se entrelaçam nos ideais, comunicamo-nos por correspondência e através de nossas obras. Fiz-me ao mesmo tempo, feliz e pesarosa. Alegre por ter sido lembrada por gentil pessoa amiga e triste pelo desrespeito ao meu amigo escritor. Lendo “A FIGUEIRA” do companheiro Abel B. Pereira, de Florianópolis e deparando-me com nota na referida Revista que diz-“declamando, lendo ou escrevendo, ao levar a público uma poesia ou texto qualquer, cite sempre o nome do autor(a). Essa obrigação, além de ser um imperativo de ordem ética, é, também, uma exigência da Lei. (Art. 126 da Lei 5988, de 14-12-1973)”, recordo-me do episódio acima, constatando que a informação do vate catarinense deve ser imperiosa para esclarecer estes princípios, pois na maioria das vezes estes delitos são cometidos por “ignorância”, havendo evidentemente casos de falta de ética e de escrúpulo mesmo.
Pode tornar-se complicado editar um texto! Melhor é que se publique para início de conversa, que as idéias, conceitos dos artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores… De certa feita publiquei um célebre discurso, atribuindo-lhe corretamente a autoria e eis que após alguns dias recebo de um apreensivo editor, um volume de Antologia, acompanhado de uma cartinha, onde estupefato explicava ter recebido aquele majestoso discurso, publicado na dita Antologia, assinado por um inescrupuloso cidadão. Olha aí o perigo!…
De outra feita li belíssimo Poema, que me impressionara pela filosofia em seus versos… Posteriormente, saboreando um livro de inteligentes LENDAS, associo uma dentre muitas, àquele poema. Fiquei pensativa: – Quem extraiu, de quem? Há usurpadores de idéias! Seria tão simples fazer o registro-“ baseado ou extraído de tal fonte ou de tal autor”.
Pior ainda quando em certas apresentações culturais (pelos fatos não poderiam ser assim chamadas), para impressionar fazem sofisticadas aberturas com palavras já celebrizadas, sem mencionar os não menos célebres autores, ludibriando a platéia supostamente incauta, atribuindo-se a luminosidade daquelas expressões, no desejo de resplenderem como fulgentes estrelas… Aí, talvez não seja ignorância, deverá ser mesmo pura falta de ética e escrúpulo a grave omissão. É, isso é osso duro de roer!…
TALENTOS QUE SE ATRAEM
……………………………………………………………..Vera Maria Viana Borges
O macio dedilhar nas cordas do violão, o mágico toque dos dedos no teclado, a suavidade dos maviosos acordes, a explosiva inspiração que fervilha no sangue dos poetas, externam sentimentos dos artistas desnudando suas almas, o mais das vezes límpidas, translúcidas, puras, calmas, decorrente da bondade de seus corações.
Os músicos e poetas são talentos que se atraem. No extravasamento de suas emoções, não se calam ao Belo e ao admirá-lo e enaltecê-lo acabam por produzirem belíssimas peças musicais, poéticas, oratórias e num entrelaçamento de ideais, caminheiros da mesma jornada, confraternizam-se através da Arte.
Amílcar Abreu Gonçalves, musicista, compositor, de natureza afável, solícito, acontece em todos os eventos culturais da região com suas magníficas composições, interpretações e auxiliando aos amigos poetas com delicados, artísticos e belos fundos musicais.
………………..Edison Chaves, orador, poeta, cidadão sensível, não se calando diante dos feitos dos ilustres de sua terra, produz sempre admiráveis páginas em apreço aos confrades e amigos e ao extraordinário violonista e tecladista,confrade, amigo e parceiro de Sinuca, Amílcar, homenageia com o bem elaborado decassílabo que segue:
………………..UM FINO INSTRUMENTISTA
…………………………………….Edison Chaves
Pessoa de alma nobre e educada,
cujas mãos são de grande habilidade,
merece ter bastante realçada
a sua forte dose de humildade.
Na sinuca é brilhante na tacada,
onde fez nome desde a mocidade,
mas sua vocação é decantada
na música que ele ama de verdade.
É o AMÍLCAR, um fino instrumentista
que veio a se tornar especialista
no teclado e também no violão.
Eu me orgulho de ser um seu confrade
e espero conservar sua amizade
enquanto resistir o coração.
Músicos e poetas, são tantos por este Brasil e por este mundo. Talentos que se atraem, se afinam e juntos nos proporcionam em parcerias as tantas páginas dos CANCIONEIROS, com encantáveis letras e melodias, sem contar o espetáculo mavioso dos fundos musicais nas declamações das mais ternas poesias.
………………..Amílcar e Edison, talentos que individualmente nos brindam com suas produções, iluminando o Universo das Letras e das Artes com a luz de seus dons, a quem o UNIVERSO se queda agradecido.
SEM PERDER A JUVENTUDE…
…………………………………………………………………Vera Maria Viana Borges
O poeta Joamir Medeiros, editor de TROVAVIVA, de alma sonhadora, valente e corajosa, é homem de princípios, com nobreza de sentimentos, firmeza de atitudes, perspicácia de espírito. Cidadão enérgico, prestativo e generoso. Vem fazendo louvável trabalho de divulgação da poesia, principalmente da TROVA. SEM PERDER A JUVENTUDE chega aos sessenta anos.
A Coluna “CANTO DO POETA”, de Severino Campelo, do Jornal “O TROVADOR” (Órgão Oficial da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte) assim se pronunciou sobre ele:
“Boa parte do orçamento de Joamir é diluída com a remessa do seu jornal TROVAVIVA, enviado as mais diversas regiões do Brasil, e Portugal. Esse carinho com a Trova foi motivo para ele ser eleito entre “Os melhores de 1998″ como ativista Cultural do Brasil, título outorgado pela Sociedade de Cultura Latina do Brasil, com sede em Mogi das Cruzes-SP.
É dele este pensamento que até parece um auto- retrato: O poeta é um ser iluminado que, com seu lapidar, vai colorindo o Universo com as tintas da beleza, dos sonhos e da imaginação.
Na sua esposa Edilza de Araújo Medeiros – mulher prendada e dedicada ao lar, nas suas duas filhas, num filho, e na netinha Camila, tem as fontes perenes e cristalinas de inspiração.
………………..Joamir completou 60 anos de idade em abril/00. É aposentado do Banco do Brasil; de sua lavra tem 5 livros inéditos. Sonha, no momento, vender a sua bonita vivenda da Av. Romualdo Galvão, hoje de trânsito intenso. Deseja mudar-se para um local onde os pássaros possam ajudá-lo a dedilhar a sua lira, em continuidade ao cumprimento do seu destino de poeta e trovador.”
JOAMIR GLOSANDO SUA PRÓPRIA TROVA:
Chegar à terceira idade,
sem perder a juventude,
é cultivar na verdade
a velhice em plenitude!
CHEGAR À TERCEIRA IDADE,
fase mais áurea da vida,
é viver com qualidade
é ser feliz sem medida.
Viver no peso dos anos,
SEM PERDER A JUVENTUDE,
é matar os desenganos.
Oh! Quão sublime virtude!
Aceitar a realidade,
sem revolta todo dia,
É CULTIVAR NA VERDADE
vida plena de harmonia.
Mesmo no ocaso da vida,
nunca perde a juventude,
quem conserva colorida
A VELHICE EM PLENITUDE!
ELCY AMORIM, QUANTA SAUDADE!…
………………………………………………………………………..Vera Maria Viana Borges
O ilustre e insigne poeta Elcy Ferreira Amorim, cultor da literatura clássica, de delicado estro, espírito envolto em perene encantamento, alma afeita à poesia, de temperamento afável, sempre solícito, bom filho, esposo, excelente pai, avô e amigo, muito realizou no terreno da arte literária; deixou-nos legado inestimável, versos filosóficos, plenos de fé, religiosidade, amor, patriotismo, caridade, vivência.
Autor de “REFÚGIO” (onde extravasou as paixões interiores), “RENÚNCIA”, “MEU PAI e EU”, “RETALHOS, que tive a honra de prefaciar e “A VIDA e o TEMPO”.
Nasceu a 21 de setembro de 1929 em Natividade-RJ, terra cantada e decantada por ele. Filho de Carlos Ferreira Amorim, também poeta e de Ester Verônica da Rocha Amorim. Pertenceu a inúmeras Entidades Literárias e participou de muitos concursos. Primeiro lugar na categoria Soneto, do I Concurso Nacional de Poesia da POEBRAS – Casa do Poeta Brasileiro em Salvador, com o soneto intitulado – “A DOÇURA DE SÃO SALVADOR”. Não chegou a sentir a alegria de receber a comunicação de sua classificação em primeiro lugar no referido Concurso; tomamos conhecimento do fato através da REVISTA DA CASA DO POETA BRASILEIRO, editada por João Justiniano da Fonseca, Presidente da Entidade. Faleceu aos 12 dias do mês de junho de 1999, 3 meses antes de fechar os 70 anos de idade.
Honra ao Mérito, ao artífice do verso, do ritmo, da cadência, das ricas rimas! Que o amigo, notável poeta Amorim que proporcionou à sua terra, à sua gente, tantos vôos de felicidade, amor e carinho, “DESCANSE EM PAZ, à direita do Deus Pai, Todo-Poderoso”. Sua lembrança ficará, e em nossos corações haverá de permanecer para sempre e sempre, enquanto tivermos memória, enquanto tivermos corações.
A DOÇURA DE SÃO SALVADOR (Elcy Amorim)
Quem, por amor, viveu fazendo o bem
e, ao caminhar, seguiu um rumo certo,
servia, além de um lar, o pão também,
ao irmão que vagasse ali por perto.
Da vida, o bem maior sentido tem
para quem leva o coração liberto,
em constante oração, dizendo “amém”
ao socorrer alguém de um rumo incerto.
Sempre humilde, incansável e discreta,
pelo esforço subiu grande ladeira
e atingiu, sem clamor, a santa meta!
Desvelada, amparando o irmão carente,
Irmã Dulce, ao erguer sua bandeira
viveu, amou, sorriu, chorou… foi gente!
P. de PETRUS NA PRESENÇA INEFÁVEL DO CRIADOR
……………………………………………………………………Vera Maria Viana Borges
P. de Petrus é o nome literário do poeta e trovador PEDRO BANDETTINI, nascido a 27 de abril de 1920 em São Paulo. Casado com Agneilda Rodrigues Soares Bandettini – Guiné – sua eterna Musa.
Veio para o Rio de Janeiro em 1962, ingressando-se de imediato nas lides trovadorescas, unindo-se logo ao Príncipe dos Trovadores Brasileiros, o inesquecível Luiz Otávio..
Organizou, com o saudoso Noel Bergamini, a Antologia “Mil Trovas de Amor e Saudade”. Sócio fundador da União Brasileira de Trovadores, Seção Rio de Janeiro, membro da Academia Bonjesuense de Letras e do Centro de Estudos e Atividades Artísticas. Publicou três livros, verdadeiras jóias literárias, pela Freitas Bastos: “Paisagens Poéticas”, “Pensamentos Poéticos” e “Meu Canteiro de Trovas”. Participou de inúmeras obras. Premiadíssimo em concursos de Trovas e poesias. Julgador dos mais exigentes nos mais diversos certames poéticos.
De delicadeza ímpar, jamais deixando uma carta sem resposta, sempre com otimismo, enaltecendo, estimulando, atendendo seus irmãos trovadores, escritores e poetas.
Já não estava entre nós na chegada do ano2000, partiu para Deus, dias antes. Sua ausência hoje choramos e o reverenciamos por tudo que fez pela literatura brasileira e cremos esteja em contato direto com a LITERATURA MAIOR, na presença inefável do CRIADOR, o qual ele sempre considerou o MAIOR TROVADOR. Apreciemos seus belíssimos sonetos:
TEU PRÓXIMO
Detém-te, caminheiro, em tua estrada,
e mira, ao teu redor, quanto esplendor!
– Olha a beleza alegre da alvorada
e o sorriso brotando em cada flor…
Faze, da vida, a quadra sempre amada,
e põe, nos sonhos teus, mais vivo ardor,
para que alcances, no auge da jornada,
a alegria, o conforto, o alento, o amor.
Não negues teu carinho, um só segundo,
olhando os que mais sofrem na tristeza
e querem se esquivar do oceano fundo!
Ajuda-os sempre em tudo o que puderes,
pois Deus te ajudará, – tenho certeza,
em todo o Bem que ao próximo fizeres.
………………..CAMINHOS
Que fim teremos nós, – depois de esquadrinhar
as estradas do incerto e cinzento destino?…
E que outra claridade, em nós, virá brilhar,
que se iguale, em beleza, ao clarão levantino?
Quem o saberá, quem? Se o grande, o pequenino,
se o potentado, o pobre, o eminente e o vulgar,
são criaturas que têm o alto amparo Divino,
mas, escolhem a sorte e o caminho a trilhar!
Quando a Noite vier, sorrateira e inclemente,
na horrenda escuridão, tolher todos os passos,
que ao Homem sempre envolve, irremediavelmente,
é então, que todo Ser paga os pecados seus:
– os maus mergulharão na Treva dos espaços,
e os bons, na excelsa Luz, na mansidão de Deus!
MARIA JOSÉ MARTINS – CRIADORA DAS NOITES DE CULTURA E ARTE
………………………………………………….Vera Maria Viana Borges
Coração afeito às amizades, energias canalizadas integralmente para as responsabilidades do lar e do trabalho, valente e corajosa, mulher com nobreza de sentimentos, firmes atitudes, cantora por excelência, dona de belíssima, maviosa e afinada voz, presença constante e marcante nos eventos sociais e culturais do Vale do Itabapoana, a professora e promotora cultural Maria José Martins, Diretora do Departamento de Cultura de Bom Jesus, criadora das Noites de Cultura e Arte, em 1990, com a finalidade de mostrar e valorizar o talento do artista da terra nos campos da poesia, da música, artes plásticas, danças e outros, concedendo também o Prêmio Cultura a uma personalidade que se destaca na esfera das Artes e da Cultura.
Vem ela desenvolvendo com determinação, garra e arte, “Encontros de Coros e Corais”, objetivando a valorização de instrumentistas, intérpretes e Escolas de Música; “Encontros Regionais de Bandas de Música (Civis)”; “Oficina de Teatro” envolvendo as redes de Ensino Municipal, Particular e Estadual; “Festival Estudantil de Teatro”; ” Festivais de Canção”; “Encontros de Folias de Reis” visando resgatar o mais antigo e tradicional folclore da região, valorizando a cultura popular e no Dia Nacional de Ação de Graças, a cada ano, promove um grande evento reunindo o Comércio, Instituições, Escolas, Igreja e Comunidade, num momento de GRATIDÃO apresentado com louvor e arte, além de se colocar à inteira disposição da Comunidade para trabalhos em parceria, com a condição de que não haja atropelos em seu Calendário, contando sempre com o apoio irrestrito do nosso estimado e digno Prefeito e da Secretária de Educação.
Nascida em Italva-RJ, Maria José, italvense de nascimento e bonjesuense de coração, bonjesuense por direito e conquista. Esta mulher autêntica e sensível merece nossos aplausos e nosso comovido abraço de agradecimento por tudo que tem feito pelo nosso Município.
O GRANDE COMANDANTE
Vera Maria Viana Borges
Nobreza de sentimento, firmeza de atitudes, perspicácia de espírito. Talentoso! Tudo isto e muito mais é KLEBER LEITE. Jornalista de escol, emérito literato, timoneiro fiel, condutor de sonhos, de ideal gigante, inteligência brilhante e peregrina, associada a uma personalidade simples e modesta. Alma generosa, pura, sensível, elo que entrelaça corações e espíritos, reunindo uma constelação de astros redourados da intelectualidade brasileira e de além-fronteiras, formando uma plêiade fulgurante, que faz vicejar a cultura, florescer no desabrochar das páginas do BALI, e frutificar nos mais belos e sazonados frutos, alcançando a plenitude do BELO, do BOM e do BEM.
Inesgotável reservatório de força e inteligência. O “élan” de sua vida, é a alegria, o contentamento de distribuir os seus talentos, liberando todo o esplendor de sua alma, aprisionado em seu ego, agrupando, conciliando e harmonizando, reunindo celebridades onde fica projetada sempre a sua luz. Com sensibilidade e cordialidade proporciona bem-estar a todos os seus pares.
Como a árvore que produz frutos; o sol que ilumina e banha a terra com seus benéficos raios; a rosa que perfuma; o rio que move moinhos gerando energia; a noite enluarada que nos deleita; a escuridão que nos dá a bênção do descanso; sem fazer perguntas, sem pedir algo em troca, assim é KLEBER LEITE distribuindo bondade e boa vontade, transmitindo uma vibração sempre positiva e exaltando sabiamente seus valores interiores, projetando-nos união, paz, força e fortaleza, conferindo-nos beleza, amor, graça e dignidade. Ele mantém acesa a tocha de seu ideal, a chama da esperança, da sublimidade que nos liberta.
Transcendendo forma os laços que caracterizam a “ARTE”, com o “BELO” e o “BEM” existentes em si mesmo, na sua altruísta e nobre natureza. Imbuídos em seus sentimentos, arraigados em sua meta, alçamos com ele vôos ao Infinito, já que somos caminheiros desta jornada e tripulantes desta nave de sonhos em que ele preserva o brilho de cada estrela da constelação que forma. Unindo, ligando uns aos outros, considera que a grandeza e a beleza estão no conjunto, como na VIA-LÁCTEA que encantou BILAC. Cada estrela tem seu próprio brilho, jamais alguma ofuscará com seu brilho, o brilho de outras estrelas, mas todas juntas serão capazes de iluminar fulgurantemente o mundo.
A bordo com este “COMANDANTE”, poderemos ultrapassar muitas barreiras, e, repletos dos poderes inatingíveis do “TODO-PODEROSO” sentiremos a vitória de todo o seu esforço, de sua garra que revela a sua própria glória, atigida pela luta de todos os anos vividos intensamente, na maturidade, não na velhice, pois o espírito do homem de letras não envelhece, apenas se lhe apresenta o alvorecer da sabedoria. Cada pulsar do seu coração é um compromisso com a autêntica “PERFEIÇÃO”, com a pureza da forma e com a excelência das idéias, sensibilidade imensamente linda.
A cada impulso deste nosso “GRANDE COMANDANTE”, a cada sua atitude, ato ou gesto, reverenciamo-nos a esta fortaleza, a esta magnífica alma poeta, a este grande jornalista. A doce e encantável ITAOCARA, será ainda mais adorável e bela com o reconhecimento deste seu herói, que a faz conhecida no mundo inteiro, merecedor de homenagem imorredoura, como um monumento em praça pública, no coração desta terra que ele tanto ama.
(Extraído do JORNAL “COSTA DO SOL”-Maricá, de 30 de novembro de 1999, coluna decenária de LATOUR ARUEIRA, transcrito para o Boletim Acadêmico Letras Itaocarenses-dezembro de 1999)
UMA PEQUENA, GRANDE FLOR!
Vera Maria Viana Borges
Margarida, pequenina e delicada flor, sutilmente perfumada… Margarida Pimentel, pequena em estatura, mas uma grande flor, grandiosa mulher, dessas que se pode grafar com “M” maiúsculo. Mulher!… Destemida, corajosa, valente, não se intimidando ao vizinho “jurista”, ao mesmo tempo “poeta”, que no meio dos colonos fazia a derrubada de algumas árvores resistentes à queimada da véspera. Cronista de “A GAZETA”, de Vitória (ES), registra em seguida sua opinião na inteligente crônica- “O Poeta e o Machado!”, com o notório e sentido apelo: Ah, Poeta! Faça mais versos e esqueça o machado! “Infelizmente, muitas vezes, também, a matéria clama, ávida de lucros ilusórios e o poeta se esconde por trás do machado querendo transformar tudo ao seu redor em ouro- metal transitório, causador há séculos dos desastres e ruínas dos povos.”
Em “Quem Sou Eu?”, num círculo vicioso, busca com humor, firmar sua identidade… Dos quatro aos dez anos saía com a avó Carolina, que a apresentava: -esta é minha neta! Na adolescência era a princesa de seu pai. Casando passou a ser madame fulano de tal; a seguir- mãe do Marcus. Com o ingresso do marido na Magistratura, tornou-se a mulher do juiz; com a promoção dele, foi promovida a- esposa do desembargador! Publicando seu primeiro livro, tudo começa a mudar e ela se firma em sua identidade, insere no contexto o seu próprio nome- Margarida Pimentel, a cronista, a escritora, a autora de “Apenas um Homem”, “Vento Macho”, “Adultério sem Flagrante” e outros. Autêntica romancista, ficcionista de escol, escritora nata, fazendo de cada página, de cada episódio muitas vezes mero e insignificante, com o seu incrível poder de observação, algo extraordinário, impondo sua marca pessoal, palpitante de emoção em linguagem simples, pura, envolvente, gostosa de ser lida. A pujante literata adquire seu espaço. Pulsa freqüentemente a sua verve no Jornal A Gazeta , deleitando os capixabas com sua doce e bem humorada presença. É membro da AJEB (Associação das Jornalistas e Escritoras do Brasil) e da Academia Feminina Espirito-Santense de Letras.
O telefone toca! Do outro lado uma vozinha de criança:- É da casa da avó da Brunella? Ai, meu Deus! Vai começar tudo de novo!…
A consagrada escritora Margarida Pimentel, a pequena, grande flor, não deixa de ser a neta da Carolina, a filha extremosa e dedicada que pude ver de braços, amparando a veneranda senhora, sua querida mãe, pelas ruas de Guarapari, a princesa de seu pai, a esposa do insigne desembargador Job Pimentel, a mãe do único, dileto e adorado Marcus e a avó da graciosa e encantável Brunella. Uma avó muito coruja!… Ah! Essas admiráveis avós!… Essas mulheres fortes e guerreiras!…
Vejo-a desejando ser como a “Palmeira Imperial” e num saldo positivo constato a sua grandeza e verticalidade imprimidas na fé em Deus, na religiosidade, no respeito ao próximo, na caridade, no amor telúrico, no patriotismo, na vivência, no saudosismo, na expressão do “Belo”, do “Bom” e do “Bem”, no carisma, na filosofia, no lirismo, na integridade da cidadã enérgica e prestativa, na dama de princípios, neta e filha amorosa, esposa e mãe sensível, avó adorável, e escritora de inteligência peregrina.
Empine o nariz, sim, com uma pitada de orgulho (no bom sentido), pois és vitoriosa Margarida! Os capixabas agradecem e eu me curvo feliz por me privar desta amizade que nasceu em areias negras beijadas por ondas brancas do mar e nos uniu pelos laços da literatura.
ESSAS ADMIRÁVEIS AVÓS!
AVE, CEMA!
Vera Maria Viana Borges
“…Filha, serás mamãe… por teu amor profundo
Jamais abrigarás desilusões… feridas…
Porque já és divina em dar um filho ao mundo…”
Iracema Seródio Boechat
Iracema, mulher guerreira, que empunhando a bandeira de um grande ideal se transforma em nume tutelar no “berço de seu sonhar ”, a feliz e doce Pirapetinga. Seu trabalho reflete toda a beleza que exemplifica a arte. Sua poesia penetra, encanta com o perfume que exala de sua alma carismática. De aprimorada sensibilidade revela-nos a meiga, sensível e requintada poetisa.
“Um dia ausentar-me-ei, terra querida e boa,
Mas levarei comigo a glória de ser filho
De solo idolatrado- a mãe que ama e perdoa.”
E… ela se ausentou… O 21 de agosto de 1992 toldou-nos de tristeza e dor. Com a alma pungida curvamo-nos reverentes à grande dama.
“Abençoa Senhor, nossos netos que amamos:
O Guto, o Frederico e a viva Mariana,
E aqueles que de Deus nós ainda esperamos.”
Deus ainda lhe proporcionou- Miguel Henrique, Agostinho Neto, Lara, Betina e Felipe.
Imortal é verdadeiramente a alma. Mas nessa descendência teve também a sua imortalidade. Nos grandes feitos de sua vida ela ficou perpetuada, e, imortalizada pelo seu talento, pois o poeta e a poesia não morrem…
Publicou “Paisagens e Perfis” onde exaltou a terra, os pais, o esposo amado, os filhos, os NETOS, os irmãos, os amigos, as flores e a natureza. Esta mulher deixou inscrita de forma inapagável a marca insólita da esposa, mãe, AVÓ, mestra e literata.
O Soneto Roda D’Água inicia seu livro, evidenciando assim o espírito de progresso e desenvolvimento da vila, a qual a “Roda D’Água” ajudou a crescer.
RODA D’ÁGUA
Barulho de comportas, marulhante,
Pingos d’água orvalhando a ramaria,
É tua faina, diária, ofegante,
Na jornada sem par de cada dia.
E a água cai sonora, deslumbrante,
Em meio às flores em policromia.
Como és feliz, assim, cantarolante!
Na jornada sem par de cada dia.
E se despede o dia. E a noite chega
E do meu leito embalo a nostalgia.
Cessa a jornada igual de cada dia.
Cessa a jornada. É mudo o fim do dia.
E assim ficamos quietas de repente:
Só as lágrimas caem do olhar da gente.